terça-feira, 19 de julho de 2011

A copa como argumento para grandes esquemas de corrupção

A corrupção chega a ser cansativa. Justiça manda suspender um negócio milionário da Copa de 2014, armado pelo governador de Brasília, Agnelo Queiroz.


Carlos Newton



O governador petista Agnelo Queiroz, que já tinha outras acusações no currículo, quer fechar com a indústria da construção civil do Distrito Federal a transformação de uma área livre de 85 mil metros quadrados, na região central de Brasília, em nova quadra de hotéis e flats que avança sobre a área tombada da capital e aumenta o gabarito dos prédios em até 441%.



Avaliada em R$ 700 milhões, a área foi oferecida ao mercado imobiliário como forma de financiar as obras do Mané Garrincha, estádio para 71 mil torcedores. A ideia do governo do DF é credenciar Brasília para sediar a abertura da Copa, ao custo de um projeto com viabilidade econômica extremamente questionável.



Na semana passada, o projeto foi suspenso por liminar concedida a pedido do Ministério Público do DF sustentando que o negócio fere o tombamento. Para o MP, a área deve ser mantida verde, sem obstáculos ao horizonte de Brasília, como previa o projeto inicial de Lúcio Costa para a cidade e sua “escala bucólica”.



O projeto imobiliário apresentado pela Terracap, empresa que administra as terras públicas do DF, é considerado “medíocre” pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).



A equipe de Agnelo Queiroz, entretanto, insiste no negócio. “Brasília já demanda, para hoje e para o futuro, a ampliação de sua rede hoteleira. O governo do Distrito Federal está tomando todas as medidas administrativas e legais para a liberação de novas áreas”, informou o governo.



Mas a própria Terracap reconhece que a ocupação dessa região, conhecida como 901 Norte, não estava prevista no projeto original da cidade. O pretexto para a ocupação da quadra 901 é a suposta necessidade de ampliar as vagas em hotéis para o Mundial (o que não foi pedido oficialmente pela Fifa). O Setor Hoteleiro Norte ainda tem sete lotes vagos, mas mesmo assim a Terracap interpreta que o último Plano de Ordenamento Territorial abriu caminho para a expansão da área de hotéis sobre a região.



Aprovado em 2009, o plano foi alvo de denúncias de corrupção investigadas pela operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan), Alfredo Gastal, diz que não existem dados confiáveis sobre a quantidade de leitos necessários em Brasília e aponta o risco de as habitações serem subutilizadas após a Copa do Mundo.



Em ofício ao Secretário de Desenvolvimento Urbano, o Iphan critica a “mediocridade” da proposta da Terracap do ponto de vista arquitetônico e urbanístico, mas sugere que a autorização do instituto poderá ser concedida mediante a realização de um “concurso de ideias” que tornasse a ocupação imobiliária na área central da cidade mais arrojada.



No dia 11, o Tribunal de Justiça do DF havia concedido liminar mandando paralisar imediatamente a implantação da nova quadra. A desembargadora Lucimeire Maria da Silva reconheceu o risco de violação do tombamento de Brasília ao conceder a liminar. “É patente o perigo da demora, uma vez que a não interrupção dos atos pode acarretar a implantação do parcelamento com registro e alienação das unidades imobiliárias criadas, violando o tombamento de Brasília”.



E promotora Marisa Isar diz que, se o argumento de bloquear construções na área não vingar, o projeto deve ao menos respeitar o limite de altura dos prédios das Grandes Áreas Nortes, de até 12 metros. “A pretexto da Copa do Mundo, estamos assistindo a um escândalo”, adverte a promotora.



Parece incrível, inacreditável, mas é verdade. O advogado Eduardo Damian Duarte que é chefe de gabinete do secretário de Governo de Sérgio Cabral, Wilson Carlos e também advogado do PMDB – RJ é quem defende a TOESA SERVICE LTDA na acusação que lhe é imputada de superfaturamento de R$ 5.391.126,14 para prestação de serviços na manutenção de 111 veículos na secretaria estadual de Saúde. Nos autos do processo que o advogado Jamilton Moraes Damasceno move para obrigar o ressarcimento do dinheiro superfaturado aos cofres públicos, veja quem é que defende Cesar Romero, Sérgio Côrtes, Sérgio Cabral e a TOESA. É ele mesmo Eduardo Damian.



“Reprodução da Justiça Federal”



A Ação Popular mostra que dentro da secretaria estadual de Saúde, verbas federais destinadas ao combate a epidemias foram desviadas, e pede a condenação dos réus e a devolução do dinheiro. Cesar Romero, inclusive foi afastado da secretaria do cargo subsecretário por envolvimento nesse escândalo. O MP chegou a conseguir mandado de busca e apreensão na sua casa. Ele é cunhado de Sérgio Côrtes e na secretaria era o encarregado de assinar todos os papéis, para livrar o secretário de acusações futuras. Agora está provado: Cabral, Sérgio Côrtes, Cesar Romero e TOESA são uma coisa só, afinal quem os defende é o mesmo advogado, Eduardo Damian que é o representante legal do PMDB – RJ junto ao TRE e chefe de gabinete do secretário de Governo de Sérgio Cabral.



“Reprodução da Justiça Federal”



Em tempo: Para quem não está ligando o nome à pessoa, o secretário de Governo, Wilson Carlos é o amigo de Cabral da época de colégio, e que foi flagrado pela Polícia Federal, na Operação Castelo de Areia, como tendo conta em um paraíso fiscal na China.



SERGIO CORTES HISTÓRICO



04/05/2006



EXTRA!



1. Muita gente achava estranhos os atentados que o Dr. Sergio Luiz Cortes da Silveira -diretor do Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia - teria sofrido. Ele sempre surgia na imprensa como vitima. Delegados que acompanharam o caso diziam que isso só acontecia quando havia -palavras deles- “briga de quadrilha”. Portanto a suspeita que tinham é que não havia inocente naqueles casos e muito menos vítima.



2. Agora um destes delegados, investiga um fato aberto e que ajuda a reforçar a tese que ele tinha. No diário oficial do município do dia 7 de março de 2006- o Dr. Sergio Luiz Cortes da Silveira, aquele diretor do INTO -hospital de traumatologia federal, compra um imóvel na Avenida Borges de Medeiros 02475 -apto 1103 -duplex, (transcrição). E paga de ITBI R$ 71.035,46, correspondente a um imóvel cujo valor efetivo é de no mínimo R$ 3.551.773,00, (ITBI 2% do valor da planta de valores atualizada).



3. Independente do que tenha lançado para fins de imposto de renda em combinação ou não com quem vendeu, o valor foi pago naturalmente …



4. A atuação do delegado agregou às investigações um parecer do Tribunal de Contas da União (TC 012.030/2003-7) que identificou irregularidades em contrato gerido pelo Dr. Sérgio Cortes, e sugeriu que ele fosse multado por “grave infração à norma legal ou regulamentar”.



5. Muitos funcionários dos hospitais federais acham que a manutenção do decreto federal de março de 2005 que ainda permite compras sem licitação, está agregando mais distorções nesse processo de compras e contratação de serviços e obras, sem licitação. E que -uma vez configurada e demonstrada a situação de que o Dr. Cortes não tem renda nem patrimônio anterior que justifique tal compra- outros casos poderão surgir em breve. Os documentos estão sendo recolhidos pelos próprios servidores em unidades federais.



27/08/2008



ILUSÃO DE ÉTICA NA SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE!



1. Há casos em que a contratação de parentes na linha vertical do comando de finanças torna as decisões do superior -no caso o secretário estadual de saúde- apenas coonestadas pelo imediato responsável pela execução financeira e orçamentária. Com isso, havendo ocorrências eventuais de irregularidades, estas tendem a passar acobertadas pelo subordinado.



2. Vejamos um caso flagrante. Sérgio Cortes é o secretário estadual de saúde, o comandante dos postos de lata sobre os quais pairam duvidas crescentes. É casado com Veronica Vianna. O irmão desta -ou cunhado de Sergio Cortes- é César Romero Vianna Jr.



3. César Romero Vianna Jr é nada mais nada menos que o Subsecretário de Estado da Subsecretaria Executiva da Secretaria Estadual de Saúde e responsável por todo o processamento



licitatório (ou de dispensas de licitação como no caso dos postos de lata), e da execução orçamentária-financeira.



4. É, portanto, cunhado, considerado parente de primeiro grau pela legislação. Um parente de primeiro grau pode ser o executor financeiro da secretaria do cunhado? Ele deve ficar? O parentesco nesta linha vertical é ético. Ou se trata de Ilusão de Ética?



28/08/2008



OS POSTOS DE LATA -1-! O SECRETÁRIO EXPLÍCITO E MENTIROSO!



Globo.



A Secretaria estadual de Saúde negou que não haja licitações para instalação das UPAs. Em nota, garantiu que “a compra de contêineres para montagem das unidades foi feita por meio de pregão de registro de preço realizado no início do ano. No mesmo período a secretaria realizou o pregão para contratação da empresa que é a responsável pelas obras de entorno das unidades. Já os equipamentos médicos instalados nas UPAs foram comprados por meio de pregão internacional, realizado no final do ano passado. Por outro lado, o projeto arquitetônico e de paisagismo das unidades é de responsabilidade do Corpo de Bombeiros”.



Leia os DOs que comprovam que as UPAs foram instaladas sem licitação:



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01/09/2008



MAIS UMA DO EXPLÍCITO SERGIO CORTES, SECRETÁRIO ESTADUAL DE SAÚDE!



Em maio de 2007 -mais de um ano e três meses atrás- o explícito Sérgio Cortes vistoriou um depósito do Estado e “descobriu” que era uma bagunça. A imprensa deu grande destaque. Disse que ia contratar uma empresa para gerir o estoque e a logística. A Empresa TCI FILE Tecnologia e Conhecimento LTDA foi contratada por 17,9 milhões sem licitação em maio de 2007. O ato de dispensa de licitação só foi publicado em 11 de março de 2008, com a observação “omitido no DO de 31 de maio de 2007″. Como é o nome disso? Esquecimento? Escândalo? Você decide! O TCE audita! E a PF investiga!



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13/10/2008



AS “LARANJAS” DE SAQUAREMA, TERRA DO LÍDER DO CABRAL! TRÊS TÊM O MESMO ENDEREÇO!



As quatro cooperativas abaixo são contratadas pela secretaria de saúde do governo Cabral. Tem sede de fachada em Saquarema. Só em agosto/setembro elas receberam do da Secretaria de Saúde 5,7 milhões de reais. COOPERATIVA INTERNACIONAL DE TRABALHOS 02.148.888/0001-30 Serviços de Assistência a Saúde Custeio R$ 1.544.308,17 / COOPINTER - COOP.DE INTERN. RES. E APOIO HOSP -Serviços de Assistência a Saúde. Custeio: R$ 708.125,03 / SERVICE COOP – COOPERATIVA DE TRABALHO. Serviços de Assistência a Saúde. Custeio R$ 2.274.399,62 / SERVICE COOP – COOPERATIVA DE TRABALHO. Serviços de Assistência a Saúde Custeio: R$679.809,30 / SUPER VIDA SAUDE-COOP. DE PREST.SERV.DE SAUDE. Serviços de Assistência a Saúde. Custeio: R$ 581.266,54.



Comprove a natureza delas e o mesmo endereço de três delas.



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25/06/2009



ATOS SECRETOS DO GOVERNO DO ESTADO DO RIO!



Uma despesa ou decisão é efetivada. Mas o ato não é publicado no Diário Oficial. Meses depois, quando já ninguém mais está ligado no assunto, se publica o ato e se diz no DO que a publicação é por omissão (ato secreto) de meses atrás. Exemplo: O secretário estadual de saúde vistoriou um depósito e disse que era uma bagunça. E que ia contratar uma empresa. Mas ninguém soube o nome da empresa, nem a modalidade, nem o valor exato. Meses depois se soube o nome: TCI FILE Tecnologia e Conhecimento LTDA, por dispensa de licitação. E se soube o valor: R$ 17,9 milhões. Clique abaixo e veja a cópia do Diário Oficial de 11 de março de 2008. Ato omitido do DO de 31\05\2007. Ato secreto, ajustado discretamente meses depois.



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26/10/2009



Cabral desvia R$ 10 milhões da saúde para fazer propaganda



Conforme vocês podem observar, na reprodução do Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro (edição da última sexta- feira, 23/10), numa resolução conjunta do secretário de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes e do subsecretário de Comunicação Social, Ricardo Cota foram transferidos R$ 10 milhões do Fundo Estadual de Saúde para serem utilizados pela subsecretaria de Comunicação Social (leia-se propaganda do governo).



01/03/2010



EM 20 DE JULHO/2007, O SECRETÁRIO DE SAÚDE -RJ- FALAVA EM DESPERDÍCIO! E AGORA?



(Globo-on, 20/07/2007) O secretário estadual de Saúde, Sergio Côrtes, calcula em mais de R$ 20 milhões os prejuízos com medicamentos vencidos, estocados na central de armazenamento da secretaria, localizado no Barreto, em Niterói. No depósito, eles encontraram remédios vencidos, mas cerca de 90% dos medicamentos fora do prazo correspondem ao período de 2003 a 2006. Há dois meses, o secretário afastou os administradores do local, que agora é administrado pela empresa TCI, contratada em caráter emergencial para organizar o depósito.



GOVERNO DO ESTADO RASGA R$ 15,6 MILHÕES EM MEDICAMENTOS!



(O Dia, 01) Medicamentos, materiais médico-hospitalares e insumos como luvas e gazes, que deveriam ter sido usados em hospitais ou disponibilizados para a população, perderam o prazo de validade na Central Geral de Abastecimento do estado, em Niterói. De acordo com relatório preliminar do Departamento Nacional de Auditoria do SUS do Ministério da Saúde, a Secretaria Estadual de Saúde desperdiçou R$ 15,6 milhões com produtos que perderam o prazo, entre julho e novembro do ano passado. Entre o material inutilizado estavam R$ 649,6 mil em medicamentos que fazem parte da grade de remédios excepcionais, que devem ser fornecidos a pacientes com doenças crônicas, como esclerose múltipla, Parkinson, hepatite B e C e outras de alto custo.



E O SECRETÁRIO DE SAÚDE HAVIA CONTRATADO POR R$ 17 MILHÕES DE REAIS SEM LICITAÇÃO A TCI PARA GERIR ESSE DEPÓSITO!



(Logweb, 21/09/2009) 1. Há 20 meses, a Secretaria de Estado de Saúde -RJ- adotou soluções de BPO - Business Process Outsourcing da TCI em sua cadeia de suprimentos, com movimentação de estoque em torno de R$ 750 milhões. A ideia era gerar economia por meio de ganhos em gestão de informações e estoques (medicamentos, bens permanentes e materiais diversos) para abastecer 51 unidades de saúde e 92 municípios do Estado. A quantidade de vencidos que encontramos em janeiro de 2007, foi de 20 toneladas. A TCI redesenhou todos os processos eliminando os gargalos e minimizando as perdas e desperdícios. Foram sanadas, também, as desconexões entre os diversos processos envolvidos como um todo.



2. A TCI utilizou ferramentas como: modelagem e redesenho dos processos; implantação de um sistema WMS para gerenciamento dos armazéns; coletores de dados via radiofrequência; desenvolvimento de uma ferramenta web para acompanhamento dos estoques, solicitações, relatórios, etc.; implantação de um novo CD com 17.000 m²; sistema de gerenciamento de toda a frota via satélite; e ferramenta de gestão de documento, digitalizando todos os documentos envolvidos nos processos de entrada e saída de materiais.



24/03/2010



As mutretas de Cabral na Saúde



Suspeitando de irregularidades contidas no processo nº E - 08/9085/2007, firmado pela secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil, publicado no Diário Oficial, na modalidade Dispensa de Licitação Emergencial, com a empresa TCI - Tecnologia, Conhecimento e Informação Ltda., cujo objetivo era a gestão de todas as operações de armazenamento de medicamentos, incluindo mão-de-obra operacional e administrativa, e segurança patrimonial armada 24h, um advogado requereu cópia integral do processo administrativamente.



Como a secretaria se recusou a entregar, ajuizou Mandado de Segurança contra o secretário estadual de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, que foi obrigado pela Justiça a fornecer a íntegra dos documentos que constam no contrato.



Analisando o processo, o advogado descobriu algumas “pérolas”, que são verdadeiros crimes contra a administração pública.



1 - O não encaminhamento do secretário de Saúde e Defesa Civil para o governador Sérgio Cabral de



documento explicando a situação e a autorização da emergência pela Casa Civil;



2 - O coordenador de Preparo de Licitações, nas folhas 82 / 83, já autorizava de forma ilegal, a dispensa de licitação, cuja competência não lhe cabia;



3 - O parecer jurídico, nas folhas 97 / 100 já indica de forma inusitada a empresa escolhida, a TCI - Tecnologia, Conhecimento e Informação Ltda., solicitando abertura do processo, onde no contrato não tem cláusula vinculando o término do contrato, após o citado processo com o nome da firma escolhida;



4 - Na folha 122, a TCI informa ao secretário de Saúde, que abriu uma conta no BRADESCO, com objeto de cessão fiduciária, que está condicionada à prévia e expressa autorização de alguém que somente o banco sabe quem é;



5 - A publicação do contrato veio a público somente no Diário Oficial, em março de 2008, embora o contrato tenha sido firmado, em março de 2007, portanto mais de um ano antes. A Lei é clara: o contrato foi firmado, em 11 de junho de 2007 e publicado de forma ilegal, em 11 de março de 2008. Pela Lei, o Estado teria que publicá- lo, no máximo até 30 dias após a assinatura.



Resta uma pergunta importante no ar: A quem foi paga a importância de R$ 17.913.940,02 (valor do contrato), se a TCI fez a cessão do direito de receber (cessão fiduciária) a alguém que somente o banco BRADESCO sabe quem é?



É uma boa pista para os honrados promotores do Ministério Público Estadual e Federal descobrirem quem é o amigo oculto de Cabral, que lhe empresta o avião para viajar, que almoça com ele, em restaurantes da Europa e dos Estados Unidos e que hoje, é detentor dos maiores contratos de prestação de serviços ao Estado.



Aviso: trovoadas estão ecoando sobre os céus do governo do Estado do Rio de Janeiro. Pode chover forte a qualquer momento!

Dilma confirma demissão de Pagot e pede 'limpeza' total

Papéis do processo de contratação da empresa Tech Mix pelo Dnit revelam o envolvimento de assessores indicados pelo PR e o uso de um documento com indício de fraude

AE













A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi encarregada nessa segunda-feira (18) pela presidente Dilma Rousseff de anunciar que o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, atualmente em férias, não retornará mais ao cargo.



Dilma orientou ainda o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, a concluir, se possível esta semana, a "limpeza" na pasta, com o afastamento do petista Hideraldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da Valec, e outros supostos envolvidos num esquema de corrupção que abala o governo desde o início do mês.



Logo pela manhã, a presidente deu o primeiro recado. Numa reunião no Planalto, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou introduzir na conversa a necessidade da permanência de Pagot. Dilma afirmou que, se fosse para trazê-lo de volta, teria de fazer o mesmo com os outros seis que ela havia demitido, e isso não ocorrerá. Gilberto Carvalho, braço direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vocalizava, no atual governo, a defesa da permanência de Pagot.



A presidente observou ainda, na conversa com o petista, que Pagot tinha responsabilidade sobre a direção do órgão e, portanto, esse assunto é página virada.



Numa entrevista em Santa Catarina, a ministra Ideli Salvatti ratificou oficialmente a demissão de Pagot. "Tudo indica que sim, até pelas reiteradas vezes que ela (Dilma) tem se comportado dessa forma", afirmou. "Operacionalmente, com alguém de férias, você não pode tomar essa medida." Após a declaração, auxiliares diretos confirmaram que Dilma mantém a decisão de afastar o diretor do Dnit.



Em uma conversa, antes do almoço, com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, Dilma o avisou que Pagot, mesmo com as pressões e apoio dentro do governo de auxiliares muito próximos a Lula, é carta fora do baralho. Informou também que é preciso promover, o quanto antes, as mudanças necessárias em todos os órgãos da área de transportes. Ela também deseja que o ministro apresente os novos indicados para substituir os afastados. Dilma quer um olhar com lupa sobre os nomes escolhidos.



Laudo suspeito



Os documentos do processo de contratação da empresa Tech Mix pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) por R$ 18,9 milhões, em 2010, revelam o envolvimento de assessores indicados pelo PR e o uso de um documento com indício de fraude, assinado por um apadrinhado do deputado Valdemar Costa Neto (SP), secretário-geral do partido. Todos continuam trabalhando no ministério.



Para facilitar a contratação, o dono da Tech Mix, Luiz Carlos Cunha, conseguiu uma atestado do próprio ministério dizendo que a empresa já havia prestado serviços aos Transportes, em 2007. O atestado tem data de 5 de março de 2008 e diz que a empresa, naquele ano, funcionava na quadra 214, da Asa Norte de Brasília. A Junta Comercial de Goiás mostra que nessa data a Tech Mix funcionava em Águas Lindas (GO). A empresa só foi para o endereço da 214 Norte em 2010.



O atestado foi assinado por José Osmar Monte Rocha, um apadrinhado de Valdemar Costa Neto. Rocha dirigia o chamado grupo executivo, órgão criado pelo ministério para cuidar do passivo do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) que foi extinto no ano passado. Hoje, é assessor para assuntos administrativos na pasta.



Esse grupo executivo era um feudo de Valdemar Costa Neto, que comanda as nomeações do PR para os cargos nos Transportes e órgãos coligados, como o Dnit, a Valec e outros. Também integrava esse grupo Eduardo Lopes, outro aliado de Valdemar no reduto eleitoral do deputado, Mogi das Cruzes (SP), e hoje também assessor do ministério.



Além da declaração assinada pelo presidente do grupo executivo do ministério, a Tech Mix entregou ao Dnit um atestado de capacidade técnica da empresa Ciami Serviços Profissionais Ltda., assinado por Mieko Nakandakari. Ela é contadora da Tech Mix e foi funcionária terceirizada da empresa em 2007.



'Compulsório'



A assessoria do deputado Valdemar Costa Neto informou nessa segunda que o parlamentar, na condição de secretário-geral do Partido Republicano, é "signatário" de todas as indicações feitas pelo partido para cargos do governo federal. A assessoria, no entanto, afirmou que não podia confirmar se José Osmar Monte Rocha foi indicação pessoal do deputado.



A assessoria do PR sustenta que o endosso do deputado às escolhas se dá por sua condição dentro da estrutura partidária. "Por força da condição de o deputado ocupar a secretaria-geral do partido, Valdemar Costa Neto é signatário compulsório de todas indicações feitas pelo PR", afirmou a assessoria da legenda. Procurado para comentar, o parlamentar não quis se manifestar pessoalmente.

Juca Kfouri, o calo de Ricardo Teixeira

Da Carta Capital







Juca Kfouri, o jornalista mais processado pelo chefão da CBF, fala sobre a organização da Copa do Mundo e prevê mudanças na estrutura da Fifa. A Fernando Vives. Foto: Olga Vlahou







Não são poucos os jornalistas odiados por Ricardo Teixeira. Mas certamente Juca Kfouri é o principal deles. Com 61 anos, o paulistano que escreve para a Folha de S.Paulo, o portal UOL e é comentarista dos canais ESPN já absorveu ao seu cotidiano o hábito de receber processos do chefão da CBF: são mais de 50 desde os anos 1990. “Dele eu não deixo passar nada”, disse Teixeira sobre Kfouri em seu polêmico perfil publicado na revista Piauí de julho. (...)



CC: Como define o presidente da CBF?





JK: Eu o avalio como um paraquedista cujo sogro (João Havelange, ex-presidente- da Fifa) o colocou à frente da entidade e que tem sabido jogar de acordo com as regras do jogo para se manter no poder há 22 anos. E o teremos, no mínimo, até 2015.



CC: E como vê a condução da organização da Copa pelo governo brasileiro e Teixeira no Comitê Organizador?



JK: Na França, o presidente do comitê organizador da Copa de 1998 não era o presidente da federação local. Era Michel Platini, então o maior jogador da história do futebol francês. A Copa 2006 da Alemanha foi comanda por Franz Beckenbauer. Será que no Brasil não temos um nome que seja internacionalmente respeitado para o cargo? Tem de ser o mesmo que preside a CBF, que, além do mais, coloca no comitê a própria filha como secretária-executiva-, o seu advogado como diretor jurídico e o seu homem de imprensa como o homem de imprensa no COL? Não pode ser um Gerdau, um Antonio Ermírio de Moraes, um Moreira Sales?



CC: E por que o governo mantém essa situação?



JK: O governo é conivente e refém. Lula foi o presidente que assinou o Estatuto do Torcedor e a Lei de Moralização do Esporte, generosamente, diga-se, porque foram leis aprovadas na gestão Fernando Henrique Cardoso. Quando assinou essa lei, Lula declarou que nunca mais veríamos o jornalista Juca Kfouri dizer que o torcedor é tratado como gado. Eu, aos 52 anos de idade e sem direito à ingenuidade, saí do evento em Brasília esmurrando o ar de alegria dentro do táxi rumo ao aeroporto. Elegeram o cara que gosta de esporte e não gosta deles, eu pensava. Seis meses depois, ele e Teixeira estavam de braços dados fazendo aquele jogo do Brasil contra o Haiti.



CC: Teixeira e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, gostam de dizer que a Fifa é uma entidade privada e que, portanto, não deve satisfações a ninguém sobre o que acontece em seus domínios…



JK: A CBF é uma instituição mista, privada, mas de interesse público, e isso está consagrado na Constituição Brasileira. Tanto que o futebol é considerado patrimônio cultural do Brasil e submetido ao escrutínio do Ministério Público. Esse argumento foi usado para tentar evitar que se instalassem aquelas duas CPIs (da CBF e da Nike), argumentando que uma entidade privada não poderia ser investigada pelo Congresso Nacional. Então não pode haver uma CPI dos bancos no Brasil? Eles se utilizam do argumento da autonomia das entidades esportivas. É uma autonomia semelhante à que existe na universidade brasileira – e nem por isso as universidades estão acima da lei. É uma absoluta convicção de impunidade.



CC: A que se deve esse poder absoluto de Teixeira? Mesmo com tantas denúncias, com duas CPIs no encalço, ele segue sem sinais de fadiga…



JK: É impressionante mesmo. Ele tem a Copa nas mãos para administrar, mas acho que anda menos senhor de si: a presidenta Dilma Rousseff não o recebe e isso evidentemente deve -incomodá-lo. Eu sei e ele sabe que ela não nutre por Teixeira nenhuma simpatia. Agora, como diz o (jornalista britânico) Andrew Jennings, o governo brasileiro tem uma grande chance de pôr o Itamaraty como interessado na questão da Fifa na Suíça. Porque se esse documento vier a público provando que Teixeira e João Havelange receberam mesmo propina da ISL (empresa suíça de marketing esportivo que negociava direitos da transmissão para a Fifa), o caso muda de figura. Como alguém que teria pago multa e devolvido o dinheiro da propina, e, portanto, confessado, pode organizar uma Copa do Mundo? O governo brasileiro tem o direito de ir à Justiça suíça pedir para quebrar o sigilo. Até para não divulgar, mas para que possa tomar uma atitude.



CC: A Fifa também argumenta, na Suíça, que ninguém tem nada com seus problemas, e sempre teve alguma conivência das autoridades locais. Dá pra confiar na Justiça suíça?



JK: A Suíça tem má fama justamente por ter sofrido por muito tempo daquele sentimento de ser um paraíso fiscal, o que tem mudado nos últimos anos por conta da pressão internacional contra o tráfico de armas e de -drogas. O COI, por exemplo, já tratou de fazer uma depuração depois dos escândalos- da compra de votos para as Olimpíadas de Inverno de Salt Lake City. E a Fifa- parece que caminha para isso também. Depois desse golpe que tomou dos ingleses, não tenha dúvida: a Fifa nunca mais será igual. Vai ter de passar por um processo de depuração. A Fifa não será mais a mesma após sua eleição presidencial, ao ponto de David Cameron (premier britânico) dizer que o pleito da Fifa é uma farsa.



CC: O Brasil pode mesmo sediar uma Copa do Mundo?



JK: É evidente que o Brasil pode fazer uma Copa do Mundo. A África do Sul fez, por que não o Brasil? Agora, podemos fazer a Copa do Mundo do Brasil e não a Copa do Mundo da Alemanha no Brasil. Os alemães têm uma economia que absorveu as obras de grande impacto. Nós temos outras prioridades. O escárnio que simboliza isso é o que acontece em São Paulo. Como dizer que um estádio como o Morumbi não pode ser o estádio de uma cidade que vai sediar um evento de um mês com seis ou sete jogos? Não é o estádio ideal, mas é o estádio possível. Com as reformas que seriam feitas, dá para ser sede. O mais rico país do mundo, os Estados Unidos, não construiu nenhum estádio para a Copa de 1994, só adaptaram estádios de beisebol e futebol americano. Não há o que justifique São Paulo ter um estádio novo para a Copa, assim como Brasília, Cuiabá e Manaus. Estamos fazendo a festa das empreiteiras e das grandes agências de propaganda.



CC: O senhor é abertamente corintiano. Como está vendo essa imposição do estádio do Corinthians, o Itaquerão, como estádio paulistano para o Mundial?



JK: Não faz nenhum sentido o Corinthians receber incentivo para ter o seu estádio. “Ah, mas o São Paulo também teve para conseguir o Morumbi.” Um erro não justifica o outro. E quando se diz que esse dinheiro é para construir um polo de desenvolvimento para uma região pobre da cidade, eu argumento com a opinião de urbanistas de várias partes do mundo que dizem que não é verdade que uma arena esportiva seja fator de progresso. O exemplo prático é o Soccer City, de Soweto, principal estádio da África do Sul. E tem o Engenhão, no Rio, construído para o Pan 2007. O bairro do Engenho não ganhou nada de novo no entorno. Esse argumento é uma demagogia, uma mentira.



CC: O senhor vê algum clube no Brasil que tem algum indício de mudança nesse paradigma de bagunça do futebol nacional?



JK: Não, não vejo. Por exemplo: você tem um sujeito aparentemente diferenciado como o presidente do Santos (Luís Álvaro Ribeiro) e o vê apaixonado pelo Teixeira. Não há nenhum sinal de mudança por aqui, tem mais mudança na Fifa que no Brasil. Telê Santana já dizia que o futebol não é para gente séria.



CC: O esporte hoje é, sobretudo, uma questão de negócios. Você considera esse fato saudável?



JK: Acho que passou um pouco do limite. Infelizmente o capitalismo ganhou, é uma marcha inexorável. Agora, o esporte mais popular do mundo está virando cada vez mais um esporte para gente rica. Os estádios estão virando estúdios pasteurizados. Sou a favor de conforto para o torcedor, mas isso está custando tão caro que afasta o cara simples que deu um colorido especial aos estádios. Excluí-los é dar um tiro no pé do futebol. Porque aí se fabricam esses caras que são cada vez menos boleiros e mais pop stars. Você tem cada vez menos Sócrates e Zicos e cada vez mais o cantor de rock. Cobrir hoje Copa do Mundo é cada vez mais como cobrir um show de rock.



http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/o-calo-de-ricardo...

A imprensa e a construção do terrorismo no Brasil

Enviado por luisnassif, ter, 19/07/2011 - 08:51

Por Fernanda Cunha, especial para o Blog *





Contrabando, crime organizado, tráfico, terrorismo. Há muito tais termos norteiam as notícias veiculadas na imprensa nacional e internacional sobre uma das regiões mais peculiares do planeta: a Tríplice Fronteira. Nos últimos tempos a pauta principal ficou mesmo em torno da possível existência de células terroristas abrigadas na região.




Composta pelas cidades de Foz do Iguaçu, no Brasil, Ciudad del Este, no Paraguai e Puerto Iguazu, na Argentina, a região trinacional já foi palco para dezenas de hipóteses. Entre elas, de ser um dos maiores canais de movimento financeiro para grupos radicais islâmicos e possuir bases de treinamento para jovens extremistas. Afinal, quais as verdades ou as invenções por trás de tudo isso?



Ao ser declarada por Bush (filho) a segunda etapa da "guerra contra o terror", após os atentados de 11 de setembro de 2001 o espaço onde vivem cerca de 15 mil árabes - imigrantes e descendentes - entrou na lista negra do governo estadunidense. Inaugurada aquela que muitos chamariam de a "nova era na segurança mundial", a mídia também deu início a uma campanha em busca do terrorista escondido na fronteira latino-americana. Assim, como se não bastassem todos os estigmas já enfrentados por este lugar, mais um rótulo era criado.



Recentemente a revista Veja e a editora Abril, foram condenadas pela publicação de uma reportagem chamada "A rede do terror no Brasil", de 6 de abril deste ano. A ação movida por 16 organizações islâmicas pede direito de resposta pela reportagem tendenciosa. Até onde se sabe, Veja já entrou com recurso contra a decisão. Na reportagem, a revista expos novamente a figura do homem que ficou conhecido pela acusação de responsável pelo envio de milhões de dólares para financiamento das atividades terroristas de extremistas islâmicos e uma série de outros crimes jamais comprovados.



Assaad Ahmad Barakat tornou-se o símbolo do terror na fronteira, o verdadeiro representante do Osama Bin Laden neste lado do mundo e por isso passou seis anos preso no Paraguai - após extraditado pelo Brasil em uma decisão polêmica do Supremo Tribunal Federal. O motivo da condenação: evasão fiscal de 100 mil guaranis, o correspondente a R$ 50 reais. Cumpriu toda a pena e está livre de qualquer acusação jurídica, mesmo assim, voltou a ter seu rosto divulgado na página da Veja como um dos terroristas que "estão entre nós". "Cumpri toda pena que me foi imposta e estou tentando voltar a vida normal aqui em Foz do Iguaçu. De repente abro uma revista e vejo meu rosto novamente estampado como um bandido perigoso". Após liberto, Barakat viveu um ano em Curitiba e voltou à Foz. Mora no Brasil e trabalha em Ciudad del Este, onde reabriu um comércio.



Embora sua "dívida" tenha sido paga perante o Estado, Barakat ainda não está livre da mídia. Seu processo de reconstrução pode ser ainda bastante dolorido e moroso. "Sou comerciante, depois dessa reportagem me sinto inseguro em relação as outras pessoas, não sei como serei visto pelos que entrarem em minha loja". Certamente, esta insegurança não se restringe apenas à Barakat, mas a toda comunidade árabe perante uma pregação ideológica constante, com um patrocinador ansioso e nervoso do outro lado. Quem saberia dizer qual o próximo passo? O clima de incerteza impera na comunidade e não poderia ser diferente com base em tudo o que já sofreram; preconceito, intolerância, casos de xenofobia e muito mais.



Enquanto isso a imprensa vai cumprindo sua função de aparelho reprodutor do sistema dominante e eliminando vidas através de palavras. Dessa maneira, materializaram a necessidade de um terrorista, pariram o que lhes foi encomendado pela hegemonia do poder dominante, trouxeram para nós uma guerra, cujos interesses passam longe de um bom furo de reportagem.



Uma matéria desta como da Veja, mancha ainda mais a imagem de um local já marcado pela violência sutil, daqueles que outrora apontavam a seta do preconceito para os sacoleiros. Esta violência que chamo de sutil é uma das mais aniquiladoras que existem, pois é capaz de roubar identidades, criar mitos e apagar com precisão as possibilidades de construção de uma nova imagem.



Para quem ainda não teve oportunidade de ler nos grande órgãos da imprensa (porque eles não publicam), além de ser considerada uma área geograficamente particular, na Terra das Cataratas vivem cerca de 72 etnias, conviendo do forma harmônica e respeitosa. A diversidade cultural cresce ainda mais agora com a presença da Unila - Universidade Federal da Integração Latino Americana, porém, estes fatores não são importantes para eles - infelizmente.



* Jornalista na Tríplice Fronteira, co-autora do livro Terrorista por Encomenda - O discurso midiático e a geração do homem-símbolo na fronteira (a ser lançado)

O brasileiro que decifrou a bomba

Filipe Vilicic e Roberta Abreu Lima





Quem é e o que fez o físico do Instituto Militar de Engenharia para, segundo o WikiLeaks, preocupar os Estados Unidos e levar a ONU a investigar se o Brasil tentava produzir armas nucleares



De uma nova batelada de vazamentos do WikiLeaks, a fome na internet de milhares de telegramas diplomáticos roubados do governo americano, veio uma revelação sobre o Brasil que soou ao mesmo tempo anacrônica e curiosa. A embaixada americana em Brasília notificou Washington da existência de um cientista brasileiro que parecia estar de posse de segredos nucleares americanos. O personagem dos telegramas era um físico cearense chamado Dalton Girão Ellery Barroso, de 59 anos, pesquisador do Centro Tecnológico do Exército, no Rio de Janeiro. Seu livro A Física dos Explosivos Nucleares, publicado há dois anos, chamou a atenção dos diplomatas americanos, que registraram sua apreensão nos telegramas que acabaram sendo vazados pela internet. Washington quis, então, saber como Barroso conseguiu estimar com enorme precisão a arquitetura interna, o peso e os materiais que compõem uma das mais letais e secretas ogivas atômicas do arsenal americano, a W87. Também não parecia crível que Barroso tivesse conseguido pelos próprios meios, conforme demonstrado em um capítulo do livro, simular em computador o complexo e delicado processo de explosões atômicas secundárias que fazem detonar o núcleo da W87, liberando um poder destruidor dezessete vezes maior que o da bomba jogada sobre Hiroshima, em 1945.



Os americanos suspeitaram, claro, de espionagem e de que Barroso pudesse ter tido acesso a algum dos poucos supercomputadores do mundo capazes de fazer os cálculos e chegar aos resultados apresentados por ele na obra. O terreno dessa discussão não é acessível às pessoas sem formação matemática, física e computacional do mais alto nível. As interações descritas pelas equações de Barroso detalham eventos que ocorrem em uma ordem precisa dentro de uma bomba do tamanho de uma bola de basquete em períodos de tempo quase impossíveis de compreender: trilionésimos de segundo. Isso seria visto como instantâneo pela imensa maioria das pessoas. Mas uma das belezas fundamentais da física é a noção de que não existem interações instantâneas na natureza – noção contestada teoricamente pelos físicos quânticos, sem interesse, porém, para os experimentos aqui narrados. Na natureza, portanto, tudo exige um tempo para se processar.



Como um físico brasileiro poderia ter feito a engenharia reversa de tão complexo sistema sem um supercomputador? Era o que tentavam descobrir os técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que vieram ao Brasil para entrevistar Dalton Barroso. A precisão dos cálculos de Barroso sugeria à AIEA que poderia existir no Brasil um programa nuclear secreto. Seria uma violação do Tratado Internacional de Não Proliferação de Armas Nucleares, assinado pelo Brasil em 1998. Para reforçar as suspeitas, o cientista era ligado a uma instituição militar. A AIEA exigiu informações mais detalhadas sobre os métodos utilizados por Barroso e, sob o argumento de que as fórmulas divulgadas poderiam ser usadas por terroristas, pediu que seu livro fosse recolhido. O pleito provocou uma crise entre o então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que queria atender ao pedido, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que considerou uma intromissão indevida a interferência da AIEA em atividades acadêmicas de uma instituição subordinada ao Exército brasileiro.



A questão foi discutida com franqueza em um almoço no centro do Rio de Janeiro, no ano passado, reunindo Barroso, um técnico e um diretor da AIEA, um assessor da presidência da Eletrobras Eletronuclear e Santiago Mourão, chefe da Divisão de Desarmamento e Tecnologias Sensíveis do Itamaraty. Dalton Barroso tem boas recordações do almoço, a que ele compareceu por vontade própria e que, na visão dele, encerrou todas as suspeitas. Disse Barroso a VEJA: “Não tinha nada a esconder. Cheguei aos cálculos publicados no livro usando teorias conhecidas da física e da matemática e um programa de computador desenvolvido por mim. Expliquei matematicamente como tinha chegado a esse nível de conhecimento e deixei claro que não fiz testes nem mantive contato com cientistas estrangeiros”.



O episódio envolvendo o físico brasileiro contém diversos ensinamentos. O primeiro é que os países que não possuem arsenais atômicos ficarão cada vez mais perto de tê-los em virtude da disseminação veloz do conhecimento e da capacidade de processamento via internet. O segundo ensinamento é que, mesmo que oficialmente assine tratados internacionais, a maioria dos países que atingiram graus de desenvolvimento técnico-científico compatível deixará que seus cientistas e militares pelo menos estudem os meios de produzir artefatos atômicos.



O Brasil quer a bomba? A resposta é que o Brasil se encaixa na categoria de país em estágio tecnológico compatível com o domínio do ciclo atômico para fins pacíficos e militares. Isso não significa que o Brasil está fazendo uma bomba atômica. O físico José Goldemberg, respeitado mundialmente na área de energia nuclear, avalia que; se fosse esse o· interesse nacional, o Brasil teria condições de desenvolver· uma bomba nuclear no prazo de cinco anos. Para ele, o mais difícil o Brasil já conseguiu, que é dominar o ciclo de enriquecimento de urânio. “Quem enriquece urânio a 3%, como fazemos hoje, pode enriquecer a mais de 80%, que é o mínimo necessário para a bomba. Dessa forma, a rigor, em pouco tempo poderíamos ter urânio enriquecido o suficiente para um artefato”, explica. Goldemberg afirma que, realisticamente, acha quase impossível que o estado brasileiro não tenha em andamento algum projeto que poderia facilmente ser direcionado para a produção de uma bomba atômica.



José Alencar, vice-presidente do governo passado, declarou sem rodeios que o Brasil deveria desenvolver a bomba. Samuel Pinheiro Guimarães, número 2 do Itamaraty, que depois se tomou ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, é conhecido pela defesa que faz do direito brasileiro de ter um arsenal nuclear. O antigo e atual ministro Nelson Jobim defende a tese de que o Brasil não deve assinar o protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) que daria à Agência Internacional de Energia Atômica acesso irrestrito às instalações nucleares brasileiras. Ter a bomba é aspiração natural dos militares e de muitos estrategistas civis brasileiros. Tancredo Neves, mono por doença antes de assumir o cargo como primeiro presidente da República depois da ditadura militar, teve uma conversa reveladora com o físico carioca Rex Nazaré Alves, que chefiava a Comissão Nacional de Energia Nuclear. Sob os generais, Rex Nazaré fora encarregado do programa atômico brasileiro que tinha um mal disfarçado viés bélico – incluindo-se o projeto do míssil, o veículo lançador. Nazaré entregou a Tancredo Neves a papelada ultrassecreta e registrou ter ouvido dele: “Vamos fazer isso aí”. Tancredo autorizou os militares a fazer a bomba? Provavelmente um falou o que quis e o outro também ouviu o que quis. Segundo o coronel reformado Ariel De Cunto, ex-chefe do serviço secreto brasileiro e, na ocasião, braço-direito de Rex Nazaré, o chefe saiu convencido de que o presidente eleito dera sinal verde às pesquisas nucleares no mesmo formato em que os militares a vinham tocando.



O Brasil precisa de uma bomba? “Não havendo inimigos externos nuclearizados, nem o Brasil pretendendo assumir uma política regional belicosa, para que a bomba?”, pergunta o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Essa questão é tratada sempre de modo cifrado. Isso torna ainda mais enigmática a frase dita a VEJA pelo ex-presidente José Sarney: “Toda a aspiração que existia de chegarmos a ter armas nucleares terminou no meu governo”. Isso pode ser lido de duas maneiras. A primeira: havia um programa nuclear paralelo, e Sarney deu-lhe oficialmente um fim. A segunda: as aspirações oficialmente admitidas terminaram, mas isso não impede que as armas continuem sendo minuciosamente estudadas – como mostra o trabalho do físico Dalton Barroso.



Fonte: Plano Brasil

http://planobrasil.com/

A sabatina do meliante ultradireitista

Rupert Murdoch diz que foi enganado em caso de grampos telefônicos



Do UOL Notícias

Em São Paulo





O magnata Rupert Murdoch, dono do grupo de mídia News Corporation, que controlava o tabloide britânico "News of the World", disse, em depoimento ao Comitê de Mídia do Parlamento, que foi enganado no caso dos grampos telefônicos envolvendo seu jornal.



"Está claro que fui enganado. Coisas estavam acontecendo e eu não sabia", afirmou. "O News of the World representa menos de 1% de toda minha empresa e tenho milhares de pssoas abaixou do meu cargo", justificou-se.



No passado, Murdoch negou que os casos de grampos ilegais no "News of the World" teriam ido além do caso que levou um dos repórteres à prisão em 2007.



O magnata australiano e seu filho James, presidente-executivo das operações interancionais da News Corp, estavam visivelmente nervosos diante da sabatina dos políticos britânicos.



Foto 2 de 7 - Frase do magnata Rupert Murdoch durante depoimento no Parlamento inglês nesta terça-feira (19). O magnata e seu filho, número três do grupo familiar News Corp., foram convocados para explicar sobre os grampos praticados nos anos 2000 no Reino Unido por um de seus tabloides, o "News of the World", hoje fechado Arte UOL



No ínicio do depoimento, James pediu desculpas pelos acontecimentos e afirmou que o que o ocorreu "não é próprio de suas empresas". Murdoch chegou a interromper o filho para dizer que aquele era "o dia em que se sentia mais humilde em toda minha vida."



Murdoch reconheceu que não abriu uma investigação interna depois que a aex-presidente-executiva do braço britânico do grupo, Rebekah Brooks, admitiu que o jornal pagou à polícia por informações.



Quem teria sido grampeado pelo tabloide







"A empresa se baseou em três coisas por um tempo: em uma investigação policial em 2007, com condenações contra duas pessoas. A polícia repetiu várias vezes que não havia novas provas para reabrir o caso. A empresa também se baseava em um relatório jurídico independente respaldado pela polícia. Assim, entre 2008 e 2009, não havia razão para acreditar que o assunto não havia sido fechado ", explicou James Murdoch, após ser perguntado pelas razões que o levaram a não reabrir a investigação quando novas evidências vieram à tona.



Murdoch voltou a dizer que não é responsável pelos escândalos de grampos telefônicos e afirmou que, de fato, fechou o jornal por causa das acusações criminais.



"Os ocorridos nos envergonhou muito e, por isso, decidimos fechar o jornal. Havíamos acabado com a confiança dos nossos leitores", justificou Murdoch.



No entanto, o empresário acredita que não há evidências de que vítimas do 11 de setembro tenham sido alvos de seus jornais.



O FBI lançou uma investigação para saber se de fato as famílias das vítimas dos ataques terroristas foram alvo dos grampos telefônicos.



O magnata também disse ter ficado “chocado, estarrecido e envergonhado" quando soube dos grampos ao de Milly Dowler, a garota de 13 anos que desapareceu em 2002. Por causa dos investigadores contratados pelo jornal, a família da menina acreditou que ainda estava viva.



MST responde ao Globo

Da Página do MST








O jornal O Globo publicou uma reportagem no domingo para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção.



Para fazer a matéria, os repórteres Jaqueline Falcão e Marcus Vinicius Gomes entrevistaram os organizadores das manifestações de defesa dos direitos dos homossexuais e da legalização da maconha. E a Coordenação Nacional do MST.



A repórter Jaqueline Falcão enviou as perguntas por correio eletrônico, que foram respondidas pela integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos, e enviadas na quinta-feira em torno das 18h, dentro do prazo.



A repórter até então interessada não entrou mais em contato. E a reportagem saiu só no domingo. E as respostas não foram aproveitadas.



Por que será? (deixe seu comentário no final)



Abaixo, leia as respostas da integrante da Coordenação Nacional do MST que não saíram em O Globo.



Por que o Brasil não sai às ruas contra a corrupção?



Arrisco uma tentativa de responder essa pergunta ampliando e diversificando o questionamento: por que o Brasil não sai às ruas para as questões políticas que definem os rumos do nosso país? O povo não saiu às ruas para protestar contra as privatizações – privataria – e a corrupção existente no governo FHC. Os casos foram numerosos - tanto é que substituiu-se o Procurador Geral da Republica pela figura do “Engavetador Geral da República”.



Não saiu às ruas quando o governo Lula liberou o plantio de sementes transgênicas, criou facilidades para o comércio de agrotóxicos e deu continuidade a uma política econômica que assegura lucros milionários ao sistema financeiro.



Os que querem que o povo vá as ruas para protestar contra o atual governo federal – ignorando a corrupção que viceja nos ninhos do tucanato - também querem ver o povo nas ruas, praças e campo fazendo política? Estão dispostos a chamar o povo para ir às ruas para exigir Reforma Agrária e Urbana, democratização dos meios de comunicação e a estatização do sistema financeiro?



O povo não é bobo. Não irá às ruas para atender ao chamado de alguns setores das elites porque sabe que a corrupção está entranhada na burguesia brasileira. Basta pedir a apuração e punição dos corruptores do setor privado junto ao estatal para que as vozes que se dizem combater a corrupção diminua, sensivelmente, em quantidade e intensidade.



Por que não vemos indignação contra a corrupção?



Há indignação sim. Mas essa indignação está, praticamente restrita à esfera individual, pessoal, de cada brasileiro. O poderio dos aparatos ideológicos do sistema e as políticas governamentais de cooptação, perseguição e repressão aos movimentos sociais, intensificadas nos governos neoliberais, fragilizaram os setores organizados da sociedade que tinham a capacidade de aglutinar a canalizar para as mobilizações populares as insatisfações que residem na esfera individual.



Esse cenário mudará. E povo voltará a fazer política nas ruas e, inclusive, para combater todas as práticas de corrupção, seja de que governo for. Quando isso ocorrer, alguns que querem ver o povo nas ruas agora assustados usarão seus azedos blogs para exigir que o povo seja tirado das ruas.



As multidões vão às ruas pela marcha da maconha, MST, Parada Gay...e por que não contra a corrupção?



Porque é preciso ter credibilidade junto ao povo para se fazer um chamamento popular. Ter o monopólio da mídia não é suficiente para determinar a vontade e ação do povo. Se fosse assim, os tucanos não perderiam uma eleição, o presidente Hugo Chávez não conseguiria mobilizar a multidão dos pobres em seu país e o governo Lula não terminaria seus dois mandatos com índices superiores a 80% de aprovação popular.



Os conluios de grupos partidários-políticos com a mídia, marcantes na legislação passada de estados importantes - como o de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul - mostraram-se eficazes para sufocar as denúncias de corrupção naqueles governos. Mas foram ineficazes na tentativa de que o povo não tomasse conhecimento da existência da corrupção. Logo, a credibilidade de ambos, mídia e políticos, ficou abalada.



A sensação é de impunidade?



Sim, há uma sensação de impunidade. Alguns bancos já foram condenados devolver milhões de reais porque cobraram ilegalmente taxas dos seus usuários. Isso não é uma espécie de roubo? Além da devolução do dinheiro, os responsáveis não deveriam responder criminalmente? Já pensou se a moda pegar: o assaltante é preso já na saída do banco, e tudo resolve coma devolução do dinheiro roubado...



O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em recente entrevista à Revista Piauí, disse abertamente: “em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.(...) Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”



Nada sintetiza melhor o sentimento de impunidade que sentem as elites brasileiras. Não temem e sentem um profundo desrespeito pelas instituições públicas. Teme apenas o poder de outro grupo privado com o qual mantêm estreitos vínculos, necessários para manter o controle sobre o futebol brasileiro.



São fatos como estes, dos bancos e do presidente da CBF – por coincidência, um dos bancos condenados a devolver o dinheiro dos usuários também financia a CBF - que acabam naturalizando a impunidade junto a população.

Dona do Magazine Luiza é cotada por Dilma para novo ministério



Luiza Trajano iria para Secretaria da Micro e Pequena Empresa
Luiza Trajano, do Magazine Luiza, é considerada por Dilma "um bom nome" para pasta
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
O nome da empresária Luiza Trajano, proprietária da rede de lojas Magazine Luiza, é cogitado pela presidente Dilma Rousseff para assumir a futura Secretaria da Micro e Pequena Empresa.
Ligada diretamente à Presidência da República, a secretaria tem status de ministério e sua criação ainda depende de aprovação de projeto de lei encaminhado ao Congresso em março.
O nome de Trajano foi citado pela própria presidente após solenidade recente no Planalto, na qual a empresária esteve presente.
Em conversa com assessores, Dilma comentou que ela seria "um bom nome" para a pasta, que, além de micro e pequena empresas, deve cuidar de economia solidária.
Segundo a Folha apurou, ainda não houve um convite à empresária, só uma avaliação de Dilma em reunião com sua equipe indicando que ela vai analisar o nome para a secretaria, criada inicialmente para atender uma conveniência política.
Dilma queria nomear para o posto o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), abrindo vaga para que seu suplente, o então presidente do PT, José Eduardo Dutra, assumisse a vaga no Senado.
Só que o senador não aceitou a pasta, e Dutra acabou ficando, na época, na presidência do PT. A manobra era uma forma de recompensar o petista, que foi um dos coordenadores da campanha de Dilma à Presidência.
A estrutura do ministério não agradou aos setores que cuidam de economia solidária, atualmente vinculada ao Ministério do Trabalho.
A alegação é que há diferenças entre os setores da micro e pequena empresa e o da economia solidária. O primeiro lida com trabalho assalariado e visa ao lucro, o segundo usa o trabalho associativo e cooperativo, em que todos dividem os lucros.

Dilma decide afastar representante do PT nos Transportes

ANA FLOR
MÁRCIO FALCÃO
BRENO COSTA
DE BRASÍLI



O governo acertou na segunda-feira (18) o afastamento do diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes), Hideraldo Caron. O diretor é o único indicado pelo PT na direção do órgão comandado pelo PR desde o governo Lula.
Ontem, o ministro Paulo Sérgio Passos (Transportes) voltou ao Planalto para uma nova reunião com a presidente Dilma Rousseff. Ficou acertado que ele fará uma lista com nomes técnicos para substituir os dirigentes afastados do ministério e do Dnit.

Segundo assessores do Planalto, Dilma quer anunciar a reestruturação no órgão já com os novos titulares.
Lula Marques-16.jul.2011/Folhapress
Ministro Paulo Sérgio Passos (foto) vai elaborar uma lista com nomes técnicos para substituir os dirigentes afastados
Ministro Paulo Sérgio Passos (foto) vai elaborar uma lista com nomes técnicos para substituir os dirigentes afastados
A decisão de afastar Caron se soma à pressão do PR para tirá-lo do cargo. O partido considerou sua saída "uma questão de honra", uma vez que outros nomes, indicados pela legenda, foram afastados acusados de envolvimento em denúncias de corrupção --incluindo o ex-ministro Alfredo Nascimento.

Caron é o responsável administrativo pelos aumentos nos valores de contratos de obras rodoviárias em andamento. O suposto descontrole na liberação de recursos adicionais para obras foi criticado pela presidente.

O Dnit tem sete cadeiras e é um órgão colegiado. As diretorias de Administração e Finanças e de Infraestrutura Aquaviária já estavam vagas antes da crise no órgão.

Já o diretor-geral, Luiz Pagot, um dos alvos das denúncias de superfaturamento e pagamento de propina no ministério, está em férias até o início de agosto. O Palácio do Planalto afirma que ele não retoma o cargo. O Planalto espera, ainda, que Caron e Pagot peçam demissão.


AFASTAMENTO




O diretor-executivo José Henrique Sadok de Sá, que substituía Pagot, foi afastado quando se soube que sua mulher, Ana Paula Araújo, é dona da Construtora Araújo, que assinou contratos para obras por meio de convênios com o próprio Dnit.

A presidente ainda precisa definir o novo secretário-executivo do Ministério dos Transportes, que era ocupada por Passos, e o novo presidente da Valec (estatal de obras ferroviárias).
Ontem o governo publicou resolução que permite que um servidor técnico seja indicado para o lugar de Pagot enquanto o futuro diretor-geral do órgão não for sabatinado no Senado. O texto diz que "em caso de impedimento ou vacância do diretor executivo, a indicação do substituto interino do diretor-geral será feita pelo ministro dos Transportes".

O CORONEL ASSASSINO - O JORNALISTA ASSASSINADO - A TORTURA



Laerte Braga

Laerte Braga


É difícil você ter respeito pelas forças armadas quando nos quartéis resistem e impedem a divulgação de documentos que mostram o que foi o golpe militar de 1964 e todo o aparato repressivo montado para sustentar a monstruosidade que se abateu sobre o Brasil.

De um modo geral os homens prisioneiros se despiam fácil, mas as mulheres se negavam e resistiam. Primeiro argumentavam. Com paciência e com ira perguntavam se o torturador faria isso com a mulher, a mãe, a irmã, ou a filha. Depois empurravam o sargento que lhes ia arrancando a blusa ou a saia. Outras vezes mentiam e se diziam menstruadas, sem saber que provocavam, assim, um sadismo abominável e abjeto: dois ou três se atiravam sobre a prisioneira e, subjugada, era apalpada e cheira nos órgãos genitais, enquanto lhe arrancavam a roupa. E logo bolinada por aquelas mãos habituadas ao sangue, que tocavam a pele e o sexo, não como carícia nem para amar, mas para destruir ou marcar a ferro como numa rês. E como ela já estava no chão deitada e inerme, abriam-lhe as pernas e – para começar e não como requinte final, como era norma – metiam-lhe o cabo elétrico diretamente na vagina. Nesses casos o major M.F. costumava gritar para o sargento: “calma, calma. Não coma a sobremesa antes do feijão. E aquele pequeno e poderoso estado-maior da tortura, ali reunido em torno da presa, ria e ria muito, numa gargalhada galhofeira, festando o triunfo (MEMÓRIAS DO ESQUECIMENTO, Flavio Tavares, Editora Globo, 1999).

O coronel Brilhante Ulstra, hoje colunista do jornal FOLHA DE SÃO PAULO (cedia os caminhões de entrega para a desova de corpos de presos assassinados no DOI/CODI paulista, na simulação de atropelamento), já condenado em primeira instância e declarado torturador pela Justiça, jorra patriotismo em defesa do que chama democracia e valores como liberdade, pátria, etc. É um dos exemplos a justificar a frase de Samuel Johnson – “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.

No segundo processo – conseguiu paralisar o primeiro – movido pela família do jornalista Luís Eduardo Merlino, agora, dia 27 de julho, às 14h e 30m, no Fórum João Mendes, no centro da capital de São Paulo, vai ser confrontado pelas testemunhas arroladas pela família de Merlino.

Ulstra assassinou o jornalista na forma cruel e covarde que foi marca registrada dele e outros militares, do regime imposto pelo golpe de 1964. Como a outros presos que caiam em suas garras de fascista sem qualquer escrúpulo ou respeito pelo ser humano.

Merlino morreu nas dependências do DOI/CODI, o coronel era o comandante, em julho de 1971. 

Serão ouvidas testemunhas que presenciaram as torturas sob o comando de Brilhante Ulstra.  Entre as testemunhas de defesa arroladas pelo torturador está o ex-presidente da República José Sarney, atual presidente do Senado, um dos principais interlocutores de Dilma Rousseff. Sarney tem comprometimento direto com a tortura, valeu-se dela para afastar adversários no Maranhão, serviu de maneira rasteira à ditadura e hoje tenta a todo custo impedir que os documentos da época sejam tornados públicos. Teme que sua face monstro (além de corrupto) também apareça.

Outra delas é Jarbas Passarinho, coronel é ministro dos governos Costa e Silva e Médici que na reunião que deliberou sobre a assinatura do Ato Institucional nº 5, o símbolo da boçalidade do regime militar, afirmou alto e bom som diante de algumas dúvidas do presidente Costa e Silva – “as favas com os escrúpulos senhor presidente, vamos assumir que somos uma ditadura mesmo”.

A ação movida pela família de Merlino – sua irmã Regina Merlino Dias de Almeida e sua ex-companheira Ângela Mendes de Almeida, é subscrita pelos advogados Fábio Konder Comparato, Claudineu de Melo e Aníbal Castro de Sousa. É por danos morais, o suficiente para comprovar o caráter perverso, animalesco do coronel e “patriota” Brilhante Ulstra. O reconhecimento da morte por crime de tortura. Crime contra a humanidade, imprescritível.

No mesmo livro citado acima, do jornalista Flávio Tavares (ex-preso político e trocado no seqüestro do embaixador Charles Burke Elbrick) há uma revelação que mostra o caráter repugnante dos torturadores. Muitas vezes, afirma o jornalista, familiares, dentro da lógica da Escola das Américas – mantida pelos EUA para todos os fins golpistas e brutais que caracterizam aquele país – eram detidos para forçar a apresentação dos que resistiam à ditadura.

O jornalista refere-se a Iracema Ferreira Silva e sua cunhada Marlene. Foram presas por conta do irmão de Marlene e torturadas a exaustão.

“...Veio tenente Magalhães, jovem e ágil de pernas, e me enxotou dali a pontapés nos testículos. E, nuas, elas foram torturadas noite adentro penduradas no pau de arara, o choque elétrico deve ter percorrido nelas toda a intimidade do corpo e da alma, pois elas gritavam e gritavam fundo, em cadência. Era o cadenciado balé orquestrado pelo major  que, maquininha não mão, costumava dar três passos para um lado e acionar a manivela de 220 volts, e logo repetir a operação com três passos para o outro lado, numa dança interminável. Nenhum preso dormiu  aquela madrugada: os gritos das duas soavam ritmados, como chibatadas no ar, e só terminaram quando o dia raiava. Por cansaço dos carrascos”.   

Nas escolas e colégios militares, ainda hoje, ensinam MENTIRAS como “História” do golpe militar, segundo a visão de boçais como esses generais, majores, sargentos, coronéis, tenentes, etc.

Não se respeita uma força armada por gente assim e pela covardia de se esconder atrás de uma anistia que apenas beneficiou a eles. Torturadores, estupradores, assassinos frios e impiedosos comandados por potência estrangeira (EUA). Continuam a ser até prova em contrário.   

Merlino era jornalista, foi assassinado aos 23 anos de idade, militava no Partido Operário Comunista.
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No dia 30 de julho o COLETIVO MERLINO, no ciclo dos SÁBADOS RESISTENTES, realizados pelo MEMORIAL DA RESISTÊNCIA e pelo NÚCLEO DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA POLÍTICA, em São Paulo, organizará uma homenagem ao jovem jornalista vítima da bestialidade da ditadura militar e especificamente de um dos seus mais monstruosos torturadores, o coronel Brilhante Ulstra, escondido impune atrás da anistia.

Estarão presentes, além da companheira de Merlino, a historiadora Ângela Mendes de Almeida, João Machado, economista e militante da IV Internacional, filiado ao PSOL. Valério Arcary, historiador e militante do PSTU. Joel Rufino dos Santos, historiador e escritor e Tonico Ferreira Jornalista.

No evento será projetado um vídeo com as inspirações políticas de Merlino e uma fala do cientista político Michael Lowy sobre a convivência que tiveram. Convidados, familiares, militantes e amigos dirão breves palavras sobre Merlino.

Isso no Largo General Osório, 66, bairro da Luz. No auditório VITAE, no 5º andar.

Um resgate da vida e da luta pelo direito à memória e a verdade.

Conhecer o que de fato aconteceu no Brasil com o golpe militar de 1964, revelar toda a sanha assassina de torturadores como Brilhante Ulstra, até para que a história não se repita. Dele –Brilhante Ultra - o caráter do golpe e todos os torturadores acovardados e agachados diante da lei da anistia.

Não é possível fugir da História e nem se deve temer a luta.

É o resgate do ser humano em seu sentido pleno.

Brilhante Ulstra não está nesse plano. Luís Eduardo Merlino, ao contrário, é essência e presença na coragem e na busca de ideais de um mundo alternativo e diverso desse mundo gerado nas entranhas do terrorismo de estado e seus tentáculos mortais.

Obama prorroga lei e mantém intacto bloqueio contra Cuba


Por Marco Antonio L.
Do Vermelho


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, informou, na última sexta-feira (15), ao Congresso do seu país, que prorrogou por mais seis meses a suspensão de uma cláusula da Lei Helms-Burton que permite entrar com um processo contra as empresas estrangeiras que negociem com Cuba. A ação unilateral do governo dos EUA representa a continuidade do cruel bloqueio contra a ilha, que já dura mais de cinco décadas.A disposição está incluída no Capítulo III da Lei Helms-Burton de 1996 e acrescenta maior rigor ao bloqueio imposto pela Casa Branca, que é mantido por sucessivos governos, sejam eles democratas ou republicanos.
Em carta aos presidentes dos comitês de dotações e de relações exteriores em ambas as câmaras do Congresso, Obama indica que a prorrogação de seis meses se aplicará a partir de 1º de agosto.
Segundo Obama, a prorrogação da suspensão é "necessária para os interesses nacionais dos Estados Unidos e acelerará a transição à democracia em Cuba". Foi o mesmo argumento utilizado no ano passado. Dessa maneira, o chefete da Casa Branca confessa descaradamente que o objetivo do seu império é derrubar o sistema político e social socialista cubano.
A lei Helms-Burton, com um caráter marcadamente extraterritorial, pune as empresas estrangeiras que fazem negócios em Cuba; permite entrar com um processo contra companhias e pessoas que usem bens desapropriados pelo governo cubano a cidadãos e empresas dos EUA e nega a entrada nesse país EUA de diretores dessas empresas.
A renovação da ordem é mais do mesmo, pois os presidentes anteriores a Obama - Bill Clinton e George W. Bush - já tinham feito a anual prorrogação sem cerimônias. Assim, Obama - que, ao assumir, pregou um recomeço nas relações com a América Latina - prossegue, sem mudanças, na mesma linha de seus antecessores, ratificando esta incongruente legislação.
A política dos Estados Unidos contra Cuba não tem sustento ético ou legal algum e é contrária ao direito internacional. Tampouco possui o apoio de outras nações. O bloqueio à ilha já foi condenado 19 vezes na Assembleia Geral da ONU. Mais de 180 países e organismos especializados do sistema das Nações Unidas explicitam sua oposição a essa política.
O dano econômico direto causado ao povo cubano pela aplicação do bloqueio supera, nesses 50 anos, os 751 bilhões de dólares, no valor atual dessa moeda. Os prejuízos, contudo, não são apenas financeiros, estendem-se por várias áreas, como a da saúde, por exemplo.
"As crianças cubanas não podem dispor do medicamento Sevoflurane, o mais avançado agente anestésico geral inalatório, porque seu fabricante, a companhia norte-americana Abbot, está proibida de vender a Cuba", exemplificou na Assembleia Geral da ONU o chanceler Bruno Rodriguez. Esse é um dos elementos que faz com que a ilha classifique a política norte-americana como genocida, já que muitas mortes poderiam ser evitadas sem o bloqueio.
Os Estados Unidos, então, submetem a população de Cuba à falta de desenvolvimento, às doenças, e a demais mazelas, com o objetivo de forçar uma mudança política do regime socialista cubano. Para a superpotência imperialista, tudo o que não conduza ao estabelecimento de um regime que se subordina aos seus interesses será insuficiente para encerrar esta política contra o povo cubano.
O bloqueio dos Estados Unidos a Cuba é criminoso e atenta contra a soberania e a auto-determinação do país, que tem todo o direito de escolher o seu próprio sistema político e a maneira de organizar a sociedade. O bloqueio viola grosseiramente o direito internacional e é mais um ato da política intervencionista dos Estados Unidos.
O movimento social brasileiro tem condenado em diferentes oportunidades o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba. Em junho último a Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba pronunciou-se claramente contra o bloqueio. O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) realizou também em junho um seminário internacional, cuja declaração final exige o fim do criminoso bloqueio. Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz declarou que a prorrogação da Lei Helms-Burton por Barack Obama “mostra o falso democrata que ele é e dissipa todas as ilusões na atual administração dos Estados Unidos”. Socorro disse ainda que com este gesto “Obama se iguala aos seus predecessores e se candidata a ter o mesmo destino – o lixo da História”.

O fracasso da OTAN na Líbia



Alexander Cockburn

15-17/7/2011, Alexander Cockburn, Counterpunch (edição de fim de semana)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Depois de três meses e meio de bombardear e fornecer armas a vários grupos de oposição a Gaddafi, o fracasso da OTAN, nos esforços para promover “mudança de regime” na Líbia, já salta aos olhos.

Claro que os comandantes da OTAN ainda esperam que alguma bala perdida consiga matar Gaddafi, mas, até agora, Gaddafi continua onde sempre esteve, os líbios não se levantaram contra ele e, de fato, são as potências que compõem a OTAN que brigam furiosamente entre elas.

As matérias que vêm da Turquia sobre as “decisões” do Grupo de Contato da OTAN para a Líbia têm uma aura surreal. A secretária de Estado dos EUA e Hague, ministro de Relações Exteriores britânico, falam em tom solene sobre o compromisso de ambos com a “mudança de regime” e com fortalecer os laços com o Conselho de Transição em Benghazi.

Mas o fracasso de toda a “operação OTAN” já é tema para historiadores – perfeito sinal de alerta sobre os perigos dos delírios políticos a serviço do “intervencionismo humanitário”, da insuficiência dos serviços de inteligência, das fantasias sobre a eficácia da guerra aérea e da mais impressionantemente mentirosa cobertura de imprensa de que se tem notícia na história contemporânea.

Considere-se o primeiro-ministro britânico David Cameron. Cameron deve agradecer a Rupert Murdoch e até a Andy Coulson, já atirado aos tubarões, por um irônico favor que lhe prestam. O espantoso erro, a obstinação de Cameron, que insistiu em contratar e manter Coulson, ex-editor do jornal News of the world, no posto de seu principal conselheiro “midiático”, está ocupando tão completamente as manchetes de toda a imprensa britânica nos últimos dias, que a opinião pública está sendo levada a esquecer outro espantoso erro de Cameron. E assim, Cameron vai-se livrando do ridículo e do escárnio, também no plano internacional.

Quando Cameron correu, com o presidente Sarkozy da França, no início de março, para comandar o ataque contra Gaddafi, nada parece ter perturbado a autoconfiança cega do primeiro-ministro. Foi como se a cegueira, as trapalhadas e os erros de Blair no Iraque, que depois se repetiram incansavelmente por vários anos, jamais tivessem existido.

Deve-se pressupor que Cameron, como Sarkozy, Clinton e Obama receberam informes, de seus serviços de inteligência, sobre a situação na Líbia. Será que nenhum daqueles espiões foi capaz de ver que Gaddafi poderia ser inimigo muito mais duro de derrotar que os presidentes da Tunísia ou do Egito? Que mobilizaria apoio popular a seu favor em Trípoli e no oeste da Líbia, regiões em que há oposição histórica contra Benghazi e o leste do país? É grave, se não receberam esses informes. Mas é ainda mais grave, se receberam e não lhes deram qualquer atenção.

A imprensa ocidental – e al-Jazeera não fez melhor serviço – pouco ajudou. As ‘notícias’ iniciais, de que Gaddafi estaria cometendo “genocídio” contra o próprio povo, ou que teria ordenado estupros em massa, sempre foram simples reprodução de boatos jamais confirmados ou dos panfletos de propaganda produzidos em Benghazi. Hoje se sabe que foram decisivos, só, para comprometer de vez a credibilidade de organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch. 

Qualquer ambição que a Corte Internacional de Justiça da ONU ainda tivesse, de ser vista pela opinião pública como corte de justiça imparcial, ficou definitivamente comprometida, agora que já se viu que aquela Corte Internacional pôs-se como braço ‘jurídico’ da OTAN, a emitir mandados de prisão contra Gaddafi e seus aliados próximos, no momento em que a agenda de propaganda da OTAN assim lhe ordenou.

Jornalistas em Benghazi atuaram como garotos-propaganda do que, desde o início, sempre foi bando desorganizado de facções ou grupamentos políticos. Em Trípoli, os correspondentes só fizeram pintar caricaturas as mais horrendas de Gaddafi, temerosos de desagradar os editores se oferecessem matérias equilibradas, que os editores considerariam “soft”. Gaddafi tinha de continuar como sempre o mostrou a imprensa ocidental, ao longo de 40 anos de governo: a personificação ‘do mal’. Os norte-americanos belicistas e pró-guerra de sempre exultaram porque, afinal, caía-lhes no colo, uma “guerra justa”. E puseram-se a comemorar os bombardeios da OTAN, tanto quanto a “clarividência” e o ânimo “democrático” e a “pureza” revolucionária da gangue de Benghazi.

A história está cheia de exemplos em que uma tempestade de milhares de bombas e mísseis, dos quais sempre se louvam os padrões de “acuidade e perfeição” dos tiros, jamais conquistou o apoio de civis-alvos dos tiros. Não aconteceria diferente, é claro, mesmo que cada bomba e cada míssil trouxesse o carimbo-certificado de “auxílio humanitário” e “intenções democráticas”. 

Trípoli tem visto manifestações-monstro contra a OTAN. A Líbia tem população de cerca de 6 mi de habitantes, 4 mi em Trípoli. Gaddafi visita as defesas da cidade em Jeep aberto. Os comitês de defesa da cidade receberam grande quantidade de fuzis AK-47 e estão treinados para defender-se. Todos esses líbios terão sido forçados por Gaddafi a se mobilizar? Pouco provável. 

Essa semana, a imprensa ocidental, excitada, noticiou que alguns prisioneiros estariam denunciando Gaddafi. Ora! Se você fosse prisioneiro, com uma arma apontada para sua cabeça, você juraria fidelidade ao objeto preferencial do ódio de quem o ameaça? Ou murmuraria qualquer coisa que pudesse adiar o tiro fatal? Esse jornalismo faz vergonha a qualquer jornalismo. Quem são os “mercenários negros”? Os que são pagos para matar líbios pró-Gaddafi, ou os líbios do sul, que nasceram negros e lutam hoje nas milícias pró-Gaddafi?

Outro item, na lista de erros de avaliação da OTAN, foi a desqualificação das acusações que lhe foram feitas por líderes africanos, russos, e até por países membros da OTAN (como a Alemanha), de que duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU aprovadas em fevereiro e depois no dia 17 de março – para proteger populações civis – estavam sendo abertamente distorcidas a favor dos esforços para matar Gaddafi e instalar no poder na Líbia a gangue do “governo provisório” de Benghazi. 

No início de março, Sarkozy, que despencava nas pesquisas como candidato à reeleição, acreditou no que lhe disse o “novo filósofo” Bernard-Henri Lévy, que estivera em vilegiatura por Benghazi dia 6 de março, que a Líbia e todo seu petróleo estariam ‘no ponto’ para ser confiscados. Dia 11 de março, Sarkozy, impulsiva e precipitadamente, reconheceu a gangue de Benghazi como legítimo governo da Líbia e pôs-se a esperar, cheio de fé, o colapso de Gaddafi.

Em brilhante e hilária avaliação da derrota da OTAN, Vincent Jauvert do Le Nouvel Observateur noticiou recentemente que os serviços de inteligência franceses garantiram a Sarkozy e ao seu ministro Juppe, do Exterior, que “imediatamente depois do primeiro ataque [aéreo], milhares de soldados de Gaddafi desertarão” [1]. Também previram que os ‘rebeldes’ rapidamente ocupariam Sirte, cidade natal de Gaddafi e o obrigariam a fugir do país. Esse ‘informe de segurança’ chegou a ser ‘noticiado’ em tom triunfante pelas potências da OTAN, que ‘noticiaram’ que Gaddafi já fugira para a Venezuela. Sempre se pode optar decididamente pela Grande Mentira, como instrumento de propaganda. Mas não, por favor, quando a coisa possa ser desmentida, como aconteceu nesse caso, passadas 24 horas! 

“Subestimamos Gaddafi” – disse um funcionário francês ao Nouvel Observateur. Gaddafi preparou-se, durante 40 anos, para uma invasão à Líbia. Nunca imaginamos que responderia tão rapidamente. Ninguém jamais esperou, por exemplo, que, para transportar soldados e baterias de mísseis, Gaddafi conseguiria comprar rapidamente centenas de pick-ups Toyota no Niger e no Mali. Foi golpe de mestre: os caminhões e pick-ups são idênticos aos que os rebeldes têm. A OTAN está paralisada. É obrigada a adiar missões. Antes de qualquer tiro, é preciso identificar o alvo, saber se não é caminhão é rebelde ou não. ‘Temos pedido que os rebeldes identifiquem seus veículos, com alguma marca nos capôs’ – disse um soldado, mas nunca sabemos com certeza. O pessoal lá é muito desorganizado...’”

Dado que o colapso não aconteceu como previsto na agenda, o governo francês confirmou, no início de julho, que está enviando, por mar e por paraquedas, mais armas para os grupos “rebeldes”. Pode-se assumir que os britânicos também estejam pondo em andamento suas próprias operações clandestinas – embora a captura da unidade SAS/MI6 por fazendeiros líbios não seja bom augúrio.

A coalizão da OTAN está desmanchando-se, embora não haja notícia disso na imprensa dos EUA. O ministro francês da Defesa, Gerard Longuet, em entrevista no final de semana a uma rede francesa de televisão, disse que a ação militar contra a Líbia fracassou. E que é hora de iniciarem-se negociações diplomáticas: “Agora, temos de nos sentar em torno de uma mesa, e negociar. Pararemos de bombardear a Líbia no instante em que os líbios começarem a conversar entre eles e todos os exércitos, dos dois lados, retornarem às bases”. 

Longuet sugeriu também que Gaddafi provavelmente permanecerá na Líbia “em outra ala do palácio, com outro título”. 

Se as espantosas palavras de Longuet visaram só ao público francês, às vésperas de votação importante na Assembleia Nacional, ou não, mesmo assim é evidente que foram um choque para Cameron e Clinton. Para encobrir a evidência de que há divisão dentro da OTAN, Cameron e Clinton apressaram-se a divulgar “declarações” em que dizem que não há alteração no objetivo de “mudança de regime”, e que a partida de Gaddafi seria condição sine qua non – exatamente como a gangue de Benghazi quer. 

Mas Berlusconi, na Itália à qual chegam dezenas de milhares de líbios que fogem da guerra, já começou a dizer que sempre se opôs à “aventura da OTAN na Líbia” desde o início. Talvez não renove, no próximo outono, os acordos vigentes para manter em território italiano bases das potências da OTAN. A Alemanha nunca apoiou entusiasticamente a tal “aventura da OTAN”. França e Grã-Bretanha nutriram, sim, esperanças de relações militares bem íntimas, mas essa esperança também logo se desmanchou, pelas razões de sempre – inércia, mútuas desconfianças e simples incompetência. 

As desconfianças de Sarkozy sobre Alemanha e Turquia parecem ter sido tão intensas, segundo o Nouvel Observateur, que ele chegou a pedir que os representantes de Turquia e Alemanha fossem afastados da estrutura de comando da OTAN, sob o argumento de que poderiam boicotar a guerra, uma vez que eram bem conhecidas as restrições que Berlin e Ankara faziam a toda a operação na Líbia. Pelo estatuto da OTAN, se o líder supremo da OTAN, um general norte-americano, e o n. 2, um britânico, tiverem de afastar-se, o comando geral da OTAN passa a um general alemão. Sarkozy tentou alterar essa regra do estatuto.

Obama faz jogo duplo, forçado pelas pressões domésticas e por suas prioridades políticas. No início, a corrida rumo ao Conselho de Segurança foi iniciativa, principalmente, da secretária de Estado Hillary Clinton. No plano interno, em meados de fevereiro a popularidade de Obama atingia o fundo do poço. Falava-se de ‘presidente de um só mandato’. Clinton correu a ocupar o que viu como tentador vácuo político, já começando a alimentar esperanças de acelerar o declínio de Obama, o que a beneficiaria como concorrente potencial à presidência em 2012. Obama, lutando já contra o rótulo de ‘pato manco’, autorizou (do Brasil, onde estava) a operação da OTAN, autorização que, hoje, enfrenta acusações de inconstitucionalidade. Imediatamente depois disso, Clinton anunciou que considerava a possibilidade de abandonar a política nacional depois de 2012.

Em termos de equipamento, os EUA têm sido crucialmente importantes. Segundo um general francês ouvido pelo Le Nouvel Observateur,

“33 dos 41 aviões para transporte de tanques (Boeing 767, KC-767) usados na operação da OTAN são norte-americanos, como a maioria dos Sistemas Aéreos Embarcados de Alerta e Controle (Airborne Warning and Control System, AWACS), todos os aviões-robôs tripulados a distância (drones) e 100% dos mísseis anti-radar e kits de orientação a laser para bombas. E não é tudo. Os principais recursos de comando e controle da OTAN, como a banda gigantescamente larga, para transmitir todos os tipos de dados, também são norte-americanos.” [1]

O Diretor de Inteligência Militar, general Didier Bolelli, revelou que mais de 80% dos alvos dos pilotos franceses que operam na Líbia são alvos definidos pelos EUA. “Dão-nos o mínimo indispensável, só para que não percebamos que não somos aliados” – diz um diplomata.

Quem ainda se lembrar da débâcle de Suez, em 1956, talvez ainda lembre que Eisenhower ordenou que as forças britânicas, francesas e israelenses simplesmente desistissem da tentativa de derrubar Nasser. Talvez estejamos assistindo a um replay, menos explícito, daquela demonstração conclusiva da dominação dos EUA, pós-II Guerra Mundial. Dessa vez, o governo Obama está afirmando que qualquer esforço para afirmar o controle europeu sobre o Mediterrâneo dará em nada.

Antes de aposentar-se, o ex-Secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, aproveitou um discurso em Bruxelas, para torcer a faca na ferida: “A mais poderosa aliança militar da história (...) luta em operação contra regime mal armado, em país de população rala – e muitos aliados já estão ficando sem munição, pedindo que os EUA, mais uma vez, façam a diferença”. E arrematou, em tom de ameaça: “Futuros presidentes dos EUA (...) talvez não aceitem que ainda valha a pena o que hoje os EUA obtêm como lucro de seu investimento na OTAN”. [2]

Ainda que Obama apoie sinceramente a troca de regime na Líbia, a temperatura política nos EUA não favorece nenhum tipo de “surge” na Líbia – imensamente caro e em oposição ao clima reinante na opinião pública –, que parece ser a única alternativa que hoje resta, depois do fracasso da campanha de bombardeio intenso. 

Não há qualquer sinal de que o líder dos Trabalhistas britânicos Ed Miliband, tão ferozmente entusiasmado, hoje, para assumir o comando do trem anti-Murdoch, tenha a clareza política de denunciar Cameron pela farsa na Líbia. O mais provável é que, como Cameron, abrace as “intervenções humanitárias”. Talvez diga, no máximo, que Cameron não bombardeou suficientemente a Líbia.

Em resumo, a esquerda deve festejar que operação prevista para ser simples ação colonialista de detonar e ocupar a Líbia, esteja hoje em cacos; que tenha gerado graves danos à credibilidade da OTAN e à farsa de que a OTAN teria algum respeito pela lei internacional.

Essa jaula de canguru que é a Corte Internacional de Justiça, também foi ainda mais desacreditada; outro motivo de festa, para as forças progressistas. 

E quanto ao futuro? O ar está denso de especulações sobre acordo que já teria sido firmado, salpicado de desejos delirantes de norte-americanos e britânicos de que Gaddafi esteja à beira de cair, de que esteja sem combustível, de que a gangue de Benghazi estaria “apertando o cerco” a Trípoli, de que os russos encontrarão meio para salvar a reputação de todos. Melhor apostar na conclusão segundo a qual, passados quatro meses e meio, a OTAN e os intervencionistas estão sendo derrotados. 

Acrescentem-se a isso os problemas pelos quais passa também Rupert Murdoch, e não há dúvidas de que os progressistas do mundo têm muito o que legitimamente comemorar.