segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Irresponsabilidade da TV Globo quase provoca nova tragédia

No Blog do Mello



Hoje (24) pela manhã uma operação da Polícia Civil com mais de 150 policiais invadiu os morros da Mineira, no Catumbi, e do Zinco, São Carlos e Querosene, no Estácio. Houve intenso tiroteio. Uma equipe da Rede Globo, no helicóptero conhecido como Globocop, sobrevoava o local para conseguir imagens, quando foi atingida por disparos.



Por Antônio Mello, em seu blog

Danificada, a aeronave, graças à habilidade do piloto, conseguiu chegar ao Aeroporto de Jacarepaguá e aterrissar sem vítimas. Felizmente, os três tiros não atingiram áreas críticas do helicóptero e o piloto conseguiu salvar-se e à equipe. Ou então estaríamos lamentando a morte de todos.



De quem é a responsabilidade? Dos traficantes? Da polícia, que invadiu o território deles? Ou da Rede Globo, que envia uma equipe num helicóptero sem blindagem (o da Polícia Civil que controlava a operação era blindado) a uma área conflagrada, mesmo sabendo que bandidos já derrubaram um helicóptero da polícia não blindado no Rio, no final de 2009?



Bom, aí teríamos mais um caso Tim Lopes, quando toda a culpa do acontecido caiu sobre os traficantes (cruéis assassinos de Tim), mas nada se falou sobre a responsabilidade da Rede Globo. A emissora deixou que o repórter voltasse ao Complexo do Alemão, embora seu rosto tenha sido exposto para todo o Brasil como o homem que ganhou o Prêmio Esso na categoria Telejornalismo, com uma reportagem exibida no Fantástico denunciando o tráfico de drogas no... Complexo do Alemão.



Confira esses trechos que selecionei de uma entrevista com o jornalista Mario Augusto Jakobskind, na ocasião do lançamento de seu livro Dossiê Tim Lopes – Fantástico/Ibope, no final de 2003. A íntegra da entrevista, realizada por Ana Carolina Diniz, está aqui.



O que é o Dossiê Tim Lopes – Fantástico/Ibope?



Mário Augusto Jakobskind – Trata-se de uma profunda investigação transformada em extensa reportagem que não caberia num espaço de jornal ou revista – e por isso é um livro reportagem – sobre um triste episódio de violência urbana ocorrido no Rio de Janeiro, em 2002, e que vitimou o repórter da TV Globo Tim Lopes. Dossiê Tim Lopes – Fantástico/Ibope mostra, através de pesquisas e depoimentos, o que levou ao assassinato por um bando de delinquentes vinculados ao tráfico de drogas. Há no livro um capítulo específico sobre o crime organizando que ajuda também a entender o caso Tim Lopes. Na época prevaleceu uma única versão – na prática, a versão oficial da maior emissora de TV do Brasil, tendo a mídia de um modo geral, com raras e honrosas exceções, omitido inúmeras questões, o que remete a um outro tipo de discussão.





Como assim?



M.A.J. – O caso Tim Lopes é um exemplo concreto de como funciona o esquema do pensamento único. Ou seja, através de um fato você apresenta ao leitor ou telespectador a "única verdade", simplesmente ignorando outros eventuais questionamentos que colocam em dúvida a versão oficial. Tendo como carro-chefe a Rede Globo, a opinião pública só foi informada sobre o assassinato de Tim Lopes no que interessava à emissora. Diretores da "Vênus Platinada" saíram em campo de uma forma avassaladora, vendendo a "verdade". Até mesmo na área sindical dos jornalistas, esses mesmos diretores, que antes da tragédia nunca chegaram a passar por perto da sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, que dirá entrar, participavam ativamente das mobilizações relativas ao episódio e de assembleias. A direção sindical, ao invés de se posicionar de forma isenta, aceitando pelo menos examinar as colocações que questionavam o procedimento da TV Globo, simplesmente fechou questão em torno da versão da emissora. Ficou parecendo que houve uma espécie de permuta, ou seja, transmitir a verdade da Globo em troca de cinco minutos de fama... Nunca o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro apareceu tanto na tela da Globo como a partir daquele episódio.





Como começou a história do caso que resultou no assassinato de Tim Lopes?



M.A.J. – A emissora designou Cristina Guimarães e Tim Lopes para fazerem reportagens sobre uma "feira de drogas" em favelas da cidade. Cristina cuidou da Rocinha e da Mangueira. Tim Lopes ficou encarregado do Complexo do Alemão, onde pouco tempo depois ocorreria o seu assassinato pelo bando chefiado por um tal de Elias Maluco. As reportagens foram ao ar, isso no segundo semestre de 2001, provocando grande indignação por parte dos traficantes porque muitos foram presos e o lucro do comércio ilegal foi afetado. Tim Lopes e Cristina Guimarães viraram um alvo dos narcotraficantes que queiram vingança. Cristina Guimarães passou a receber "recados" dos bandidos. Pediu proteção à Globo – não tendo, segundo ela, sido atendida. Em determinado momento, Cristina tomou a decisão de se proteger. Chegou até a sair do país e ao voltar ficou afastada do mercado de trabalho, o que acontece até hoje. A TV Globo nega a versão da jornalista e tentou a todo momento desqualificar a repórter.





Você acha que o Prêmio Esso recebido por Tim Lopes acabou selando a sentença de morte do jornalista?



M.A.J. – Tim Lopes foi o primeiro ganhador deste prêmio na categoria de telejornalismo. Ao receber o prêmio, em dezembro de 2001, a emissora em que trabalhava o apresentou publicamente em todos os noticiários. Uma das condições para quem faz jornalismo investigativo é se manter no anonimato. Quando sua imagem foi conhecida, a condição de jornalista investigativo deveria ser deixada de lado. Mas ele continuou e foi escalado para ir à Vila Cruzeiro, supostamente para cobrir um baile funk, onde, segundo a Globo, se praticava sexo explícito. A Globo diz que Tim Lopes apresentou a pauta, enquanto a viúva Alessandra Wagner garante que os planos dele eram deixar de lado as reportagens arriscadas, como a que foi escalado para fazer. O livro mostra tudo isso e apresenta também algumas contradições nos depoimentos de diretores da Globo, que uma hora falavam uma coisa e depois, outra. Quem ler com atenção os depoimentos e entrevistas vai verificar facilmente que muita coisa que foi dita não resiste a uma mínima análise. Posso dar um exemplo. Um dos diretores da Globo chegou a afirmar que um turista de Cuiabá viu a hora em que Tim Lopes foi "preso" pelos traficantes no baile funk, dando a entender até que teria filmado o momento. Pois bem: ele teria procurado a Globo e depois desapareceu como por encanto. Então, onde está este personagem que poderia ser uma figura-chave para o esclarecimento definitivo do caso? Ninguém sabe, ninguém cobrou a presença. Ficou tudo por isso mesmo. Por que então a TV Globo não apresentou essa testemunha que poderia ajudar a elucidar o episódio?



Há outros casos como esse apresentado no livro. Uma chefe de reportagem da regional carioca disse que Tim se apresentava na favela com um nome fictício de Ricardo. Já um dos diretores garantiu que Tim estava na favela como jornalista e a serviço da comunidade carioca. Quem ler Dossiê Tim Lopes – Fantástico/Ibope verá que outras tantas contradições existem, mas faltou talvez vontade política para se aprofundar o caso. Tanto se fala em jornalismo investigativo mas, nesse caso, perdeu-se uma grande oportunidade para a prática desse gênero.





Como surgiu a ideia de escrever o livro?



M.A.J. – Desde o início acompanhei o caso e justamente tive a atenção despertada pelo procedimento incomum da direção da Globo. No primeiro ato público dos jornalistas cariocas, antes mesmo de se confirmar a morte de Tim Lopes, um dos jornalistas contestou o que se colocava nos discursos tirando qualquer responsabilidade da TV Globo no caso. Não precisava ser nenhum gênio, ou super repórter, para perceber que havia algo errado. Este mesmo jornalista, Osvaldo Maneschy, foi praticamente impedido de falar numa assembleia sindical. Cristina Guimarães foi "linchada" e apresentada como maluquete ou porra-louca, quando o único "crime" que cometia era o de contar o que tinha acontecido com ela e questionar uma verdade que isentava a Globo de culpa. Pouco a pouco fui aprofundando o tema. Colhi vários depoimentos e li muita coisa sobre o caso Tim Lopes. Silenciar ou deixar correr sem reunir as informações que obtive seria um verdadeiro desserviço ao jornalismo. Jornalistas que procuram estar bem com as suas consciências não podem omitir esses fatos, mesmo que encontrem dificuldades para divulgá-los.





No final do ano passado, logo após a polícia ter retomado o Complexo do Alemão, a mãe de Tim Lopes declarou, em reportagem publicada pelo Terra: "Foi uma injustiça muito grande o que fizeram com meu filho. mandaram-no para a favela se virar sozinho, sabendo do risco que corria."



A presidenta do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, Suzana Blass, na mesma reportagem do Terra, disse que "A chefia de reportagem da TV Globo não avaliou os riscos antes de permitir que Tim viesse para o Alemão. Foi muito ingênua, não teve a dimensão do perigo".



E agora, o que o Sindicato tem a dizer sobre o incidente com o Globocop? Ou será preciso uma nova morte?

Procuradoria do PR dá parecer para que aposentadoria de Álvaro Dias seja cancelada





Do blog do onipresente.










CURITIBA – A Procuradoria-Geral do Paraná deu parecer para que a aposentadoria vitalícia do ex-governador e senador Álvaro Dias seja cancelada. A argumentação é que o pedido foi feito fora do prazo legal de cinco anos de término do cargo. Também deu parecer contrário ao pedido de retroatividade considerando violação à Lei de Responsabilidade Fiscal que veda concessão de benefícios caso não haja recursos orçamentários previstos e não permite que atos dessa natureza sejam efetivados 180 dias antes do término de um mandato.









A Procuradoria-Geral do Estado do Paraná pediu nesta sexta-feira que a aposentadoria vitalícia de R$ 24 mil do ex-governador e senador Alvaro Dias (PSDB) seja cancelada.



O pedido foi encaminhado para a Secretaria de Estado da Administração e Previdência por meio de um parecer, que considerou que o pedido do ex-governador prescreveu após cinco anos do término do mandato.



OAB questiona aposentadorias de ex-governadores de SE e PR

"[Alvaro Dias e creche dizem que recibo de doações estavam errados]":

Senador Alvaro Dias usa 'nota futura' para provar que doou aposentadoria



Dias governou o Paraná de 1987 a 1991. Ele recebe a aposentadoria desde novembro passado, após ter finalmente feito o pedido, em outubro.



Na semana passada, o ex-governador afirmou que doou os pagamentos de novembro e janeiro para uma creche de Curitiba. Ele apresentou recibos da doação e afirmou que pretende doar todos os pagamentos da sua aposentadoria para entidades filantrópicas.



No parecer, a Procuradoria também considerou sem validade o pedido de pagamento retroativo equivalente a cinco anos de aposentadoria, que o senador também havia pedido, e foi revelado na segunda quinzena de janeiro.



O valor, que segundo a Procuradoria passa de R$ 1,4 milhão, não deve ser concedido porque foi considerado uma violação à Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe a concessão de qualquer benefício financeiro se não existirem recursos orçamentários previstos para esse tipo de pagamento.



O ex-governador também havia afirmado que pretendia doar o valor do retroativo. Dias havia defendido seu pedido de aposentadoria afirmando que esperou quase 20 anos para fazer o pedido, e que "quando era a exceção, e não recebia, não era notícia".



O parecer não informa se o senador terá que devolver os pagamentos já efetuados. Dias pode recorrer.



O senador ainda não se manifestou sobre a decisão.



O Egito é um oleoduto.


v
Por Paulo Henrique Amorim.

Do site conversa afiada.
Pelo Canal de Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, em 2009, passaram, por dia, 1 milhão e 800 mil barris de petróleo.




O oleoduto de Sumed corta o território do Egito e liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo.



Em 2009, por Sumed passaram 1 milhão 100 mil barris/dia de petróleo.



Ali ao lado estão a Líbia e a Argélia, que produzem mais petróleo que o Egito.



O Egito abastece Israel de petróleo e gás.



O Império Britânico acabou na Guerra de Suez, de 1956.



Um predecessor de Mubarak, o coronel Nasser, nacionalizou o Canal de Suez.



Israel, com o apoio da França e da Inglaterra, reagiu e declarou guerra ao Egito – e ganhou.



Mas, os Estados Unidos e a União Soviética decidiram que ficava tudo como antes.



O Canal, nacionalizado.



E a Inglaterra e a França, de bico calado.



O Império Britânico acabou ali.



Estados Unidos e União Soviética passaram a dividir o Oriente Médio.



E, agora, no Canal de Suez, o Império Americano corre o risco de naufragar, também.



Se insistir em Mubarak.




O Egito como estado “dos outros”: EUA, Israel e um punhado de novos ricos



Extraido do blog do Luis Carlos Azenha.




Por Juan Cole, em seu blog



Na manhã de domingo havia sinais de que os militares egípcios estavam assumindo algumas funções de segurança. Soldados começaram a prender suspeitos de vandalismo, cerca de 450 deles.



O desaparecimento da polícia das ruas havia levado à ameaça de saques generalizados, o que agora está sendo enfrentado pelas forças militares regulares. Outros métodos de controle ficaram claros. O governo fechou o escritório da Al Jazeera no Cairo e tirou a licença para que os jornalistas da emissora trabalhassem lá, de acordo com mensagens no twitter. (A Al Jazeera não tinha sido capaz de transmitir diretamente do Cairo mesmo antes da decisão). O canal, baseado no Catar, é visto pelo presidente Hosni Mubarak como agente a serviço de enfraquecê-lo.



Por que o estado egípcio perdeu sua legitimidade? Max Weber distinguia entre poder e autoridade. O poder flui das armas e o estado egípcio tem uma grande quantidade delas. Mas Weber definia autoridade como a probabilidade de uma ordem ser obedecida. Líderes que tem autoridade não precisam atirar nas pessoas. O regime de Mubarak já atirou em mais de 100 pessoas nos últimos dias e feriu muitas outras.



Literalmente, centenas de milhares de pessoas ignoraram as ordens de Mubarak para observar o toque de recolher noturno. Ele perdeu sua autoridade.



A autoridade é baseda em legitimidade. Líderes são seguidos quando as pessoas concordam que eles tem alguma base legítima para sua autoridade e poder. Em países democráticos, a legitimidade vem das urnas.



No Egito, entre 1957-1970, a autoridade derivou do papel de liderança que os militares e as forças de segurança tiveram ao livrar o país da hegemonia ocidental. Aquele conflito incluiu enfrentar o Reino Unico para ganhar controle do canal de Suez (originalmente contruído pelo governo egípcio e aberto em 1869, mas comprado por quase nada pelos britânicos em 1875, quando as práticas bancárias ocidentais levaram o governo egípcio endividado à beira da bancarrota).



Também envolveu enfrentar as tentativas agressivas de Israel de ocupar a península do Sinai para representar interesses israelenses no canal de Suez. O líder revolucionário árabe Gamal Abdel Nasser (que morreu em 1970) conduziu uma grande reforma agrária, dividindo as gigantescas fazendas de estilo centro-americano e criando uma classe média rural. Leonard Binder argumentou que no fim dos anos 60 aquela classe média era a coluna do regime. O estado sob Abdel Nasser promoveu a industrialização e também criou uma classe urbana de empresários que se beneficiaram das construções encomendadas pelo governo.



A partir de 1970, Anwar El Sadat levou o Egito por uma nova direção, abrindo a economia e abertamente se aliando à classe empresarial multimilionária do ramo da construção. Esta estava em busca de investimentos europeus e americanos. Cansado das guerras sem resultado entre árabes e israelenses, o público egípcio deu apoio ao plano de paz de 1978 com Israel, que acabou com o ciclo de guerras com aquele país e abriu espaço para construir a indústria de turismo egípcia e o investimento ocidental nela, assim como ajuda financeira americana e europeia. O Egito se moveu para a direita.



Mas enquanto as políticas socialistas de Nasser levaram à duplicação dos salários reais no Egito entre 1960-1970, de 1970 a 2000 não houve desenvolvimento no país. Parte do problema foi demográfico. Se a população cresce 3% ao ano e a economia cresce 3% ao ano, o aumento per capita é zero. Desde cerca de 1850, o Egito e outros países do Oriente Médio tem tido um (misterioso) boom populacional.



As crescentes populações tornaram as cidades inchadas, já que tipicamente elas oferecem salários maiores que na zona rural, mesmo na economia informal (por exemplo, vendendo caixas de fósforo). Quase metade da população agora vive nas cidades e muitas vilas hoje se tornaram subúrbios das vastas metrópoles.



E assim a classe média rural, embora ainda importante, não serve mais como principal base de apoio ao regime. Um governo bem sucedido teria de ter um grande número de pessoas nas cidades ao seu lado. Mas lá, as políticas neoliberais exigidas pelos Estados Unidos de Hosni Mubarak desde 1981 não ajudaram. As cidades egípcias sofrem de alto índice de desemprego e de inflação relativamente alta. O setor urbano viu nascerem alguns multibilionários, mas muitos trabalhadores ficaram para trás. O enorme número de formados em escolas secundárias e universidades produzidos pelo sistema não encontra empregos à altura de sua educação e muitos nem conseguem emprego. O Egito urbano tem ricos e pobres, mas uma pequena classe média. O estado tenta cuidadosamente controlar os sindicatos, que quase nunca agem de forma independente.



O estado, assim, é visto como um estado para poucos. Sua velha base de classe média rural estava em declínio com a mudança dos jovens para as cidades. O estado está fazendo pouco para as classes trabalhadora e média urbanas. Uma classe de negócios ostentadora emergiu, altamente dependente de contratos e da boa vontade do governo — e se encontra nos hotéis de luxo de turismo. Mas as massas de formados na escola secundária e na universidade foram reduzidas a dirigir táxis e vender tapetes (quando conseguem esses bicos) e não se beneficiaram das taxas de crescimento no papel da última década.



O regime militar do Egito inicialmente ganhou legitimidade popular em parte por enfrentar a França, o Reino Unido e Israel entre 1956-57 (com a ajuda de Ike Eisenhower). Depois dos acordos de Camp David o Egito ficou de fora das grandes disputas do Oriente Médio e fez o que é visto como uma paz em separado. A cooperação do Egito com o bloqueio israelense de Gaza e sua aliança tácita com os Estados Unidos e Israel enfureceram politicamente os mais jovens, que já estavam economicamente frustrados.



A ajuda do Cairo aos Estados Unidos, por baixo do pano, com [a invasão do] Iraque e com a tortura de suspeitos de pertencer à Al Qaeda, é bem conhecida. Muito pouco desgosta tanto os egípcios quanto a guerra do Iraque e a tortura. O estado egípcio foi de ter uma ampla base nos anos 50 e 60 para ser capturado por uma pequena elite. Foi de um símbolo de luta por dignidade e independência diante do domínio britânico para ser visto como um cãozinho de estimação do Ocidente.



O fracasso do regime em se conectar com as crescentes classes urbanas (média e de trabalhadores) e sua incapacidade em dar emprego aos formados em universidades criaram as condições para os eventos da semana passada. Trabalhadores educados precisam de um estado legal para regular suas atividades econômicas e o governo arbitrário de Mubarak é visto como um atraso por eles. Embora a economia tenha crescido entre 5 e 6% na última década, o ímpeto governamental que houve para esse desenvolvimento permaneceu escondido — ao contrário da reforma agrária dos anos 50 e 60. Além disso, a renda ganha com o aumento do comércio foi para uma pequena classe de investidores. Por exemplo, desde 1991 o governo vendeu 150 das 314 empresas estatais, mas o benefício das vendas foi para um pequeno punhado de pessoas.



A crise econômica mundial de 2008-2009 teve um efeito devastador para os egípcios que já viviam precariamente. Muitos dos mais pobres enfrentaram a fome. Depois, a queda nos preços e nas receitas do petróleo fizeram com que muitos dos trabalhadores egípcios em outros países perdessem sua reserva econômica. Eles não puderam mais fazer as remessas de dinheiro para casa e muitos tiveram de voltar de forma humilhante.



O estado nasserista, com todos os seus problemas, teve legitimidade porque era visto como um estado para a massa dos egípcios, tanto fora quanto dentro do país. O atual regime é visto no Egito como um estado para os outros — para os Estados Unidos, Israel, França e Reino Unido — e é um estado para poucos — os novos ricos neoliberais.



O islã não é levado em conta nesta análise por não ser uma variável independente. Os movimentos islâmicos tem servido para protestar contra a ausência do estado diante de suas responsabilidades e para oferecer serviços. Mas eles são um sintoma, não uma causa. É por isso que a nomeação por Mubarak de militares para ocupar os cargos de vice-presidente e de primeiro-ministro não são suficientes em si para enfrentar a crise. Eles, como homens do Sistema, não tem mais legitimidade que o presidente — talvez até menos.



domingo, 30 de janeiro de 2011

O homem que multipliva fiéis.

O homem que multiplica fiéis


Com discurso de homem do povo, carisma inato e um aparato de comunicação competente, Valdemiro Santiago faz sua Mundial ascender ao topo das igrejas neopentecostais do Brasil

Rodrigo Cardoso e João Loes. Fotos Pedro Dias/Agência ISTOÉ





Assista a vídeo em que mostramos o pastor Valdemiro Santiago “curando” pessoas:















Terça-feira, 11 de janeiro, 12h30: em pé em uma banqueta,

o apóstolo Valdemiro Santiago dispensa o almoço para abençoar

cerca de mil fiéis em fila no templo-sede da

Igreja Mundial, no Brás, em São Paulo



Com microfone em punho, Valdemiro Santiago de Oliveira, todo-poderoso líder da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), caminha bambeando de um lado para outro do altar fincado bem no centro de um galpão de 18 mil metros quadrados, localizado no Brás, bairro da região central de São Paulo. Dez mil pessoas se aglomeram ao redor do autointitulado apóstolo, em estado de atenção e êxtase, à espera de uma palavra, um toque, um abraço. Com o rebanho em suas mãos, e um timing digno de showman, ele chora, gargalha, transpira. Está entregue à multidão. A voz rouca sai carregada de ironia e ornamentada por um sorriso de canto de boca. “Está um congestionamento aqui fora. Ouvi dizer que acontece uma feira na redondeza!”, diz. Mas não há feira nenhuma. O movimento na região é provocado pelos concorridos cultos desse mineiro de 47 anos, natural de Cisneiros, distrito de Palma, a 400 quilômetros de Belo Horizonte. E Santiago sabe muito bem disso. Há 30 anos no movimento neopentecostal brasileiro, segmento que mais cresce no Brasil (deve chegar a 40 milhões de adeptos no novo Censo), o homem forte da Mundial é o mais fulgurante fenômeno religioso do Brasil atualmente. Sua identificação direta com a massa – é negro, tem sotaque caipira e português falho, trabalhou na roça e passou fome – o coloca nos braços humildes e carentes daqueles que procuram uma solução espiritual para as mazelas da vida.



“Quem me viu na tevê? Quem foi a Interlagos?”, questiona Santiago, enquanto os fiéis, contidos por obreiros, se debatem e gritam em sua direção. No primeiro dia de 2011, o religioso ganhou minutos preciosos em rede nacional por causa da massa impressionante de discípulos que conseguiu arregimentar em pleno 1º de janeiro, vinda de todos os cantos do Brasil para celebrar com ele no autódromo de Interlagos. Segundo os organizadores do evento, havia lá 2,3 milhões de pessoas. Nos dias 9 e 11 de janeiro, quando a reportagem de ISTOÉ acompanhou os cultos na sede mundial da IMPD, no Brás, uma antiga fábrica comprada por R$ 60 milhões em 60 parcelas de R$ 1 milhão, o apóstolo faturou sobre essa exposição em horário nobre. “Ninguém pode dizer que sou um sujeito dotado de uma inteligência, uma sabedoria”, disse Santiago à ISTOÉ, currículo escolar findo no quinto ano do ensino fundamental, mas alinhado em um terno bem cortado, gravata, camisa com abotoaduras douradas e sapatos tamanho 44 impecáveis. “Quem olha a minha vida e faz uma análise não tem como não glorificar Deus.”





GLÓRIA

O ex-roceiro, que cuidava de marrecos e foi viciado em

drogas, é ovacionado por 2,3 milhões de pessoas,

em Interlagos, no primeiro dia de 2011



De fato, o garoto que perdeu a mãe aos 12 anos e caminhava oito quilômetros por dia para levar marmita para os familiares na roça lidera, hoje, um império religioso que conta com três mil igrejas espalhadas pela América do Sul e do Norte, Europa, Ásia e África e 4,5 milhões de fiéis, de acordo com dados da própria IMPD (leia ao lado quadro comparativo com outras denominações evangélicas). Treze anos depois de fundar a Mundial, o homem que gosta de cultivar a fama de matuto mora em um condomínio de luxo em Barueri, na Grande São Paulo, e tem na garagem três carros importados blindados – uma Land Rover, um Toyota e um Peugeot. Motoristas e seguranças particulares estão sempre à sua disposição. Helicópteros e um jato particular também. A Igreja Mundial, por sua vez, tem inaugurado um novo templo por semana e honra, mensalmente, uma despesa em torno de R$ 40 milhões. O dinheiro da igreja vem, principalmente, do dízimo arrecadado. Membros da IMPD estimam receber de doação em seus cultos uma média de R$ 10 por fiel. Há, ainda, envelopes nas cores ouro, prata e bronze. Pastores afirmam que a diferenciação não está diretamente ligada ao valor a ser dado à igreja. Segundo eles, cada tipo de envelope contém uma mensagem diferente. Nesse primeiro mês de 2011, o apóstolo reforçou o pedido por doações argumentando despesas com emissoras de tevê e rádio. “Ano novo, contratos novos e reajustados... Essa semana preciso muito de sua ajuda. Quem pode trazer até terça-feira R$ 100?”, perguntou Santiago. A quantia foi diminuindo à medida que o tempo ia passando. “E uma oferta mínima de R$ 30? Quem puder, fique de pé que o obreiro irá dar o envelope.”





CURA

O milagre é o carro-chefe da Igreja Mundial.

Pessoas com câncer e até cadeirantes testemunham

ter se curado com a intervenção de Santiago e seus pastores



É a mística de milagreiro de Santiago a chave de seu sucesso e a responsável pelo fenômeno da multiplicação de fiéis à sua volta. E a televisão amplifica em doses continentais esse poder de comunicação inato do líder evangélico. Atualmente ele ocupa 22 horas diárias na programação da Rede 21, que pertence ao grupo Bandeirantes, ao custo de R$ 6 milhões mensais. Com mais R$ 101 mil por mês, pagos à Multichoice, empresa sul-africana distribuidora de sinal, também está no ar em Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Líbia, Zimbábue e Botswana. Na telinha, o que se vê são os cultos de Santiago em seus templos. Para isso, a performance do pastor é acompanhada, minuto a minuto, por fotógrafo e uma equipe de cinegrafistas, que registram tudo para ser divulgado, além da tevê, no jornal, na revista e na rádio da igreja. Na África do Sul, a Mundial possui uma hora de programação na TV Soweto, ao custo de R$ 59 mil mensais. Em Maputo, a capital de Moçambique, uma tevê e uma rádio já estão sob o domínio da corrente evangélica do ex-roceiro, fissurado, segundo palavras dos próprios membros da igreja, por se comunicar com os súditos via tevê. Afinal, se em um templo como o do Brás o apóstolo consegue falar para 30 mil pessoas, no ar, citando apenas os que possuem antena parabólica no Brasil, ele chega a 25 milhões de lares via Rede 21.







Não e à toa que, anunciados pela telinha, seus eventos estão sempre lotados. “Aquela máxima da publicidade de que uma imagem vale mais do que mil palavras se aplica muito bem a Valdemiro”, afirma Ronaldo Didini, ex-membro da cúpula da Universal e braço-direito de Santiago, que responde pela estratégia de mídia da igreja. Além dele, são dirigentes da Mundial um consultor financeiro, também ex-Universal, e três deputados eleitos no último pleito – dois federais (José Olímpio, PP/SP e Francisco Floriano, PR/RJ) e um estadual (Rodrigo Moraes, PSC/SP). “As coisas são cada vez mais rápidas e profissionalizadas na Mundial”, diz o pesquisador Ricardo Bitun, autor da tese “Igreja Mundial do Poder de Deus: Rupturas e Continuidades no Campo Religioso Neopentecostal”, defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Isso ocorre, em grande parte, por conta de um fenômeno conhecido como nomadismo religioso. Se durante muito tempo a Igreja Católica era a maior fornecedora de ovelhas ao rebanho pentecostal, agora esses últimos trocam de fiéis entre si. “Meu trabalho é o altar; meu negócio é multiplicar as almas”, diz Santiago, que também fatura com a crise de igrejas como a Renascer em Cristo, por exemplo, que perdeu em 2010 seus discípulos mais ilustres, o jogador de futebol Kaká e sua mulher, Caroline Celico.



A ascensão de Santiago ao olimpo dos líderes religiosos do Brasil começou a ser moldada em 1976, quando, aos 16 anos, ele se converteu ao protestantismo. Naquela época, o garoto revoltado e de difícil trato, que em Cisneiros cuidava de marrecos, arava a terra e colhia ovos de anu para fazer omelete, morava com um dos 12 irmãos na mineira Juiz de Fora. Nessa cidade, trabalhava como pedreiro e levava uma vida desregrada. Dormia muitas noites na calçada e era viciado em drogas – ele se limita a dizer que consumia “álcool e substâncias sintéticas em forma de comprimidos”. Até que um pastor lhe estendeu a mão e Santiago passou a pregar. Foi obreiro, pastor, bispo e membro da cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Nos templos de Edir Macedo, atuou por 18 anos e se desligou em 1997, depois de um suposto desentendimento com o líder evangélico. Já havia, porém, decorado a cartilha de seu mentor. Pesquisador da área da sociologia da religião, Ricardo Mariano afirma que as crenças e práticas mágico-religiosas da Mundial são uma cópia da Universal. Tanto que até o nome da igreja de Santiago, Igreja Mundial do Poder de Deus, é uma evidente inspiração na primeira casa: Igreja Universal de Reino de Deus. Perspicaz, o religioso caipira foi beber da fonte que já havia sido aprovada pelo público. Tanto que, além de convidar parte da cúpula da IURD, atraiu também dezenas de pastores, prática que adotou até um ano atrás, quando membros da Mundial começaram a temer que houvesse “universais” infiltrados em suas fileiras.



No altar da igreja que fundou em 1998 Valdemiro passou a receber portadores do vírus da Aids, doentes de câncer e até cadeirantes desenganados pela medicina. As pessoas em cadeira de roda são, até hoje, um dos campeões de audiência. É comum encontrar no templo fiéis carregando para o alto cadeiras de roda, num gesto explícito de libertação. Em um programa no início de janeiro, o apóstolo protagonizou, via tevê, uma situação do tipo. Ao seu lado, caminhando, um ex-paralítico afirmava ter permanecido imóvel por 15 anos. A reportagem de ISTOÉ tentou contato com esse homem, mas membros da cúpula da Mundial disseram ser impossível localizá-lo, pois as fichas de identificação ainda não estão informatizadas e há muitos casos como o dele.



O pastor mineiro usa como nenhuma outra liderança pentecostal os depoimentos de enfermos e a evocação da cura divina. Juntos, eles provocam uma catarse espiritual. Os fiéis da IMPD fazem fila para testemunhar, no altar ao lado do apóstolo e com exames médicos em punho, que a medicina já os havia desenganado, mas que a intervenção milagrosa os salvou. “Na Igreja Mundial, o toque no corpo de Santiago é muito valorizado”, diz o sociólogo da religião Flávio Pierucci, da Universidade de São Paulo (USP). Aos 61 anos, a católica catarinense Aledir Lachewtz, 61 anos, levou fotos e roupas de sua tia octogenária que sofria com um edema pulmonar para serem abençoadas em um culto na IMPD. “Os médicos diziam que não tinha mais jeito”, conta Aledir. “Mas, depois das bênçãos, novos exames não apontaram mais nada. O apóstolo tem muito poder de cura.” Essa espécie de pronto-socorro espiritual, como define o teólogo Edin Abumansur, da PUC-SP, floresce de modo particular na Mundial. Enquanto Santiago prega, dezenas de placas com os dizeres “Aqui tem milagre” são levantadas por obreiros para auxiliá-lo. Selecionado previamente e de posse de exames médicos que revelariam primeiro a enfermidade e, em seguida, o desaparecimento dela – chamado na IMPD de “o antes e o depois” –, o fiel é alçado ao microfone ao lado do pastor. E é nessa hora que o líder da Igreja Mundial vira astro.





“Meu trabalho é o altar; meu negócio é

multiplicar as almas” Valdemiro Santiago,

da Igreja Mundial do Poder de Deus



Do alto de seu 1,90 e 103 quilos (chegou a ter 153, mas emagreceu após uma cirurgia bariátrica, há oito anos), o apóstolo grampeia o rosto da pessoa contra o seu peito. Abraça, chora e grita, como fez com a mãe que atribuiu a cura de sua filha de 6 anos, que voltou a andar e a falar contrariando prognósticos médicos, segundo ela, à fé e às orações feitas na IMPD. “Esse Deus é poderoooso! Isso é para sacudir o barraco do cramunhão e botar pra baixo!”, berra o religioso. Ricardo Mariano, professor do programa de pós-graduação em ciências sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e um dos maiores especialistas do Brasil em movimento neopentecostal, contextualiza: “A ênfase pentecostal na cura divina já tem mais de 60 anos e foi uma das principais responsáveis pelo crescimento desse movimento religioso na América Latina e na África. Desde então, constitui uma das iscas mais atraentes de potenciais adeptos aos templos.”





ANTES E DEPOIS

Os fiéis choram e se emocionam, muitos apresentando

exames médicos que revelam o desaparecimento de uma doença











Além da eloquência com que evangeliza, Santiago ficou conhecido por usar chapéus típicos de quem se criou no meio do mato. Assim também é visto em seus finais de semana, que acontecem, como ele diz, às quartas-feiras. Nesses dias, ele se tranca em um sítio, em Santa Isabel, a 50 quilômetros de São Paulo. Lá, desfruta de um pesqueiro, da piscina e do campo de futebol, onde organiza e disputa campeonatos entre times formados por membros de seu ministério. “Mas o que gosto mesmo é de sentar na beira do rio, com minha varinha de pescar”, diz. “Sou um sujeito de pouca educação. É uma coisa de chucro, de caipira”, completa ele, uma espécie de Tim Maia do altar, que passa boa parte do culto distribuindo broncas em obreiros, cinegrafistas e músicos que o acompanham. “Ô, oreiúdo (orelhudo), abre passagem para a mulher chegar até aqui”, disse o chefe da IMPD a um pastor, no culto do domingo 9, provocando gargalhadas nos súditos.





EM FAMÍLIA

A bispa Franciléia, mulher de Valdemiro, também é uma oradora eloquente





Juliana, filha do casal, canta no coral da igreja





Nem mesmo a esposa, a bispa Franciléia, com quem vive há 26 anos, e as duas filhas do casal, Rachel, 25, e Juliana, 23, que também trabalham em prol do ministério, escapam de seus pitos. O apóstolo também é conhecido por ser incansável na rotina de sua Mundial. Há dias em que nem volta para casa. “Tenho um quarto na igreja”, conta Santiago, referindo-se ao templo do Brás. “Em casa, tenho dormido três, quatro vezes no mês”, completa ele, que diz desfrutar, por noite, de apenas quatro horas de sono. Membro da IMPD, Fernando Trizi reforça o fato. “Antigamente, muitos fiéis dormiam aqui na igreja. E, algumas vezes, o apóstolo acordava de madrugada, descia do quarto e, de pijama, orava com eles.” Ao valorizar a ingenuidade e a simplicidade, o religioso prosperou. “O que chama mais a atenção é a emergência de uma autoridade religiosa pentecostal de expressão nacional negra, tal como o restante da cúpula da igreja”, diz Mariano, autor de “Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil” (Edições Loyola, 1999). Ao contrário de outras neopentecostais de peso, como a Renascer e a Universal, que ficaram mais requintadas em relação ao público que as frequenta, prometendo prosperidade àqueles que também desejam ascensão material, a Mundial tem acolhido a classe menos favorecida, um aglomerado de gente humilde que não se identifica mais com as outras denominações.



Na IMPD, porém, essas pessoas enxergam em seu líder uma figura que, mesmo de terno e gravata e sob os holofotes, fala a língua delas. Foi por meio dessa habilidade inata que muitas personalidades deixaram para trás o passado sofrido e se tornaram notórias. “O Valdemiro é como o Silvio Santos ou o Lula. O camelô que deu certo, mas nunca deixou de ser camelô. O metalúrgico que virou presidente da República, mas não deixou de ser metalúrgico”, compara Bitun. Os astro evangélico promete milagres como se contasse um causo. Apelo irresistível aos corações aflitos.









sábado, 29 de janeiro de 2011

Simão Jatene segue os passos de Arruda.



 Do blog osamigosdopresidentelula.blogspot.com


O governador tucano do Pará, Simão Jatene, pode ser a bola da vez entre os governadores que caem por envolvimento em escândalo de corrupção, seguindo os passos de José Roberto Arruda (ex-DEMos/DF).

O motivo é o processo 2007.39.00.009063-6 no Tribunal Regional Federal do Pará, contra o governador demo-tucano e outros. Trata-se de um inquérito policial que apura:

- Corrupção Passiva;

- Crimes contra a administração pública;

- Falsidade Ideológica;

- Crimes contra a fé pública;

- Corrupção ativa;

- Crimes praticados por particular contra a administração em geral.

Eleito governador, recobrou foro privilegiado, e o processo contra ele deve subir para o STJ, o mesmo tribunal onde foi expedido o mandado de prisão contra Arruda.

O escândalo vem desde a eleição de 2002 (primeira vitória de Jatene), conforme descreveu reportagem da revista IstoÉ nº 1833 de novembro/2004:

Tudo começou na manhã de 12 de agosto de 2004, quando o fiscal do Ministério Público do Trabalho, acompanhado de um procurador e dois delegados da Polícia Federal, chegou à sede da Cerpa, flagrando uma funcionária do departamento pessoal com a boca na botija: Ana Lúcia Santos separava os envelopes e contava R$ 300 mil em notas miúdas com que fazia o pagamento “por fora” dos funcionários, sem registro em carteira.

Com a perícia sobre documentos e computadores apreendidos, além da fraude trabalhista, os agentes encontraram relatórios detalhados com nomes, datas e valores descrevendo a relação de corrupção explícita existente entre a cervejaria e a campanha do governador.

Em um dos documentos, como atas de reunião, um executivo da Cerpa descreveu a decisão de agosto de 2002, em plena campanha eleitoral: “Ajuda a campanha do Simão Jatene p/Governo, reunião feita com Dr. Sérgio Leão, Dr. Jorge, Sr. Seibel, a partir de 30/08/02 (toda Sexta-feira), R$ 500.000, totalizando seis parcelas no final.”

Seibel é Konrad Karl Seibel, dono da Cerpa.

Leão é Francisco Sérgio Leão – atual secretário de Governo – que presidia a comissão estadual que avaliava a política de incentivos, na época.

Perdão de impostos e “caixinha” de campanha

Em 2000, no governo Almir Gabriel, a CERPA ganhou de presente o perdão da dívida de quase R$ 47 milhões de ICMS atrasado e uma dezena de autuações por fraude e sonegação. Uma caixa com 24 garrafas de cerveja, com valor de R$ 21, viajava com nota fiscal de R$ 3, segundo apuraram os promotores.

Em contrapartida ao perdão, acusa a representação do INSS enviada ao procurador-chefe do Ministério Público do Pará, Ubiratan Cazeta, a Cerpa prometia contribuir com R$ 4 milhões para a campanha de Jatene, “além de se comprometer a efetuar outros pagamentos no montante de R$ 12,5 milhões”.

Os primeiros R$ 3 milhões foram pagos em seis parcelas de R$ 500 mil – a última exatamente no dia da eleição, 3 de outubro. O troco de R$ 1 milhão foi pago 21 dias depois.

O reforço de R$ 12,5 milhões, conforme os livros de contabilidade apreendidos na blitz, foi pago em prestações durante do final do mandato de Gabriel e nos dois primeiros anos do governo de Jatene, em 2003 e 2004.

A cota final de R$ 6 milhões foi parcelada em dez vezes – a última delas programada para agosto de 2004.



Caixa-2



Nas fichas de lançamento da Cerpa, processadas pelo assessor da diretoria Pedro Valdo Saldanha Souza, a caixinha de Jatene é camuflada como “despesa de mesas e cadeiras para postos de venda” ou “compra de brindes de fim de ano”.



No final de agosto de 2002, poucas semanas antes das eleições, a Cerpa repassou R$ 202.050 para a campanha tucana, disfarçados de “patrocínio das festividades do Círio de Nazaré”, a maior festa católica da Amazônia. Nenhum pagamento foi contabilizado como doação de campanha.



Nove meses depois da posse, Jatene assinou três decretos num único dia, 29 de setembro de 2003, concedendo à Cerpa um desconto de 95% no ICMS devido ao Estado e prorrogando seus benefícios fiscais por mais 12 anos, ao lado de outras 37 empresas.



Os “favores” resultaram no inquérito por favorecimento ilícito à Cerpa. Correm outros processos correlatos a este.







quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Assange: A manipulação de informações pela mídia é mais perigosa à democracia do que a de governos

Do viomundo

Assange: A manipulação de informações pela mídia é mais perigosa à democracia do que a de governos


“Não somos uma organização exclusivamente da esquerda. Somos uma organização exclusivamente pela verdade e pela justiça”.



Essa é apenas uma das muitas afirmações feitas pelo fundador e publisher do WikILeaks, Julian Assange, em entrevista exclusiva a internautas brasileiros. Essa iniciativa só foi possível graças à ação articulada da blogosfera e, claro, aos internautas que enviaram questões.



No total foram cerca de 350 perguntas, das quais doze foram escolhidas. Na entrevista, Assange explica por que trabalha em parceria com a grande mídia e debate a manipulação de informação e como o vazamento de dados pode alterar a atuação dos governos.



Vários internautas - O WikiLeaks tem trabalhado com veículos da grande mídia – aqui no Brasil, Folha e Globo, vistos por muita gente como tendo uma linha política de direita. Mas além da concentração da comunicação, muitas vezes a grande mídia tem interesses próprios. Não é um contra-senso trabalhar com eles se o objetivo é democratizar a informação? Por que não trabalhar com blogs e mídias alternativas?



Por conta de restrições de recursos ainda não temos condições de avaliar o trabalho de milhares de indivíduos de uma vez. Em vez disso, trabalhamos com grupos de jornalistas ou de pesquisadores de direitos humanos que têm uma audiência significativa. Muitas vezes isso inclui veículos de mídia estabelecidos; mas também trabalhamos com alguns jornalistas individuais, veículos alternativos e organizações de ativistas, conforme a situação demanda e os recursos permitem.



Uma das funções primordiais da imprensa é obrigar os governos a prestar contas sobre o que fazem. No caso do Brasil, que tem um governo de esquerda, nós sentimos que era preciso um jornal de centro-direita para um melhor escrutínio dos governantes. Em outros países, usamos a equação inversa. O ideal seria podermos trabalhar com um veículo governista e um de oposição.



Marcelo Salles – Na sua opinião, o que é mais perigoso para a democracia: a manipulação de informações por governos ou a manipulação de informações por oligopólios de mídia?



A manipulação das informações pela mídia é mais perigosa, porque quando um governo as manipula em detrimento do público e a mídia é forte, essa manipulação não se segura por muito tempo. Quando a própria mídia se afasta do seu papel crítico, não somente os governos deixam de prestar contas como os interesses ou afiliações perniciosas da mídia e de seus donos permitem abusos por parte dos governos. O exemplo mais claro disso foi a Guerra do Iraque em 2003, alavancada pela grande mídia dos Estados Unidos.



Eduardo dos Anjos – Tenho acompanhado os vazamentos publicados pela sua ONG e até agora não encontrei nada que fosse relevante, me parece que é muito barulho por nada. Por que tanta gente ao mesmo tempo resolveu confiar em você? E por que devemos confiar em você?



O WikiLeaks tem uma história de quatro anos publicando documentos. Nesse período, até onde sabemos, nunca atestamos ser verdadeiro um documento falso. Além disso, nenhuma organização jamais nos acusou disso. Temos um histórico ilibado na distinção entre documentos verdadeiros e falsos, mas nós somos, é claro, apenas humanos e podemos um dia cometer um erro. No entanto até o momento temos o melhor histórico do mercado e queremos trabalhar duro para manter essa boa reputação.



Diferente de outras organizações de mídia que não têm padrões claros sobre o que vão aceitar e o que vão rejeitar, o WikiLeaks tem uma definição clara que permite às nossas fontes saber com segurança se vamos ou não publicar o seu material.



Aceitamos vazamentos de relevância diplomática, ética ou histórica, que sejam documentos oficiais classificados ou documentos suprimidos por alguma ordem judicial.



Vários internautas – Que tipo de mudança concreta pode acontecer como consequência do fenômeno Wikileaks nas práticas governamentais e empresariais? Pode haver uma mudança na relação de poder entre essas esferas e o público?



James Madison, que elaborou a Constituição americana, dizia que o conhecimento sempre irá governar sobre a ignorância. Então as pessoas que pretendem ser mestras de si mesmas têm de ter o poder que o conhecimento traz. Essa filosofia de Madison, que combina a esfera do conhecimento com a esfera da distribuição do poder, mostra as mudanças que acontecem quando o conhecimento é democratizado.



Os Estados e as megacorporações mantêm seu poder sobre o pensamento individual ao negar informação aos indivíduos. É esse vácuo de conhecimento que delineia quem são os mais poderosos dentro de um governo e quem são os mais poderosos dentro de uma corporação.



Assim, o livre fluxo de conhecimento de grupos poderosos para grupos ou indivíduos menos poderosos é também um fluxo de poder, e portanto uma força equalizadora e democratizante na sociedade.



Marcelo Träsel - Após o Cablegate, o Wikileaks ganhou muito poder. Declarações suas sobre futuros vazamentos já influenciaram a bolsa de valores e provavelmente influenciam a política dos países citados nesses alertas. Ao se tornar ele mesmo um poder, o Wikileaks não deveria criar mecanismos de auto-vigilância e auto-responsabilização frente à opinião pública mundial?



O WikiLeaks é uma das organizações globais mais responsáveis que existem.



Prestamos muito mais contas ao público do que governos nacionais, porque todo fruto do nosso trabalho é público. Somos uma organização essencialmente pública; não fazemos nada que não contribua para levar informação às pessoas.



O WikiLeaks é financiado pelo público, semana a semana, e assim eles “votam” com as suas carteiras.



Além disso, as fontes entregam documentos porque acreditam que nós vamos protegê-las e também vamos conseguir o maior impacto possível. Se em algum momento acharem que isso não é verdade, ou que estamos agindo de maneira antiética, as colaborações vão cessar.



O WikiLeaks é apoiado e defendido por milhares de pessoas generosas que oferecem voluntariamente o seu tempo, suas habilidades e seus recursos em nossa defesa. Dessa maneira elas também “votam” por nós todos os dias.



Daniel Ikenaga – Como você define o que deve ser um dado sigiloso?



Nós sempre ouvimos essa pergunta. Mas é melhor reformular da seguinte maneira: “quem deve ser obrigado por um Estado a esconder certo tipo de informação do resto da população?”



A resposta é clara: nem todo mundo no mundo e nem todas as pessoas em uma determinada posição. Assim, o seu médico deve ser responsável por manter a confidencialidade sobre seus dados na maioria das circunstâncias – mas não em todas.



Vários internautas – Em declarações ao Estado de São Paulo, você disse que pretendia usar o Brasil como uma das bases de atuação do WikiLeaks. Quais os planos futuros? Se o governo brasileiro te oferecesse asilo político, você aceitaria?



Eu ficaria, é claro, lisonjeado se o Brasil oferecesse ao meu pessoal e a mim asilo político. Nós temos grande apoio do público brasileiro. Com base nisso e na característica independente do Brasil em relação a outros países, decidimos expandir nossa presença no país. Infelizmente eu, no momento, estou sob prisão domiciliar no inverno frio de Norfolk, na Inglaterra, e não posso me mudar para o belo e quente Brasil.



Vários internautas – Você teme pela sua vida? Há algum mecanismo de proteção especial para você? Caso venha a ser assassinado, o que vai acontecer com o WikiLeaks?



Nós estamos determinados a continuar a despeito das muitas ameaças que sofremos. Acreditamos profundamente na nossa missão e não nos intimidamos nem vamos nos intimidar pelas forças que estão contra nós.



Minha maior proteção é a ineficácia das ações contra mim. Por exemplo, quando eu estava recentemente na prisão por cerca de dez dias, as publicações de documentos continuaram.



Além disso, nós também distribuímos cópias do material que ainda não foi publicado por todo o mundo, então não é possível impedir as futuras publicações do WikiLeaks atacando o nosso pessoal.



Helena Vieira - Na sua opinião, qual a principal revelação do Cablegate? A sua visão de mundo, suas opiniões sobre nossa atual realidade mudou com as informações a que você teve acesso?



O Cablegate cobre quase todos os maiores acontecimentos, públicos e privados, de todos os países do mundo – então há muitas revelações importantíssimas, dependendo de onde você vive. A maioria dessas revelações ainda está por vir.



Mas, se eu tiver que escolher um só telegrama, entre os poucos que eu li até agora – tendo em mente que são 250 mil – seria aquele que pede aos diplomatas americanos obter senhas, DNAs, números de cartões de crédito e números dos vôos de funcionários de diversas organizações – entre elas a ONU.



Esse telegrama mostra uma ordem da CIA e da Agência de Segurança Nacional aos diplomatas americanos, revelando uma zona sombria no vasto aparato secreto de obtenção de inteligência pelos EUA.



Tarcísio Mender e Maiko Rafael Spiess - Apesar de o WikiLeaks ter abalado as relações internacionais, o que acha da Time ter eleito Mark Zuckerberg o homem do ano? Não seria um paradoxo, você ser o “criminoso do ano”, enquanto Mark Zuckerberg é aplaudido e laureado?



A revista Time pode, claro, dar esse título a quem ela quiser. Mas para mim foi mais importante o fato de que o público votou em mim numa proporção vinte vezes maior do que no candidato escolhido pelo editor da Time. Eu ganhei o voto das pessoas, e não o voto das empresas de mídia multinacionais. Isso me parece correto.



Também gostei do que disse (o programa humorístico da TV americana) Saturday Night Live sobre a situação: “Eu te dou informações privadas sobre corporações de graça e sou um vilão. Mark Zuckerberg dá as suas informações privadas para corporações por dinheiro – e ele é o ‘Homem do Ano’.”



Nos bastidores, claro, as coisas foram mais interessantes, com a facção pró-Assange dentro da revista Time sendo apaziguada por uma capa bastante impressionante na edição de 13 de dezembro, o que abriu o caminho para a escolha conservadora de Zuckerberg algumas semanas depois.



Vinícius Juberte – Você se considera um homem de esquerda?



Eu vejo que há pessoas boas nos dois lados da política e definitivamente há pessoas más nos dois lados. Eu costumo procurar as pessoas boas e trabalhar por uma causa comum.



Agora, independente da tendência política, vejo que os políticos que deveriam controlar as agências de segurança e serviços secretos acabam, depois de eleitos, sendo gradualmente capturados e se tornando obedientes a eles.



Enquanto houver desequilíbrio de poder entre as pessoas e os governantes, nós estaremos do lado das pessoas.



Isso é geralmente associado com a retórica da esquerda, o que dá margem à visão de que somos uma organização exclusivamente de esquerda. Não é correto. Somos uma organização exclusivamente pela verdade e justiça – e isso se encontra em muitos lugares e tendências.



Ariely Barata – Hollywood divulgou que fará um filme sobre sua trajetória. Qual sua opinião sobre isso?



Hollywood pode produzir muitos filmes sobre o WikiLeaks, já que quase uma dúzia de livros está para ser publicada. Eu não estou envolvido em nenhuma produção de filme no momento.



Mas se nós vendermos os direitos de produção, eu vou exigir que meu papel seja feito pelo Will Smith. O nosso porta-voz, Kristinn Hrafnsson, seria interpretado por Samuel L Jackson, e a minha bela assistente por Halle Berry. E o filme poderia se chamar “WikiLeaks Filme Noire”.



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Por protestar contra alagamento de suas residências, pobre apanha em SP.


Saiu no Estadão:








PM reprime com violência manifestação contra enchentes na zona sul de SP

Bruno Lupion, do estadão.com.br



SÃO PAULO – A Polícia Militar reprimiu com violência moradores que protestavam contra enchentes no Jardim Germânia, região do Capão Redondo, zona sul da capital, na noite de terça-feira, 25, aniversário da cidade. Os manifestantes, cansados de perder móveis e eletrodomésticos nos seguidos transbordamentos do Córrego dos Freitas, atearam fogo em lixo acumulado na rua e pneus dentro de caçambas, até serem atingidos por balas de borracha e nuvens de gás pimenta disparados pela Força Tática. Sete homens foram detidos e um adolescente, apreendido. Policiais afirmam que eles atiraram pedras. Os moradores negam.



“Sempre que chove a rua alaga e perdemos tudo. Faz 20 anos que isso acontece. Passou Maluf, Erundina, Pitta, Marta, (*) Kassab, e ninguém resolve”, disse o confeiteiro Lélio Pereira da Silva, 40 anos, enumerando no dedo as gestões municipais. Os moradores querem a canalização do Córrego dos Freitas, cujo projeto, feito em 2007 pela Drenatec Engenharia, por R$ 247 mil, ainda não saiu do papel. Na noite de terça-feira, decidiram atear fogo no lixo e pneus acumulados, em protesto.



A Força Tática chegou por volta das 23 horas à Avenida Agostinho Rubin, altura do nº 200. Segundo o sargento Andrade, os policiais tentaram dialogar, mas foram recebidos a pedradas e obrigados a usar armas não letais para dispersar a manifestação. Os moradores dizem que a polícia já chegou usando todos os meios para desmobilizá-los. Um dos detidos afirma que foi jogado no chão e, em seguida, alvejado com uma bala de borracha. Outros subiram na laje de uma casa e acabaram presos. “Eles estavam gritando para a polícia parar, pois tinham crianças sufocadas com o gás pimenta”, disse Rejane Marta, 40 anos.



“Eles foram presos por interdição de via pública, desacato, incêndio e dano a bem público”, explicou o sargento Andrade, do 1º Batalhão Metropolitano. Após serem ouvidos pela delegada do 92º Distrito Policial, no Parque Santo Antônio, todos assinaram um termo circunstanciado por desacato e foram liberados. Os moradores relataram que, enquanto estavam imobilizados, os policiais ameaçavam ir atrás de suas mulheres em busca de sexo.



O atendente Kevin Carlos do Carmo, 20 anos, observou o confronto ao lado de sua filha, de 1 ano e 2 meses, e reclamou da truculência contra a manifestação. “A polícia foi feita para proteger as pessoas, não para prejudicá-las”, disse.



Jogo de empurra



Segundo o mestre de obras João Batista Rodrigues da Silva, 44 anos, o bairro é prejudicado por um jogo de empurra entre as subprefeituras do Campo Limpo e do M’Boi Mirim. O córrego fica na divisa entre as duas e, segundo ele, ninguém assume a responsabilidade pela limpeza das margens.



“Enquanto eles brigam, a gente continua sofrendo”, disse. De acordo com João Batista, as enxurradas trazem muito lixo, que lota a rua e a entrada das casas. “Depois das enchente a Prefeitura vem, dá um colchão e uma cesta básica. Mas na próxima chuva a gente perde tudo de novo”, disse.







Folha perde a liderança em circulação



Por Altamiro Borges



Depois de 24 anos de hegemonia absoluta, o jornal Folha de S.Paulo perdeu a liderança de maior periódico em circulação no país. A informação, que deve ter tirado o sono da famiglia Frias e de alguns dos seus “calunistas” de plantão, foi divulgada na coluna “Em pauta”, do boletim Meio & Mensagem desta segunda-feira (24).

Segundo explica, ainda faltam alguns dados relativos a dezembro para que o Instituto Verificador de Circulação (IVC) feche seu balanço com o desempenho dos jornais brasileiros em 2010. Mas, nos números já finalizados, a principal novidade é a perda de liderança da Folha, que era o diário de maior circulação no país desde 1986.

Crescimento dos jornais “populares”

Embora já tivesse perdido a liderança em alguns meses, esta foi a primeira vez que o jornal sucumbiu no consolidado de um ano. O topo do ranking em 2010 foi do Super Notícia, título popular de Belo Horizonte. Enquanto a Folha manteve estabilidade, na casa dos 294 mil exemplares por edição, o Super Notícia cresceu 2%, atingindo média de 295 mil.

Meio & Mensagem publicou o ranking dos dez jornais de maior circulação em 2010 e suas respectivas médias por edição:

1º) Super Notícia: 295.701;

2º) Folha de S. Paulo: 294.498;

3º) O Globo: 262.435;

4º) Extra: 238.236;

5º) O Estado de S. Paulo: 236.369;

6º) Zero Hora: 184.663;

7º) Meia Hora: 157.654;

8º) Correio do Povo: 157.409;

9º) Diário Gaúcho: 150.744;

10º) Lance: 94.683.

Algumas razões do declínio

O declínio da Folha, que é consistente há vários anos – o jornal já chegou a ter um milhão de exemplares nas edições de domingo nos anos 1980 –, tem várias causas. A principal, que afeta toda a mídia impressa, no Brasil e no mundo, é o forte crescimento da internet, que permite maior volume de informações e maior interatividade e retira leitores dos jornalões tradicionais.

Fruto do florescimento desta nova mídia também houve a multiplicação, no mundo inteiro, dos jornais gratuitos e “populares”, a preços mais acessíveis. Os próprios monopólios midiáticos têm investindo neste novo filão para compensar a perda de leitores nos diários decadentes. São estes títulos “populares” que hoje explicam o tímido aumento da circulação de jornais no país.

Há ainda a perda de credibilidade da velha mídia. O sociólogo Emir Sader fala em “crise de moral” e o jornalista Pascual Serrano, em “crise de identidade”. A Folha, com seu falso ecletismo, engole seu próprio veneno. Ao qualificar a ditadura brasileira de “ditabranda” ou publicar uma ficha policial fajuta de Dilma Rousseff, ela é descartada por seus leitores mais críticos. Azar dela!





Vem aí livro da aluna da mulher de Cerra que revelou aborto



Vem aí livro da aluna da mulher de Cerra que revelou aborto



A aluna que enfrenta a professora (e o marido da professora)

Saiu no Blog da Dilma:



Ex-aluna que revelou aborto de Monica Serra escreve um livro sobre a polêmica

Autor: Jussara Seixas



Jornal do Brasil, Paulo Marcio Vaz

“A dançarina Sheila Canevacci Ribeiro, que ficou nacionalmente famosa durante a última campanha eleitoral por denunciar um suposto aborto cometido por Monica Serra, esposa do então candidato tucano à Presidência, José Serra, está escrevendo um livro sobre o caso. A notícia foi dada pela própria Sheila em sua página no Facebook, na qual ela pede ajuda aos internautas de sua lista de amigos para que sugiram um título para a obra. Segundo Sheila, o livro terá que ser “barato e acessível”.

“Estou escrevendo um livro sobre o duplo discurso e o oportunismo do aborto nas eleiçoes. Quero que ele seja barato e acessível. Alguém tem sugestão de TÍTULO? Que tal A DANÇA DO DUPLO DISCURSO”, sugere a própria dançarina.

Até o início da tarde desta terça-feira, 56 internautas já haviam postado comentários sugerindo títulos como “A dança da mentira”, “Aborto e eleições – Locais deslocados”, “Aborto nas eleições – A face oculta” e “Dança dupla”.

Em algumas das respostas a seus amigos do Facebook, Sheila dá dicas a respeito do conteúdo de seu futuro livro:

“(…) é um documento de um marco histórico. fiquei impressionada como td mundo falou em coragem e medo e acho q aqui precisa de muito trabalho de valorizaçao de açoes comuns, civis… é um livro q quer ser positivo e não resmungão”, antecipa.

Em outra resposta, Sheila acrescenta:

“(…) eu quero apenas documentar o evento e tem artigo de outras pessoas e o que mais valeu: OS COMENTARIOS DOS BRASILEIROS”.

http://nogueirajr.blogspot.com/





Bendito segundo turno.



O Padim Pade Cerra se revelou.



Fez a “calhordice “(segundo Ciro Gomes) de explorar o aborto: “este Brasil que está nascendo”.



Simulou a tijolada na cabeça – com a ajuda do Ali Kamel e do “períto” Molina.



Jogou a carta da homofobia num evento religioso.



Explicitou sua adesão aos interesses americanos – e da Chevron – clique aqui para ler o que o WikiLeaks contou dessa sinistra relação Cerra-Chevron.



E disse que o Paulo Preto era “Paulo Afro-Descendente”.



Agora vem aí o livro da aluna da D. Monica.



D. Monica foi para a campanha acusar o Bolsa Família de estimular a vagabundagem.



(Enquanto o marido prometia pagar o 13º salário do Bolsa Família.)



D. Monica saiu a dizer que a Dilma pregava o aborto.



Mal sabia ela que uma aluna de coragem ia escrever um livro sobre o aborto que ela (Monica) contou ter feito no Chile.



E sem falar no livro do Amaury, que já tem editora.



(O aperitivo, o prefácio, este ansioso blog já publicou.



Bendito segundo turno.





Paulo Henrique Amorim







A polêmica do Creative Commons




De Carta Maior



Sergio Amadeu: "Ana de Holanda e ECAD atacam política de Lula"



O movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo. É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma. O artigo é de Sergio Amadeu da Silveira.



Sergio Amadeu da Silveira (*)



Os defensores da indústria de intermediação e advogados do ECAD lançam um ataque a política de compartilhamento de conhecimento e bens culturais lançada pelo presidente Lula. Na sua jornada contra a criatividade e em defesa dos velhos esquemas de controle da cultura, chegam aos absurdos da desinformação ou da mentira.



Primeiro é preciso esclarecer que as licenças Creative Commons surgiram a partir do exemplo bem sucedido do movimento do software livre e das licenças GPL (General Public Licence). O software livre também inspirou uma das maiores obras intelectuais do século XXI, a enciclopédia livre chamada Wikipedia. Lamentavelmente, os lobistas do ECAD chegam a dizer que a Microsoft apóia o software livre e o movimento de compartilhamento do conhecimento.





Segundo, o argumento do ECAD de que defender o Cretaive Commons é defender grandes corporações internacionais é completamente falso. As grandes corporações de intermediação da cultura se organizam e apóiam a INTERNATIONAL INTELLECTUAL PROPERTY ALLIANCE® (IIPA, Associação internacional de Propriedade Internacional) e que é um grande combatente do software livre e do Creative Commons. O Relatório da IIPA de fevereiro de 2010 ataca o Brasil, a Malásia e outros países que usam licenças mais flexíveis e propõem que o governo norte-americano promova retaliações a estes países.



Terceiro, a turma do ECAD desconsidera a política histórica da diplomacia brasileira de luta pela flexibilização dos acordos de propriedade intelectual que visam simplesmente bloquear o caminho do desenvolvimento de países como o Brasil. Os argumentos contra as licenças Creative Commons são tão rídiculos como afirmar que a Internet e a Wikipedia é uma conspiração contra as enciclopédias proprietárias, como a Encarta da Microsoft ou a Enciclopédia Britânica.



Quarto, o texto do maestro Marco Venicio Andrade é falso até quando parabeniza a presidente Dilma por ter "restabelecido a soberania de nossa gestão cultural, anulando as medidas subservientes tomadas pelos que, embora parecendo modernos e libertários, só queriam mesmo é dobrar a espinha aos interesses das grandes corporações que buscam monopolizar a cultura". O blog do Planalto lançado pelo presidente Lula e mantido pela presidente Dilma continua com as licenças Creative Commons. Desse modo, os ataques que o defensor do ECAD fez a política dos commons lançada por Gilberto Gil, no MINC, também valem para a Presidência da República.



Quinto, o movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo. É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma.



(*) Sergio Amadeu da Silveira é professor da UFABC. Sociólogo e doutor em Ciência Política. Foi presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e primeiro coordenador do Comitê Técnico de Implementação do Software Livre na gestão do presidente Lula.





terça-feira, 25 de janeiro de 2011

CGU rebate mentiras publicadas por Veja.

Nota sobre matéria da revista Veja




1. A matéria publicada na última edição da revista Veja sobre a Controladoria-Geral da União é, obviamente, uma reação à carta-resposta (não divulgada pela revista) que o Ministro-Chefe da CGU, Jorge Hage, enviou-lhe nos últimos dias de 2010, diante da edição de "Retrospectiva" do final do ano passado



2. Isso não obstante e tendo em conta o respeito que a CGU deve aos profissionais que integram seus quadros e, ainda, à opinião publica que sempre acompanhou e reconheceu o seu trabalho sério e republicano, passamos a repor aqui (tendo em vista que a revista nos nega o espaço para resposta) a verdade sobre cada uma das afirmações contidas na matéria:



a) A revista afirma que a CGU produziu, recentemente e de última hora, um Relatório de Auditoria sobre a FUNASA com o intuito de ajudar o Partido dos Trabalhadores a afastar dali o PMDB.

A VERDADE: o repórter Bernardo Melo Franco, do jornal Folha de S. Paulo, pesquisou no site da CGU relatórios pré-existentes, que remontam a 2002, sobre diversos processos de Tomadas de Contas Especiais, envolvendo inúmeros órgãos do governo. O interesse do repórter pelos processos referentes à Funasa só pode ser explicado por ele próprio. Significativamente, no mesmo final de semana em que circulou o exemplar da revista com a matéria que aqui se contesta, também o jornal “O Estado de S. Paulo”, publicou, como manchete principal, a matéria intitulada “Alvos de disputa no segundo escalão somam R$ 1,3 bi em irregularidades”, utilizando a mesma fonte de dados: os relatórios disponíveis desde sempre no site da CGU. A reportagem do “Estadão”, porém, diferentemente da da “Folha”, direciona seu foco para vários órgãos controlados, segundo a matéria, por diferentes partidos, inclusive o PT, o que demonstra: 1) que tais publicações não se deveram a iniciativas da CGU, e sim dos jornais: 2) o caráter republicano das ações da CGU, que se realizam sem levar em conta o partido eventualmente interessado; e 3) a credibilidade que, por isso mesmo, têm os nossos trabalhos.



b) A revista sustenta que a CGU se omitiu de atuar em episódios como o chamado “mensalão”.

AVERDADE: não compete à CGU, um órgão do Executivo, fiscalizar a conduta de membros do Poder Legislativo. Todavia, todos os fatos denunciados à época envolvendo órgãos do Executivo como alvos de desvios (que serviriam para pagamento de propinas a parlamentares) foram objeto de amplas auditorias por parte da CGU. Só para dar um exemplo, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos passou por auditorias amplas e minuciosas, acompanhadas, pari passu, pelo Ministério Publico, que resultaram em dezenas de relatórios, amplamente divulgados à época e disponíveis também, desde então, no site da CGU. Os caminhos para consultar todos esses relatórios no site foram mostrados ao repórter da Veja, que recebeu toda a assistência e atenção, durante cerca de duas horas, inclusive sendo recebido pelo próprio ministro, sendo-lhe entregue, ainda, uma relação completa das demissões, inclusive de diretores da ECT, ocorridas em conseqüência das irregularidades constatadas pela auditoria da CGU.



c) A revista afirma que a CGU se apressou em inocentar a ex-ministra Erenice Guerra, de irregularidades denunciadas na mídia, durante a última campanha eleitoral.

A VERDADE: as denúncias apuradas e descartadas pela CGU nesse caso foram aquelas desprovidas de quaisquer fundamentos. No caso do DNPM, por exemplo, a mídia indicou possível favorecimento à empresa do esposo da ex-ministra, cujas multas aplicadas pelo órgão teriam sido canceladas indevidamente. Logo se verificou que a própria área jurídica do DNPM havia reconhecido erro na aplicação das multas e recomendado à direção seu cancelamento para o necessário recálculo, o que foi feito. As multas foram, então, novamente impostas e vinham sendo pagas regularmente pela empresa em questão. Não havia, portanto, fundamento para que o caso fosse levado adiante. O mesmo se deu (ausência de fundamento) com as denúncias sobre a EPE e o BNDES. Outros casos, mais sérios e mais complexos, denunciados pela mídia na mesma ocasião, continuam sendo investigados, como o que envolve a empresa MTA e a ECT, cujos resultados serão divulgados em breves dias.



d) A Veja diz, quanto aos cartões de pagamento, que a ação da CGU se limitou a elaborar uma cartilha com orientações e passou a investigar gastos de “integrantes da administração tucana”.

A VERDADE: além de elaborar a cartilha, dirigida a todos os gestores que lidam com suprimento de fundos, todas as denúncias (inclusive as que envolveram ministros) sobre irregularidades com esse tipo de gasto foram apuradas e tiveram seus resultados amplamente divulgados na mídia. Três ministros devolveram gastos considerados impróprios para serem feitos com o cartão e uma ministra teve que deixar o governo, como amplamente divulgado à época. E tudo isso está também disponível a qualquer cidadão, no site da CGU. O que a revista não registra é que foi do Governo Lula, por proposta da CGU, a iniciativa de dar transparência a esse tipo de gasto, divulgando tudo na internet para fiscalização da sociedade, exatamente para corrigir possíveis desvios e distorções. E quem delimitou o escopo dos trabalhos, inclusive retroagindo ao segundo mandato do Governo FHC, não foi a CGU, mas a própria “CPMI dos Cartões Corporativos”, que, por meio da aprovação do Requerimento nº 131, de 12 de março de 2008, estabeleceu que o seu objetivo seria analisar a regularidade dos processos de prestações de contas de suprimento de fundos dos últimos 10 anos.



e) A revista afirma que o caso “Sanguessugas” surgiu de denúncias na imprensa.

A VERDADE: a Polícia Federal, o Ministério Público e toda a imprensa, sabem que a “Operação Sanguessuga”, assim como tantos outros casos que desaguaram em operações especiais para desmantelar esquemas criminosos, foi iniciada a partir de fiscalizações da CGU nos municípios. Aliás, a mesma matéria do jornal “O Estado de S. Paulo” citada no item “a” desta nota enumera muitos desses casos, em retranca de apoio à matéria principal, intitulada “Ações da CGU norteiam as megaoperações da PF”.



f) A revista atribui ao Ministro-Chefe da CGU, afirmação de que este órgão dá “prioridade ao combate da corrupção no varejo”.

A VERDADE: O que foi dito ao repórter foi que nos pequenos municípios o cidadão comum sente mais diretamente os desvios de merenda escolar e medicamentos do que os efeitos dos grandes escândalos ocorridos nos grandes centros (o que é aliás fácil de entender). Não se disse que a CGU prioriza isso ou aquilo, pois ela combate a corrupção com a mesma prioridade, independentemente do tamanho de cada caso.



g) A reportagem da Veja tece considerações absurdas sobre relatório referente a auditoria em projeto de cooperação técnica internacional celebrado entre o Ministério da Integração Nacional e a FAO, no exercício de 2002.

A VERDADE: a eventual ocorrência de divergências entre as equipes de auditoria e as chefias de cada Coordenação, embora não sejam freqüentes, são naturais no processo de homologação dos relatórios. O processo usual é que por meio do debate se tente alcançar o consenso. Quando o consenso não é possível, o importante é que o processo se dê de forma transparente. Ora, a própria reportagem se encarrega de esclarecer que a direção da Secretaria Federal de Controle Interno (unidade da CGU) expressou seu entendimento divergente por escrito e fundamentadamente, tendo ficado também registrado nos autos a opinião dos demais servidores. Neste caso, como em tudo o mais, as coisas se fazem na CGU com plena observância do princípio da transparência.



h) A revista afirma ter havido atrito entre a CGU e a Polícia Federal durante a Operação Navalha, e que a CGU estaria “contribuindo para atrasar o desfecho do trabalho”.

A VERDADE: Isso nunca ocorreu. Prova disso, é que a Subprocuradora-Geral da República encarregada do caso afirmou, por mais de uma vez, que sem os relatórios de CGU não teria sido possível oferecer denúncia contra os acusados. E outra prova é que as punições foram rapidamente aplicadas no caso pela CGU, inclusive a declaração de inidoneidade da principal construtora envolvida.



Como se vê, a realidade é muito diferente do que se lê na revista.

Estes esclarecimentos que fazemos agora não serão encaminhados à Revista, pela simples razão de que ela se recusa a publicar nossas respostas. Contudo, a CGU se sentiu na obrigação de prestá-los, como já dito no início, em respeito aos seus servidores e à opinião pública em geral.







Assessoria de Comunicação Social



Petrobrás acusa Folha de publicar mentiras.






do blog da Petrobras:







Conteúdo nacional: carta à Folha



A Petrobras desmente com veemência matéria publicada com chamada de capa no jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (24/1), sob o título “Petrobras quer reduzir compras no país”. A Petrobras não cogita nem pleiteou ao governo a redução de sua meta de índice conteúdo nacional. A empresa reafirma, da mesma forma que informou à Folha antes da publicação da matéria, que não há atraso no cumprimento das metas, nem qualquer movimentação contrária à sua ampliação.





A Folha de S.Paulo ignorou informações fornecidas pela Petrobras em 21/1, sobre a intensificação de medidas de incentivo, cobrindo áreas estratégicas para as empresas, como tecnologia, finanças e gestão. É mentirosa a informação sobre reuniões entre a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia para discussão destas questões nas últimas semanas.



Com um crescimento de 400% nas contratações no País, a política da Petrobras de participação máxima do mercado nacional na aquisição de bens e serviços no Brasil elevou o conteúdo nacional mínimo de 57%, em 2003, para 77,34%, em 2010. A confiança da Petrobras no mercado supridor nacional e a capacidade de resposta desse mercado permitiram que a parcela nacional das contratações da Companhia registrasse um crescimento constante e acima da meta ao longo dos últimos anos. A política de estímulo à indústria nacional praticada pela Petrobras tem o objetivo de utilizar seu poder de compra para ampliar a competitividade dos fornecedores nacionais.



A empresa tem realizado sistemáticas reuniões com empresários de pequeno, médio e grande porte, com o objetivo de estimular a indústria nacional a desenvolver sua capacidade de fornecimento de produtos, que vão desde parafuso até sondas marítimas.



Em relação à cessão onerosa, dentro do cronograma que vai até 2014, a empresa precisará contratar sondas e outros equipamentos no exterior para cumprir o prazo estabelecido por lei. Isso não significa, de forma alguma, deixar de cumprir as metas estabelecidas. Usar essa informação no contexto da reportagem é, no mínimo, má-fé.









segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Taxista diz que jornal o globo é tendencioso e jornalista se irrita.




A Carteirada



Acabo de sair da 9a. DP…



Uma jornalista do Jornal O Globo entrou em meu táxi e ficou enfurecida ao eu comentar que O Globo estava sendo tendencioso (exatamente esta palavra que utilizei) em relação ao Caso Joanna…



A moça ficou descontrolada…



Mandou eu parar o carro…



Ligou para a redação (falou com alguém chamado Paulo Roberto) dando minha placa e meu nome completo que ela retirou acintosamente do cartão que levo no parabrisa…



Retruquei que daria o troco a tornando famosona na Rede através do meu blog…



Ela disse que eu estava a ameaçando e me conduziria a 9a. DP…



O troço é tão surreal que fiquei com medo dela inventar algo por lá…



Quando entrei na 9a. DP ela desabou a chorar e disse que eu estava a ameaçando…



Ficou todo mundo me olhando achando que eu tinha espancado a mulher…



Eu olhei prá ela e pedi que ela falasse somente a verdade…



Daí ela não inventou mesmo (devo reconhecer que ela não mentiu completamente)…



A moça da recepção pediu seu nome e ela apontou prá mim alegando não falaria seu nome na minha frente para eu não reproduzí-la em meu blog…



A moça do balcão perguntou então como poderia abrir uma solicitação de alguém que não quer dar seu próprio nome…



Ela se identificou como jornalista do Jornal O Globo e que queria falar com o delegado titular…



Imagina, você?!



Alguém entra numa delegacia simplesmente porque alguém não concorda com linha editorial do Globo…



Como os créditos no meu celular estavam acabando fui até uma lotérica para recarregar e liguei para outros jornalistas porque fiquei com medo de ser plantada uma sacanagem já que ela comunicou a redação do Globo…



Ficou parecendo enredo do Scorcese…



Mas, o que mais deixou a senhora jornalista desestabilizada foi quando me alegou isenção completa dos profissionais do Globo que jamais aceitariam qualquer pressão e sugeri que ela na próxima reunião de pauta recomendasse uma matéria longa sobre a grande trajetória de Leonel de Moura Brizola…



Juro que foi somente isto que fez esta moça entrar na 9a. DP para se queixar…



Agora, esta senhora não é a senhorinha do cafezinho ou a moça da limpeza, ela é jornalista mesmo…



Descobri que era jornalista depois que ela desligou o celular onde recomendava retificação do texto sobre os dois irmãos que foram pegos roubando donativos já que ela acabara de se falar com o reitor da UERJ, que era o local que o motorista do caminhão trabalha…



Agora…



Como é que um jornalista intimida um taxista e leva o sujeito prá delegacia já que só de falar em polícia qualquer um treme sabendo que vem pepino por aí?



E se eu fosse um taxista desarticulado e sem noção dos meus direitos e deveres?



Já imaginaram esta moça na época da ditadura caso contrariada por alguém e com esta carteira bacana de quarto poder?



Já estou de saco cheio desta coisa de carteirada abrir portas e reverterem verdades absolutas…



Seria facílimo identificar esta moça e estampar o nome dela por aqui já que ela me colocou numa situação totalmente desnecessária somente para tentar me atemorizar…



Quando retornei da rua o delegado me recebeu no gabinete dele e foi hiper gentil pedindo que eu esquecesse o incidente já que moça estava arrependida depois da dimensão que a coisa tomou…



O delegado permitiu que eu reproduzisse seu nome e eu acabo de esquecer…



Acho que é Mário, mas o restante deu branco…



Até brinquei com o delegado:



- Me conta aqui baixinho o nome da dona prá publicar no meu blog, delegado, por favor…



Dr. Mário riu e disse que não sabia…



Comentei também que me recusei a receber o valor da corrida e joguei os R$ 20,00 de volta para cima do banco traseiro e quando sai do carro percebi que ela havia deixado no assoalho de trás…



Tentei deixar na delegacia as vinte merrecas, mas o pessoal se recusou a ficar com a grana…



Portanto, se a moça quiser o dinheiro de volta basta ligar que deixo na portaria da Irineu Marinho, 30…



Como vocês sabem que não minto nunca, esta é a história do que aconteceu…



Um ou outro detalhe passou batido, mas posso esclarecer se for o caso…



Eu poderia tranquilamente identificar esta senhora em meia hora, não vou fazê-lo…



Agora, é importante que todos saibam que a Internet deu uma dimensão a todos nós que iguala o poder de fogo tanto de quem é anônimo quanto de alguém que acredita que o fato de trabalhar num grande Jornal pode sair por aí levando quem quer que seja para se explicar na delegacia qualquer discussão banal…



Quando ao Caso Joanna, realmente tenho esta impressão que o Globo tem procurado incensar o André Marins e a Vanessa Maia Furtado…



Um episódio marcante do Caso Joanna foi quando o Mais Você da Ana Maria Braga deu ampla divulgação e a Ana Maria foi surpreendida com chamada de capa que dizia que Joanna Marcenal havia morrido simplesmente de meningite…



Aquilo foi uma rasteira que nem o Dr. Frank Perlini, diretor do IML, entendeu…



Apesar de todos indícios periciais apontarem que a causa da meningite foi maus tratos providenciados pelo casal Marins o Globo fala sempre em meningite e ponto…



Os Marins foram infinitamente mais cruéis que os Nardoni e não sofrem a mesma pressão midiática que levou os Nardoni a serem presos desde o primeiro instante…



Não sei, talvez este episódio desagradável nos legue a oportunidade de O Globo repensar e nos ajudar efetivamente a fazer Justiça por Joanna…



Quem sabe?



para conhecer, clique: Jorge Schweitzer



STF oculta nomes em 75% dos novos inquéritos

Por Fernando Augusto Botelho - RJ


Do Último Segundo



STF oculta nomes em 75% dos novos inquéritos



Além de esconder nome de investigados, Corte exige a compra de um certificado digital para a leitura dos processos



Severino Motta, iG Brasília
24/01/2011 07:00



Devido à orientação dada no segundo semestre do ano passado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cesar Peluzo, 75% dos 48 inquéritos que chegaram à Corte desde agosto, quando se reiniciam os trabalhos da Justiça, contam somente com as inicias dos nomes das autoridades investigadas. A medida, que vai na contramão da transparência, impede que o cidadão saiba quais as figuras públicas que estão na mira do judiciário.



O privilégio, concedido a deputados, senadores e outras autoridades em processos que não tramitam sob o segredo de justiça, não se estende aos tribunais inferiores, onde cidadãos comuns seguem sendo identificados por seu nome completo mesmo durante a fase de investigação. Além disso, o STF também adotou desde o ano passado uma outra medida para dificultar o acesso aos autos que lá tramitam.





Antes, estudantes de direito, advogados, jornalistas e cidadãos que se interessavam pela Justiça podiam acessar via internet as chamadas "peças eletrônicas". Na prática, cópias digitais dos inquéritos e processos.



Quem quiser fazer isso hoje tem que se deslocar até a sede do STF em Brasília ou obter um certificado digital para ter o acesso. O certificado, que é um CPF digital, é um serviço pago e oferecido por cerca de 10 empresas no país. Custa, em média, R$ 200 o cartão que vale por um ano e vem com um leitor para que a mídia possa ser inserida no computador.



O STF alega que as medidas não visam prejuicar a transparência da Justiça, mas sim dar mais segurança ao acesso dos dados e permitir que inquéritos que lá chegam, que podem ser transformados em sigilosos, não fiquem expostos à consulta.



Na prática, contudo, há inquéritos que já receberam uma ou mais análises de seus relatores e seguem apresentando somente as iniciais dos nomes, mesmo sem ter tido o segredo de justiça decretado.



Fora os inquéritos, o STF disponibiliza informações completas somente de matérias com notável interesse público, comodas ações de controle concentrado de constitucionalidade e de recursos extraordinários que possam resultar na chamada repercussão geral – quando o caso serve de base para futuros julgamentos.



domingo, 23 de janeiro de 2011

Emir Sader: Prostíbulos do capitalismo


Blog do Emir Sader

Nesses territórios se praticam todos os tipos de atividade econômica que seriam ilegais em outros países, captando e limpando somas milionárias de negócios como o comércio de armamentos, do narcotráfico e de outras atividades similares.



Os paraísos fiscais, que devem somar um total entre 60 e 90 no mundo, são micro-territórios ou Estados com legislações fiscais frouxas ou mesmo inexistentes. Uma das suas características comuns é a prática do recebimento ilimitado e anônimo de capitais. São países que comercializam sua soberania oferecendo um regime legislativo e fiscal favorável aos detentores de capitais, qualquer que seja sua origem. Seu funcionamento é simples: vários bancos recebem dinheiro do mundo inteiro e de qualquer pessoa que, com custos bancários baixos, comparados com as médias praticadas por outros bancos em outros lugares.



Eles têm um papel central no universo das finanças negras, isto é, dos capitais originados de atividades ilícitas e criminosas. Máfias e políticos corruptos são frequentadores assíduos desses territórios. Segundo o FMI, a limpeza de dinheiro representa entre 2 e 5% foi PIB mundial e a metade dos fluxos de capitais internacionais transita ou reside nesses Estados, entre 600 bilhões e 1 trilhão e 500 bilhões de dólares sujos circulam por aí.



O numero de paraísos fiscais explodiu com a desregulamentação financeira promovida pelo neoliberalismo. As inovações tecnológicas e a constante invenção de novos produtos financeiros que escapam a qualquer regulamentação aceleraram esse fenômeno.



Tráfico de armas, empresas de mercenários, droga, prostituição, corrupção, assaltos, sequestros, contrabando, etc., são as fontes que alimentam esses Estados e a mecanismo de limpeza de dinheiro.



Um ministro da economia da Suíça – dos maiores e mais conhecidos paraísos – declarou em uma visita a Paris, defendendo o segredo bancário, chave para esses fenômenos: “Para nós, este reflete uma concepção filosófica da relação entre o Estado e o indivíduo.” E acrescentou que as contas secretas representam 11% do valor agregado bruto criado na Suíça.



Em um país como Liechtenstein, a taxa máxima de imposto sobre a renda é de 18% e o sobre a fortuna inferior a 0,1%. Ele se especializa em abrigar sociedades holdings e as transferências financeiras ou depósitos bancários.



Uma sociedade sem segredo bancário, em que todos soubessem o que cada um ganha – poderia ser chamado de paraíso. Mas é o contrário, porque se trata de paraísos para os capitais ilegais, originários do narcotráfico, do comercio de armamento, da corrupção.



Existem, são conhecidos, quase ninguém tem coragem de defendê-los, mas eles sobrevivem e se expandem, porque são como os prostíbulos – ilegais, mas indispensáveis para a sobrevivência de instituições falidas, que tem nesses espaços os complementos indispensáveis à sua existência.



Blog do Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A quem pertence um jornal?


Por Benoît Hervieu*





O assunto suscitou alguma discussão no Brasil, mas teve pouca repercussão fora do país. É algo a se lamentar, pois levanta questão importante sobre ‘a quem pertence um jornal’. Seria a seus leitores, seus editores ou seus acionistas? A resposta deveria ser óbvia, sobretudo em tempos de Internet e de jornalismo cidadão, quando ninguém mais contesta o fato de que a informação deve pertencer a todos.



No mês de outubro, contudo, o grupo Edson Queiroz – um dos maiores conglomerados empresariais do país –, proprietário do Diário do Nordeste, confrontado com essa questão após a publicação, pelo jornal, de um caderno especial centrado na presença do filósofo e sociólogo Michael Löwy na capital cearense, preferiu ignorá-la. E de que maneira!



Estudioso dos movimentos políticos e sociais, militante de esquerda, Michael Löwy morou muitos anos no Brasil antes de se fixar na França. Em outubro passado, a convite da professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Adelaide Gonçalves, voltou ao país que o viu crescer para uma série de conferências. Na ocasião, os editores do Diário do Nordeste, de Fortaleza, decidiram abrir um amplo espaço em suas páginas para o convidado da UFC, com a produção de um caderno de seis páginas, intitulado “Revoluções ontem e hoje”.



O ambicioso projeto reúne, então, autores diversos, entre nomes de peso, como o próprio Michael Löwy, a professora Adelaide Gonçalves, três outros docentes colegas de Adelaide, e o crítico literário Roberto Schwarz. Para a entrevista, que deverá ocupar papel central no suplemento, o jornal destaca os jornalistas Dalwton Moura e Síria Mapurunga. Acertados os detalhes, fica difícil imaginar que o Diário do Nordeste possa levar adiante tamanha empreitada sem o aval de sua direção. Tudo parece caminhar dentro do habitual procedimento para a produção de reportagens especiais já que o editor chefe Ildefonso Rodrigues dá sinal verde à realização do projeto. O material é publicado no dia 17 de outubro de 2010.



“Subversivo”, “panfletário”, “inoportuno no momento atual”. Temos a impressão de ouvir os censores da época da ditadura militar no Brasil. Os editores do Diário do Nordeste acreditavam possuir liberdade editorial? Ela está equivocada. A publicação do caderno “Revoluções ontem e hoje” e o espaço, de página inteira, concedido a Michael Löwy, não agradam ao grupo Edson Queiroz. Na sede do oligopólio, o evento provoca mal-estar, troca de acusações, antes de partir a ordem para que alguém seja responsabilizado, demitido. O escolhido é Dalwton Moura, culpado de ter conduzido a entrevista com Michael Löwy, a pedido de seus superiores. Se a entrevista não ocupa todas as páginas do caderno, isso pouco importa. Dalwton é demitido sem “justa causa”. Ao anunciar a demissão, o editor-chefe Ildefonso Rodrigues informa a Dalwton de que a publicação do caderno, solicitada por ele mesmo, foi o motivo para o desligamento do jornalista, que trabalhava no Diário do Nordeste havia nove anos, e desde o ano passado como editor do “Caderno 3”, chefiando uma equipe de oito jornalistas.



Sobre Michael Löwy, o editor argumenta que o sociólogo é “subversivo”, “panfletário” e “inoportuno no momento atual” (em que outro momento Michael Löwy poderia ser “oportuno”?). Dalwton deixa o jornal. Neste mês de janeiro, sua colega e co-autora da entrevista, Síria Mapurunga, decide deixar o jornal. No Diário do Nordeste, silêncio sobre o caso. Vamos aos fatos.



Dois jornalistas da redação pagam por um “erro” de seus superiores (que nunca serão questionados), os mesmos superiores que optaram pela publicação do caderno de seis páginas, mesmo quando puderam retirá-lo do jornal e ler tudo que estava para ser publicado. Os editores estão bem conscientes de que a “culpa” não é de seus jornalistas – na verdade, de ninguém –, mas precisam oferecer uma ação “tranquilizadora” aos proprietários do grupo Edson Queiroz, que, por sua vez, nada têm contra os jornalistas, mas que apenas não concordam com as idéias de Michael Löwy. Pode-se objetar ao grupo Edson Queiroz o fato de que dar a palavra a um convidado não significa, de modo algum, que o Diário do Nordeste deva converter-se a suas idéias. Seguindo esta lógica absurda, seria mais “oportuno”, então, que o Diário do Nordeste exercesse um controle rigoroso sobre as opiniões daqueles que entrevista. E, “melhor” ainda, a direção de redação deveria, sem meias medidas, desaparecer para dar lugar aos diretores do grupo Edson Queiroz, que poderiam, dessa forma, decidir o que vai e o que não vai nas páginas de seu jornal. Dessa forma, não haveria chance de “subversão”.



Este episódio, é preciso lembrar, está longe de ser um evento isolado. Menos ainda nesta região do Brasil, onde os políticos e as empresas de comunicação, concentradas em mãos de poucos, não temem o conflito de interesses – e isso mesmo quando um e outro não estão do mesmo lado do balcão. Mas diante da resposta dada pelo grupo Edson Queiroz à nossa pergunta – ‘a quem pertence um jornal?’ (neste caso, unicamente a seus agentes financeiros) –, a liberdade editorial e o direito do trabalho foram jogados no lixo. Deixados à margem do assunto, os jornalistas e leitores do Diário do Nordeste devem esquecer para que servem, em primeiro lugar, os meios de comunicação: um espaço de debate democrático e plural.



* Chefe da seção “Américas” de Repórteres Sem Fronteiras



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