terça-feira, 12 de abril de 2011

Você sabia que os E.U.A ja tiveram e ainda mantêm ligações íntimas com al kaeda?

O "nosso homem em Tripoli":


Oposição líbia inclui terroristas islâmicos

por Michel Chossudovsky

Há várias facções no interior da oposição líbia: Monárquicos, desertores do regime Kadafi incluindo o ministro da Justiça e mais recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros Moussa Koussa, membros das Forças Armadas Líbia, a Frente Nacional para a Salvação da Líbia (NFSL na sigla em inglês), a Conferência Nacional para a Oposição Líbia (NCLO na sigla em inglês) a qual actua como uma organização superior.



Raramente reconhecido pelos media ocidentais, a Al-Jamaa al-Islamiyyah al-Muqatilah bi Libya, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (Libya Islamic Fighting Group, LIFG) é parte integral da oposição líbia.



O Conselho Interino Líbio (Libyan Interim Council) não constitui uma entidade claramente definida. É baseado na representação de conselhos locais recém criados estabelecidos para "administrar a vida diária nas cidades e aldeias libertadas)". ( The Libyan Interim National Council" The Council's statement )



As forças de oposição são em grande parte constituídas por milícias civis não treinadas, antigos das Forças Armadas Líbias juntamente com paramilitares treinados do Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG).



O LIFG, o qual está alinhado com a Al Qaeda está, segundo relatórios, na linha de frente da insurreição armada.



Tanto o LIFG como entidade como os seus membros individuais são classificados pelo Conselho de Segurança da ONU como terroristas. Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA: "O Grupo de Combate Islâmico da Líbia ameaça a segurança global e a estabilidade através da utilização da violência e da sua aliança ideológica com a Al Qaida e outras organizações terroristas brutais" ( Treasury Designates UK-Based Individuals, Entities Financing Al Qaida -Affiliated Libyan Islamic Fighting Group - US Fed News Service , February 8, 2006)



Os conceitos estão invertidos. Tanto Washington como a NATO, que afirmam estarem a travar "uma Guerra ao Terrorismo" estão a apoiar um "movimento pró democracia" integrado por membros de uma organização terrorista.



Numa ironia cruel, Washington e a Aliança Atlântica estão a actuar em desobediência às suas próprias leis e regulamentos anti-terroristas.



Além disso, o apoio sob a "Responsabilidade de proteger" ("Responsibility to Protect", R2P) forças de oposição integradas por terroristas é implementado de acordo com a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, o qual está a violar flagrantemente a Resolução 1267 do próprio CSONU. Este último identifica o Al-Jama'a al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG) como uma organização terrorista.



Por outras palavras, o Conselho de Segurança da ONU está em flagrante violação não só da Carta das Nações Unidos como das suas próprias resoluções. ( The Al-Qaida and Taliban Sanctions Committee - 1267 ).



A rede Al Qaeda como instrumento de intervenção dos EUA-NATO



Amplamente documentada, a "Jihad islâmica" foi apoiada encobertamente pela CIA desde o desencadeamento da guerra soviético-afegã. (Ver Michel Chossudovsky, America's War on Terrorism, Global Research, Montreal, 2005). A Central Intelligence Agency (CIA) utilizando a Inter-Services Intelligence (ISI) dos militares do Paquistão desempenhou um papel chave no treino dos Mujahideen. Por sua vez, o treino de guerrilha patrocinado pela CIA foi integrado com os ensinamentos do Islão:



"Em Março de 1985, o presidente Reagan assinou a Decisão Directiva de Segurança Nacional 166, ... [a qual] autoriza um avanço na ajuda militar encoberta ao Mujahideen e deixava claro que a guerra secreta afegã tinha um novo objectivo: derrotar as tropas soviéticas no Afeganistão através da acção encoberta e encorajar a sua retirada. A nova assistência encoberta dos EUA começou com um aumento dramático nos fornecimentos de armas – uma ascensão firme para 65 mil toneladas anuais em 1987, ... bem como um "fluxo incessante" de especialistas da CIA e do Pentágono que viajavam para a sede secreta do ISI do Paquistão na estrada principal próxima a Rawalpindi, Paquistão. Ali os especialistas da CIA encontravam-se com oficiais da inteligência paquistanesa a fim de ajudar a planear operações para os rebeldes afegãos". (Steve Coll, Washington Post, July 19, 1992).



Origens históricas do Libya Islamic Fighting Group (LIFG)



O Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG), Al-Jama'a al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya foi fundado no Afeganistão pelo mujahideens veteranos líbios da guerra afegã contra os soviéticos.



Desde o início, na primeira metade da década de 1990, o LIFG desempenhou o papel de um "activo de inteligência" por conta da CIA e do serviço secreto de inteligência britânico, MI6. Arrancando em 1995, o LIFG esteve envolvido activamente numa Jihad islâmica contra o regime leigo líbio, incluindo uma tentativa de assassínio de Muamar Kadafi em 1996.



"O antigo operacional do MI5, David Shayler, revelou que enquanto estava a trabalhar sobre a secção da Líbia em meados da década de 1990, pessoal do serviço secreto britânico colaborou com o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG), o qual está conectado da um dos lugares-tenentes de confiança de Osama bin Laden. O LIFG é agora considerado um grupo terrorista no Reino Unido". (Gerald A. Perreira, British Intelligence Worked with Al Qaeda to Kill Qaddafi, http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23957 Global Research, March 25 2011, sublinhado nosso)



Ataque terroristas em estilo guerrilha foram rotineiramente efectuados contra forças de segurança, polícia e pessoal militar do governo líbio:



"Choques violentos entre forças de segurança (de Kadafi) e guerrilhas islâmicas irromperam em Bengazi em Setembro de 1995, deixando dezenas de mortos em ambos os lados. Após semanas de combate intenso, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG) declarou formalmente a sua existência num comunicado em que chamava o governo de Kadafi de "regime apóstata que blasfemou contra a fé de Deus Poderoso" e declarava que o seu derrube era "o mais premente dever após a fé em Deus". Este e os seguintes comunicados da LIFG foram emitidos por afegãos líbios aos quais fora concedido asilo político na Grã-Bretanha... O envolvimento do governo britânico na campanha do LIFG contra Kadafi permanece assunto de imensa controvérsia. A grande operação seguinte do LIFG, uma tentativa de assassinato de Kadafi em Fevereiro de 1996 que matou vários dos seus guarda-costas, foi dito posteriormente que fora financiada pela inteligência britânica ao custo considerável de US$160 mil, segundo o ex-oficial do MI5 David Shayler. Se bem que as alegações de Shayler não tenham sido confirmadas independentemente, é claro que a Grã-Bretanha permitiu ao LIFG desenvolver uma base de apoio logístico e levantamento de fundos no seu território. De qualquer modo, o financiamento por bin Laden parece ter sido muito mais importante. Segundo um relatório, o LIFG recebeu mais de US$50 mil do mentor terrorista saudita por cada um do seus militantes mortos no campo de batalha ". [2005] (Citado em Peter Dale Scott, Who are the Libyan Freedom Fighters and Their Patrons? Global Research, March 2011, sublinhados nossos).



Há informações contraditórios sobre se o LIFG é parte da Al Qaeda ou está a actuar como uma entidade jihadista independente. Um relatório sugere que em 2007 o LIFG tornou-se "uma subsidiária da Al Qaeda, assumindo posteriormente o nome de Al Qaeda no Maghreb Islâmico (Al Qaeda in the Islamic Maghreb, AQIM). (Ver Webster Tarpley The CIA's Libya Rebels: The Same Terrorists who Killed US, NATO Troops in Iraq , Global Research, March 2011)



Continuidade nas operações de inteligência dos EUA e aliados: Operacionais da Al Qaeda na Jugoslávia



Desde a guerra soviético-afegã, a rede Al Qaeda tem servido como um "activo de inteligência" para a CIA. Como confirmado por um documento de 1997 do Senado dos EUA, operacionais da Al Qaeda foram utilizados pela administração Clinton para canalizar apoio para o Exército Muçulmano Bósnio no princípio da década de 1990. US Senate, Republican Party Committee, Clinton-Approved Iranian Arms Transfers Help Turn Bosnia into Militant Islamic Base, http://rpc.senate.gov/releases/1997/iran.htm , 1998)



O Exército de Libertação do Kosovo (KLA na sigla em inglês), o qual foi apoiado pela NATO, desenvolveu laços extensos com a rede de terror islâmico. ( US Senate, Republican Party Committee, The Clinton Administration Sets Course for NATO Intervention in Kosovo, 1998, http://rpc.senate.gov/releases/1998/kosovo.htm , Ver também Michel Chossudovsky, America's "War on Terrorism" , Global Research, Montreal, 2005)



A Al Qaeda na Jugoslávia serviu como um activo de inteligência no contexto da "guerra humanitária" da NATO. Organizações terroristas foram encobertamente apoiadas e financiadas. A intervenção da NATO chegou para resgatar o Exército de Libertação do Kosovo (KLA) o qual era apoiado por operacionais da Al Qaeda. (US Republican Party Committee documents, op cit)



Isto faz parte do padrão EUA-NATO: Apoiar uma insurreição integrada por terroristas tendo em vista justificar intervenção com argumentos humanitários para "salvar as vidas de civis".



Esta foi a justificação da NATO para intervir na Bósnia e no Kosovo. Que lições extrair para a Líbia?



Antigo chefe da inteligência líbia, Moussa Koussa, deserta para o Reino Unido



O LIFG era apoiado não só pela CIA e pelo serviços de inteligência britânico (MI6) como também por facções dentro da agência de inteligência da Líbia, chefiada pelo antigo responsável de inteligência e ministro dos Negócios Estrangeiros, Moussa Koussa, que desertou para o Reino Unido no fim de Março de 2011.



Em Outubro de 2001 o chefe da inteligência líbia Moussa Koussa encontrou-se com o secretário de Estado assistente dos EUA William J. Burns. O encontro Koussa-Burns foi de importância crucial. Estiveram presentes nas reuniões responsáveis superiores da CIA e do MI6 incluindo sir John Scarlett que naquele tempo (Outubro 2001) era o chefe do Joint Intelligence Committee (JIC) do gabinete, subordinado directamente ao primeiro-ministro Tony Blair. O JIC supervisiona em nome do governo britânico o estabelecimento de prioridades para o MI6, MI5 e Defense Intelligence.



Nosso homem em Tripoli, Moussa Koussa, devia desempenhar o papel de um agente duplo. Em reuniões secretas com sir John Scarlett acordou-se que "um agente britânico podia operar em Tripoli". ( Libya defector Moussa Koussa was an MI6 double agent , Sunday Express, April 3, 2011)



O desenvolvimento do LIFG como um movimento paramilitar jihadista bem como a sua integração nas forças de oposição anti-Kadafi revela um relacionamento directo com o papel central desempenhado pelo agente duplo Moussa Koussa, o qual foi instrumental no estabelecimento de estreitos laços bilaterais com a CIA e o MI6.



A este respeito, a deserção de Moussa Koussa no fim de Março tem toda a aparência de uma operação cuidadosamente encenada. De um modo inabitual, o acordo foi negociado com o governo britânico através da intermediação de um antigo líder do LIFG, organização terrorista relacionada com a Al Qaeda, que agora está a trabalhar com uma fundação de direitos humanos com sede em Londres:



Noman Benotman, amigo do ministro líbio dos Negócios Estrangeiros Moussa Koussa, contou à BBC como ajudou a organizar a sua deserção do regime Kadafi.



O sr. Benotman foi líder do Libyan Islamic Fighting Group mas agora trabalha para o think tank contra-extremista da Quilliam Foundation .



Ele disse acreditar que o sr. Koussa estaria a negociar com o governo britânico e era muito cooperativo quanto a inteligência.



Gordon Corera da BBC acrescentou que o governo britânico estava num dilema sobre como tratar o sr. Koussa devido aos seus antecedentes como chefe da inteligência líbia.



O sr. Benotman contou no BBC Breakfast como ajudou Koussa a desertar e como costumavam ser rivais. ( BBC Breakfast April 1, 2011, sublinhado nosso)



Ironicamente, Benotman foi recrutado como Mujahideen para combater na guerra soviético-afegã. Ele foi um dos fundados do LIFG no Afeganistão. Centrando-se em questões de "contra-extremismo", Benotman é actualmente analista sénior na Quilliam Foundation. Suas responsabilidades actuais incluem estender a mão "para actuais e antigos extremistas e utilizar a Quilliam como uma plataforma a partir da qual partilha seu conhecimento interno da Al-Qaeda e outros grupos jihadistas junto a uma audiência mais vasta".



O programa de contra-terrorismo da CIA



Os laços bilaterais estabelecidos em Outubro de 2001 entre a CIA-MI6 e a inteligência líbia proporcionaram às agências de inteligência ocidentais acesso directo e vigilância dentro da Líbia, através dos seus colegas pró EUA na agência de inteligência dirigida por Moussa Koussa. Este acordo permitiu à inteligência ocidental infiltrar efectivamente a Agência de Inteligência Líbia a qual estava sob o comando de um agente duplo do MI6.



Segundo o Departamento de Estado num relatório de 2008, o governo líbio "continuou a cooperar com os Estados Unidos e a comunidade internacional para combater o terrorismo e o financiamento terrorista". "U.S. officials hope to extend counterterrorism assistance to Libya during FY2010 and FY2011...." (Ver Christopher M. Blanchard Libya: Background and U.S. Relations , US Congress Research Service, July 16, 2010)



Em 2009 a inteligência líbia estabeleceu um programa conjunto de contra-terrorismo através do qual responsáveis da inteligência líbia receberiam treino da CIA em contra-terrorismo. Este programa fazia parte de um acordo negociado por Moussa Koussa com a CIA. Em teoria pretendia-se desmantelar o LIFG com a ajuda da CIA. Ter em consideração a ambiguidade do "contra-terrorismo" da CIA. O lançamento do LIFG no Afeganistão no princípio da década de 1990 fazia parte de um projecto da CIA de criar um exército líbio a partir da sua rede Al Qaeda.



Também em 2009, os líderes aprisionados do Libyan Islamic Fighting Group (LIFG) alegadamente renunciaram à sua luta armada travada contra o regime Kadafi num acordo alcançado com responsáveis da segurança líbia. ( New jihad code threatens al Qaeda , CNN, November 2009)



Qual era o papel do programa de contra-terrorismo EUA-Líbia na perspectiva de Washington?



Oficialmente, era identificar membros do LIFG e desmantelar o LIFG como organização. Na prática, a operação conduzida pelos EUA na Líbia, incluindo treino sob os auspícios da CIA, proporcionava à agência uma cortina de fumo conveniente para efectuar operações de inteligência dentro da Líbia. Por um lado o programa de treino permitiu à CIA infiltrar e adquirir interlocutores confiáveis dentro da inteligência líbia.



Também permitiu à Agência, em conjunto com o serviço secreto de inteligência britânico (MI6), proporcionar realmente apoio encoberto ao LIFG na expectativa da insurreição armada de Março de 2011.



Os media sugerem que o LIFG foi desmantelado (a seguir à implementação do programa de contra-terrorismo patrocinado pela CIA). Não há prova disso. O LIFG permanece na lista de terroristas (actualizada até 24/Março/2011) do Conselho de Segurança das Nações Unidas:



QE.L.11.01. Name: LIBYAN ISLAMIC FIGHTING GROUP



Name (original script):



A.k.a.: LIFG F.k.a.: na Address: na Listed on: 6 Oct. 2001 (amended on 5 Mar. 2009)



Other information: Review pursuant to Security Council resolution 1822 (2008) was concluded on 21 Jun. 2010



United Nations Security Council: Consolidated List established and maintained by the 1267 Committee with respect to Al-Qaida, Usama bin Laden, and the Taliban and other individuals, groups, undertakings and entities associated with them (updated March 24, 2011)



(p. 70, http://www.un.org/sc/committees/1267/pdf/consolidatedlist.pdf , De acordo com as regras do CSONU, organizações terroristas desmanteladas são removidas da lista em conformidade com um procedimento de deslistagem. O LIFG não foi removida da lista)



Armas e apoio encoberto a rebeldes do LIFG



Há indicações de que a CIA e MI6 continuam a proporcionar apoio encoberto ao LIFG, o qual agora constitui a linha de frente da insurreição armada contra o regime Kadafi.



Hakim al-Hasidi, o líder rebelde líbio, disse que jihadistas que combateram contra tropas aliadas no Iraque estão na linha de frente da batalha contra o regime de Muammar Kadafi.



... O sr. al-Hasidi insistiu em que os seus combatentes "são patriotas e bons muçulmanos, não terroristas", mas acrescentou que os "membros da al-Qaeda também são bons muçulmanos e estão a combater contra o invasor". (Libyan rebel commander admits his fighters have al-Qaeda links, Daily Telegraph, March 25, 2011, italics added)



Abdul Hakim Al-Hasadi é o líder do LIFG que recebeu treino militar num campo de guerrilha no Afeganistão. Ele é o chefe de segurança das forças de oposição num dos territórios mantidos pelos rebeldes, com cerca de 1000 homens sob o seu comando. ( Libyan rebels at pains to distance themselves from extremists - The Globe and Mail" , March 12, 2011)



Estão a ser canalizadas armas para o LIFG a partir da Arábia Saudita, a qual historicamente, desde o início da guerra soviético-afegã, apoiou a jihad islâmica. Os sauditas estão agora a abastecer os rebeldes, em ligação com Washington e Bruxelas, com rockets anti-tanque e mísseis terra-ar.



Desinformação dos media: Terroristas islâmicos aderem ao Movimento Pró Democracia "a título pessoal"



O almirante James Stavridis, Comandante Supremo dos Aliados da NATO na Europa, reconheceu tacitamente que a "inteligência americana havia detectado "lampejos" de actividade terrorista entre os grupos rebeldes". "Muito alarmante"... Mas não estamos a tratar de "lampejos". Os combatentes do LIFG constituem o esqueleto da insurreição armada.



Os media ocidentais também exprimiram preocupação, se bem que insistindo em que os jihadistas são "antigos" membros do LIFG que aderiram à luta armada "a título pessoal" e não como membros da organização terrorista. Conforme Benotman numa entrevista à CNN:



... Dúzias de antigos combatentes do LIFG aderiram agora aos esforços rebeldes para derrubar Kadafi, mas asseverou que fizeram-no a título pessoal e não como grupo organizado.



Alguns responsáveis ocidentais em contra-terrorismo preocupam-se em que uma guerra civil prolongada na Líbia possa abrir espaço para a Al Qaeda. Governos e ONGs têm de ser rápidas, afirma Benotman, em ajudar a desenvolver educação, cuidados de saúde e instituições democráticas em áreas mantidas pelos rebeldes. (Paul Cruickshank e Tim Lister, Libyan civil war: An opening for al Qaeda and jihad? CNN , March 23, 2011)



Uma organização terrorista relacionada com a Al Qaeda integra o movimento pró democracia líbio? Desde quando terroristas actuam como indivíduos "a título pessoal"?



Mas o LIFG como entidade e também os seus membros individuais são classificados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas como terroristas de acordo com a Resolução 1267 do CSON. ( The Al-Qaida and Taliban Sanctions Committee - 1267 )



"Nosso homem em Tripoli"



Antigo chefe da inteligência líbia, Moussa Koussa desempenhou um papel na canalização de apoio encoberto ao LIFG por conta dos seus colegas dos serviços de inteligência ocidentais.



O ex-director da CIA George Tenet, se bem que sem se referir explicitamente ao "Nosso homem em Tripoli", reconheceu na sua autobiografia de 2007 que "o relaxamento de tensões com a Líbia [foi] um dos maiores êxitos do seu mandato, pois levou à cooperação entre as duas agências de espionagem contra a al-Qaeda". (citado em Intelligence Partnership between Qadhafi and the CIA on counter-terrorism , op cit)



Moussa Koussa era o "Nosso homem em Tripoli". As circunstâncias da sua deserção, bem como o historial da sua colaboração com a CIA e o MI6, sugerem que, pelo menos durante os últimos dez anos, ele esteve a servir interesses dos EUA e aliados, incluindo o planeamento da insurreição armada "pró democracia" na Líbia Oriental.



Já não deveria haver dúvida: A aliança militar ocidental está a apoiar uma rebelião integrada por terroristas islâmicos em nome da "guerra ao terrorismo".



Quem são os terroristas? Numa torção amarga, enquanto a jihad islâmica é caracterizada pela administração dos EUA como "uma ameaça à civilização ocidental", estas mesmas organizações islâmicas, incluindo o Libya Islamica Fighting Group (LIFG) constitui um instrumento chave das operações militares e de inteligência dos EUA na Ásia Central, no Médio Oriente e no Norte de África, sem mencionar as repúblicas islâmicas da antiga União Soviética.





03/Abril/2011

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=24096



Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .



Reminiscências de minha vida - 12-04-2011

Gaddafi - Direto e sem censura






Muamar Gaddafi





Reminiscências de minha vida - 12-04-2011



Muamar GaddafiInformation Clearing House



Em nome de Alah, o benevolente, o misericordioso...



Durante 40 anos ou mais, não o recordo, fiz tudo o possível para dar às pessoas casas, hospitais, escolas e, quando tinham fome, lhes dei alimento. Transformei Bengasi em terra cultivável a partir do deserto. Resisti aos ataques do cowboy Reagan, quando matou minha filha órfã adotada, queria matar a mim; em meu lugar matou uma pobre menina inocente. Também ajudei meus irmãos e irmãs africanos com dinheiro para a União Africana, fiz tudo o que podia para ajudar as pessoas a compreenderem o conceito da verdadeira democracia, na qual os comitês populares dirigiam nosso país. Porém nunca foi suficiente, como alguns me disseram, nunca ficavam satisfeitas, tão egoístas que queriam mais, e disseram aos estadunidenses e a outros visitantes que necessitavam “democracia” e “liberdade”, sem dar-se conta jamais de que é um sistema desalmado, no qual o cachorro maior como o resto, porém, lhes encantavam essas palavras, sem perceber que nos EEUU não existem remédios gratuitos, nem hospitais gratuitos, nem habitações gratuitas, nem educação gratuita, nem alimentos gratuitos, exceto quando as pessoas imploram e fazem longas filas para conseguir uma sopa. Não, não importa o que construí, nunca foi suficiente para alguns, porém para outros... Sabiam que eu era filho de Gamal Abdel Nasser, o único e verdadeiro líder árabe e muçulmano que tivemos desde Saladino, quando reivindicou o Canal de Suez para seu povo, como eu reivindiquei a Líbia para meu povo; foram seus passos que segui para manter livre o meu povo da dominação colonial - dos ladrões que queriam nos roubar.



Agora sou atacado com a maior força da história militar. Meu filho africano, Obama, quer me matar, arrebatar a liberdade de nosso país, destruir nossas habitações gratuitas, nossa medicina gratuita, nossa educação gratuita, nossos alimentos gratuitos e substituir por furto ao estilo estadunidense, chamado "capitalismo", porém todos nós no Terceiro Mundo sabemos o que isso significa: significa que as corporações dirigem os países, dirigem o mundo, e as pessoas sofrem. Portanto, não me resta alternativa, tenho que resistir, e se Alah o quer, morrerei seguindo seu caminho, o caminho que enriqueceu nosso país com terra cultivável, alimentos e saúde e, inclusive, nos permitiu ajudar nossos irmãos e irmãs africanas e árabes a trabalhar aqui conosco, em Jamahiriya Líbia.



Não desejo morrer, porém se isso ocorrer, para salvar este país, meu povo, e todos os milhões que são meus filhos, que assim seja.



Que este testamento seja minha voz diante do mundo: que combati contra os ataques de cruzados da OTAN; combati contra a crueldade, combati contra a traição, combati contra o Ocidente e suas ambições colonialistas, e que permaneci junto aos meus irmãos africanos, meus genuínos irmãos árabes e muçulmanos, como um fanal de luz, quando outros estavam construindo castelos. Vivi em uma casa modesta e em uma tenda de campanha. Nunca esqueci minha juventude em Sirte, não gastei loucamente nosso tesouro nacional, e como Saladino, nosso grande líder muçulmano, que resgatou Jerusalém para o Islã, aceitei pouco para mim...



No Ocidente alguns me chamam “louco”, “demente”; conhecem a verdade, porém seguem mentindo; sabem que nosso país é independente e livre e que não está em mãos coloniais, que minha visão, meu caminho é, e tem sido claro para meu povo: que lutarei até meu último alento para nos manter livres.



Que Alah, o todo poderoso nos ajude a permanecer fiéis e livres.



c: Coronel Muamar Gaddafi, 5 de abril de 2011



Copyright Coronel Muamar Gadafi - profesor Sam Hamod - Information Clearing House.



Gadafi en directo y sin censura - Reminiscencias de mi vidaQaddafi Unplugged and Uncensored – Reccollections Of My Life



(Trad. e contribuição - Vera Vassouras)



Muqtada al-Sadr : Ou os E.U.A deixam o Iraque ou uma onda de protesto maior do que a do Egito encherá as ruas de Bagdá.


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terça-feira, 12 de abril de 2011

A grande revolta árabe reinventa-se de mil modos!





Pepe Escobar





12/4/2011, Pepe Escobar, Asia Times OnlineI want to occupy you foreverTraduzido pelo pessoal da Vila Vudu



Ele voltooooooou! Cada vez que o clérigo/político nacionalista xiita iraquiano Muqtada al-Sadr [1] ressurge como gênio saído de uma garrafa numa nuvem de fumaça, o establishment dos EUA treme como vara verde, e a mídia-empresa corporativa corre a requentar a retórica de sempre “radical, anti-americano, amigo-do-Irã, clérigo-do-inferno”.
 
 
Muqtada al-Sadr




O regime de Saddam Hussein acabou há oito anos, completados sábado passado. Os xiitas Sadristas e muitos sunitas consideram 9 de abril o “Dia da Desgraça”, não pelo fim de Saddam, mas porque nesse dia Washington anexou o Iraque.



O Iraque é aquele país árabe que vive sob “no-fly zone” há uma década – e nesse tempo toda a infraestrutura e toda a vida social do país foram arrasadas pelo Pentágono (os neoconservadores de Washington sonharam reconstruir tudo, mas ainda não acertaram o preço).



Pois aconteceu que os Sadristas, semana passada, mandaram um cartão para os “libertadores”: ou vocês saem da nossa terra, como combinado, no final do ano, e saem por bem, ou recomeçará o pesadelo dos pesadelos para o Pentágono: estaremos em um, dois, três, mil lugares ao mesmo tempo, nosso Exército Mahdi, e sua guerrilha incansável.



O cartão de Muqtada – ele próprio continua a estudar teologia na cidade santa de Qom, no Irã – foi entregue por seu porta-voz, Salah al-Obaidi, acompanhado por uma multidão de um milhão de pessoas em Bagdá. Veio gente de todo o sul do Iraque e da província de Diyala no leste (menos gente do que haveria, se a segurança não tivesse bloqueado ruas e pontes que levam ao local da concentração, próximo de uma base militar dos EUA.)



A mensagem chegou exatamente no momento planejado, um dia depois de o chefe do Pentágono Robert Gates ter visitado o norte do Iraque, para convencer o governo de Nuri al-Maliki a, bem, ora... a deixar que os EUA continuem a ocupar o país por tempo indeterminado. O Departamento de Estado dos EUA já anunciara que quer manter lá um exército de mercenários, talvez milhares de burocratas, na maior embaixada dos EUA do planeta. Os mercenários protegerão os burocratas. É o excepcionalismo norte-americano.



Nas palavras de Muqtada, “Nossa primeira tarefa será promover a escalada da atividade militar de resistência e reativar o Exército Mahdi, o que será feito em próxima declaração a ser divulgada em breve (...) Em seguida, promoveremos a escalada da resistência pacífica, com manifestações de rua e mobilização de massas”.



Quer dizer: se os EUA não saírem do Iraque até o final do ano, Muqtada converterá Bagdá numa praça Tahrir gigante – e sem falar dos comandos que tingirão de vermelho a Zona Verde e farão os “mercenários” parecer assaltantes de estrada. A Grande Revolta Árabe de 2011 reinventa-se de mil modos!



Carreira da pura, alguém se interessa?



Quem, há anos, apostou que os EUA não conseguiriam prorrogar a validade do Acordo sobre o Estado das Forças [ing. Status of Forces Agreement (SOFA) [2]] que os EUA assinaram com o Iraque, já deve ser, hoje, dono de banco de investimentos em Wall Street.



O SOFA para o Iraque foi assinado pelo ex-presidente George W Bush em novembro de 2008. Segundo o texto, todos os militares dos EUA, mais o pessoal civil, devem estar fora do Iraque dia 31/12/ 2011, à meia noite. Se os EUA não honrarem o acordo, estarão tecnicamente em guerra contra o Iraque – com soldados postos ilegalmente em território estrangeiro sem consentimento do Congresso dos EUA.



Não há absolutamente qualquer sinal de que esse acordo SOFA será prorrogado antes de vencer, embora o governo de Maliki, sob pressão total, sempre possa pedir que o governo de Obama prorrogue a ocupação do Iraque. Mas, para fazer isso, Maliki precisa do voto dos Sadristas – que são parte do governo. Por isso, a mensagem de Muqtada é, de fato, recado duríssimo, e aviso, a Maliki.



Aliás, falando nisso, não se trata só dos 47 mil soldados dos EUA que permanecem ainda no Iraque. Trata-se também do fim do capítulo iraquiano do império de bases militares dos EUA (no mesmo sábado, houve manifestações gigantes próximas das bases dos EUA em Kirkuk, Dhi Qar e da base al-Asad, na província de Anbar).



Não surpreende que o alerta vermelho tenha disparado no governo Obama e no Pentágono. O vice-presidente Joe Biden telefonou imediatamente para Maliki, logo que Gates deixou o Iraque, para manter a pressão. Os deputados iraquianos, por sua vez, não se cansam de repetir que, seja o que for, terá de ser aprovado pelo parlamento. E Muhammad Salman, do partido sunita Iraqiya (muitos sunitas são nacionalistas que também querem ver os EUA pelas costas) já falam até de referendum popular contra a prorrogação do SOFA.



O próprio acordo SOFA deveria ter sido aprovado (ou não) por referendum, o que jamais aconteceu. Em resumo, os únicos atores que querem que os EUA permaneçam como força militar no Iraque, são os militares do Curdistão iraquiano – porque temem ser vencidos pelo poder superior dos árabes iraquianos.



Na essência, Washington está sem saber o que fazer, depois de a Casa de Saud ter jogado sozinha, em manifestação de força no Bahrain – favorecendo uma contrarrevolução violentíssima, impondo o pior ramo sunita intolerante/ repressivo/militarista contra os xiitas de todo o Golfo. Os xiitas do Golfo estão furiosos, como, também, os xiitas iraquianos. Mas ninguém pode inferir disso que aumentará a influência do Irã sobre todos esses xiitas. O governo Maliki é amigo do Irã – mas isso não implica que, sem os coturnos norte-americanos em terra iraquiana, Bagdá se converterá em protetorado do Irã.



Os xiitas iraquianos também acusam rotineiramente os ricos Wahhabis da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos de ter financiado a guerrilha sunita mais violenta durante a guerra civil no Iraque entre 2005 e 2007 (acusações que ouvi, ao vivo, naquela época, em Bagdá).



Mas o que mais preocupa Washington é o futuro da 5ª Frota dos EUA, no Bahrain. A julgar pela jogada de poder dos sauditas, nada sugere que a base vá mudar de ancoradouro. E mesmo que mude, ganha quem apostar que se mude para o Qatar ou para os Emirados Árabes, onde seria muito bem recebida.



Fato é que, apesar de todas as diferenças e confusões, a maioria dos iraquianos, sunitas e xiitas querem que os EUA façam as malas e partam, e que o último soldado esteja fora do Iraque dia 31/12/2011 à meia noite. No caso muito pouco provável de que Bagdá solicite segurança aérea (mas... contra quem? A Casa de Saud?), os EUA ainda poderão arranjar alguma coisa a partir da base de al-Udeid, no Qatar.



O governo Maliki não pensa em suicídio. Esqueçam, pois qualquer prorrogação do acordo SOFA. É praticamente certo que dia 31/12/2011, o trágico capítulo iraquiano da construção de um império mundial de bases militares dos EUA estará, afinal, acabado.

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Notas de tradução[1] Para saber quem é, ver, por exemplo “Perfil”, da BBC, em ; e “Hassan Nasrallah and Muqtada al-Sadr”, Patrick Vibert, Foreign Policy, Líbano.[2] Os acordos sobre estado das forças [ing. Status Of Forces Agreement (SOFA)] são acordos entre país hospedeiro e país estrangeiro que tenha forças militares no país hospedeiro. Os acordos SOFA são em geral incluídos no conjunto de acordos de segurança que se assinam entre países, no caso de haver forças militares de um, em território do outro. Os acordos SOFA definem os direitos e privilégios do pessoal estrangeiro que trabalha em programas de segurança.