segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Onda Dilma Vem de Longe.

Do blog de Jose Roberto de Toledo



“A propaganda eleitoral começou na TV e fez Dilma Rousseff (PT) disparar nas pesquisas”. Nada mais factual, simples e equivocado. Em eleições, como em todo o resto, não há causa única para consequências avassaladoras.



A entrada da TV no processo eleitoral é a gota d’água que transborda o copo, o grão de areia que provoca uma avalanche, o último tapinha no fundo da garrafa que faz esparramar o catchup. Não houvessem as condições necessárias, um estado crítico, não haveria a onda Dilma.



É um equívoco comum: as tensões acumuladas ao longo de meses, anos, se liberam de uma só vez e debita-se ao último fato de uma cadeia de eventos a responsabilidade pelo ocorrido.



Equivale a culpar o motorista do arquiduque Franz Ferdinand pela morte de 10 milhões de pessoas na Primeira Guerra Mundial, só porque ele errou o caminho e colocou inadvertidamente o nobre austro-húngaro frente a frente com seu assassino.



O crescimento de qualquer candidato é uma onda que se move por muito tempo antes de quebrar, de repente, na urna. Alguns não passam de marola, outros viram tsunami.



Dilma não estaria em condições de vencer no primeiro turno, não houvesse o presidente propagandeado seu nome por meses a fio, ao arrepio da lei eleitoral.



Nem Lula poderia se arvorar a “entregar meu povo em tuas mãos” não houvesse incluído dezenas de milhões no maravilhoso mundo do consumo. Tampouco isso teria ocorrido sem o Plano Real. A história faz diferença.



Assim, não se pode creditar o crescimento de Dilma apenas ao horário eleitoral. Segundo o Datafolha, só 1 em cada 3 eleitores viu os primeiros programas dos presidenciáveis. A onda vem de longe.



Antes de ultrapassar José Serra (PSDB) nas intenções de voto, a petista superou-o no favoritismo popular, ainda nos primeiros dias de junho. Desde então, a cada nova pesquisa, mais eleitores apostam que ela será eleita. Com “delay”, o favoritismo foi virando intenção de voto. Era a onda ganhando corpo.



Ela se propagou do Norte para o Sul, desde as regiões onde os aumentos de renda e do consumo foram mais fortes. Esse movimento contradiz o mito de que “formadores de opinião verticais”, os mais ricos e escolarizados, impõem as tendências de voto de cima para baixo.



Foi a soma de eventos recentes e, principalmente, a sua repercussão que propiciou o último salto de Dilma nas pesquisas. A eleição virou assunto e se propagou de boca em boca. Mais eleitores, principalmente os mais pobres, descobriram que a petista é a candidata de Lula.



Não foram poucos nem desprezíveis os eventos que antecederam o início do horário eleitoral. As entrevistas dos candidatos a presidente no “Jornal Nacional” da TV Globo foram vistas por até 36 milhões de eleitores, segundo pesquisa Ibope.



O debate entre os presidenciáveis na Band alcançou pelo menos 18 milhões de eleitores. O debate no UOL, via internet, recebeu 1,8 milhão de acessos e esse número continua crescendo, porque os eleitores seguem querendo ver os trechos mais ácidos da disputa.



“É menos a audiência (do debate ou da entrevista) e mais a repercussão, o boca-a-boca”, afirma Marcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope Inteligência.



Com 28 anos de experiência em pesquisas eleitorais, ela explica que o efeito das entrevistas e debates é potencializado pelos “formadores de opinião horizontal”, as pessoas mais influentes da família e da vizinhança, que iniciam conversas com base nesses eventos.



Embora as relações interpessoais ainda sejam uma das principais fontes de influência do voto, as novas tecnologias desempenham um papel cada vez mais importante nas eleições. Especialmente quando interagem com os meios de comunicação tradicionais.



A entrevista de Marina Silva (PV) ao “JN” quase triplicou o número de pesquisas por seu nome no Google. O número de citações aos candidatos nas redes sociais como Twitter e Facebook é multiplicado quando há debates na TV. Trecho da propaganda de Serra vira hit no YouTube. Um meio potencializa o outro.



Quando a eleição vira assunto do dia-a-dia, o acesso às informações sobre a campanha é praticamente simultâneo a todo o eleitorado, seja nas capitais, seja no Brasil profundo. Isso pode tanto reforçar tendências quanto provocar alterações bruscas, a partir de um fato inesperado, um “aloprado”. Também por isso não se pode dar a eleição por decidida.

' O Disk Font ' da Velha Mídia.

Extraido do blog do Luís nassif.


Tempos atrás, o Leonardo Sakamoto (Blog do Sakamoto, no UOL), publicou uma lista com as figurinhas carimbadas dos jornalões paulistas e o jogo do "pode deixar que eu falo o que você quer ouvir".



Do Blog do Sakamoto



Disk Fonte: o jornalismo papagaio de repetição - parte 2



Dada o sucesso do "Disk Fonte", este blog traz o Disk Fonte: o jornalismo papagaio de repetição – Parte 2 (a Missão), com sugestões colhidas em redações e entre os leitores deste blog.



São personagens com opiniões mais que conhecidas sobre determinadas temas, mas sistematicamente procurados por alguns veículos porque dizem exatamente aquilo que esses veículos querem ouvir. Esse joguinho viciado exige duas cenas de fingimento por parte dos veículos. A primeira é que o jornalista busca uma opinião independente, isenta. Falso. Nesses casos, muitas vezes os repórteres selecionam suas fontes já sabendo exatamente o que as fontes irão dizer. Citam só para dar um aspecto de isenção na "reportagem". Na realidade, estão é dando uma opinião. Só que de forma terceirizada.



O segundo fingimento é não ver que uma parcela cada vez maior de leitores já percebeu como funciona esse joguinho viciado.



Aos nomes:



Contas Públicas? Disk Raul Velloso

(o economista critica os gastos. Qualquer gasto)



Telecom? Disk Ethevaldo Siqueira

(é o jornalista que mais conhece o fascinante mundo da telefonia privatizada, mas, ao citá-lo, só não diga que ele dá consultoria para empresas da área)



Previdência? Disk Fabio Giambiaggi

(aproveite e fale um pouco da perseguição que ele sofreu no "aparelhado" Ipea...)



Reformas estruturantes? Disk Scheinkman

(José Alexandre Scheinkman é o maior especialista nas "lições de casa" que o Brasil precisa fazer. É o nosso maior Chicago Boy)



PT-RS? Disk Rosenfield

(o filósofo Denis Rosenfield, da UFRGS, domina esse nicho há mais de uma década)



MST? Reforma Agrária? Disk Jungmann

(o deputado e ex-ministro Raul Jungmann só abandona sua cruzada quando o assunto é Daniel Dantas)



Educação? Disk Claudio Moura e Castro

(sabe tudo de ensino privado)



Bolsa Família? Disk Frei Betto

(você conhece alguém mais que esteve lá dentro e fala mal do programa?)



ABAIXO, AS FONTES DO POST ANTERIOR PARA QUEM NÃO VIU:



Questões trabalhistas? Disk Pastore

(O sociólogo José Pastore, mas sem dizer que ele dá consultoria para a Confederação Nacional da Indústria e a empresários que têm interesse direto no assunto)



Constitucionalismos? Disk Ives Gandra

(O respeitável jurista do Opus Dei não vacila jamais)



Ética? Disk Romano

(O professor de filósofia Roberto Romano)



Questões sindicais? Disk Leôncio

(O cientista político Leôncio Martins Rodrigues)



Ética na política? Disk Gabeira

(O deputado federal Fernando Gabeira, que viaja bastante de avião...)



Ética dos juros? Disk Eduardo Giannetti

(O professor do Ibmec é quase um gênio)



Pau no governo Lula? Disk Marco Antônio Villa

(Historiador. Tiro e queda. Mais pau no governo Lula? Disk Lúcia Hippólito – com a vantagem de ser uma das meninas do Jô)



Relações internacionais? Disk Rubens Barbosa

(Ex-embaixador. Precisa diversificar? Disk Celso Lafer, o ex-chanceler)



Mercado financeiro? Disk Arminio Fraga, o ex-BC

(Não rolou? Disk Gustavo Loyola? Ocupado? Ah, então vamos no Disk Maílson mesmo)



Mercado financeiro mundial? Disk Paulo Leme

(O cara está em Wall Street, pô, sabe tudo...)



Segurança pública? Disk Zé Vicente

(Ele é durão, estava lá dentro, mas fala como sociólogo. E com a vantagem de não ficar falando em direitos humanos para qualquer "resistência seguida de morte". É o coronel esclarecido...)



Partidos? PT especificamente? Disk Bolívar

(O cientista político Bolívar Lamounier, mas, por favor, não diga que ele é filiado ao PSDB)



Geografia? História? Demografia? Sociologia? Socialismo? Política? Geopolítica? Raça? Relações internacionais? Coréia? Pré-sal? Cotas? Mensalão? América Latina? MST? Pugilistas cubanos? Liberdade de imprensa? Farc? Tarso Genro? Disk Demétrio Magnoli

(Se te ocorrer algum outro assunto, ligue para ele também)