"Não quero mais te olhar na cara". Esta frase teria sido pronunciada por José Serra para o ex-governador de Minas Aécio Neves, dias antes do primeiro turno, durante uma conversa telefônica entre os dois. Na verdade a frase inteira inclui o "depois das eleições". (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/12/11/cerra-x-aecio-nao-quero-mais-te-olhar-na-cara/)
É significativo e revelador do caráter oportunista do ex-governador de São Paulo, José Serra, manter uma relação de companheirismo com um colega de partido que não suporta, mas que convenientemente deixou transparecer para o grande público, sobretudo de Minas Gerais, que havia sintonia de propósitos e apôio mútuo entre eles dois, quando nos bastidores a informação que se tinha era de que tanto Aécio, Quanto Serra estavam no limite da tolerância e não mais havia espaço dentro do partido para os dois.
Aécio trava a inglória batalha de conquistar a direção do partido em meio a uma guerra fraticida aberta pelo candidato derrotado, José Serra, que já avisou de que não desistirá de lutar pela realização do sonho de ser presidente da república, não importa o preço que tenha de ser pago. Se for às custas da saída de Aécio do partido que assim seja.
O fato é que o ex-governador de São Paulo tem forte influência sobre o partido e dificilmente Aécio Neves conseguirá obter a indicação do PSDB para uma eventual disputa à presidência da república. Não enquanto José Serra continuar a ser o obatáculo para que o partido se renove e abra mão da obsessão de tentar chegar mais uma vez a presidência como o indicado do partido em 2014.
Assim sendo, a única saída viável para Aécio é procurar abrigo em outra legenda ou fundar uma. O caos está instalado no ninho tucano com troca de farpas de lado a lado.
Outro dia o candidato derrotado, José Serra, encontrou-se com o presidente do PSDB, atual senador por Pernambuco e eleito deputado federal, Sérgio Guerra, e de dedo em riste apontado para a face do senador o acusou de plantar boatos na imprensa dando conta de que Serra presidiria o instituto Teotônio Vilela, o que se viesse a concretizar-se tiraria de Serra a possibilidade de presidir o partido. Como demonstram as atitudes de Serra, ele não abrirá mão de comandar a legenda no lugar de Guerra.
A Aécio restará romper laços com o partido e buscar noutra legenda espaço para construir apartir de agora sua futura candidatura à presidência da república. Correrá os riscos de ter seu projeto político naufragado, como aconteceu com o ex-governador Garotinho que se filiou ao PMDB mas na hora de receber a indicação para disputar a presidência da república, os caciques do partido lhe fecharam as portas, quebrando o acôrdo que haviam selado com ele.
Contudo, há no PMDB a crescente percepção de que o partido não mais poderá ficar a reboque de alianças que entreguem a cabeça de chapa a um partido, ficando reservado a legenda a disputa por cargos nos escalões inferiores da administração que desgasta e passa para opinião pública a idéia de que o partido é o responsável pelo loteamento da máquina e por consequência, responsável também pela corrupção daí resultante.
Esta visão, se prevalecer, fortalece os planos de uma candidatura própria. O PMDB, porém, não tem um candidato competitivo capaz de suplantar as forças que estão no entorno de Lula, Aécio seria o candidato ideal. Em cima dessa possibilidade aguarda-se o desfecho da queda de braço Aécio X Serra.
Se prevalecer, Aécio continuará no ninho tucano. Se perder, obrigatoriamente terá que sair em busca de um nova legenda ou sepultar definitivamente seu sonho de ser o candidato tucano na disputa pela presidência da república.