segunda-feira, 14 de junho de 2010

Petralhas e Tucanalhs.

Definitivamente me dei  conta de que aqueles que não votam em Dilma, além de inserir-se no rol dos que desconhecem que é a escolhida de Lula para a disputa das eleições presidenciais, não votariam de maneira alguma nela, ainda que transformasse o Brasil em uma Pasárgada. E não o fariam por puro preconceito de classe, referente a Lula que a apóia, e de gênero porque Dilma é mulher. Outro dia caí na esparrela de comentar determinados textos publicados no blog de Noblat e o que presenciei foi de uma irracionalidade indescritível. Não se debate demonstrando prós e contras, comparando gestões ou expondo contradições de ambos os lados. Antes, há um frenesi de torcida organizada que chega às raias da insanidade. Estou convencido de que muito da apatia existente no eleitorado brasileiro se deve a esta postura radical que empana o essencial para o bom debate que é discutir gestão, programa de governo, idéias e até, por que não?, comparar currículos. O tiroteio verbal que domina o centro das atenções de quem está de lados opostos é de dá engulhos. O tratamento mais obsequioso navega pelos termos petralhas e tucanalhas. Se alguém se posiciona do lado que se situa Lula é um alienado, rendido a algum tipo de programa social do governo, levado a tal condição porque talvez faça parte da engrenagem que aparelha a máquina pública. Se for um jornalista é porque se vendeu, recebe algum benefico oculto do governo. É como se o eleitor de Lula não tivesse capacidade de dicernir que o país é outro em comparação com o governo anterior. Como se não tivesse havido nenhuma melhora na vida da população, embora as estatísticas estejam presentes para dirimir qualquer dúvida. Como se Lula fosse um guia espiritual conduzindo uma legião de fanáticos para algum abismo. Não estamos na luta do bem contra o mal, Deus contra Satanaz. Este maniqueísmo leva ao extremismo que por sua vez já provou ser no passado recente de extrema periculosidade para o regime democrático. O eleitor é pragmático. Se está empregado, de barriga cheia, satisfeito com a realidade presente, sua vida tornou-se mais cômoda e não deseja que haja retrocesso, por que deveria trocar tudo isso, se sabe de que origem veio, por uma aventura incerta, especialmente quando viveu os dois lados da moeda? É questão de coerência com os fatos. A discussão política tem de se pautar no campo das idéias e não nos ataques ad hominem, onde não se combate uma idéia mas a pessoa que a defende. Pelo menos eu sou um dos que defenderei aquilo que penso ao ponto de esgotamento, com a apresentação dos fatos nas mãos. O debate da rixa, da incontinência verbal, do dogmatismo ideológico e das vias de fato está fora. Sou militante das causas que defendo. Como um pregador que leva a mensagem do evangelho, não havendo ressonância, baterá os pés e invocará os ceús por testemunha de que a mensagem foi dada, ainda que não aceita. A política é o governo terreno de nossas vidas. Abrir mão de participar ativamente desse processo é dá um cheque em branco para que outros tomem decisões por mim sem eu ter dado permissão.   

Pegou Mal

Pegou mal


Carlos Chagas







Pegou mal no PT o pronunciamento de Michel Temer ao ser oficializado candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff. Porque diante das críticas de Roberto Requião, Pedro Simon e outros, a respeito da fraqueza e do papel desimportante do PMDB no processo político, o deputado extrapolou, dizendo que o partido não vai participar e sim governar o país, que não será coadjuvante e sim protagonista no futuro governo.



Como ficam a candidata e seu partido, mesmo não acreditando em condomínio do poder? No passado alguns vices criaram sérios problemas para os titulares, como Café Filho com Getúlio Vargas, João Goulart com Jânio Quadros e ainda recentemente Itamar Franco com Fernando Collor.



Estaria Michel Temer disposto a transformar o Palácio do Jaburu numa fortaleza capaz de lançar petardos sobre o Palácio da Alvorada? Ousaria impor ministros e reivindicar gordas fatias no governo? Dominaria o Congresso através da maioria que o PMDB certamente manterá na Câmara e no Senado?



Os vice-presidentes nem sequer são eleitos. Acompanham os candidatos a presidente como penduricalhos e, como regra, acomodam-se à sua sobra. Pode ter sido apenas uma reação emocional de Temer, agastado com os discursos agressivos de alguns companheiros. Ele nem sequer compareceu ao plenário da convenção de sábado enquanto Requião e Simon discursavam. Na véspera, havia faltado a um encontro com os dissidentes. Certamente sentiu-se agredido pelo fato de o ex-governador do Paraná haver registrado sua candidatura de protesto à presidência da República. O problema, porém, é que para defender-se, atropelou os aliados. Criou mal-estar.





Pausa oportuna





Dilma Rousseff embarca hoje à noite para a Europa. Será recebida pelos presidentes da França e de Portugal, além do primeiro-ministro da Espanha. Como regra essas viagens acontecem depois que o candidato é eleito, como fizeram Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e outros. O dialogo com chefes de estado e de governo estrangeiros se fazia de igual para igual, mesmo antes da posse do visitante. Agora, é a candidata que se apresenta, sem a certeza da eleição.



Apesar do inusitado do périplo europeu, Dilma recolherá dividendos, menos por possíveis reflexos na política externa ainda dependente das urnas, mais para dar tempo a que se fechem os últimos acordos para as sucessões estaduais ainda enroladas, tudo a cargo do presidente Lula.



Perguntaram a José Serra se diante da viagem da adversária ao estrangeiro ele também não se animaria a pegar o avião, antes de outubro. Resposta: “terei tempo,depois de eleito…”

Deu No Valor

Quem tem birra com quem no caso do Irã


Sergio Leo

14/06/2010



Há momentos em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desperta dúvidas alarmantes sobre o que pretende fazer com o inegável papel de destaque que ganhou no cenário mundial. Ao dizer que confia em resultados de sua intervenção no Oriente Médio, porque "todos querem a paz", ou classificar de "birra" as sanções contra o Irã aprovadas na semana passada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, Lula não só simplifica a discussão. Ele a desmoraliza.



Após buscar acordo com o Irã, apoiado pela Turquia, e votar com os turcos contra as sanções aos iranianos, na Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil foi reconhecido, mundialmente, como importante e respeitável ator internacional. É o que se pode ler em grande parte dos maiores jornais do mundo. Há expectativas de que ainda possa colaborar para evitar um Irã com armas nucleares.



O fato de que as autoridades dos Estados Unidos tenham recebido a ação brasileira como "gesto de boa fé" e tenham dito que acreditam em colaboração futura com o Brasil mostra que, mesmo se as declarações forem apenas um caso de insinceridade diplomática, os dirigentes dos EUA, no mínimo, admitem que o Brasil não está isolado entre os que buscam saída aceitável no caso do Irã.





oO voto da Turquia foi visto por alguns analistas, nos EUA e na Europa, como uma preocupante volta do aliado turco em direção à dinâmica Ásia, por ter sido desdenhado nos esforços de integração com o mundo europeu. Na Ásia, com quem, de fato, a Turquia apertou os laços comerciais, as sanções ao Irã também foram criticadas, por países como a Indonésia - recentemente descrita pelo presidente dos EUA, Barack Obama, entre os "países de influência mundial crescente", ao lado do Brasil.



O ministro de Relações Exteriores indonésio, Marty Natalegawa, deplorou a "falta de confiança dos dois lados" e lamentou que a situação tenha levado as Nações Unidas a interromperem o diálogo e adotado as sanções - ineficazes, na opinião dele. No Japão, o influente jornal "Asahi Shimbun" justificou o voto brasileiro e defendeu em editorial o acordo assinado por Irã, Turquia e Brasil como instrumento importante para evitar um perigoso impasse.



Em debate, no fim de semana, na rede de televisão Al Jazeera, analistas do Cato Institute, de Washington, e da Universidade de Teerã concordaram que as sanções são ineficazes para forçar mudanças no Irã, até porque foram devidamente desidratadas por China e Rússia - a primeira, compradora pesada de óleo e gás iraniano, a outra, vendedora ativa de armas, inclusive mísseis ao governo Ahmadinejad. A analista independente Anoushka Kurkjian, de Londres, como inúmeros especialistas em todo o mundo, endossou as previsões feitas pelo chanceler brasileiro, Celso Amorim: as sanções, em vez de enfraquecer, reforçaram o poder do governo do Irã.



Essa reação iraniana ficou clara no sábado, quando o clérigo e ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, visto com desconfiança pelo regime, por suas críticas a Ahmadinejad e seu apoio à oposição, convocou a população a se unir contra a decisão das Nações Unidas. No Congresso iraniano, reunido no domingo, houve forte apoio à aprovação, em breve, de projeto reduzindo a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica. A infeliz coincidência entre a pressão sobre o Irã e o ataque israelense, com mortos, a uma frota de ajuda humanitária, que mereceu apenas repreensões de Washington, ajuda o governo dos aiatolás a pintar como traidor quem defenda, lá, uma aproximação com o Ocidente.



As potências ocidentais ainda esperam que o cerco ao Irã mine aos poucos as bases do regime, cada vez mais autoritário devido à insatisfação popular. EUA e mesmo a Turquia têm razões para temer que os aiatolás usem o nebuloso programa nuclear iraniano para ganhar peso militar, complicando a geopolítica do Oriente Médio. Não há birra na ONU, mas medo, e realpolitik.



Ainda é preciso evitar armas nucleares no Irã. Veio tarde a análise crítica, na ONU, à falta de garantias oferecidas pelos iranianos no acordo com Turquia e Brasil. Mas, mesmo atrasadas, são críticas consistente, e, se entrou no jogo, o Brasil não pode apitar apenas para denunciar erros de um dos adversários. Como apontou o embaixador Rubens Ricupero, em ponderado artigo na "Folha de S. Paulo", o governo brasileiro fará bem se evitar a armadilha de se plantar, birrento, em defesa das razões de Mahmoud Ahmadinejad.



Sergio Leo é repórter especial em Brasília e escreve às segundas-feiras.



E-mail: sergio.leo@valor.com.br

O Efeito Marina-Por Luis Werneck Vianna

Do Valor

O efeito Marina

Luiz Werneck Vianna
14/06/2010

Na sucessão presidencial que se avizinha temos conhecido apenas dois tempos: o do passado e o do presente, pois o do futuro, a valer a retórica dominante, que não parece temer a ira dos deuses, deve ser contínuo a este que temos aí, sujeito, é claro, a aperfeiçoamentos. No presente já se poderia contar com a solução feliz de impasses históricos que antes dramatizavam a política brasileira: o mundo agrário, um velho celeiro de conflitos, estaria domesticado pela emergência do agronegócio e da difusão das relações capitalistas no campo; e, por toda parte, a lógica dos conflitos se confinaria ao terreno da simples disputa por interesses. Dessa forma, combater as desigualdades sociais não mais importaria em trazer à cena o tema da exploração, ressalvadas as questões-limite como a do trabalho escravo. No mais, essa seria uma questão a ser remetida para o terreno das políticas públicas.


ópria história, herança maldita com que deveríamos romper, passa a ser reinterpretada sob outros filtros, concedendo-se vida nova a instituições e valores comprometidos com fins e práticas autoritárias, e assim apronta-se mais uma floração para o sindicalismo corporativo, que, ao longo das nossas décadas de modernização autoritária, tutelou a vida associativa dos trabalhadores. A questão nacional, que mobilizou a sociedade nos anos 1950/60, perde capacidade de universalização, apropriada como está pelo Estado e pela fração do empresariado a ele vinculado. Nessa versão, tanto o Estado Novo de 1937 como o regime militar de 1964-1985 passam a ser percebidos acriticamente, pelo tipo de reflexão panglossiana que ora nos conduz, como momentos necessários para a realização apoteótica dos fins de grandeza a que o país estaria, desde sempre, predestinado.

Com esses tempos empatados - o de um presente que não quer ir além de uma reiteração em roupa nova do passado -, o tempo do futuro, afinal, fez sua aparição nessa sucessão presidencial, embora ainda de modo tímido e reverencial com o discurso dominante, por meio da fala com que a senadora Marina Silva lançou-se como candidata pelo PV. Com palavras que introduziram um alento de ar fresco nesse início de campanha, foi ao cerne do problema atual da democracia brasileira, sob risco iminente de converter a cidadania dos seus seres subalternos em uma vasta clientela: "Saímos da cesta básica, fomos para um bom programa de transferência de renda. Agora vamos para um bom programa, que mobilize a sociedade brasileira. Junto com essa política terá que vir também um novo tipo de Estado. Sair da ideia de um Estado provedor, que faz as coisas para as pessoas, para um Estado mobilizador, que faz as coisas com as pessoas. Não é fazer para os pobres, mas com os pobres."

Tal novo tipo de Estado deve resultar da sua ampliação para admitir ao estatuto da plena cidadania - direitos civis, políticos e sociais - àqueles até então destituídos dela, em um movimento de baixo para cima, a partir da auto-organização da vida social, e não do modo assimétrico como vem ocorrendo. Para esse fim, ele deve se revestir de um papel pedagógico que tenha como norte estimular a emergência de lideranças extraídas da vida popular sem estarem sujeitas aos mecanismos da clientela e da cooptação. Assumir a mobilização como missão, na forma, aliás, do que tentou o segundo Vargas dos anos 1950-54, quando em nome de suas lutas em favor da questão nacional, abdicou das formas repressivas de controle sobre as associações dos trabalhadores, por ele mesmo impostas à época do Estado Novo, a fim de encontrar nelas sustentação política.

Essa lúcida intervenção da candidata Marina não merece ser vista meramente da perspectiva do cálculo eleitoral, mas do seu valor intrínseco. Marina, com seus escassos recursos de campanha e exíguo tempo de televisão no horário gratuito da campanha eleitoral, não parece, fora mudanças de todo imprevistas, se constituir em uma candidata competitiva. Importa muito, no caso, fazer do seu diagnóstico e da política que dele decorre um ponto de relevo estratégico na agenda dos debates presidenciais, instalando a política no centro da matéria da sucessão, deixando para trás as obscuras e bizantinas discussões de como se deve operar, segundo o cânon da tecnocracia, a macroeconomia brasileira, inclusive porque nem o mais experimentado navegador domina por antecipação qual o regime dos ventos de amanhã de manhã.

Outra importante contribuição importante da candidatura Marina para a campanha eleitoral reside no seu viés internacionalista, implicitamente contido em suas posições em defesa do meio ambiente, bem público de todos os homens. Pois, nessa hora de pensar o futuro do país, já não é sem tempo por sob a luz da crítica algumas tendências em curso que o concebem em chave grão-burguesa, fechado em sua lógica interna e animado por uma ideologiade grandeza nacional.

Luiz Werneck Vianna é professor-pesquisador do Iuperj e ex-presidente da Anpocs

E-mail: lwerneck@iuperj.br

O Preconceito Como Arma Política-Por Jotavê

Comentarista: Jotavê


Por Jotavê



O moralismo, hoje, não passa de uma racionalização do preconceito de classe.



Nada explicar o ódio da imprensa conservadora ao governo Lula, a não ser o preconceito. José Serra é, hoje, o candidato que propõe uma ruptura com o modelo econômico implementado no governo Fernando Henrique e seguido, no seu núcleo mais essencial (câmbio e juros), pelo governo Lula. É Serra, e não Dilma, que vocaliza um discurso que se opõe frontalmente a tudo aquilo que articulistas como Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg escrevem todo santo dia nos jornais. O atrito com Miriam Leitão durante a entrevista na CBN foi emblemático. Os dois têm pensamentos opostos. Apesar disso, Serra é o candidato de Miriam, de Sardenberg e de toda a imprensa conservadora que passou os últimos quinze anos defendendo exatamente o tipo de política econômica que Serra está criticando. É coisa de maluco. Só encontro uma explicação para isso: essas pessoas estão, acima de tudo, interessadas em apear do poder um grupo que se organiza em torno de uma pessoa mal nascida, monoglota, "apedeuta", como se costuma dizer. Têm preconceito. São movidas por esse preconceito. Só que não podem confessá-lo aos outros, nem a si mesmas. Fazem o que, então? Racionalizam, e expressam suas emoções mais básicas de forma enviesada. Montaram um discurso moralista que pretende salvar a nação de um suposto bando de petistas canalhas - os "petralhas".



Como todo moralismo, é pobre e, acima de tudo, hipócrita. Economiza-se a discussão propriamente política, para jogá-la no campo da moral e dos bons costumes, como se estivéssemos assistindo a uma batalha do bem contra o mal. Pouco importa o tipo de proposta que Serra esteja vocalizando. Importa mais o tipo de homem que ele é - uma pessoa culta, que fala várias línguas e tem hábitos semelhantes aos de seus apoiadores.





tipo de discurso preconceituoso só cola, naturalmente, em quem é movido pelos mesmos preconceitos que os articulistas que o veiculam. Quem não aceita esse tipo de postura é levado a adotar uma posição reativa. Eu gostaria de estar aqui elogiando José Serra o tempo todo, pois concordo plenamente com o tipo de proposta que ele está fazendo para a condução da economia de um país que está se desindustrializando por conta de uma política cambial suicida e gasta quase tudo que arrecada no pagamento de juros. Gostaria, mas não posso. Mesmo concordando com Serra quando ele fala de economia, sinto-me impedido de fazer coro ao preconceito de classe da grande imprensa. Não consigo compactuar com a fábrica de mentiras que se montou em torno da candidatura Serra. O que é que se espera? Que eu leia uma reportagem como a que a Folha publicou sexta-feira passada e fique quieto? Que eu acredite que existe um "DNA da corrupção" determinando o fenótipo político dos petistas? Que eu perceba que o Brasil tem que voltar para a mão de gente que fala inglês direitinho? Posso até acabar votando em José Serra (eu sei lá em quem vou votar!), mas jamais farei coro a esse tipo de discurso. É uma alegria ver um operário governando o Brasil - e governando tão bem. Para além de qualquer crítica que eu possa fazer ao governo de Lula, é uma alegria ver realizado, nele, o ideal mais alto da democracia - a possibilidade que ela dá a qualquer cidadão de chegar ao poder pelo voto e governar o país.

Noblat Blogueiro do Pig Joga Toalha

Comentário


Lula ganhou

Um dos mais proeminentes blogueiros do PIG já dá como certa a vitória de Dilma. Leia comentário abaixo.






A primeira fase da sucessão de Lula acabou no último fim de semana com a indicação de José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva para candidatos do PSDB, do PT, do PV e demais partidos coligados.



A segunda e última fase deverá ter seu desfecho no dia três de outubro, data da eleição.



Quem ganhou a primeira?



Dilma, claro. Quero dizer: Lula.



Que presidente da República seria tão atrevido a ponto de antecipar a escolha do seu candidato em mais de um ano e afrontar a lei durante todo esse período fazendo propaganda direta ou indireta dele?



Não foi apenas a popularidade recorde de Lula que o levou a se comportar assim. Foi também sua formação.



Como líder sindical, aprendeu a tirar vantagem em tudo, mesmo em negociações destinadas ao fracasso. Aprendeu a correr riscos. E a ganhar ou perder mandando às favas todos os escrúpulos.



Como único patrocinador da candidatura de Dilma, decidiu testar os limites da Justiça Eleitoral.



Ou ele saía cedo por aí, com Dilma debaixo do braço, apresentando-a como a mãe das principais realizações do seu governo, executiva exemplar e apta a dar continuidade à sua obra, ou não teria chances de emplacá-la como candidata – nem fora dos partidos nem dentro.



Pagou para ver se a Justiça barraria seus passos. A Justiça comeu mosca.



Lorota a história de que Lula não dispunha de outros nomes para suceder-lhe depois da queda de José Dirceu da Casa Civil e de Antonio Palocci do ministério da Fazenda.



Patrus Ananias, por exemplo, foi o ministro do Bolsa Família. É mineiro como Dilma. E tem votos. Assim como têm votos Tarso Genro, Marta Suplicy e Aloizio Mercadante.



Mas Lula preferiu Dilma, uma petista recente e sem experiência eleitoral. Primeiro porque ela é mulher - e tal condição poderá ser vista com simpatia pelos brasileiros. Segundo porque Dilma demonstrou irrestrita fidelidade a ele. E terceiro porque, se ela vencer, Deus e o mundo atribuirão a vitória a Lula, unicamente a ele.



Se Dilma perder... Bem, a culpa será dela. E uma derrota facilitaria o retorno de Lula daqui a quatro anos.



Hoje, parece improvável que perca. É o que admitem (em segredo) oito entre cada 10 políticos de todos os partidos. Jamais um candidato a presidente contou com cabo eleitoral tão forte e disposto e uma conjuntura tão favorável.



Em conversa com amigos, Lula confidencia coisas do tipo: “Quero somente ver se o Serra tem sangue de barata. Só se tiver para não reagir às provocações que lhe farei”.



Ou então: “Eu me empenharei em eleger Dilma de uma forma como nunca fiz nem para mim mesmo”. Ou ainda: “Eleger Dilma é uma questão de honra para mim”.



O grau de felicidade dos brasileiros está em alta. Lula tem sido feliz na venda da idéia de que é o único inventor do país da bonança.



Entre 2002 e este ano, o salário mínimo pulou de US$ 80 para US$ 280; o Produto Interno Bruto (PIB) foi de US$ 500 bilhões para US$ 1 trilhão; e 30 milhões de pobres ascenderam à classe média.



Somente um imprevisto, um clamoroso erro ou sucessivos erros de pequeno e médio porte serão capazes de imprimir um novo rumo a uma eleição com toda a pinta de que acabou antes de começar para valer.



Erros podem ser evitados poupando-se Dilma de protagonizar situações que escapem ao controle dos seus atentos guias.



Nada de se expor em debates – pelo menos até que se distancie de Serra nas pesquisas de intenção de voto. Caso isso ocorra, comparecer a debates para quê?



Nada de entrevistas a não ser para veículos confiáveis e jornalistas preocupados antes de tudo com fontes de informações a serem abertas no próximo governo.



O mais recomendável seria que Dilma se reservasse para brilhar nos comerciais e programas de propaganda eleitoral de campanha. Ainda assim como uma espécie de segundo sol.



Se ela se limitar a exaltar Lula e a ser exaltada por ele, e defender vagas idéias consensuais, só perderá se o destino lhe for ingrato. Presidência é destino.

Globo: A Central de Mentiras-Por Laerte Braga

Domingo, 06 de Junho de 2010



O jornalista Laerte Braga analisa de como são editadas as notícias e que interesses se escondem atrás delas.A edição de sábado do JORNAL NACIONAL – O DA MENTIRA – foi um primor de desinformação, distorção de notícias e fatos para atender a interesses do grupo e àqueles a que representa. É prática rotineira na emissora.



Num dado momento da edição, com o ar de sério, seriedade que não tem, o jornalista Alexandre Garcia, começou a falar do dossiê “supostamente” atribuído a setores da campanha de Dilma Roussef e contra o candidato tucano José Arruda Serra.



Para não enfiar a emissora no bolo e aparentar inocência na história, repercutiu a matéria de capa da revista VEJA sobre o assunto. VEJA é aquela que pegou mais de 400 milhões de reais em contratos com o governo de São Paulo – José Arruda Serra – sem licitação e num favorecimento escandaloso, com, lógico, um percentual para o caixa de campanha do tucano.



É aquela também que quando não conseguiram culpar o governo Lula pela queda do avião da TAM (os defeitos eram no reverso e numa das turbinas por falta de manutenção da empresa), estampou numa capa que “a culpa foi do piloto”. O plano para privatização de aeroportos começou a dar com os burros n’água por ali.



Que acha que a flotilha que foi levar ajuda humanitária a palestinos sitiados em Gaza pelo governo terrorista de Israel foi provocação. Posição também da GLOBO.



Quando Alexandre Garcia, ex-funcionário do Banco do Brasil, do antigo SNI e do Gabinete Militar da presidência da República, demitido por assédio sexual, governo Figueiredo, mostrou os “fatos” relacionados ao dossiê, esqueceu-se de dizer que o jornalista do ESTADO DE MINAS é ligado ao ex-governador Aécio Neves e que a imensa e esmagadora maioria da mídia já havia ligado o dossiê a Aécio.



Toda a trajetória totalitária, corrupta e venal de José Arruda Serra foi levantada a pedido do governador de Minas, então disputando a indicação presidencial com o tucano paulista, quando tomou conhecimento que Arruda Serra havia preparado um dossiê contra ele.



Uma espécie de legítima defesa, digamos assim, num ambiente fétido, o tucanato. Disputa pela chefia da quadrilha.



Para não perder a viagem, envolveram um delegado corrupto e aposentado da Polícia Federal, que fala qualquer coisa por dinheiro, atribuindo a responsabilidade a Dilma Roussef e ao seu partido.



É prática corriqueira da GLOBO, vem desde os tempos de Collor de Mello quando editaram o último debate entre o alagoano e Lula. Ou ainda, nos tempos da ditadura, quando omitiu a campanha para as diretas já, quando encobriu a tortura e foi parte dela na cumplicidade ativa de vender um Brasil maravilhoso quando o País estava à matroca em mãos de militares irresponsáveis e criminosos.



Ou quando foi fundada, há 45 anos, como braço de Washington com o propósito de vender a ideologia disneylândia que hoje, se sabe, chega até a prostituição (Operação Harém da Polícia Federal), seja no BBB, seja nas “moças” contratadas por laranjas para dançarem literalmente, em todos os sentidos, com direito a cachê/michê de 20 mil reais, depende da estatura dentro da emissora e do cliente.



Toda a farsa do dossiê já havia sido contada de “a” a “z” pelo jornalista Luís Nassif em seu portal. Todo o esquema de disputa entre Arruda Serra e Aécio é público e notório desde que o funcionário de Arruda Serra, Juka Kfoury, pegou Aécio no contrapé.



A GLOBO ignorou, deliberadamente, todos os fatos.



Um pouco antes de dar um trato mentiroso no tal dossiê foi divulgada uma pesquisa do antigo IBOPE (hoje GLOBOPE), onde Dilma e Serra aparecem empatados na magia de fabricar números, sabe-se que a realidade é diferente, Arruda Serra está em queda e Dilma em ascensão e nem tocaram no fato que dentre os candidatos o tucano é o mais rejeitado pelos eleitores ouvidos. Mostraram na telinha, mas não comentaram.



Quando pegos na mentira e na farsa, práticas comuns e corriqueiras ali, sacam da pasta de canalhice a tal liberdade de expressão. Deve ter outro sentido para eles. Liberdade de mentir, de falsear, de enganar, de ludibriar e de contratar dançarinas para “ajudar” nos “negócios” com clientes promissores.



Tipo sabão OMO, lavou está pronto para outra.



Canalhice pura.



A legislação brasileira propicia a esse tipo de imprensa marrom, venal, que o direito de resposta seja um fato raro, por conta da lentidão do poder Judiciário, sem falar que a GLOBO tem em mãos muitos dos ministros de tribunais regionais e superiores e nada contra ela anda.



Praticam o crime, a rigor, de forma impune.



A GLOBO é isso e até as eleições de outubro fatos assim serão comuns, todos revestidos de preocupação democrática da rede em todos os seus tentáculos. Jornais, rádios e tevês.



Existe para isso e por isso. Daí porque abriga gente tipo Alexandre Garcia, William Bonner, Lúcia Hipólito, Miriam Leitão, paladinos da sem vergonhice jornalística.



E traveste-se de defensora da democracia e dos valores cristãos e ocidentais, desde que as faturas sejam pagas em dia e os favores e ilicitudes permaneçam encobertos e protegidos às vezes, muitas vezes, pelos encarregados de zelar pela lei.



A edição de sábado foi um primor de mentira, de desrespeito ao telespectador, por isso o rotulam de idiota, apostam nessa característica e contam que enquanto a turma está ali para esperar a novela das oito, de quebra, levam a informação mentirosa.



A GLOBO é outro câncer, como VEJA, não há nada de liberdade de expressão em seu caminho.



Só mentira e empulhação.

Coluna do Hélio fernandes

segunda-feira, 14 de junho de 2010

10:04

Conversa com leitores: não fui “simpático” ao golpe de 1964 nem “apoiei” Lacerda. Desde sempre, fiquei contra a ditadura

Antonio Santos Aquino:




“Hélio, creio que todos são unânimes, em querer que escrevas tua saga nestes últimos 50 anos(de 1960 à 2010). Inclusive para que esclareças, a dúvida que todos temos sobre tua posição quando da “revolução de 1964″. Uns dizem que participaste. Outros dizem que eras apenas simpático ao movimento. Outros dizem que teu envolvimento foi em decorrêcia da amizade que te unia a Lacerda. Eu particularmente acho que o alijamento de Lacerda, líder civil da “revolução”, com a eleição do general Castelo Branco, te fez entrar na luta contra os militares. Seria bom teu esclarecimento, pois esta página da história ainda está nublada”.





Comentário de Helio Fernandes:

Acho que você pode colocar de 1950 a 2010, pois 1964 começa em 1945 e vai até 1984, com os mesmo personagens militares, se revezando na vitória e na derrota. Em 1945, os generais derrubaram a ditadura, mas não ficaram com o Poder, embora desejassem muito.



Uma ditadura de 15 anos, que terminou sem inelegibilidades, sem cassações, com todos os que usurparam o Poder, mantendo-o inacreditavelmente. Dutra, que garantiu os militares em todo o regime autoritário, sendo o “condestável” do Estado Novo, foi presidente. E todos os outros, deputados ou senadores.



Foi meu primeiro protesto veemente (que repetiria em 1964), defendendo a inelegibilidade geral dos que implantaram e dominaram o país através de uma ditadura feroz, selvagem e implacável. Em 1950 Vargas se elegeu, os generais que ganharam em 1945, quiseram impedir a posse dele. (Com apoio de Lacerda e Golbery, naquela época amicíssimos).



Vargas, sem saber o que fazer, emparedado e desarvorado, nomeou ministro da Guerra o general Estilac Leal, presidente do Clube Militar, (naquela época os presidentes do Clube histórico eram todos da ativa, hoje só podem ser da reserva) e tomou posse. Lacerda e Golbery, silenciados, mas continuou na mesma.



Com os militares comandando tudo, as datas golpistas iam se acumulando. Por que não se acumulariam, se 1889 foi o “Golpe da República”, com dois marechais ultrapassando uma das melhores gerações de civis, os Propagandistas da República e os Abolicionistas?



Depois da primeira eleição de Vargas, vieram 1954, 1955, 1961, 1963, 1964. Com os mesmos militares, uma ou outra exceção, mas Lacerda e Golbery em todas, até que romperam em 1961.



Nunca participei (no sentido que se dá a essa palavra) de movimentos, golpes e conspirações. Jornalista vigoroso e sem ficar jamais “em cima do muro”, construí de forma independente o que você chama de minha “saga de 50 anos”. Pode até ser, mas sem subordinação a ninguém. Tirando 1954, estive JORNALISTICAMENTE em todas as datas, por mim e não por ninguém, nem mesmo Lacerda.



Em 1955, como é público e notório, Juscelino me convidou para dirigir a comunicação da sua campanha, ressalvando logo: “Hélio, não há dinheiro nem para o café”. O que me fez aceitar mais rapidamente. Enquanto Lacerda dizia e escrevia, “Juscelino não será candidato, se for, não ganha, se ganhar, não toma posse, se tomar posse, não governa”, eu corria o Brasil todo (que maravilha viver) com Juscelino.



Logo depois de derrotado o golpe, Juscelino viajou como presidente eleito e não empossado, recebido por reis, rainhas, presidentes e primeiros-ministros. Ele e mais 4 pessoas. Entre essas 4, o repórter e o coronel Jose Alberto Bittencourth. JK governou o tempo inteiro, passou o cargo a Jânio Quadros, lançou a candidatura para o próximo mandato em 1965. Não chegaríamos lá. Por causa das forças que apoiavam Jânio. E o próprio presidente.



De 31 de janeiro de 1961 a 1º de abril de 1964, a conspiração foi diária e ininterrupta. Como jornalista, que de 1956 a 1961 (quando fui para a Tribuna da Imprensa) fazia coluna e artigo no Diário de Noticias, escrevia sobre tudo, o dono do jornal, João Dantas, me dizia: “Helio, só gosto de ler teu artigo e tua coluna no dia seguinte”. (Liberdade de imprensa era isso).



No 11 de novembro, enquanto Lacerda viajava no Tamandaré com vários ministros e militares de alta patente (foram pedir ao governador Jânio Quadros para fazer um governo separado), eu estava com JK, no seu apartamento da Sá Correa, esquina de Avenida Copacabana. Mantínhamos contato com as mais diversas pessoas, que estavam em reuniões nos variados lugares, inclusive no Copacabana Palace.



(Aproveitando para esclarecer: Juscelino tomou posse, não por causa de Lott ou Denys, como se falou, escreveu, repetiu e ameaça entrar para a História, e sim por causa de dois bravos coronéis gêmeos. Eram José Alberto e Alexinio Bittencourth, que fizeram tudo. Mas como o Exército é baseado na hierarquia, não receberam as glórias merecidas. Só quem estava presente, sabe e pode revelar o fato).



Os militares deram posse a Juscelino, não conseguiram garantir a VOLTA DE JANIO, foram derrotados, João Goulart tomou posse, o que eles não queriam. A partir daí, não houve mais tranquilidade, todos conspiravam. Os anos inteiros de 1962 e 1963, foram de conspiração e surpresa.



Impuseram o Parlamentarismo com Tancredo, mas Jango trabalhava intensamente pela volta do PRESIDENCIALISMO, que seria decidido em 6 de janeiro de 1963. Os maiores banqueiros e seguradoras financiaram a campanha, foi um derrame de dinheiro nunca visto. (Esses “empresários” exigiram de Jango que nomeasse Roberto Campos embaixador nos EUA. Jango nomeou, no mesmo dia em que foi derrubado, Roberto Campos voltou ao Brasil, assumiu quase tudo).



Retomando os poderes constitucionais, Jango começou a preparar a CONTINUAÇÃO, não fazia outra coisa. Só que ninguém se entendia. Fui o único cidadão preso em 24 de julho de 1963, incomunicável, pediram 15 anos de prisão para mim. Fui ao Supremo, no mais rumoroso julgamento daquela época, ficou empatado em 4 a 4 . O que dá a impressão de como eu era perigoso, com a única arma de que dispunha, a palavra escrita.



O presidente do Supremo, Ribeiro da Costa, desempatou a meu favor, fui libertado, continuei como sempre, contra tudo e contra todos. Mas as conspirações se acentuavam, o PODER ESTAVA SENDO DISPUTADISSIMO. E quem dominava (?) o Poder? João Goulart, que não queria sair. Quem tivesse dúvidas (ou ainda tiver) lembre dos comícios da Central e do Automóvel Clube. Esses discursos representavam o “empurrão” que faltava para o capítulo final.



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PS – As coisas estava tão confusas, que as próprias forças golpistas se desentendiam. O general Mourão Filho saiu na frente (de Minas), com medo de ficar para trás.



PS2 – Carlos Lacerda (já brigado com Golbery), um dos artífices do golpe, por causa de suas ligações com militares. Foi ele que, no Palácio Guanabara, lançou a candidatura Castelo Branco, provocando a fúria de Costa e Silva, que se julgava o grande articulador de tudo.



PS3 – Não passei nem perto, jamais falei ou estive perto de Castelo, Costa e Silva, os dois Geisel, Médici, Silvio Frota. João Figueiredo. Então, como dizer ou supor que PARTICIPEI, que fui SIMPÁTICO ao golpe de 1964?



PS4 – O que você, Aquino, chama de “minha saga’, não se ajusta a apoiar um movimento militar. É bem verdade que estava tudo muito confuso, era quase impossível ver o sol. Mas ainda em abril, consegui abrir uma janela e contar as conversas vergonhosas de Castelo Branco com todo o PSD, na casa do deputado Joaquim Ramos (irmão de Nereu).



PS5 – Fui o único a revelar tudo, a bajulação de Castelo e o convite a José Maria Alckmin para vice, o compromisso voluntário com Juscelino: “Presidente, não posso assumir como chefe do Governo Provisório, não terei forças para manter a eleição de 1965, e o senhor é o candidato que será eleito”.



PS6 – Ainda em abril ou maio, DENUNCIEI as TORTURAS em Pernambuco, o “presidente” teve que mandar o seu chefe da Casa Militar, Ernesto Geisel, “ir verificar o que havia”. Geisel viu tudo, fez um relatório SIGILOSO e CONFIRMADOR, que está entre os documentos que não querem revelar.



PS7 – Aí fiquei cada vez mais violento, e tentei convencer Lacerda de que “não teria nenhuma chance” de ser presidenciável. No final de 1964, quando Golbery lançou a PRORROGAÇÃO DE CASTELO, alertei-o: “Isso é contra você”. Lacerda não entendeu assim, só mais tarde foi compreender.



PS8 – Acelerei a oposição. Quando Lacerda foi a Castelo se queixar da oposição que os jornais lhe faziam, o “presidente” abriu uma gaveta, mostrou uma porção de Tribunas, e disse: “E eu, governador? Tenho que aturar a oposição violenta do jornalista Helio Fernandes, só que ele nunca veio aqui se queixar”.



PS9 – Uma noite, vendo cinema no Guanabara, disse a Lacerda: “A votação da prorrogação está rigorosamente empatada, você derruba pelo telefone”. Finalmente concordou, falou: “Vamos almoçar amanhã, tomarei posição sobre isso, no meu estilo”.



PS10 – Cheguei ao meio-dia, encostei meu fusca no lugar de sempre. Lacerda mandou me avisar que estava acabando. Fiquei na janela para o belo parque, quando vi parar um carro e saltarem o doutor Julio Mesquita (do Estadão), Armando Falcão e Abreu Sodré, que depois seria “governador”.



PS11 – Sabia o que aconteceria, peguei meu carro, fui embora, da janela Lacerda me viu, pediu que me parassem. À noite me telefonou, revelou: “O doutor Mesquita me disse que, se a PRORROGAÇÃO for derrotada, haverá novo golpe”. Minha resposta imediata: “Carlos, não podemos viver intimidados ou assustados, se têm a força para mais golpes, que façam”. Tinham força.



PS12 – Poucos dias depois, a PRORROGAÇÃO foi aprovada por 1 voto, escrevi um artigo que gosto de relembrar. Não precisa ser lido, está todo no título: “1965: Carlos Lacerda, o candidato invencível de uma eleição que não vai haver”. Não houve, eu disse isso com mais de um ano de antecipação. (Está tudo na coleção da Tribuna e na Biblioteca Nacional).



PS13 – Só para terminar. Um dia, Lacerda me disse: “Estive com o presidente Castelo, que me convidou para embaixador na ONU”. E perguntou: “O que é que você acha?” E eu: “Não há o que achar, Carlos, eles querem mostrar consideração por você, mas de longe”. Não disse mais nada, ele entendeu, não aceitou.



PS14 – Se rompi com Lacerda para apoiar Juscelino, por que iria segui-lo quando eu já estava numa oposição franca e sem volta, como são e foram todas as minhas posições? E todas por convicções, nenhuma por compensação. Nunca existe um golpe só, são sempre dois ou até mais. Como está muito grande, deixo para depois, talvez ainda nesta semana, quem conspirava com quem (fora dos militares) em 1962 e 1963. Nomes, objetivos e destinos junto com o Poder.
Com as eleições se aproximando e a tal  da boca do jacaré se fechando com força total, estarei dedicando parte de meu precioso tempo ao esforço de combater a conjunção midiática que se forma em favor de Serra e contra Dilma. Sou neófito nesta coisa de blog e nem sequer sei como adicionar fotos, links de fontes a serem consultadas, enfim farei algo inteiramente amador. Vai ser uma espécie de espaço para eu conversar com meus botões. Estarei postando diariamente minha impressões sobre o processo eleitoral. Não vou levar comigo o pecado da omissão. Este blog é partidário, na medida que apoiarei Dilma e qualquer outro governo que seja de esquerda e tenha origem no trabalhismo.