terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Jobim, o X-9?

O mega vazamento de informações ultra secretas do governo dos E.U.A, pelo site wikileaks, põe em cheque a diplomacia norte americana e sua forma de se relacionar com as demais nações do planeta. Em um mundo unipolar, onde a hegemonia dos E.U.A se faz sentir em quase todos os aspectos da vida cotidiana de milhões de pessoas, não há como justificar a orientação da secretária Hilary a seus embaixadores, estrategicamente usados como espiões, coletando informações sobre os mais triviais aspectos da política interna de vários governos, quebrando a confiança mútua que deveria prevalecer nos diversos setores da diplomacia dos paises aliados.



Mesmo se autodeclarando em guerra contra o terror, nenhuma informação clandestina deveria ser produzida pelas embaixadas americanas em solo estrangeiro, a revelia da cooperação que deveria existir reciprocamente entre os países. Principalmente agora quando não há mais a guerra fria que colocou o mundo em estado de permanente tensão e o comunismo varrido do mapa. O ínimigo oculto, o terror, só será eficientemente combatido por meio de ações colaborativas que importam em tarefas conjuntas, construidas de comum acordo, baseadas na confiança mútuas em parceria com os governos mundiais.



As inconfidências do ministro falastrão da defesa Nelson Jobim, ou ”Jhonbim”, como Paulo Henrique Amorim a ele se refere, em face dos convescotes que frequentemente mantinha com o embaixador americano, revelando informações cruciais do governo brasileiro, em nítida violação dos interesses nacionais, expostas, graças aos vazamentos do wikileaks, impõem uma reavaliação da presidente Dilma no tocante a mantê-lo na pasta que atualmente ocupa. Por algo semelhante, um ministro alemão foi demitido do cargo. De um cargo de menor relevância. (http://www.conversaafiada.com.br/mundo/2010/12/05/governo-alemao-demite-o-johnbim-deles/)



Aqui não houve reação de maior contundência à falação de Jobim, nem do governo Lula, nem da imprensa nacional que trata o caso como se fosse uma conversa de botequim e não como a quebra de protocolo que expõe a posição do ministro pró E.U.A e contra a política externa do Itamaraty que segue a diretriz do não alinhamento automático, do firmar-se com independência, como potência regional, e de buscar fóruns alternativos de discussão que preservem os interesses nacionais, ao lado de outros países que com o Brasil fazem o contraponto, nos BRICS e no G-20.



A política exterior brasileira tem sido aplaudida mundo afora, exatamente porque se conduziu com independência, conquistando espaço no cenário internacional que antes sequer imaginava um dia obter. Contra esta política o ministro da defesa solertemente se insurge, quando faz inconfidências ao embaixador americano Clifford Sobel, ao dizer-lhe que o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães é anti-americano.





A atitude do senhor Jobim pode ser corretamente qualificada como um ato de deslealdade não só ao governo a que serve, como de resto, ao país a quem precipuamente deve lealdade. A gravidade das ações do ministro não podem receber outro tratamento que não seja o de traição. O presidente erra ao contemporizar com os atos de seu ministro ao rebaixar os encontros secretos de Jobim com o embaixador americano a mera condição de fato corriqueiro alimentado pela curiosidade do governo dos E.U.A



O wikileaks expôs as víceras da política exterior americana, calcada na espionagem e na escolha de pessoas ligadas a governos nacionais que abandonaram a liturgia dos cargos que lhes foram confiados para fazer as vezes de informantes do império, em desacordo com os interesses dos países aos quais teriam a obrigação cívica de prestar aboluta fidelidade.



Agora imaginemos, por um momento, o ministro da defesa dos E.U.A sentar-se com o embaixador brasileiro na missão diplomática de nosso país em solo americano para contar-lhe das estratégias comerciais, políticas e bélicas do governo Yank. Para dizer-lhe dos planos dos E.U.A em relação ao Brasil, sem o conhecimento do presidente dos E.U.A



Imaginemos, outrossim, que tais encontros viessem a vazar. A imprensa americana ia querer sangue e o mínimo que o ministro faria era pedir desculpas ao povo dos E.U.A bem como entregar sua carta de demissão ao presidente para seguir no ostracismo, na humilhação de haver falhado com o país a que jurou lealdade. O povo americano não o perdoaria. Jobim, no entanto, segue a cavaleiro no ministério da defesa e trata a revelação de suas inconfidências como um caso de somenos importância.



Segundo o wikileaks, as informações até agora reveladas sobre o Brasil é apenas a ponta do iceberg. Há mais de 2.500 documentos que ainda não se tornaram de domínio público.

Julian Assange que no momento se encontra preso na Inglaterra e teve o pedido de pagamento de fiança negado pela justiça britânica informou que as revelações que ainda estão por vir causarão um terremoto no Brasil e no mundo. Eu estou ansioso para saber se tem algo entre a imprensa do Brasil e suas relações promíscua com os E.U.A, especialmente em relação a campanha presidencial de 2010.



Sobre as conversas de Jobim com o embaixador Clifford Sobel, a respeito de Samuel Pinheiro, não se sabe que utilidade e uso fará o governo americano . O que sabemos com certeza é que se fosse anti-brasileiro o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães não poderia permanecer nos quadros do Itamaraty.

 Jobim permanecerá ministro da defesa no governo Dilma por obra e graças do presidente Lula que o tem como fiador da tranquilidade do governo que se inicia junto à caserna. É para não melindrar os milicos que ele continuará ministro. Este boquirrôto confessou que incluiu clandestinamente na constituição brasileira uma alínea que não foi votada pelos constituintes, na maior fraude que já existiu no mundo jurídico.



A alínea autoriza o pagamento de juros da dívida mesmo que não tenha previsão orçamentária, em claro benefício dos credores externos à epóca da constituinte, demonstranto seu caráter anti-patriota.

Art 166,§ 3º – As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:

II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: b) serviço da dívida;(http://extra.novojornal.com/fraude-a-constituicao-federal-jobim.pdf)



Foi também o responsável direto pela demissão do ínclito delegado Paulo Lacerda da Abin, no episódio de triste lembrança que marcará o governo Lula, na farsa do grampo sem audío do ministro Gilmar Mendes, patrocinado pela sujíssima veja, no dizer do decano jornalista Hélio Fernandes, quando apresentou ao presidente a informação de que a Abin havia adquirido um equipamento eletrônico do exército com alcance de fazer escutas ambientais sem a devida autorização da justiça, fato este peremptoriamente desmentido pelo exército. Assim como agora, o presidente carneiramente fez vista grossa e deixou que este senhor continuasse a usufruir do status de ministro.



Sem falar da indelicadeza de ter passado um pito em Waldir Pires, um dos gigantes morais da política brasileira, em cerimônia pública que cumpria o ritual de passagem de cargo que constrangeu aqueles que naquele evento se faziam presentes. Jobim nem de longe pode comparar-se a Waldir Pires como homem público. Nem nesta, nem em mil encarnações que vier a ter.



Não há um só motivo que justifique a continuidade de Jobim à frente do ministério da defesa do governo Dilma. Só o espírito de contemporização do presidente, que não é um homem de confronto, o leva a ter temôres de que as forças armadas ainda teriam condições de tentar um golpe de Estado contra o governo da presidente eleita.

 Por mais que as evidências mostrem o contrário, o presidente receia de que uma grave crise com a imprensa tomando a dianteira poderia levar um levante dos generais da ativa e de pijama. A julgar pela atenção dada pela mídia aos encontros de Serra com os milicos durante a campanha no clube militar, não é de todo desarrazoado considerar a validade desta hipótese.

 Neste caso Jobim seria o fiador da estabilidade institucional do governo Dilma. Uma grande temeridade se olharmos o passado do ministro e suas recentes atitudes reveladas nos documentos que foram publicados pelo wikileaks.

Dilma fez a diferença nos momentos decisivos – bastidores da campanha, parte final

Dilma fez a diferença nos momentos decisivos – bastidores da campanha, parte final


Por Renato Rovai.

Segue a última matéria produzida para a revista Fórum deste mês. Nela, busco resgatar a história da campanha, mas não desprezo os passos iniciais, quando a petista, ainda na Casa Civil, começou a ser tratada como a candidata do governo e constituiu um grupo de comunicação que lhe assessorava. O conjunto de três textos que publiquei em conta-gotas neste fim de semana, como já dito no primeiro post, totaliza 47 mil toques. Não é exatamente aconselhável que se divulgue um “catatau” desses num blog, mas o faço por acreditar que precisamos ir aos poucos desmontando certas teses. Neste final de ano pretendo resgatar reportagens que escrevi para veículos impressos e que considero que merecem re-publicação e ir fazendo isso aos poucos por aqui. Espero que essa nova utilização deste espaço lhes agrade.



Uma campanha repleta de pedras no caminho



O trajeto percorrido por Dilma Rousseff da oficialização da sua candidatura até a vitória foi muito mais acidentado do que o resultado das urnas possa fazer parecer hoje



Por Renato Rovai



A avaliação quase unânime entre analistas políticos é de que a campanha de 2010 foi a menos politizada e, ao mesmo tempo, a mais suja da história recente. Os tucanos vão atribuir esse fato ao governo e ao PT, que, na visão deles, teria produzido dossiês e investigações ilegais. Os petistas dizem exatamente o inverso: que Serra, em eleição, é garantia de baixaria, como afirmou Ciro Gomes. Com um agravante: neste ano, o tucano incluiu no debate eleitoral questões de cunho religioso, produzindo uma mistura explosiva que pode ter consequências bastante perigosas tanto no curto quanto no médio e longo prazos.

Independente de quem venha a ter razão, o processo eleitoral de 2010 produziu consequências que só poderão ser dimensionadas com o tempo. É até possível que tudo seja superado sem maiores traumas, já que o papel de Serra no jogo político pode vir a ser de, no máximo, um figurante sem importância real. Mas pelo discurso que fez depois de anunciada a sua derrota, a sede de sangue pode levá-lo a tentar destruir o governo de Dilma a qualquer preço. Mesmo que deseje isso, ainda é preciso saber se terá força e respaldo para movimentar as peças neste sentido.



Serra e Marina são personagens relevantes dessa eleição, mas a história reserva o papel de destaque aos vencedores. Neste caso, Dilma. A campanha da candidata petista teve muitos momentos-chave. Fórum destaca dez deles.



1 – Os primeiros passos da campanha



Desde o início de 2009, o jornalista Oswaldo Buarim estava na Casa Civil, tendo entre as suas atribuições a de fazer com que a ministra passasse a ter uma exposição maior e, ao mesmo tempo, mais profissional na mídia. Isso por um lado. Por outro, João Santana, que trabalhava para o PT, realizava pesquisas qualitativas para verificar quais eram os pontos fortes e fracos da candidata escolhida pelo presidente Lula. Ainda em 2009, juntaram-se a Buarim, na Casa Civil, Anderson Dorneles e Ricardo Amaral. A trinca tinha o papel de fazer a transição da imagem de Dilma, de ministra do PAC e “gerentona” do governo, para a candidata do presidente de Lula.



Quem também se integrou à equipe foi Olga Curado, que faz assessoria de imagem. Fala-se muito que Buarim era responsável pelo media training, mas não era exatamente esse o seu papel. Quem conhece esse tipo de trabalho diz que tem mais a ver com neurolinguística, algo como preparação para enfrentar o público e se relacionar em momentos de tensão. Não é um media training tradicional.



Mesmo já estando decidido que Dilma era a candidata, tudo era feito de forma muito discreta, até o Congresso do PT. Nas coletivas de imprensa, sempre que indagada sobre a candidatura, ela despistava. Do ponto de vista midiático, a primeira investida como candidata se deu em setembro de 2009, nas emissoras de rádio. Foi Lula quem a aconselhou a falar primeiro com esse segmento. Além de gostar mais de rádio do que qualquer outro meio de comunicação, o presidente considerava que são as emissoras, principalmente as populares, que têm alcance entre o povão. Na avaliação dele, àquela altura, era esse segmento que precisava conhecer Dilma. Ao mesmo tempo em que começou a conceder entrevistas, ela também intensificou a agenda com o presidente da República. Suas aparições em fotos e cenas de TV ao lado do presidente passaram a ser uma constante. Era uma época em que os petistas já brincavam nos bastidores de que ela era a “coroa” do “cara”.



2 – A primeira agenda da campanha



No início de abril, já licenciada do cargo, Dilma tinha de fazer a sua primeira agenda pública como candidata. Mesmo com uma equipe formada, não havia nada preparado e nem um planejamento definido para aquele momento. Foi Dilma quem sugeriu que a campanha começasse por Minas, mais especificamente por Ouro Preto, São João Del Rey e Belo Horizonte.



Ela, ainda ministra, havia recebido um convite para ir a São João Del Rey fazer uma palestra na universidade federal, no inicio daquele mês. Pensou, então, em juntar essa programação com uma visita a Ouro Preto, pois o prefeito da cidade, Ângelo Oswaldo (PMDB), era um velho amigo da época em que cursou o secundário em um colégio estadual de Belo Horizonte. A candidata pensara em finalizar o périplo mineiro na capital do estado, mas enquanto conversava com sua equipe, teve a ideia de visitar o túmulo de Tancredo Neves. Segundo relatos, Dilma teria dito que, para os mineiros, isso tinha um simbolismo muito especial “porque ninguém pode ir a São João sem visitar o túmulo de Tancredo”. Além disso, para ela, a escolha “recuperava sua origem mineira e ratificava a sua tradição democrática”. Assim foi feito.



Os tucanos reagiram duramente a essa incursão de Dilma. O presidente do partido, Sérgio Guerra, assinou uma nota do PSDB, que num dos trechos dizia: “Tardia e mal explicada, a homenagem a Tancredo Neves se reduz a uma encenação com as marcas inconfundíveis da impostura e do oportunismo, presentes em outras passagens da carreira da neopetista Dilma Rousseff”. No comitê da petista, a nota tucana foi encarada como uma vitória. Primeiro, porque não tinha a assinatura de Aécio, que não deu nenhuma declaração contrária à homenagem. Segundo, porque se os tucanos haviam decidido reagir ao périplo mineiro era porque tinham assimilado o golpe de uma agenda bem definida. E não o contrário.



3 – O primeiro debate da Band



Havia muita ansiedade, tanto na militância quanto entre as lideranças dos partidos aliados a respeito de como Dilma se sairia nos confrontos televisivos com Serra, Marina e Plínio, mais experientes que ela neste quesito. Além disso, o candidato tucano havia passado os últimos meses dizendo que a petista era sombra de Lula e não tinha experiência, mas no debate da Band, realizado em 5 de agosto, ele não conseguiu mostrar em nenhum momento que era tão mais preparado que ela. Por isso, foi o grande derrotado. Dilma começou insegura e foi melhorando no percurso do programa, o que ocorreu em quase todos os outros confrontos. Nos debates, ela parecia ir esquentando aos poucos.



Naquele evento, a melhor participação foi sem dúvida a de Plínio de Arruda Sampaio, que, com bom humor, conseguiu ir para as manchetes dos jornais do dia seguinte, tendo seu nome durante quase todo o debate liderando o Trending Topic Brasil do Twitter.



O empate, naquele debate, foi uma grande vitória da candidata petista, porque ali ela sepultava a tese de que não suportaria o enfrentamento com seus adversários.



4 – O início do horário eleitoral gratuito



O horário eleitoral começou no dia 17 de agosto. Na pré-campanha, a expectativa geral era de que a virada de Dilma sobre Serra se iniciasse naquele momento. Porém, nessa data, uma pesquisa do Instituto Vox Populi, divulgada pela TV Bandeirantes, apontava Dilma com 45%, Serra, 29%, e Marina, 8%, considerando-se os votos totais. Nos válidos, Dilma, 55%, Serra, 35%, e Marina, 10%. No sábado, dia 14, o DataFolha apontara 8% de diferença para Dilma em relação a Serra. E o Ibope do dia 16, 11%.



João Santana iniciava o horário eleitoral com um caminhão de melancias para carregar até o dia 3 de outubro. Se nenhuma delas caísse no percurso, a vitória aconteceria já no primeiro turno. No meu blog, apontei que Dilma havia crescido antes do tempo. E que isso poderia ser mais um problema do que uma solução. Muitos leitores consideraram a análise uma aberração. O clima em agosto era de otimismo total.



Os primeiros programas eleitorais só alimentavam essas boas expectativas. A diferença de qualidade entre as produções da petista e a dos outros candidatos era muito grande. Dilma continuou abrindo distância, e no feriado de 7 de setembro, o tracking do IG/Vox Populi apontou a maior distância entre ela e a soma das outras candidaturas. Naquela data, bateu em 56%, Serra despencou para 21%, os indecisos eram 10% e Marina tinha 8%. A avaliação geral era de que a eleição seria encerrada no primeiro turno.



5 – O JN do primeiro turno







Logo na sequência, em 9 de agosto, Dilma Rousseff esteve no Jornal Nacional, abrindo o ciclo de entrevistas realizado pela TV Globo com os três candidatos melhor colocados. Dessa vez, se comportou como uma veterana da política. Estava muito mais segura do que no debate da Band e mostrou que não se intimidaria com questões supostamente difíceis.



William Bonner bem que tentou desestabilizar a candidata, insistindo com perguntas como se ela maltratava ministros e forçando a barra em argumentações questionáveis, como quando comparou o crescimento médio dos últimos oito anos do Brasil com o da Bolívia e do Uruguai.



Nesse momento, Dilma se comportou de forma tranquila e firme. Disse que “com todo o respeito, esses países são menores do que muitos estados pequenos do Brasil.” Ou seja, destacou o óbvio: a comparação era inválida. O que Bonner certamente já sabia antes de formular a questão.



Ainda houve a tentativa de fazer a candidata escorregar com perguntas capciosas sobre as alianças atuais do PT, com grupos que antes criticava. Ela também foi bem nesse momento, não criando constrangimento para os aliados. Diferente de Serra, que saiu do Jornal Nacional sem o apoio de Roberto Jefferson, que na última semana anunciou que votaria em Plínio por conta das declarações do tucano no programa da Globo.



As pesquisas internas do PT mostraram que a postura de Dilma tinha agradado ao eleitorado, que achou que William Bonner tinha exagerado na dose e se tornado hostil na visão dos telespectadores. Na avaliação com seus assessores, Dilma afirmou ao final do encontro: “eu fui lá só para dar uma entrevista, mas aí…” As reticências após o “mas aí” dizem muito. Quando pressionada, Dilma, em geral, se sai muito bem.



6 – Erenice torna setembro o mês do desgosto



A revelação do caso Erenice acontece no fim de semana do debate promovido pela Folha de S. Paulo e Rede TV, no domingo, dia 12. A tensão tomou conta do comitê da candidatura de Dilma naqueles dias. Assessores e articuladores políticos estavam preparados para muitas frentes de denúncia, mas não imaginavam que a bomba poderia vir exatamente da pessoa a quem Dilma confiara a Casa Civil.



Não havia como negar que Erenice Guerra tinha sido sua principal aliada no percurso do governo. As acusações publicadas pela revista Veja davam conta de como a ministra e o seu filho tinham exercido tráfico de influência. A reportagem tinha vários buracos e contradições, mas havia de fato algumas questões que ensejavam maiores explicações. Quando Dilma teve acesso ao papelório, entrou em contato com a ministra. Naquela tarde do sábado, dia 11, conversaram longamente. E no debate da noite de domingo, a candidata, ao ser provocada por Serra sobre o caso, anotou uma frase que apontava que o caso tinha potencial para provocar estragos. “Eu não vou admitir que eu venha a ser julgada pelos erros do filho de uma ex-assessora.”



Na semana que se seguiu, a ministra Erenice emitiu uma nota à imprensa, na qual, entre outras coisas dizia: “Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo- me tomar as medidas judiciais cabíveis para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista Veja, contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por danos morais quanto para que me garanta o direito de resposta”.



Ao saber desse comunicado da ministra, Lula, que já havia percebido na conversa que tivera com ela que havia muita coisa a ser explicada, não teve dúvida: solicitou que Franklin Martins fosse comunicá-la que receberia de bom grado sua carta de demissão. Porém, o caso Erenice já começava a provocar uma erosão na base de Dilma. Ela começava a perder votos, principalmente na classe média. E no comitê da campanha, muitos já faziam as contas de quantos votos por dia ela teria de perder para a eleição não ser definida no primeiro turno. A piada mais ouvida era: “é capaz de chegar o Natal e não chegar o dia 3 de outubro”.



7 – O fator Deus e a desconstrução pela internet



A segunda quinzena de setembro foi um deus nos acuda para a campanha petista. A coordenação, composta por José Eduardo Dutra, presidente do PT, Antônio Palocci e o deputado federal José Eduardo Cardozo, em conjunto com o marqueteiro João Santana, errou feio nas avaliações daquele período. Em setembro, a agenda de Dilma se concentrou mais em preparação de debates e gravações para o programa de TV do que em atividades de rua, que foram praticamente abandonadas. Várias iniciativas de petistas de base também eram desestimuladas com a seguinte mensagem: “tá tudo tranqüilo, companheiro.”



A blogosfera progressista começou a alertar para dois movimentos perigosos. O primeiro, dizia respeito a uma campanha estimulada por profissionais, para desconstruir Dilma pela internet. As mensagens com falsas histórias a mostravam em fotos com armas, traziam um falso processo judicial de uma empregada doméstica, com a qual ela teria tido uma relação conjugal por 15 anos, o pacto de satanismo do seu vice, Michel Temer, além de muitas mensagens que abordavam sua defesa do aborto até os nove meses de gestação.



O blogueiro Rodrigo Vianna foi o que mais insistiu de que essas mensagens tinham ganhado os púlpitos e que, nas igrejas evangélicas e católicas, padres e pastores pediam o voto anti Dilma. A coordenação da campanha ignorou todos os alertas, e a soberba era tanta que, na sexta antes da eleição, a equipe de João Santana fez uma festa comemorando o sucesso da empreitada e, ao mesmo tempo, de despedida da campanha.



O presidente do PT também passou a não atender mais telefonemas no fim do primeiro turno. Algumas lideranças, principalmente ligadas a movimentos populares e a sindicatos, desejavam fazer um esforço na reta final e distribuir jornais e panfletos dialogando com as acusações contra Dilma, por considerarem que Marina havia crescido muito e poderia levar a eleição para o segundo turno. Mas a frase: “tá tudo tranqüilo, companheiro” era repetida como um mantra.



O próprio Lula reclamava da perda de ritmo da campanha na segunda quinzena de setembro. E “deu um sacode” na coordenação, dizendo que havia avisado sobre os riscos, quando a apuração, no dia 3 de outubro, sinalizou que Dilma iria para o segundo turno.



8 – Segundo turno: a campanha entra em parafuso







A imagem de Dilma, quando concedeu a primeira entrevista depois do primeiro turno, dava a dimensão do quanto aquele resultado não era esperado. Ela estava com aspecto cansado e semblante de derrotada. Na noite anterior, porém, Lula já havia pedido para que a coordenação da campanha ligasse para todos os governadores e senadores aliados eleitos, além de presidentes de partido e personalidades políticas. Ainda naquela noite, o presidente também ligou para José Dirceu e lhe solicitou que participasse mais das articulações no segundo turno, pois esperava uma disputa renhida.



A reunião com os eleitos foi boa. Dilma fez um discurso sereno e disse que estava ali mais para ouvir os presentes do que para falar. Muitos governadores fizeram ponderações, que em geral apontavam para o fato de que ela precisava ir mais ao povo. Fazer uma campanha mais solta. Eduardo Campos (PE) e Marcelo Deda (SE) fizeram as intervenções mais elogiadas. Campos ressaltou que a campanha governista iria precisar se reconciliar com uma faixa do eleitorado, principalmente com setores da classe média e do campo religioso. Na terça pela manhã, Dilma ainda viria a se reunir de novo com Cid Gomes, Marcelo Deda, Wellington Dias e Eduardo Campos. Eles novamente a incentivaram muito a sair da redoma que havia sido criada em torno dela e ir mais para as ruas. Entre outras ações, isso fez com que a campanha deixasse de colocá-la nas coletivas, falando do paliteiro (que parece um púlpito), e que também ampliasse suas caminhadas e ações de rua. As fotos de Dilma, envolvida pelo povo, são todas do segundo turno.



Mas, mesmo assim, as coisas não caminharam como esperado na primeira semana, e Dilma foi para o debate da Band, realizado no domingo, dia 10, com a água no pescoço. As pesquisas internas já apontavam uma redução da sua diferença para apenas 4 pontos de vantagem em relação a Serra.



9 – Debate da Band



Dilma teve uma reunião, no sábado 9, com a sua coordenação de campanha, para definir qual seria a estratégia a adotar naquele momento. A coordenação já estava mais ampliada. Marco Aurélio Garcia e o ministro Alexandre Padilha, além de Ciro Gomes, também davam “pitacos”.



Há quem diga que, na definição da estratégia, João Santana e Antônio Palocci foram votos vencidos em relação aos riscos de um discurso mais incisivo naquele evento. Outros garantem que o tom da abordagem foi proposto pela própria Dilma e contou com a concordância de todos.

O fato é que a petista surpreendeu Serra no debate. O tucano deixou sem resposta, por exemplo, a cobrança que lhe foi feita em função de uma frase dita por sua esposa, Mônica Serra, de que “Dilma mata criancinhas”. E também fez de conta que não ouviu quando a petista colocou na roda o nome do engenheiro Paulo Preto. Ainda colocou naquele debate a discussão das privatizações, chamando a atenção para o fato de que a Nossa Caixa havia sido vendida na gestão dele, no governo do estado, e relembrando a declaração de FHC, em uma entrevista concedida ao jornalista Augusto Nunes, na qual o ex-presidente disse que o Serra era quem mais queria privatizar no seu governo. Ao defender os programas sociais do governo Lula, alertou a população para o fato de que poderiam não ter sequência em uma eventual gestão Serra, porque ele até teria interrompido programas iniciados por Geraldo Alckmin, quando assumiu o governo do estado.

Dilma mudou a campanha do segundo turno naquele debate. Além de dar gás para a militância sair às ruas, ela ajustou a rota do programa de TV com seu desempenho. No dia seguinte, João Santana fez um programa inteiro utilizando apenas imagens do confronto. E nos dias que se seguiram, tudo passou a ser comparação no horário eleitoral da petista.

A campanha saía das cordas e passava a dar o tom. O desempenho de Dilma naquele debate mudou o rumo das eleições. O aborto deixou de dominar a agenda. E a vitória ficou mais fácil dali em diante.

10 – A militância e os momentos finais



A campanha do segundo turno ainda teve outros momentos importantes, mas do debate da Band em diante, Dilma cresceu o suficiente para ter tranquilidade. Foi ampliando sua vantagem com constância até estabilizar no patamar de 12 pontos, diferença que acabou se confirmando no dia 31. Entre os momentos que merecem registro, destaca-se o ato dos artistas no Rio, que aconteceu no mesmo dia da segunda entrevista ao Jornal Nacional, na qual Dilma de novo se saiu bem.



E também não se pode deixar de lembrar do ataque da bolinha de papel. Serra buscou criar um factóide para se vitimizar, mas o tiro saiu pela culatra. O episódio acabou se tornando piada tanto na internet como nas conversas de rua.



Uma eleição não se decide apenas em um ato. Há muitos elementos que determinam o resultado final. Nessa, porém, dificilmente sem a militância espontânea que cresceu de maneira avassaladora no segundo turno e enfrentou de forma corajosa a disputa tanto nas ruas quanto na internet, ela poderia não ter sido eleita. Mas seria injusto não dizer que isso também se deve à candidata, que superou todas as expectativas. Nos momentos em que foi exigida, Dilma se mostrou preparada, tanto para a disputa como para o cargo que almejava. E também por isso, a militância esteve com ela.

As angústias de 2009 – bastidores da campanha de Dilma, parte 2

As angústias de 2009 – bastidores da campanha de Dilma, parte 2
Por Renato Rovai

Segue um quase-box das duas grandes matérias que estão na edição que está nas bancas da Revista Fórum. A primeira está aí embaixo, nela tratei da construção da candidatura de Dilma desde que ela saiu do ministério das Minas e Energia e foi para a Casa Civil. A segunda publicarei amanhã, onde em 10 pontos, contarei a história da campanha propriamente dita. Desde os primeiros passos, até a reta final com o destaque para importância da militância.



Nesta que segue, destaco o ano de 2009, quando a candidatura enfrentou dois grandes desafios, a descoberta do linfoma de Dilma e a crise financeira internacional.



O ideal é que se leia essa série na sequência, começando pelo post anterior.







As angústias de 2009



O ano de 2009 não foi nada simples nem para a candidata, nem para o estafe que já trabalhava na organização da sua pré-campanha. Desde o começo daquele ano, o jornalista Oswaldo Buarim estava com ela na Casa Civil, com a preocupação de torná-la mais conhecida e melhorar seu relacionamento com a mídia. Além dele, contratado pelo PT, o marqueteiro João Santana já fazia pesquisas qualitativas e gravava imagens de arquivos. Pelo governo, fundamentalmente Franklin Martins, Gilberto Carvalho e Marco Aurélio Garcia, além de Clara Ant, preparavam o terreno da candidata tanto do ponto de vista dos debates programáticos, que fariam parte da agenda de 2010, como de questões que precisavam de respostas no dia a dia. Quem conduzia as negociações políticas era o presidente do PT, Ricardo Berzoini.



A avaliação era que 2009 não seria um ano fácil, principalmente porque a crise financeira, que havia estourado em setembro de 2008, prometia derrubar todas as projeções de crescimento para aquele ano. Havia quem falasse em perda de até cinco pontos no PIB. Lula falava em marolinha e a oposição, em tsunami.



Para não deixar a crise sufocar o país, o governo programou uma série de medidas anticíclicas. Em 25 de março, foi lançado o Minha Casa, Minha Vida, que projetava a construção de 1 milhão de casas para famílias de baixa renda. Ao mesmo tempo, a área econômica concedia isenção de IPI a automóveis e produtos da linha branca, e o governo ainda trabalhava para lançar o marco regulatório para exploração do pré-sal, que acabou acontecendo no final de agosto.



A doença



Mas em abril, Dilma foi surpreendida com a descoberta de um linfoma, que precisaria ser tratado com urgência para não evoluir. A ministra viveu dias de angústia até decidir, na manhã de 25 de abril, anunciar que fazia tratamento por quimioterapia. Na decisão, foi importantíssima a ação do secretário de Comunicação Social do governo, Franklin Martins. Foi ele quem a convenceu que o melhor caminho era abrir o jogo com a imprensa e com a população. O drama de Dilma, por um desses caminhos tortos, acabou tornando-a ainda mais conhecida do grande público, principalmente porque o caso foi tratado à exaustão pela mídia comercial. Em geral, de maneira correta. Mas, em alguns casos, com um viés que buscava comprometer a sua candidatura, como visto na edição 2.011 da revista Veja, que acusa o governo de tentar “transformar um assunto grave e delicado” em “trunfo para a campanha presidencial”.



Enquanto a notícia do câncer de Dilma ainda era absorvida, em 14 de maio, numa manobra com lances cinematográficos, os senadores da oposição não viajaram na quinta à noite para as suas bases, como sempre fazem os parlamentares, e na sexta pela manhã criaram a CPI da Petrobras, em um plenário esvaziado, pegando os governistas de surpresa. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) foi o responsável pela leitura, em plenário, do requerimento para a instalação e a criação da comissão. O governo foi hábil e controlou a comissão. E a Petrobras também foi rápida e criativa, lançando um blogue, onde respondia, simultaneamente à publicação das matérias na imprensa comercial, todas as perguntas que lhe eram encaminhadas. A iniciativa desarmou a oposição, que aos poucos abandonou os trabalhos.



Entretanto, em 9 de agosto, a ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira, em entrevista à Folha de S. Paulo, afirmou que a ministra havia sugerido que fosse concluída rapidamente a investigação das empresas da família Sarney, pelo órgão que ela comandava. “Falamos sobre amenidades e, então, ela me perguntou se eu podia agilizar a fiscalização do filho do Sarney”, disse Lina ao jornal. Parte da imprensa transformou o episódio em tráfico de influência e colocou várias cascas de banana no caminho da ministra, para que o fato se transformasse em algo similar ao que a crise do caseiro Francenildo foi para Antônio Palloci.



A última pedrada com que a campanha de Dilma teve que lidar, ainda em 2009, foi a aprovação do PNDH3, proposto pelo Ministério dos Direitos Humanos em dezembro. Num primeiro momento, como o plano passou formalmente pela Casa Civil, ele foi atribuído à ministra. A verdade é que o governo se assustou com a repercussão do PNDH3, e a campanha petista anotou que ele tinha potencial para danos políticos futuros, como acabou ocorrendo.



Contudo, o fim do ano reservou boas notícias. Dilma liderou a comitiva brasileira na Conferência do Clima em Copenhague e, mesmo disputando o noticiário com Serra e Marina, que também foram ao encontro, conseguiu aproveitar o evento para aparecer como liderança, tanto do ponto vista interno como externo. A crise parecia debelada e, mesmo sem ter crescido naquele ano, a projeção era de uma recuperação forte em 2010.



Mas o fato mais importante daquele final de 2009 ocorreu em 10 dezembro, quando foi ao ar um programa de 10 minutos do PT, no qual estavam todos os ingredientes que seriam utilizados por João Santana na campanha deste ano, principalmente no segundo turno. A famosa peça da escada, por exemplo, onde se compara o governo FHC e Lula e se fala em coisa de pobre e coisa de rico, fazia parte da peça. Como também a do jogo de baralho, em que um negro vai virando as cartas, citando programas do governo, e diz que Lula inverteu o jogo. Com aquele programa, Dilma chegou ao final do ano com as pesquisas lhe atribuindo 20%.



Àquela altura, os que trabalhavam pensando no cenário de 2010 avaliavam que, mesmo sendo um ano duríssimo, tinha sido superado com bons resultados. Para 2010, sabia-se que a economia voltaria a crescer e que a candidata já estaria livre da peruca, que tinha lhe acompanhado o ano todo, dando-lhe um ar fake.



Para 2010, em uma reunião de avaliação, o estafe da campanha havia chegado à conclusão que tinham tudo a favor: previsão de grande crescimento econômico, otimismo da população com o país, a agenda de futuro (Olimpíadas e Copa) e ainda contavam com um “Pelé” ao lado, no caso, Lula e sua popularidade próxima a 80%. Por isso, tudo indicava uma campanha ainda mais dura que o normal, porque

Bastidores da campanha de Dilma – parte 1

Por Renato Rovai.
Bastidores da campanha de Dilma – parte 1


Escrevi para a Fórum de novembro, que ainda está nas bancas, uma matéria de 47 mil toques sobre a campanha que levou Dilma à presidência da República. Ela tem muitos bastidores que fui juntando durante o processo eleitoral e, como diz meu amigo Idelber Avelar, modéstia às favas, acho que vale a pena ser lida. Por isso vou publicá-la em três (grandes) partes de hoje até domingo. Segue a primeira matéria.



Dilma, antes de ser a candidata



Ela foi uma das últimas escolhidas de Lula para compor seu primeiro ministério e acabou se tornando a sua preferida para a missão mais importante, sucedê-lo. Mas durante um bom tempo, seu principal desafio foi o de convencer o PT de que estava preparada para a missão





Por Renato Rovai



Em 21 de junho de 2005, Dilma Rousseff foi ao Ministério das Minas e Energia para acertar os últimos detalhes com secretários, assessores e principalmente com o presidente da Empresa Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim – escolhido para ocupar interinamente a função de ministro até que o presidente Lula fizesse os últimos arranjos para garantir a governabilidade em um momento tão difícil. A posse de Dilma na Casa Civil estava marcada para as 16 horas. Ela assumiria o cargo em substituição a José Dirceu, histórica liderança petista afastada do cargo em meio à crise do mensalão.



Dilma foi escolhida pelo presidente para a função porque Lula decidira que precisava de alguém que não deixasse o governo parado enquanto a crise política prosseguia. Um gerente, não um articulador, no cargo. A coordenação política do governo e o enfrentamento da crise seriam realizados diretamente por ele, com a contribuição de Jaques Wagner, então ministro das Relações Institucionais, e Márcio Thomas Bastos, à época ministro da Justiça. À Dilma, estava reservado o papel de fazer o governo andar.



Lula foi conversar com os partidos para construir uma base política sólida no Congresso. Naquele momento, o PMDB tinha apenas dois ministérios e o PP estava fora do primeiro escalão, sendo que ocupava a presidência da Câmara com o deputado Severino Cavalcanti. Enquanto empossava Dilma, o presidente já negociava o Ministério das Cidades com o PP e a ampliação da cota do PMDB para quatro ministérios. O das Minas e Energia era um dos que entrara na negociação. No dia 6 de julho, Silas Rondeau deixava a presidência da Eletrobrás e assumia a pasta. O acordo estava selado, e o governo constituía uma maioria estreita no Congresso.



Dilma passava a fazer parte do círculo mais próximo do presidente Lula, na ocasião mais difícil do seu primeiro mandato. E desempenhou, naquele período de pouco mais de um ano antes da reeleição, um papel fundamental para que o governo tivesse uma lista de realizações, que permitisse ao presidente buscar a reeleição com chances reais de vitória.



No início de 2007, com Lula reeleito, vários nomes começaram a ser cogitados para disputar a sucessão pelo PT. Entre eles, Tarso Genro, Marta Suplicy, Fernando Haddad, Patrus Ananias e até mesmo Antônio Palocci, que havia caído no episódio do caseiro Francenildo. Havia gente que defendia, porém, que o partido não teria condições de construir uma alternativa viável para vencer a eleição e que deveria abrir mão da cabeça de chapa para fazer um acordo com Ciro Gomes (PSB). Várias lideranças importantes do petismo consideravam essa hipótese como bastante razoável, em conversas de bastidores. De vez em quando, o nome de Dilma era citado como mais um dos prováveis na bolsa de apostas. E quem sempre incluía a ministra entre os nomes fortes era o ex-deputado José Dirceu, que costumava dizer nas conversas sobre o tema: “prestem atenção na Dilma”.



O curioso é que ela entrava nas listas de apostas como opção porque possuía um perfil gerencial, já que no PT se imaginava que a disputa teria esse contorno se, do outro lado, estivesse José Serra, que acabara de vencer a eleição para o governo de São Paulo. Além disso, Dilma tinha um passado totalmente livre de denúncias e havia sido designada para comandar o principal programa do segundo mandato, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).



Mas seu nome era desdenhado por muitos. Os que não viam possibilidades de ela concorrer diziam, entre outras coisas que “não era conhecida”, “não tinha experiência com campanhas eleitorais”, “era dura demais”, “faltava-lhe tato político” e “criava muitas áreas de conflito”. Nesse período, não foram incomuns histórias de ministros que eram duramente cobrados por Dilma. Quando essas histórias se tornaram públicas, a ministra soltou uma frase irônica e que dialogou com a crítica: “Não sou criticada porque sou dura, mas porque sou mulher. Sou uma mulher dura, cercada por ministros meigos”, brincou. Mas, de repente, esse seu comportamento, mais ríspido e fechado, passou a ser encarado de outra forma por alguns personagens do primeiro escalão. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, considerado um dos mais próximos de Dilma, passou a desarmá-la usando a frase: “Dilminha, não fala assim que eu gamo.” A maneira brincalhona, desenvolvida por ele para lidar com o temperamento da ministra, teria ajudado não só outros ministros e executivos do governo a se relacionar com a “gerentona do PAC” como também fez com que ela passasse a ser mais delicada no trato com seus parceiros de governo.



Contudo, para Lula, isso não era um problema. Tanto que, em agosto de 2007, o jornal espanhol El Pais já especulava sobre o nome de Dilma para a sucessão de Lula. Assinada pelo correspondente do jornal Juan Arias, a reportagem fazia a seguinte análise: “Lula, ao convertê-la em ministra da Casa Civil, em seu braço direito e ao também ter encomendado a ela seu grande projeto econômico, o PAC, catapultou-a a ser a candidata natural à sua sucessão, visto que sua agremiação, o Partido dos Trabalhadores (PT), após a crise de 2005, não tem neste momento um candidato capaz de recolher a herança de popularidade de Lula.”



O cala-boca em Agripino e as eleições municipais







Em dezembro de 2007, realizou-se o 3º Processo de Eleições Diretas do PT (PED). E mesmo com a discreta participação de Dilma nas questões do partido, aquele debate se tornou fundamental para que a sua candidatura seguisse adiante. No primeiro turno daquele PED, realizado no dia 2, o deputado federal Ricardo Berzoini teve 129.191 votos (43,75%). Jilmar Tatto, 60.578, (20,51%), José Eduardo Cardozo, 55.891 (18,93%) e Valter Pomar, 33.755, (11,43%). Berzoini e Tatto foram para o segundo turno, que se deu no dia 16. Berzoini venceu.



Entre outros pontos, aquele PED construiu uma nova maioria no PT. Isso porque em vez de o grupo majoritário oferecer a vaga na Secretaria-Geral para o segundo colocado no pleito, Jilmar Tatto, o cargo foi negociado com o grupo de José Eduardo Cardozo, que viria a se tornar um dos coordenadores da campanha de Dilma. Também foi naquele pleito que foi abortado um movimento, externo e interno, que considerava a possibilidade de o candidato ser de outro partido da base. Pouco lembrado, esse episódio foi extremamente importante para a sucessão.



No primeiro semestre de 2008, pelas movimentações de Lula, formou-se a convicção de que Dilma era a sua escolhida para a sucessão presidencial. Nos bastidores petistas, o que se dizia é que o presidente bateu o martelo a favor dela quando começou a andar com Dilma pelas obras do PAC e viu as pessoas dizendo que queriam tirar fotos com “a mulher do Lula”.



O ano de 2008, porém, não começou bem para o governo. Em janeiro, eclodiu o escândalo dos cartões corporativos, que causou a demissão da ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, e levou o ministro dos Esportes, Orlando Silva, a ter de enfrentar um processo absurdo por conta da compra de uma tapioca. A oposição entrou com um pedido de CPI e, no fim de março de 2008, já em clima de prévia das eleições municipais, uma reportagem publicada pela revista Veja acusava o Palácio do Planalto de montar um dossiê, que detalhava gastos da família de FHC quando este ocupara a presidência da República. A reportagem afirmava que os documentos estariam sendo usados para intimidar a oposição na CPI dos Cartões Corporativos.



Na sequência, em 28 de março, a Folha de S. Paulo publicou uma reportagem indicando que a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, teria dado a ordem para a organização do dossiê. Em 4 de abril, Dilma reconheceu que havia um banco de dados com aquelas informações, mas descartou que se tratasse de um dossiê. Evidente que aquilo não foi suficiente para acalmar a oposição. E a ministra foi convocada, em 7 de maio, para audiência na Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal, onde ficou à disposição dos senadores para tratar do assunto do suposto dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Naquele dia, Dilma mostrou que tinha estatura para ser a candidata do PT à sucessão de Lula. Ela foi ao Senado para ser abatida e saiu fortalecida.



O senador José Agripino Maia (DEM/RN) leu o seguinte trecho de uma entrevista que ministra deu à Folha de S. Paulo em 2003, e que só foi publicada em 2005:



Folha – Que lembranças a sra. guardou dos tempos de cadeia?



Dilma Rousseff – A prisão é uma coisa em que a gente se encontra com os limites da gente. É isso que às vezes é muito duro. Nos depoimentos, a gente mentia feito doido. Mentia muito, mas muito.



Após ler este trecho, Agripino sugeriu que se a ministra mentia muito durante a ditadura, também poderia estar mentindo sobre o vazamento de dados. A resposta de Dilma foi demolidora:



“Eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega os seus iguais. Eu me orgulho de ter mentido na tortura, senador. Porque mentir na tortura não é fácil. Salvei companheiros da tortura e da morte. Uma ditadura policiada é a impossibilidade de se dizer a verdade em qualquer circunstância. Não é possível supor que se dialogue no choque elétrico, no pau-de-arara. Na tortura, quem tem coragem e dignidade fala mentira. Isso integra a minha biografia, que eu tenho imenso orgulho.” E ainda acrescentou: “Qualquer comparação entre a ditadura militar e a democracia brasileira só pode partir de quem não dá valor à democracia. E eu acredito, senador, que nós estávamos em momentos diferentes da nossa vida em 70.”



Todos os veículos de comunicação reverberaram o “cala-boca” no líder do DEM, considerado por muitos como um dos senadores mais articulados do plenário. O escândalo do dossiê submergiu porque a forma firme e segura como Dilma reagiu à provocação de Agripino fez com que até senadores de oposição ficassem incomodados. Arthur Virgilio (PSDB/AM) levantou e saiu da sala depois daquele diálogo. Dilma começava a mostrar que era boa marinheira em águas turbulentas. E que, nos momentos difíceis, crescia, o que já havia ocorrido no episódio da crise do mensalão. As eleições municipais de 2008, mais do que um teste sobre a popularidade do governo, foram fundamentais para a construção de alianças regionais que apontassem para uma grande aliança capaz de eleger Dilma em 2010. Naquele momento, no PT, não se falava em outra candidatura. Dilma não era só a candidata de Lula, mas se tornara o nome do partido. Foi também na eleição municipal de 2008 que Lula começou a articular para neutralizar Aécio, sabendo da importância que Minas Gerais teria no resultado eleitoral de 2010. Na ocasião, Lula já estava convicto que o candidato do PSDB seria José Serra.



Há quem considere que, por esse motivo, ele deixou que se fizessem as articulações por Fernando Pimentel na disputa de Belo Horizonte. À época, em conversas reservadas, o prefeito alegava que, ao patrocinar uma candidatura conjunta com Aécio na capital mineira – a de Márcio Lacerda (PSB) –, plantava uma aproximação com o tucano, que seria benéfica ao partido em 2010. Nos cálculos de Pimentel, Aécio o apoiaria para o governo do estado e poderia inclusive ir buscar abrigo num partido aliado, como o PSB, se o clima entre ele e Serra atingisse níveis de tensão muito altos.



A direção nacional do PT era refratária à tese. E foram muitas as reuniões de dirigentes nacionais tentando demover Pimentel de seguir aquele caminho. Lula, porém, não fez movimentos que desautorizassem o prefeito. Isso permitia ao prefeito de Belo Horizonte dizer que tinha a compreensão de Lula e de outros ministros, incluindo Dilma, para as suas articulações.



A consolidação de Serra



Encerrada as eleições municipais de 2008, a mídia, principalmente a paulista, não teve dúvida em apontar o grande vencedor: José Serra. E praticamente lançou a sua candidatura à presidência. O primeiro parágrafo de um artigo assinado por Elio Gaspari, logo após o segundo turno, ilustra o tom das análises:



“A TENACIDADE (assim mesmo, a palavra toda em letras maiúsculas) e o sangue-frio de José Serra fizeram dele o maior vencedor da eleição de domingo. Aliou-se ao PMDB, elegeu seu poste, derrotou os adversários internos e, num lance de sorte cronológica, habilitou-se para uma liderança política qualificada para tratar com os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira.”



Lula contra-atacou e anunciou, pela primeira vez em público, que Dilma era a sua candidata. Ao contrário do que se costuma dizer, naquele momento, o PT já tinha absorvido o seu nome. O que havia, e isso perdurou até a primeira parte da campanha, era uma grande dúvida se ela seria capaz de empolgar a militância. Dúvida que, em muitos casos, beirava o ceticismo. Os discursos de Dilma eram considerados exageradamente técnicos, cansativos e sem emoção pela quase totalidade dos dirigentes petistas.



O primeiro “teste de fogo” público de Dilma com a militância aconteceu no Fórum Social de Belém, em janeiro de 2009. Ela foi convidada a falar num seminário organizado pela Secretaria de Mulheres do PT, na tenda de Cuba. A intenção era debater a participação feminina nos espaços do poder. Mais de duas mil pessoas esperavam a ministra naquela tarde de um sol escaldante. Um dia antes, num encontro com cerca de cem integrantes do Conselho Internacional do Fórum, ao comentar a proposta dos organizadores de realizar o próximo evento, em 2011, no exterior, Lula disse que “se for ainda em 2010 vou participar como presidente. Agora, se for em 2011, já vai ser a Dilma”. Não havia mais mistério algum sobre quem seria a candidata do presidente.



Foi nesse clima que a ministra chegou ao evento, ladeada pela governadora do estado, Ana Júlia Carepa. A governadora estava, então, com a popularidade em baixa (e não se recuperou, tanto que foi derrotada pelo tucano Simão Jatene, em outubro último) e, mesmo assim, ao falar, ofuscou o discurso de Dilma.



A fala da ministra da Casa Civil foi longa, enfadonha, técnica e sem empolgação, o que deixou muitos dirigentes petistas e militantes do Fórum ressabiados. Algumas pessoas começaram a achar que talvez fosse o caso de se criar um plano B para a hipótese de Dilma não vir a empolgar. E seus índices nas pesquisas ainda estavam na casa de um dígito. De qualquer maneira, mesmo sem brilhar, ao terminar o discurso, Dilma foi cercada pelos militantes de base que queriam cumprimentá-la, tirar fotos e pedir para que ela assinasse suas camisas. Dilma ficou uma meia hora atendendo o público. Havia algo difícil de explicar, porque aquele fenômeno não era comum. Outras lideranças haviam passado pelo mesmo espaço, produzido discursos muito mais animados, e não tinham sido tão assediados quanto ela. Parecia que o fato de seu discurso ser mais ou menos empolgante não era assim tão significativo para uma boa parte da militância. O que importava é que Lula a tinha escolhido para ser sua sucessora. E ponto.



Naquele Fórum Social Mundial, outro fato ficou evidente: as divergências entre Dilma e Marina, por conta dos projetos hidrelétricos na Amazônia, haviam tomado uma proporção tal que dificultava, inclusive, a relação cordial entre ambas. Os petistas tomaram vários cuidados para que elas não se cruzassem nos eventos. E Marina já começava a ponderar a saída do PT, que viria a ocorrer no dia 19 de agosto daquele ano. Aliás, foi no Fórum Social Mundial, numa mesa que dividiu com Leonardo Boff, que Marina talvez tenha ouvido pela primeira vez uma multidão cantar: “Brasil, urgente, Marina presidente”.



Durante o ano de 2009, ficava claro tanto para Lula quanto para a maior parte dos dirigentes do PT que o candidato da oposição seria Serra e que Dilma polarizaria a disputa com ele. No meio daquele ano, se iniciou o esforço para que ela fosse a única candidata da base governista, de maneira que a disputa pudesse ser decidida, se possível, no primeiro turno. O então presidente do PT, Ricardo Berzoini, quem conduziu as negociações com o PMDB e os demais partidos da base. Ele consegu ir costurando as alianças com quase todos os partidos, e as chances da candidatura Ciro Gomes se viabilizar vão diminuindo. Berzoini e o grupo que trabalhava as alianças avaliava que, num dado instante, o próprio PSB desistiria da opção Ciro, principalmente por conta das questões regionais relacionadas principalmente ao Nordeste, como no caso de Pernambuco, do Rio Grande do Norte, do Piaui e mesmo do Ceará, onde Cid Gomes era candidato à reeleição e preferia ir à disputa sem ter de enfrentar, por exemplo, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins. Além disso, ainda havia o que negociar no Espírito Santo, onde o senador Renato Casagrande queria ser candidato a governador e precisava do apoio do PT.



Em meio a essas articulações, Marina se lançou candidata, e o jogo dá uma pequena embolada. A tese de Ciro Gomes, que viria a se confirmar, era de que com Marina na disputa, o segundo turno era inevitável. E Ciro avaliava que num segundo turno com Serra, Dilma teria problemas, pois o PV tenderia a apoiar o tucano.



O ano de 2009 terminou com Dilma participando de um encontro de prefeitos em Guarulhos, marcando a entrada deles nas articulações para fortalecer sua candidatura nos planos estaduais. Aliás, foi numa reunião com prefeitos, ainda em setembro de 2009, na sede nacional do PT, em Brasília, que Dilma ouviu pela primeira vez, em público, que teria de mudar sua postura se quisesse vencer a eleição. Entre os prefeitos presentes, estavam Ary Vanazzi (São Leopoldo/RS), João Coser (Vitória/ES), Elói Pietá (ex-prefeito de Guarulhos/SP) e Moema Gramacho (Lauro de Freitas/Bahia). Os participantes questionaram sobre a sua forma técnica de discursar e a sua pouca intimidade com os eleitores. A reunião não tinha sido convocada para isso, mas no meio da conversa, as sugestões e cobranças começaram a pipocar. Dilma ouviu com atenção e não reagiu mal às críticas. Ao contrário, fez um diálogo honesto com os prefeitos presentes e explicou que não era Lula, mas que queria contar com eles para melhorar sua performance.



No final de 2009, antes da entrada do ano eleitoral, houve, ainda, o 4º Processo de Eleições Diretas do PT (PED). Todas as chapas que disputaram, sem exceção, apoiaram o nome de Dilma como pré-candidata do partido. Nem Lula, na candidatura de 2002, teve esse privilégio – no processo, disputou uma prévia com o senador Eduardo Suplicy. Nesse período, já começavam a aparecer os que acreditavam que as coisas estavam se encaminhando bem para que a eleição pudesse ser decidida no primeiro turno, mesmo com a anunciada candidatura de Marina Silva.



No PT, a avaliação era a de que, sem um partido forte, sem alianças e sem tempo na TV, Marina não iria longe. Teria uma votação próxima à de Heloísa Helena (PSOL). Eram poucos que imaginavam que a candidata verde pudesse chegar aos 10%. Talvez nem no próprio PV alguém acreditasse numa votação de 20%.



Em fevereiro de 2010, Dilma é oficialmente homologada pré-candidata do PT. Serra ainda não tinha definido sua candidatura, mas Aécio já tinha saído do jogo em dezembro do ano anterior. No Congresso do partido, o discurso de Dilma já estava um pouco melhor, a postura da candidata também já era mais amigável e sua imagem era outra. Além da cirurgia plástica, que havia suavizado alguns dos seus traços faciais, a candidata tinha abandonado a “peruca básica” com a qual escondeu a perda de cabelos, por conta do tratamento do linfoma em 2009.



No Congresso petista, a sensação dos dirigentes era de que o partido que tinha elegido o primeiro presidente operário também elegeria a primeira mulher presidenta da República. O otimismo era geral. Não havia quem criticasse os movimentos da pré-campanha. E mesmo no debate das propostas do plano de governo, que foi conduzido por Marco Aurélio Garcia, as polêmicas não eram tão emocionantes quanto em outros tempos.



O primeiro tempo do jogo estava terminando com gosto de vitória. Mas muita emoção ainda estava reservada para o momento decisivo da disputa. Dilma já era candidata. Mas isso não era tudo. Havia uma campanha pela frente.