sábado, 9 de outubro de 2010

Eleições do Vale Tudo Arrasta a Petrobrás Para o Jogo Político Rasteiro.

“A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”. André Comte-Sponville









( Tenho tido debates acalorados nestas eleições com pessoas que me são caras em termos de amizade. Embora haja convergências de opinião com a maior parte de meus amigos, outros pensam diferente de mim. Espero que passado o processo eleitoral estejamos novamente irmanados. As palavras acima expressam com perfeição meus sentimentos. )









O andar de cima está em polvorosa, percebeu que se antes as eleições para presidente era uma causa perdida, agora vislumbra uma possibilidade real de ter seu candidato como grande vitorioso no segundo turno. E não importa os métodos usados, se for para eleger José Serra, os fins justificam os meios. O que estão fazendo nos últimos dias com a petrobrás é crime de lesa-pátria. O valor de nossa maior empresa já caiu mais do que a BP, aquela empresa Britânica responsável pelo maior desatre ecológico do planeta ao espalhar enormes quantidades de petróleo em alto mar. Contudo, os papéis da Petrobrás estão a desvolarizar-se não pelas razões apresentadas na Folha, (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/812434-valor-da-petrobras-ja-caiu-mais-que-o-da-bp-em-2010.shtml) mas em face dos ataques sistemáticos feitos na imprensa nativa contra o nosso melhor ativo no exterior. Fosse o Brasil um país sério e nossas instituições funcionassem com isonomia, as autoridades teriam há muito tempo procedido uma investigação nos mercados de capitais que se alimentam à base de boatos, boatos estes responsáveis pelo rebaixamento das ações de nossa mais importante empresa. É de se perguntar: donde se origina a fonte da boataria que tem levado a desvalorização dos papéis da petrobrás na Bovespa? Informações do submundo jornalístico dão conta de que a sujissíma Veja estamparia nas suas fétidas páginas mais uma de tantas outras mentiras para atingir a candidatura da ex-ministra Dilma. Segundo comentários, o processo de capitalização da Petrobrás foi feito em meio a uma grande roubalheira e o destino do dinheiro arrecadado com mais este ato de corrupção viria  reforçar o caixa de campanha de Dilma. A sujissíma mostraria em suas páginas os detalhes de como as negociatas aconteceram. Estamos atravessando um momento de incerteza política, no qual ainda não se sabe quem vai ganhar as eleições. Portanto, um boato desta natureza é um prato cheio para os megas especuladores que insuflam os pequenos investidores a se desfazerem da ações que detém. Tomados pelo medo, racionalizam que é melhor perder um pouco de dinheiro agora do que ver seu investimento virá pó mais tarde. Aí os espertalhões compram as ações em baixa, esperam a normalização política do país e ganham rios de dinheiro depois. Nos E.U.A isto daria cadeia para proprietário de jornal, de revista, especulador, dono de emissora de televisão, banqueiro. Aqui, não, fica por isso mesmo. Este episódio é claro em demonstrar que a imprensa brasileira não está a serviço dos interesses dos brasileiros. Bem observou Paulo Henrique Amorim: "Ou seja, um lançamento que foi acompanhado pela Bolsa, pela CVM, pela Bolsa de Nova York, pela SEC americana e por milhares de investidores estrangeiros não seria mais do que uma grande roubalheira – segundo essa publicação que se deixa cortar por uma vala negra."  Pode até parecer birra, fixação, mas se prestássemos mais atenção enxergaríamos como estas tramas são urdidas em conluio com a imprensa nativa e fazem parte de um projeto de dominação maior. Os barões da mídia nativa defendem a concepção de que o mercado é a panacéia capaz de resolver todos os problemas de ordem econômica, política e social. Não reconhecem que na crise passada que se abateu sobre o mundo,  a tese de deixar os mercados desregulados foi a responsável pela  débâcle de econômias antes consideradas sólidas. Grandes empresas símbolo do capitalismo moderno entraram em falência. Não foram os mercados financeiros que vieram em socorro das economias falidas, senão os governos com pesados investimentos públicos, com dinheiro do contribuinte. Quando os grandes capitalistas nadavam em lucros nababescos, não se importaram com o desenvolvimento, com o bem-estar das econômias locais. Ao enfrentarem a crise financeira internacional foram atrás de auxílio governamental. Hipocritamente deixaram de lado o mantra de que os governos não deveriam interferir nos mercados. Ah! pra isto os governos servem. Sob esta óptica, não houve nenhum gasto público mal-feito no socorro ao capitalismo moderno. Aqui no Brasil, torciam para que a nossa econômia fosse arrastada pelo desemprego em massa, pelo fechamento de indústrias. Os bancos privados se sentaram sobre as chaves do cofre e deixou de irrigar a economia com crédito, mola propulsora para o desenvolvimento industrial. Não fosse o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, teríamos sucumbido ante a maior crise jamais vista na história da humanidade. Crise que ainda continua e no Brasil seus efeitos foram mínimos, uma marolinha no dizer do presidente Lula, graças ao papel desempenhado pela área econômica do governo que agiu com celeridade e pôde contar com a ajuda dos bancos estatais. Tivesse o governo passado conseguido privatizar estas três instituições financeiras, hoje o Brasil estaria em estado de conflagração, o povo na rua protestando tal como aconteceu na Grécia e Europa. Porém, voltemos ao tema da desvalorização das ações da petrobrás. Será que ninguém vai dizer nada sobre o maior ataque especulativo de que se tem notícia na história do capitalismo brasileiro a uma empresa nacional ?  É a pergunta que não quer calar. A CVM vai ficar silente e deixar que o pequeno investidor arque com as perdas do investimento que fez? Isto é mais um estratagema que pavimenta o caminho de Serra, caso seja eleito, para mais tarde entregar as riquezas do Pré-Sal nas mãos das multinacionais, como fizeram com as estatais no periódo das privatizações. Lembremo-nos de que o processo de privatização de nossas estatais foi precedido por uma campanha sistemática, orquestrada pela banca internacional e coordenada pela imprensa nativa que anestesiou o povo brasileiro com a falsa premissa de que as estatais brasileiras estavam obsoletas, eram ineficiêntes e emperravam o desenvolvimento do país. Assim, a Vale do Rio Doce que hoje está avaliada em mais de 150.000.000.000,00 foi doada por 3.000.000.000,00 com financiamento do BNDES. Não sem razão, o Davizinho, ex-genro de FHC, que esteve à frente da Petrobrás no governo de Fernando Henrique e que moveu céus e terra para privatizar a Petrobrás, chegando a sugerir a mudança de nome Petrobrás para Petrobrax, já disse, na condição de coordenador da campanha de Serra para o setor energético, que o modelo de partilha adotado pelo governo Lula para o Pré-Sal é inadequado, sinalizando que se eleito, Serra promoverá significativas mudanças, leia-se entrega ao capital internacional de nossa maior riqueza recém-encontrada a profundidades antes inimagináveis que garantirá o futuro das vindouras gerações. Enquanto isso, uma legião de fanáticos alienados, impregnam-se com a discussão sobre o aborto, como pauta central, imposta pelos nossos Aiatolás, Mulás, Talebans, dirigentes do Estado Teocrático que querem implantar no Brasil, para felicidade geral das aves de rapina que nos subterrâneos estão decidindo como farão a partilha dos despojos da riqueza da nação. Como diz a letra da música: "Tudo isto acontecendo e eu aqui na praça, dando milho aos pombos". Se não sairmos desta letargia profunda em que nos encontramos e não prestarmos atenção ao que está se passando nesta campanha que é colocada da maneira mais superficial possível para o eleitor, por parte de um lado que não quer discutir um projeto de país, justamente para não se comprometer com os interesses nacionais, conseguindo com esta tática maquiavélica construir um álibe para mais tarde não vir a ser cobrado quando vender o que ainda resta de patrimônio público da nação e pedagiar as estradas federais como fez em São Paulo, será demasiadamente tarde para lamentações e nada, absolutamente, nada poderá ser feito. A hora é agora enquanto ainda podemos resistir com a palavra, debater com todas energias. Abertas as urnas e proclamado o resultado, só nos restará acatar. A coruja está piando e ninguém quer saber  aonde. Depois do estrago feito, morreu "Maria Preá".