quinta-feira, 3 de março de 2011

Tratamento dado a Gal Elito pelo governo Dilma foi um a Emir Sader outro.

Do blog do Eduardo Guimarães.


O Estado de São Paulo foi fundado em 1875; a Folha de São Paulo, em 1921; O Globo, em 1925; a Editora Abril, em 1950. Esses veículos são coração, cérebro e pulmões da imprensa golpista que finalmente reconheceu que deixou de ser imprensa para se transformar em partido político ao conspirar para estuprar a vontade do povo e implantar a ditadura militar no país.



Esses veículos sobreviveram a todos os governos. Algumas vezes, como na era Lula, perderam o poder de influir nos rumos do país. Dos que ousaram enfrentá-los, só Lula saiu incólume. Getúlio Vargas, por exemplo, foi levado ao suicídio por aquilo que o antecessor direto de Dilma Rousseff suportou estoicamente, uma artilharia incessante e sem limites que chegou a acusá-lo de ter “tentado estuprar” um adolescente e de ser “assassino”.



Não é exagero dizer, portanto, que essas quatro famílias midiáticas sempre estiveram acima das instituições e da própria sociedade. Chegamos a esse ponto porque todos os governos que se submeteram a elas encheram-nas de dinheiro público. Ou alguém acha que Globo, Folha, Veja e Estadão não receberam bilhões de dólares da ditadura que ajudaram a estabelecer e à qual deram apoio quase até o final de seus vinte anos de duração?



Vamos descobrindo, agora, que não havia divergência programática com Lula e que o ódio das famílias midiáticas se deveu apenas ao fato de que ele as enfrentava, dando seguidas declarações de que não se submeteria a elas, nunca tendo tido que almoçar com elas, prestigiá-las ou permitir, por exemplo, que indicassem pessoas para cargos importantes.



O caso de Emir Sader é emblemático no sentido de que é através da chantagem, da venda de “proteção” pseudo “jornalística” a governos que essas famílias se mantêm acima das instituições e da sociedade através dessas tantas décadas – e até século – em que mandam no Brasil.



A desculpa usada para contentar a mídia demitindo Sader, é fraquíssima. Ninguém sabe direito em que contexto ele deu a tal declaração sobre “autismo” da ministra Ana de Hollanda. Com a história que tem, poderia ter sido chamado a uma reunião e convencido a se retratar publicamente. Isso foi feito? Alguém pode dizer que Sader se recusou a fazê-lo? Aliás, vale perguntar se ele sabia que a declaração que deu seria publicada, se não foi enganado.



Até poderia concordar com sua demissão se essa questão fosse esclarecida, mas, pelo que sei, ele nem foi ouvido. Deram-me até uma informação, ainda não confirmada, de que tentou se explicar e não lhe deram chance.



E mesmo que tenha sido dada a Sader a chance de se explicar e de recuar publicamente e ele tenha se negado – o que parece pouco provável que tenha acontecido porque ele já declarou que não foi bem assim, o que quis dizer –, expô-lo à execração pública de ser atacado até pelo Jornal Nacional é um crime contra a história do intelectual. Poderiam ter deixado que pedisse demissão.



Em geral, funcionários eminentes de governos recebem o benefício de pedir demissão para não aparecerem na mídia como demitidos. Até a Erenice Guerra, que se envolveu em suposta corrupção, foi dada essa chance. Demitir Sader pela imprensa, está claro que serviu à sanha vingativa da mídia sua inimiga.



Não vou nem aludir à Máfia americana, quando vende proteção. A imprensa golpista equipara-se às milícias dos morros cariocas que fazem justiçamentos cobrando proteção da comunidade. E quando digo cobrando, é em dinheiro mesmo. Ela cobra, aliás, bem mais, como todo justiceiro. Cobra poder. E, como se vê, consegue. Cedo ou tarde.

A Globo e um golpe no futebol brasileiro

por Gésio Passos*, do Intervozes






De braços dados com o poder, na época dos generaisFevereiro de 2011. Este mês será lembrado como marco do retrocesso do futebol brasileiro. Será mais um símbolo da força que a Rede Globo exerce sobre o povo brasileiro. E poderia não ser dessa maneira. Se o futebol brasileiro fosse tocado por pessoas sérias, fevereiro de 2011 poderia simbolizar a guinada ao primeiro mundo do futebol. A capitalização do futebol pelos recursos da disputa pelo direito de transmissão do Campeonato Brasileiro significaria um novo período de bonança para os clubes de futebol: manutenção e retornos dos craques, atração de estrangeiros (principalmente dos craques latinos), a internacionalização do nosso futebol e a concorrência contra os gigantes clubes europeus. Isso tudo viria da organização do futebol brasileiro para seu desenvolvimento.



E é claro que vale ressaltar que isso só poderia ser possível depois que o Estado brasileiro impediu a continuidade do monopólio das transmissões de futebol. No final do ano passado, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica – órgão responsável por coibir abusos de poder econômico) acabou com a exclusividade da Globo sobre o contrato de transmissão dos jogos, obrigando o Clubes do 13 a abrir uma concorrência pública para os direitos de transmissão nas mais diversas mídias. Tudo caminhava de maneira bem transparente, os clubes prepararam um edital, ouviram os interessados e esperavam arrecadar uma soma bilionária para os campeonatos de 2012 à 2014. Mas as coisas não seriam tão simples. A Rede Globo não aceita que seus interesses sejam contrariados, nunca aceitou. E isso não é só no esporte, é na política, na economia, na cultura nacional. Em conluio com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), ela acaba de destruir o Clube dos 13. Agindo nas sombras, sabe-se lá com quais metodos de “convencimento”, a Globo impediu que a “união dos grandes clubes brasileiros” pudesse democraticamente promover a concorrência e a livre negociação do seu maior produto, o Campeonato Brasileiro.



Um pouco de história



A Globo não aceita perder sua influência na vida dos brasileiros. A Rede Globo rejeita a democracia, rejeita a legalidade, rejeita os interesses públicos. E isso não é de hoje. É bom nesse momento recordar a forma com que a Globo construiu seu império midiático. A Globo só chega hoje onde ela chega, com seu “padrão de qualidade”, influenciando a vida de todos os brasileiros, porque ela se aproveitou de todas as benesses de quem teve o poder no Brasil. A Globo só deixou de ser um grupo pequeno carioca (com um jornal e uma rádio) para se agigantar com a ditadura militar. De forma ilegal, ela se aliou ao grupo americano Time Life para a construção da TV Globo em 1962, com um aporte de 6 milhões de dólares (até 2002, era proibida a presença de capital internacional nas empresas de comunicação brasileiras). Depois de descoberta a maracutaia, a Globo desfez o acordo, mas já era tarde para a concorrência. Com o apoio dos militares, a Globo fez parte do projeto de integração nacional pelas telecomunicações, construindo a sua rede nacional de emissoras e chegando a todo país. A Globo foi um dos pilares para os 20 anos de ditadura militar no Brasil.



No processo de redemocratização do país, a Rede Globo só “abraçou” a mobilização popular quando a queda dos militares era iminente. A emissora não cobriu as diversas mobilizações pelas “diretas já”, chegando até o clássico caso do comício que reuniu milhões na Praça da Sé, em São Paulo, e a Globo noticiou que estava acontecendo uma comemoração do aniversário da cidade, enquanto os outros canais entravam com flash ao vivo das manifestações. Este foi um dos motivos da existência da palavra de ordem “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Isso sem contar outros casos como a manipulação do debate entre Lula e Collor em 1989, o apoio às privatizações e ao governo FHC e o ataque sistemático ao governo Lula. Além disso a Globo nega e impede qualquer proposta de regulação pública e debate público sobre as comunicações no país. Ela agiu contra a criação da Ancinav (agência que regularia o audiovisual brasileiro) em 2004, se negou a participar da Conferência Nacional de Comunicação e rejeita qualquer mudança na caduca legislação do setor. E assim a Globo mostra como ainda é uma das instituições mais poderosas do país. Apesar de que ao longo dos anos ela vem perdendo sua audiência e a influência na população brasileira.



A desmoralização das instituições



Hoje a Rede Globo está em confronto aberto com a Rede Record e seu mantenedor, o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. A Globo ainda se vê cada vez mais acuada pela convergência das mídias, com as jamantas das empresas de telecomunicações avançando pela TV por assinatura, internet e distribuição de conteúdos. E, nesse cenário, porque ela iria respeitar uma determinação antimonopolista do Cade?



Para a Globo, a lei, a regulação, o interesse público sempre foram detalhes a serem esquecidos. E a atual disputa pelos direitos de transmissão é um caso notório. A Globo e o Clube dos 13 assinaram um Termo de Compromisso de Cessação em outubro de 2010 concordando com o fim da preferência na compra do campeonato e a venda separada por mídias. O Clube dos 13 cumpriu sua obrigação, mas a Globo não. Ela preferiu, à sua maneira corriqueira de agir, com um golpe. E sem nenhum constrangimento. Em nota oficial, a Globo afirma que é contra o edital do Clube dos 13, alegando que a existência da concorrência entre as emissoras e a separação do edital por mídia (TV aberta, TV por assinatura, PPV, internet, celular) inviabilizaria seu modelo de negócio. A Globo ainda publicou anúncios em todo país afirmando que está agindo em respeito ao torcedor. Ela desmoraliza o acordo com o Estado brasileiro e ainda tripudia da população.



Mas a emissora da família Marinho não aceita perder o jogo. Sua jogada é simples, rachar o Clube dos 13 e negociar individualmente com os clubes, em uma clara tentativa de manobra do acordo com o Cade. Corinthians, Flamengo, Botafogo, Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Coritiba, Grêmio e Palmeiras e Santos já se submeteram ao poder Global e anunciaram não aceitar as negociação realizada pelo Clube dos 13. Apenas São Paulo, Atlético Mineiro, Internacional resistem até a abertura dos envelopes dos editais, em 11 de março. Em reunião com o presidente do Clube dos 13, nesta última terça-feira, o presidente do Cade, Fernando Furlan, disse que um provavél acordo entre os clubes e a emissora poderá ser alvo de um outro processo no órgão. Enquanto isto, Fábio Koff, presidente do Clube dos 13 ainda insiste em dizer que a entidade ainda tem a prerrogativa de negociar os direitos de transmissão de seus associados. Oficialmente, apenas o Corinthians confirmou sua retirada do C13. A desmoralização do futebol brasileiro segue em ritmo acelerado.



*Gésio Passos é jornalista e militante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.





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Pastor Picareta Condiciona Bençãos a Fiéis Mediante o Pagamento de Ofertas.

Segundo o colunista da IstoÉ, Ricardo Boechat, o pastor Silas Malafaia estaria se referindo aos gastos com novo templo em Araruama (RJ).






O pastor Silas Malafaia (foto), 52, durante um culto em Araruama (RJ) no dia 16 de fevereiro, lembrou que no templo em que estavam tinha custado R$ 600 mil e em seguida disse: “Quem não der oferta, tudo bem. Mas não sairá daqui abençoado”. Entendendo que a bênção vem Deus, muitos fiéis se retiraram imediatamente da igreja.







Malafaia é da Igreja Assembleia de Deus, da subdenominação Vitória em Cristo, criada por ele e apoiou fervorosamente o candidato José Serra , na sua desastrosa campanha eleitoral. Esperava com esse gesto, ganhar um canal de TV, caso o tucano saísse vencedor.





Araruama é uma cidade de 112 mil habitantes do litoral fluminense a 108 km do Rio. Com 450 cadeiras, a igreja ali da Vitória em Cristo foi inaugurada no dia 18 dezembro de 2010. Ela é mais uma das 1.000 que o pastor planejou inaugurar nos próximos anos.





Malafaia faz parte de uma minoria entre os evangélicos que possui curso superior. Ele se formou em psicologia, mas se distingue por um estilo direto e ríspido, como casca de abacaxi. Ou “franco”, como afirmam seus admiradores.





É um estilo bem diferente, por exemplo, do apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial, que, tendo estudado até o quinto ano do ensino fundamental, tem sido sutil e criativo na abordagem aos fiéis, como no caso da invenção do trízimo – 10% da Deus, 10% para Jesus e 10% para o Espírito Santo.