terça-feira, 2 de novembro de 2010

Finalmente Vitoriosa.

O dia 31 de outubro de 2010 entrará para as páginas da história pelo feito da marca inédita de havermos alcançado a eleição da primeira mulher presidente do Brasil. Poderia ter sido uma eleição mais tranquila se o candidato da oposição tivesse pautado a disputa tão-somente pelo debate de idéias, pelo confronto direto do modelo defendido por Dilma e o modelo apresentado por ele, José Serra, se para o eleitor seria melhor a mudança com a oposição ou a continuidade do governo Lula. Infelizmente estas eleições apequenaram a política e isto pode ser claramente percebido no número de eleitores que deixaram de comparecer às urnas. É verdade que o feriado prolongado, o fato de ser uma segunda eleição que em alguns lugares era descasada, não havia candidato a governador disputando, podem ter contribuido para aumentar a abstenção. Porém, este argumento é insuficiente, não justifica por si só que mais de 20.000,000,00 de eleitores tenham deixado de comparecer as suas respectivas seções eleitorais. O tipo de campanha feita pelos simpatizantes do candidato da oposição e pelo o próprio que respaldou as mais vís acusações contra a candidata Dilma, tornou as eleições deste ano a mais suja desde a redemocratização do país, com o agravante de ter havido uma interferência indevida dos grandes meios de comunicação que claramente aliaram-se a Serra, de segmentos da Igreja Católica que rasgaram os príncipios do evangelho para disseminar mentiras e calúnias numa rede de boatos execráveis, inclusive com a participação, pasmem, do papa Bento XVI que resolveu de última hora entrar na disputa eleitoral endossando subliminarmente os argumentos do bispo de Guarulhos, o tal de Bergonzine que se envolveu diretamente no processo eleitoral com uma participação das mais vergonhosas por insistir na tese de que a candidata Dilma é uma pessoa sem palavra, haja vista ter mudado de opinião três vezes sobre o aborto. Por também mandar confeccionar milhões de panfletos contendo os maiores absurdos com o objetivo declarado de serem distribuidos nas igrejas Brasil afora em defesa da candidatura de Serra. Segmentos evangélicos igualmente saem manchados das eleições de outubro passado porque à semelhança de algumas lideranças católicas se deixaram levar pela campanha subterrânea de desconstrução da candidatura de Dilma. Esta foi a campanha do ódio, do preconceito, da divisão patrocinada por religiosos que deveriam espalhar o amor e não disseminar mentiras ao povo brasileiro em nome da defesa de um candidato, cuja presença inspira os mais baixos instintos da natureza humana, pelo menos em mim. Outro dado objetivamente que precisa ser considerado diz respeito a escolha da imensa maioria das mulheres brasileiras que disseram não para a idéia de termos uma mulher presidindo o Brasil. Entre os eleitores de Dilma a maioria absoluta foi de homens, já entre os eleitores de Serra a maioria absoluta foi de mulheres. O importante é que a imensa quantidade de mulheres que votou em Dilma contribuiu para que ela fosse eleita, mas esta era as eleições das e para as mulheres. Pena que perderam para o preconceito que é maior entre elas mesmas do que entre os homens e isto ficou provado. A pecha de que uma mulher não pode governar o Brasil, de que a governança da casa, dos filhos, o cuidar do marido é o quinhão que lhes cabe ficou demonstrado nas eleições de outubro passado. A mulher que alimenta preconceito contra a mulher, esta foi a nota triste das eleições atuais. O grande vitorioso, sem dúvidas foi o presidente Lula que conseguiu impor sua vontade em que pese o enorme esforço que seus adversários fizeram para impedir que Dilma ganhasse as eleições. Lula venceu os detratores, a imprensa partidarizada do Brasil, segmentos religiosos que ergueram barricadas ao projeto de eleger Dilma, venceu a mentalidade tacanha de alguns setores da sociedade que defende a idéia machista de que mulher só serve para ser mãe de família, venceu a rede de boatos plantada para desconstruir a candidatura de Dilma, venceu por fim o desalento que em determinados momentos tomou conta da campanha. Houve sim um momento específico no qual o candidato Serra chegou a estar a seis pontos percentuais na frente de Dilma, na virada do primeiro para o segundo turno, sinalizando com a possibilidade real de vencer as eleições de acordo com pesquisas internas para o consumo do candidato e que não eram para divulgação pública. A coordenação de campanha de Dilma agiu rápido, passou a produzir notícias positivas, a candidata se comprometeu de não avançar na questão do aborto, artistas sob a liderança de Chico Buarque aderiram publicamente a campanha de Dilma, houve uma mobilização geral visando impedir que o retrocesso voltasse a ser implantado no Brasil. A razão prevaleceu e me sinto feliz porque pessoalmente fui um dos que votei em Dilma. Lula não merecia outro resultado que não fosse este. Agora é hora da pacificação, de buscar fazer um governo de união nacional, o que ficou pra tráz deve ser esquecido. Dilma é a presidente de todos brasileiros e não somente daqueles que votaram nela. Espera-se que as promessas de campanha sejam integralmente cumpridas!