segunda-feira, 25 de julho de 2011

Jornalista da BBC liga Teixeira e Protógenes à 'pizza conection' da máfia


Jornalista da BBC liga Teixeira e Protógenes à 'pizza conection' da máfia Foto: DIVULGAÇÃO

 

 

“Protógenes tem conta aberta pela Fifa, via Ricardo Teixeira, em Lugano, o lugar mais famoso do mundo para se lavar dinheiro. Por que?”, pergunta Andrew Jennings, o repórter que a Fifa não aceita em entrevistas oficiais

Claudio Julio Tognolli_247 –

O prestigiado jornalista inglês Andrew Jennings, da BBC, diz que o deputado federal e delegado afastado da PF, Protógenes Queiroz, deve ter investigada a sua nomeação como consultor da Fifa na cidade de Lugano, na Suíça. A nomeação de Protógenes foi feita pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Autor do livro “Jogo Sujo”, pela Panda Books, Jennings revelou ao Brasil 247 que Teixeira, João Havelange e a Fifa concordaram em pagar RS$ 10,5 milhões à justiça suíça, em 2010, para não serem condenados por corrupção.


“A Fifa fica em Zurique, não me estranharia que alguém fosse nomeado lá em Zurique, mas Lugano fica muito longe de Zurique. Lugano é uma das cidades mais famosas do mundo em que o dinheiro da máfia italiana é lavado. E estou falando da máfia de Palermo. Essa conexão entre Lugano e Palermo é conhecida como “Pizza Connection”. A abertura de arquivos da Máfia durante todos esses anos mostra que o dinheiro da organização, oriundo da heroína remetida aos Estados Unidos, era lavado tradicionalmente, e é, em Lugano. Para que o dinheiro volte limpo para Palermo, ele é usado em operações de lavagem em Lugano. É muito interessante que Teixeira tenha nomeado uma autoridade ali”, disse Jennings em entrevista exclusiva ao Brasil 247.


A maior obra já feita pelo jornalismo sobre as ligações da cidade de Lugano com a máfia de Palermo se chama “The Sixth Family”. Para você conhecer as ligações de Lugano com a Máfia, citadas na obra, visite este link: http://bit.ly/nQNvWQ


Para você entender o que Jennings sugeriu, é necessária uma breve cronologia: o ex-delegado Protógenes foi eleito deputado federal pelo PC do B com 94.906 votos — estes votos, somados às sobras da estrondosa votação de seu colega de coligação Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), lograram-lhe a vitória.


Sabe-se que, em 10 anos de carreira como delegado da Polícia Federal, com um salário de R$ 14 mil, Protógenes lobrigou um patrimônio de sete imóveis, conforme ele declarou ao Tribunal Superior Eleitoral. Embora a relação de bens declarados ao TSE some apenas R$ 834 mil, somente um dos imóveis constantes da lista — uma casa no Mirante de Camboinhas, em Niterói — segundo especialistas do setor imobiliário e, de resto, para qualquer observador, vale mais de R$ 1 milhão.
Mesmo protegido por um mandato parlamentar, Protógenes ora é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal: na mais alta corte nacional ele é citado como incurso nos crimes de interceptação telefônica ilegal, prevaricação e corrupção passiva – afinal, seu patrimônio teria aumentado vinte vezes depois que virou delegado federal. Protógenes teve seu nome elevado ao STF, como suspeito, mediante despacho que leva a chancela lustrosa do juiz federal Toru Yamamoto, que encaminhou o Inquérito 3.152 ao STF quando Protógenes tornou-se deputado, ano passado.


A declaração de renda remetida por Protógenes ao Tribunal Superior Eleitoral revela que ele guarda em casa R$ 284 mil em dinheiro e que tem pouco mais de R$ 10 mil na conta de Lugano, na Suíça. Entre os sete imóveis que admite ser dono, três deles foram doados pela mesma pessoa, o delegado aposentado José Zelman. Outros dois, que ele usa como residência própria, não foram declarados ao TSE. Protógenes informa também as datas de aquisição de todos os seus bens, menos daqueles adquiridos enquanto ocupava o cargo de delegado da Polícia Federal.


Três imóveis que integram o patrimônio do delegado-deputado foram presentes que Protógenes Queiroz ganhou de seu "padrinho", o delegado aposentado da Polícia Civil do Rio de Janeiro José Zelman. O hoje deputado ainda era delegado quando Zelman comprou e doou os imóveis a ele. As doações foram feitas no dia 10 de março de 2006, de acordo com as Certidões de Registro dos imóveis, apesar de a data não constar da declaração à Justiça Eleitoral.


Protógenes diz que, à época do registro de sua candidatura, sua conta em Lugano somava R$ 11.912,96. O advogado de Protógenes, Adib Abdouni, explica que a conta foi aberta pela Fifa para reembolso de despesas de passagens e alimentação.


CONFRONTO - Confrontado com esses dados, o jornalista da BBC Andrew Jennings foi categórico. “Se você mora em Lugano, obviamente você tem que trabalhar nesse sistema bancário. Lugano tem uma tradição muito antiga de ser vasculhada pelas autoridades em busca de contas bancárias sujas. Esqueça, em Lugano, das lindas montanhas e dos lindos lagos. É uma cidade basicamente voltada para a lavagem de dinheiro. Por que você dá um cartão de crédito para uma autoridade brasileira em Lugano, se você tem todas as cidades em todo o mundo para terem como base esse cartão de crédito doado? Nenhum estrangeiro, fora os italianos, costuma ter uma conta bancária com cartão de crédito em Lugano. Por que isso?”, pergunta Jennings.


Conheça os bens declarados por Protógenes Queiroz à Justiça Eleitoral, amealhados supostamente com um salário de RS$ 14 mil:


Casa E Terreno, Lotes 6 E 7, Rua 143 Quadra 297, Mirante De Camboinhas, Nteroi, Ad. Em 19/06/1993- R$ 200.000,00


Casa No Lote 24 Quadra 90, Rua Macae Trindade, São Gonçalo, Niteroi, Ad. Em 20/05/1965 - R$ 50.000,00


Ações Ordinárias 5.191 E 13.522, Preferenciais Da Telebras - R$ 1.350,00


Dinheiro Em Espécie - R$ 284.000,00


Apto. 204, Rua Jardim Botanico Nº. 544, Ad. Em 20/09/1993 - R$ 100.000,00


Apto. 504 Sqn 116 Bloco J - Adq De Jorge Peles Sobrinho E Outros - R$ 76.045,00


Apto. 24 E Vaga De Garagem No 18 Situado Na Estrada Alexandre Migues Rodrigues 547 - Guarujá – Adq. através de doação de José Zelman - R$ 54.082,32


Apto. 54 Situano No Edificio Foz Resdence Serv Foz De Iguaçu – Adq. através de Doação de José Zelman - R$ 8.767,58


Vaga De Garagem No 4 Localizada No Sub-Solo Do Edificio Foz Residence Service – Adq. através de doação de José Zelman - R$ 2.325,03


Caixa Consórcios S/A - Administradora De Consórcios - Contribuições Efetuadas Até 31/12/07 - R$ 11.912,96


Comecard Corner Bank Ltd - Agência Lugano (Conta aberta pela Fifa em setembro/2008 para reembolso de despesas com passagens aéreas e alimentação -R$ 11.912,96
Saldo VGBL - R$ 34.074,00


Valor total dos bens declarados: R$ 834.469,85

Toledo ainda influi em Furnas, diz jornal Valor

                           

Toledo ainda influi em Furnas, diz jornal ValorFoto: REPRODUÇÃO

 

 

Reportagem de hoje do mais influente jornal de economia do País mostra que ex-presidente Dimas Fabiano Toledo, cujas declarações registradas em cartório sobre caixa 2 na estatal estão sendo publicadas por 247, ainda manda muito ali


Marco Damiani_247 –


Principal jornal dedicado a economia, negócios e finanças do País, o Valor Econômico publica uma página inteira, em sua edição desta segunda-feira 25, com reportagem sobre a estatal Furnas Centrais Elétricas S.A. Sob o título “Seis meses depois, Furnas só trocou de presidente”, apoiado pela linha fina “Maior foco de denúncias de loteamento político, estatal manteve as diretorias entre PT, PMDB e PR”, o trabalho de apuração dos jornalistas Cristian Klein, Josette Goulart e Claudia Schuffer mostra que a estatal de maior orçamento do setor elétrico – R$ 9 bilhões – continua, “seis meses depois da posse (da presidente Dilma Rousseff), quase intacta”. Uma alusão à manutenção de toda a diretoria montada na gestão anterior, à exceção da presidência, na qual o ex-presidente Carlos Nadalutti foi substituído por Flavio Decat.


A reportagem mostra que havia motivos para se esperar uma grande mudança na cúpula da estatal que, conforme 247 vem publicando, teve no passado recente um presidente (Dimas Fabiano Toledo) que registrou em cartório o caixa dois que ele mesmo formou e operava (leia mais). A expectativa de mudança começou a se formar a partir da divulgação, em janeiro, de uma carta assinada por centenas de funcionários de Furnas, com um pedido à presidente Dilma Rousseff para ter atenção especial sobre a estatal.


“Furnas passa por uma das maiores crises de sua história e teme-se por seu futuro”, diz o texto dos funcionários, reproduzido na reportagem do Valor Econômico. “Os empregados preocupados com o futuro da empresa apostam na intervenção da presidente Dilma Rousseff”.


A reportagem mostra que não houve mudanças na cúpula da estatal, em razão de inúmeros acordos políticos em torno do preencimento dos principais cargos. Está registrado no texto que o atual diretor de Construção, Marcio Antonio Arantes Porto, fora indicado por dois parlamentares: Valdir Raupp (PMDB-RO) e Dimas Toledo (PSDB-MG), que vem a ser o filho do ex-presidente Dimas Fabiano Toledo.


A matéria do Valor, na subretranca “Estatal foi estopim do mensalão no governo Lula”, informa que as denúncias que culminaram na acusação do mensalão do governo Lula foram motivadas pela derrota, entre 2004 e 2005, sofrida pelo deputado Roberto Jefferson na indicação da “cobiçada diretoria de Planejamento, Engenharia e Construção, hoje subdividida nas diretorias de Engenharia (DE) e Construção (DC)”.


“Mesmo dois anos depois de assumir (a Presidência da República), o ex-presidente Lula não havia conseguido tirar da diretoria o polêmico mineiro Dimas Fabiano Toledo. Técnico de carreira, mas muito ligado à administração do PSDB, Toledo era suspeito de utilizar a proximidade com empreiteiras, que o cargo proporcionava, para arrecadar recursos para campanhas eleitorais”, escreve o jornalista Cristian Klein, do Valor. Após ter sido presidente de Furnas, Toledo tornou-se um de seus diretores.


A reportagem prossegue:


“Segundo as declarações de Roberto Jefferson à época, Lula considerava Toledo ‘extremamente tucano’ e cobrava sua saída, o que não acontecia. O ex-presidente teria ficado especialmente irritado por ter tranferido R$ 1,5 bilhão para a Cemig, para fazer o programa Luz Para Todos em favelas mineiras, e ver o crédito nas placas atribuído ao governo Aécio Neves (PSDB)”.


“A Toledo – diz o texto do Valor – também é atribuída a elaboração de uma lista com nomes de mais de 150 políticos, a maior parte de partidos aliados que sustentavam o governo Fernando Henrique Cardoso, que receberam doações de caixa 2 arrecadadas por ele”.
O arremate é o seguinte:


“Segundo uma fonte com ligações com Furnas, o ex-diretor ainda teria influência na empresa”.

Caixa 2 de Furnas: R$ 19,2 mi a Alckmin e Serra em 2002

                           

Caixa 2 de Furnas: R$ 19,2 mi a Alckmin e Serra em 2002Foto: Divulgação

 

 

Ex-presidente de Furnas registra em cartório que Gilberto Kassab repassou quantia milionária para campanhas tucanas a presidente e governador; teria ficado com R$ 100 mil para a sua


Marco Damiani_247 -

As campanhas à Presidência da República de José Serra e ao governo de São Paulo de Geraldo Alckmin, em 2002, teriam sido beneficiadas pelo esquema do caixa 2 de Furnas, de acordo com as revelações do ex-presidente da estatal Dimas Fabiano Toledo. É o que consta na Declaração para Fins de Prova Judicial ou Extrajudicial que ele assinou e registrou, em 6 de novembro de 2008, no 23º Ofício de Notas do Rio de Janeiro.


No mesmo parágrafo em que afirma que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, teria recebido R$ 27 milhões e 843 mil reais “dos recursos do caixa dois provenientes empresa Furnas Centrais Elétricas S/A”, Toledo continua:


“Somente na campanha do candidato ao governo do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de José Serra para a Presidência da República foram disponibilizados R$ 19.275.000,00 (dezenove milhões e duzentos e setenta e cinco mil reais). O ex-deputado federal Gilberto Kassab destinou R$ 100.000,00 (cem mil reais) para a sua campanha, conforme consta na Lista de Furnas e no relatório por ele elaborado e sendo assinado posteriormente pelo mesmo”, afirma Toledo.


O ex-presidente de Furnas, no mesmo documento assinado e registrado em cartório, explica como se formou o caixa 2 de Furnas que alimentou diversas campanhas eleitorais em 2002:


“Os esquemas de arrecadação de recursos ilícitos, ocorridos através de licitações fraudulentas e dos superfaturamentos de várias obras públicas, visavam formar o caixa dois, com a finalidade de comprar o apoio de parlamentares e assim criar uma forte base aliada, garantindo os mais variados interesses de políticos, em troca da mesada recebida”, assinala Toledo, para arrematar:


“A presente declaração será aceita e válida para fins de prova judicial ou extrajudicial, assumindo desde já o declarante Dimas Fabiano Toledo pelas responsabilidades e das demais informações aqui prestadas, ciente das penalidades cabíveis e previstas no Artigo 299 do Código Penal Brasileiro”.

Pressionado por dívida, ex de Furnas revela caixa 2

                           

Pressionado por dívida, ex de Furnas revela caixa 2 Foto: DIVULGAÇÃO

 

 

Dois processos sobre o caixa 2 de Furnas correm, neste momento, em segredo de justiça no TJ de Minas Gerais; a declaração registrada em cartório do ex-presidente de Furnas Dimas Fabiano Toledo, que 247 está publicando com exclusividade, nunca viera à tona


Marco Damiani_247 -

O ex-presidente de Furnas Dimas Fabiano Toledo fez a sua “Declaração para Fins de Prova Judicial ou Extrajudicial”, na qual acusa o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de ter operado um caixa 2 de R$ 27, 4 milhões nas eleições de 2002, como parte de um acordo para pagamento de uma dívida de R$ 6 milhões com o consultor Nilton Antonio Monteiro.


Diz o documento que, por meio de duas notas promissórias, cujas fotocópias foram anexadas à declaração registrada em 6 de novembro de 2008 no 23º Ofício de Notas do Rio de Janeiro, o ex-presidente de Furnas pagaria a quantia devida ao consultor Nilton em duas parcelas.


Como e por que Dimas contraiu essa dívida com Nilton? O tema é tratado explicitamente na declaração:


“Eu, Dimas Fabiano Toledo e o advogado Carlos Felipe Amoedo, em conformidade com o nosso credor Nilton Antonio Monteiro, ajustamos a não divulgação da origem desta dívida, sob nenhuma hipótese”. Feito o registro, o signatário da declaração prossegue:


“Eu, Dimas Fabiano Toledo, assumo a elaboração da Lista de Furnas (com nomes e valores destinados a políticos que concorreram às eleições de 2002), documento que confeccionei em quatro vias, contendo cinco laudas, sendo que todas foram rubricadas e assinadas por este declarante”.


“O assunto da nossa dívida é outra história”, disse a 247 o consultor Nilton Antonio Monteiro. “Dimas chegou a me dever 12 milhões e só assinou a declaração porque eu avisei que eu mesmo iria denunciar todo o esquema, caso ele não se comprometesse a me pagar nos termos que eu exigi. Busquei uma proteção para mim”, completou.


Dois processos em regime de sigilo de Justiça correm neste momento no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, onde antigas denúncias de Nilton sobre o caixa dois de Furnas estão sendo apuradas. A declaração registrada em cartório do ex-presidente da estatal, no entanto, que 247 está publicando com exclusividade, nunca havia sido divulgada. Ela contém mais denúncias.

Fantasma do caixa 2 de Furnas assombra Kassab


Fantasma do caixa 2 de Furnas assombra KassabFoto: DIVULGAÇÃO

 

 

Registrada no 23º Ofício de Notas do Rio de Janeiro, declaração para fins de prova judicial feita pelo ex-presidente de Furnas Dimas Toledo acusa prefeito de São Paulo de ter operado caixa dois de R$ 27,4 milhões nas eleições de 2002

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Num País que tem cultura em corrupção, surge agora uma novidade: declaração firmada em cartório, com testemunhas, carimbos e autenticações em que um acordo de renegociação de uma dívida financeira de R$ 6 milhões deriva para o mapeamento completo de um gigantesco esquema de caixa dois numa das maiores estatais brasileiras, Furnas Centrais Elétricas S/A.
Registrado no 3º Ofício de Notas do Rio de Janeiro, em seis de novembro de 2008, o documento trata de fatos que teriam ocorrido em torno das eleições para presidente da República, senadores e deputados em 2002, e envolve personagens que se tornaram poderosos na política brasileira de 2011. Um deles, o pivô da trama, é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.


Assinada pelo ex-presidente de Furnas Dimas Fabiano Toledo, a “Declaração para Fins de Prova Judicial ou Extrajudicial” é taxativa:


“Sob a determinação do presidente nacional do extinto Partido da Frente Liberal Jorge Bornhausen, o ex-deputado federal Gilberto Kassab tornou-se o único responsável pela distribuição dos recursos do caixa dois provenientes da empresas Furnas Centrais Elétricas S/A. O ex-deputado federal Gilberto Kassab repassou a verba para vários políticos que disputaram a eleição no ano de 2002 pelo Estado de São Paulo. O montante repassado para Gilberto Kassab somou R$ 27.483.000,00 (vinte e sete milhões e quatrocentos e oitenta e três mil reais).” Hoje, Kassab lidera a formação de um novo partido, o PSD, cujo processo de fundação exibe listas de filiados mortos e com assinaturas feitas mais de uma vez pela mesma pessoa.


Com 8 páginas, a declaração aponta a destinação do dinheiro que teria sido administrado pelo atual prefeito. 247 está procurando todos os personagens citados.

Caixa 2 de Furnas: R$ 6 mi para eleição de Aécio '02


Caixa 2 de Furnas: R$ 6 mi para eleição de Aécio '02Foto: DIVULGAÇÃO

Documentos obtidos com exclusividade por 247 mostram que o atual senador por Minas teria sido beneficiado, nas eleições de 2002, pelo esquema montado na estatal; “recebedor/repassador” teria sido o atual secretário de Governo Danilo de Castro

Marco Damiani_247 –


Sem despertar qualquer tipo de desmentido, a divulgação com exclusividade por 247 da “Declaração para Fins de Prova Judicial ou Extrajudicial” assinada pelo ex-presidente de Furnas Dimas Fabiano Toledo – e registrada no 23º Ofício de Notas do Rio de Janeiro, em 6 de novembro de 2008 – contém mais revelações sobre políticos que teriam sido beneficiados, nas eleições de 2002, pelo esquema de caixa dois montado na estatal.


Há, no documento, um trecho inteiro dedicado aos benefícios em dinheiro vivo que teriam sido usufruídos pela campanha eleitoral do atual senador Aécio Neves (PSDB). Em 2002, ele concorreu e venceu as eleições para governador de Minas Gerais. A Declaração do ex-presidente de Furnas registra o seguinte:


“Nessa vereda, o Secretário de Governo de Minas Gerais Danilo de Castro, sendo mais um recebedor/repassador e operador do esquema de desvios de recursos públicos, originados do caixa dois da empresa Furnas Centrais Elétricas S/A. Os valores ultrapassaram a cifra de R$ 38.000.000,00 (trinta e oito milhões de reais).

Danilo de Castro repassou estes recursos não declarados para vários políticos do Estado de Minas Gerais, incluindo o atual Governador Aécio Neves da Cunha com o valor de R$ 6.575.980,00 (seis milhões, quinhentos e setenta e cinco mil e novecentos e oitenta reais), e para a campanha de José Serra e Geraldo Alckmin com a importância de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais)”.


A Declaração prossegue:


“Foram verbas sequer declaradas na Receita Federal e muito menos no Tribunal Regional Eleitoral, conforme constam nos relatórios que foram encaminhados pelo próprio Danilo de Castro para este declarante Dimas Fabiano Toledo”.


247 está procurando os políticos citados para registrar suas reações.
Para os outros textos de 247 a respeito da Declaração assinada e registrada pelo ex-çpresidente de Furnas Dimas Fabiano Toledo, leia nos links as notícias públicadas por 247 na sexta-feira 22:

Até Exército é suspeito de saquear obras do PAC



Até Exército é suspeito de saquear obras do PACFoto: DIVULGAÇÃO

Batalhões de Engenharia são investigados por roubo de materiais de construção, favorecimento de empresas e direcionamento de licitações; ministério público denunciou, mostra reportagem do jornal Correio Braziliense


247 – Último refúgio do Governo Federal para tocar obras que não interessam à iniciativa privada, o Exército já não parece mais uma instituição tão confiável assim. Os Batalhões de Engenharia que trabalham em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão sob investigação, como informa matéria do jornal Correio Braziliense publicada nesta segunda-feira.

As suspeitas vão desde roubo de materiais de construção até favorecimento de empresas e direcionamento de licitações.

Cerca de 2,7 mil homens do Exército atuam atualmente em obras de rodovias e aeroportos e na transposição do Rio São Francisco, num total de R$ 2 bilhões em orçamento. O envolvimento de militares em irregularidades nessas obras é apurado pela Procuradoria de Justiça Militar, pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União.

A Procuradoria de Justiça Militar em Recife já denunciou militares envolvidos em furto de material de construção nas obras de duplicação da BR-101. Nas obras da BR-163 na divisa entre Mato Grosso e Pará, o problema é sobrepreço, segundo o TCU.

O Ministério Público Militar identificou e denunciou no mês passado uma organização criminosa responsável pelo desvio de R$ 11 milhões. O grupo era chefiado por um coronel e um major do Exército, que intermediavam os desvios com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), segundo a denúncia da Procuradoria Militar.

Ao Correio Braziliense, o Exército negou que haja indícios de práticas de irregularidades por parte de militares nas obras do PAC, mas confirmou que tanto o TCU quanto os órgãos de controle militar identificaram problema de execução em algumas obras.

Dez anos após criação, Dnit repete falhas que deveria resolver




DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

Criado para substituir um órgão que o próprio governo considerava incompetente, falido e corrupto, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) está prestes a completar dez anos repetindo falhas de seu antecessor.

Sem pessoal e equipamento, o órgão continua sendo presa fácil para a corrupção, como foi seu originário, o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), extinto em 2001.

Com o lançamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), em 2006, o orçamento do Dnit quintuplicou, alcançando hoje perto dos R$ 13 bilhões ao ano.


Mas o dinheiro só cresceu para as obras. Não houve investimento em melhorias no órgão para acompanhar esse crescimento, principalmente na área de projetos, ponto central de sua estrutura.

A falta de um bom projeto é em geral o motivo para que uma obra aumente de preço, exigindo aditivos para corrigir problemas que poderiam ter sido evitados.

Tampouco houve grande renovação de pessoal. Dos 2.646 servidores, 70% são oriundos do antigo órgão. Em dez anos, apenas 746 novos servidores entraram.

E o número de concursados que pede demissão por falta de condições de trabalho e baixos salários é maior do que o que entra ano a ano.

Além de não haver pessoal para fiscalizar, não há equipamentos. Em inspeção realizada em 2009, o TCU afirmou que o órgão não tinha "condições de realizar a maioria dos chamados ensaios elementares de laboratório" para constatar a qualidade dos produtos usados pelas empreiteiras.

O órgão de controle determinou a compra de dezenas de equipamentos. Mas, no ano de 2010, o Dnit gastou com isso apenas 0,03% do orçamento total. Metade foi para carros, móveis e utensílios domésticos.

INDICAÇÃO

As nomeações para a chefia das 23 superintendências regionais do Dnit são feitas pela Presidência e não necessariamente levam em conta vínculos técnicos. Uma superintendência já foi ocupada por um radialista.

Os indicados interferem no trabalho dos servidores com todo tipo de pressão.

No Ceará, a servidora Liris Carneiro reprovou vigas da obra de uma ponte na BR-222 porque não tinham a resistência contratada. Pressionada, ela tirou férias e viu seu parecer ser substituído por outro que aprovou as vigas.

Em alguns distritos há só um engenheiro responsável por tudo, de relatar o estado das vias até aprovar a medição de obras.

Na prática, eles acabam só referendando o que fazem companhias terceirizadas, que, em investigações realizadas, já foram flagradas em conluio com construtoras.

Os analistas de projeto também não vão ao local da obra checar se as informações se adequam ao terreno.

O número de medições no solo para saber se o que foi projetado pode ser executado é insuficiente na maior parte dos casos em que há irregularidades encontradas.

Os projetos são licitados com tais deficiências. Quando a obra começa, as empresas pedem mais dinheiro para resolver os problemas.

Editoria de Arte/Folhapress

O complexo de vira-lata

Da CartaCapital



Celso Amorim 24 de julho de 2011 às 17:32h - CARTA CAPITAL

Até os jornais brasileiros tiveram de noticiar. Uma força-tarefa criada pelo Conselho de Relações Exteriores, organização estreitamente ligada ao establishment político/intelectual/empresarial dos Estados Unidos, acaba de publicar um relatório exclusivamente dedicado ao Brasil, -pontuado de elogios e manifestações de respeito e consideração. Fizeram parte da força-tarefa um ex-ministro da Energia, um ex-subsecretário de Estado e personalidades destacadas do mundo acadêmico e empresarial, além de integrantes de think tanks, homens e mulheres de alto conceito, muitos dos quais estiveram em governos norte-americanos, tanto democratas quanto republicanos.

O texto do relatório abarca cerca de 80 páginas, se descontarmos as notas biográficas dos integrantes da comissão, o índice, agradecimentos etc. Nelas são analisados vários aspectos da economia, da evolução sociopolítica e do relacionamento externo do Brasil, com natural ênfase nas relações com os EUA. Vou ater-me aqui apenas àqueles aspectos que dizem respeito fundamentalmente ao nosso relacionamento internacional.

Logo na introdução, ao justificar a escolha do Brasil como foco do considerável esforço de pesquisa e reflexão colocado no empreendimento, os autores assinalam: “O Brasil é e será uma força integral na evolução de um mundo multipolar”. E segue, no resumo das conclusões, que vêm detalhadas nos capítulos subsequentes: “A Força Tarefa (em maiúscula no original) recomenda que os responsáveis pelas políticas (policy makers) dos Estados Unidos reconheçam a posição do Brasil como um ator global”.

Em virtude da ascensão do Brasil, os autores consideram que é preciso que os EUA alterem sua visão da região como um todo e busquem uma relação conosco que seja “mais ampla e mais madura”. Em recomendação dirigida aos dois países, pregam que a cooperação e “as inevitáveis discordâncias sejam tratadas com respeito e tolerância”. Chegam mesmo a dizer, para provável espanto dos nossos “especialistas” – aqueles que são geralmente convocados pela grande mídia para “explicar” os fracassos da política externa brasileira dos últimos anos – que os EUA deverão ajustar-se (sic) a um Brasil mais afirmativo e independente.

Todos esses raciocínios e constatações desembocam em duas recomendações práticas. Por um lado, o relatório sugere que tanto no Departamento de Estado quanto no poderoso Conselho de Segurança Nacional se proceda a reformas institucionais que deem mais foco ao Brasil, distinguindo-o do contexto regional. Por outro (que surpresa para os céticos de plantão!), a força-tarefa “recomenda que a administração Obama endosse plenamente o Brasil como um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É curioso notar que mesmo aqueles que expressaram uma opinião discordante e defenderam o apoio morno que Obama estendeu ao Brasil durante sua recente visita sentiram necessidade de justificar essa posição de uma forma peculiar.

Talvez de modo não totalmente sincero, mas de qualquer forma significativo (a hipocrisia, segundo a lição de La Rochefoucault, é a homenagem que o vício paga à virtude), alegam que seria necessária uma preparação prévia ao anúncio de apoio tanto junto a países da região quanto junto ao Congresso. Esse argumento foi, aliás, demolido por David Rothkopf na versão eletrônica da revista Foreign Policy um dia depois da divulgação do relatório. E o empenho em não parecerem meros espíritos de porco leva essas vozes discordantes a afirmar que “a ausência de uma preparação prévia adequada pode prejudicar o êxito do apoio norte-americano ao pleito do Brasil de um posto permanente (no Conselho de Segurança)”.

Seguem-se, ao longo do texto, comentários detalhados sobre a atuação do Brasil em foros multilaterais, da OMC à Conferência do Clima, passando pela criação da Unasul, com referências bem embasadas sobre o Ibas, o BRICS, iniciativas em relação à África e aos países árabes. Mesmo em relação ao Oriente Médio, questão em que a força dos lobbies se faz sentir mesmo no mais independente dos think tanks, as reservas quanto à atuação do Brasil são apresentadas do ponto de vista de um suposto interesse em evitar diluir nossas credenciais para negociar outros itens da agenda internacional. Também nesse caso houve uma “opinião discordante”, que defendeu maior proatividade do Brasil na conturbada região.

Em resumo, mesmo assinalando algumas diferenças que o relatório recomenda sejam tratadas com respeito e tolerância, que abismo entre a visão dos insuspeitos membros da comissão do conselho norte-americanos- e aquela defendida por parte da nossa elite, que insiste em ver o Brasil como um país pequeno (ou, no máximo, para usar o conceito empregado por alguns especialistas, “médio”), que não deve se atrever a contrariar a superpotência remanescente ou se meter em assuntos que não são de sua alçada ou estão além da sua capacidade. Como se a Paz mundial não fosse do nosso interesse ou nada pudéssemos fazer para ajudar a mantê-la ou obtê-la.

Luis Erlanger: “Classificação de idade com faixa horária é ataque à liberdade de expressão”

Do Último Segundo

 

Em entrevista exclusiva ao iG, diretor da Central Globo de Comunicação diz que não cabe ao Estado decidir o que seus filhos vão assistir

Valmir Moratelli, iG Rio de Janeiro | 25/07/2011 07:00


Foto: Isabela Kassow

Luis Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação
Uma caneca azul que serve como porta-lápis, uma lupa, dicionário da língua portuguesa, computador, troféus. Na mesa de Luis Erlanger ainda há espaço para um leitor de e-books Kindle, dois tablets (iPad e Galaxy Tab), Blackberry, iPhone e celular. “Carrego tudo numa maleta. Além disso, tenho o Slingbox, aparelho que me permite ver TV no iPhone e no iPad”, destaca. Na parede de sua sala, no prédio da TV Globo no Leblon, Rio, há uma televisão de plasma – que ele pede para um funcionário ligar (“Coloca na Globo”) – e uma camisa emoldurada do projeto Criança Esperança (autografada por Fernanda Montenegro).

Erlanger, 56 anos, é, há quase 12, diretor da CGCOM (Central Globo de Comunicação), responsável pela imagem da maior emissora de TV aberta do País e também pela assessoria de imprensa. É pelo seu estratégico departamento que passa todo e qualquer pedido de entrevista com atores e jornalistas do canal, alem da divulgação de novos projetos. Antes, ele foi editor-chefe do jornal O Globo e também diretor editorial da CGJ (Central Globo de Jornalismo). “Acho engraçado quando falam esse negócio de poder. O exercício que tenho aqui é de uma baita de uma humildade procurando ajudar as pessoas e a empresa a divulgar seus produtos. Se tenho inimizades, devo ter por meu estilo espalhafatoso, veemente, voltado à defesa de teses”, diz.

Erlanger aceitou esta entrevista a partir de um pedido informal em uma rede social. Mesma rede que ele utiliza para estar adequado às novas diretrizes propostas pela internet. “Tenho uma filha de 28 anos, uma de 25, de 21 e trigêmeos de 8. Não tem ninguém mais wireless em casa do que eu. Minha mulher até reclama que sou muito multimídia. Faço cursos de psicanálise de vez em quando. Mas fique tranquilo que nunca vou querer cuidar de ninguém. É que acho interessante esta ligação de Freud com a comunicação”, explica.

Em mais de duas horas de bate-papo em sua sala, Erlanger fala da concorrência, das pressões que recebe da sociedade e da obrigatoriedade da classificação indicativa dos programas, o que chama de “ataque à liberdade de expressão”. “No Estado de direito, cabe aos pais decidirem o que seus filhos vão assistir, não meia dúzia de funcionários bem intencionados do Ministério da Justiça”, diz. Na conversa procura demonstrar precisão técnica, mostra tranquilidade ao colocar as ideias e, sem cerimônia, volta a um raciocínio que, por ventura, tenha achado que não expôs com a devida clareza.
A seguir, o que pensa o diretor da Central Globo de Comunicação.


Foto: Isabela Kassow


Erlanger pede para que liguem a TV antes de começar a entrevista
Classificação de idade com faixa horária

“É uma grande ameaça à liberdade de expressão. O que foi feito é que deram um golpe ao se vincular classificação de idade com faixa horária. Reclassificar minha novela das nove para um outro horário inviabiliza minha produção. Porque não tenho outro horário para pô-la no ar. Quando mandamos (para o Ministério da Justiça) a sinopse (de um programa), mandamos com uma proposta de classificação. E eles veem se cabe isso ou não. A TV Globo acha que é um caminho legal avisar aos pais antes da programação o que vai acontecer ali, se vai ter cenas de violência, se vai ter cenas de sexo... Mas cabe aos pais decidirem o que fazer.”

Pensamento dominante

“O Brasil vai ter um problema muito grande do ponto de vista cultural, se os cidadãos seguirem padrões de acordo com o pensamento dominante. A ideia de classificação indicativa começou no governo PSDB e foi implantado pelo PT. Mas nada impede, por estarmos numa democracia, que venha amanhã um partido fundamentalista. Quem decide as seis pessoas responsáveis por esta classificação é o governo. Digamos que tenha um partido que se posicione contra o homossexualismo, o aborto, favorável ao ensino religioso... Se sou presidente eleito por este partido, vou colocar no Ministério da Justiça funcionários que sigam esta cartilha. Olha o perigo.”

Arma branca

“A gente tem mais problemas hoje no Ministério da Justiça do que na época da ditadura. Você pega uma novela das seis, uma cena de uma mulher na cozinha passando manteiga no pão. Aí tem uma algazarra na rua, ela chega na janela, sacudindo a faca e perguntando ‘o que está acontecendo?’. O cara em Brasília diz que a faca é arma branca e se continuar aparecendo vai reclassificar a novela.”

Poder do controle remoto

“A novela ‘A Favorita’, do João Emmanuel Carneiro, tinha a personagem da Patrícia Pillar que era uma serial killer. Vazou que ela ia matar alguém a facadas. Recebemos recados: ‘ó, se aparecer facada, vamos reclassificar’. Aí João ficou quieto e matou a personagem com furador de gelo! Furador de gelo não é arma branca. Lembro da minha juventude, vendo Chico Buarque arrumar artifício para burlar censura, arrumando pseudônimo, fazendo metáforas. Estamos numa democracia. Se você está insatisfeito com algo, use o controle remoto. Quando eu voto, a cada dois anos, não estou transferindo para o Estado o poder sobre minhas decisões.”

Humilhado no cinema

“Você sabe que perdeu seu direito de autoridade como pai quando leva o filho ao cinema. Fui uma vez assistir a ‘Traffic’, com minha filha que tinha 17 anos. É um filme que, na minha cabeça, deveria passar em escolas. Tem traficante morrendo para lá, outro para cá, mas a história central é de uma jovem de 17 anos, de classe média alta, o pai é procurador, ela tem um namoradinho, consome maconha, vai para a cocaína, passa para a heroína... Mostra a tragédia que é o consumo de drogas. Um camarada lá em Brasília achou que a classificação era de 18 anos. Ele pode até colocar isso como recomendação. Mas eu achava importante minha filha de 17 anos ver o filme. Cheguei na porta do cinema e o porteiro esticou a mão falando ‘não entra’. É uma desmoralização. Se não sou um bom pai, que me casse o pátrio poder. É o Estado desqualificando a capacidade dos pais de escolher o que é bom para seus filhos.”

Foto: Isabela Kassow Ampliar

Detalhe do seu crachá
Luta pela liderança

“A gente é uma emissora líder que nunca está confortável com a posição. Queremos melhorar a qualidade e a concorrência, embora estejamos sempre em patamares históricos. Não somos uma TV segmentada, temos 50% de share (totalidade das pessoas com o televisor ligado num determinado período) porque não somos uma TV do homem, da criança ou da dona de casa. Mas da família brasileira. Agora como há dez anos a Globo tem mais do que a soma de todos os demais canais.”

De olho na Classe

“O que precisamos é manter todos os segmentos da sociedade brasileira representados na nossa programação. Temos que ter 50% da classe A, 50% da classe B, 50% da classe C... Assim, quando percebemos a queda de audiência de uma das classes, reforçamos para voltar com aquele público. Não tem essa de queagora é a classe C. Para ter 50% da audiência total, tenho que ter 50% de todas as classes sociais.”

Manipuladora

“A gente ouve as teses mais malucas do mundo. Quando alguém chega e diz que a Globo manipula a população, está sendo agressivo com a população, por achá-la idiota. Se fosse assim, não precisaríamos brigar dia a dia por esta liderança.”

Um trauma como exemplo

“Cometo vários erros, mas este que vou te contar é histórico e tenho orgulho dele, por servir de aprendizado. Há uns anos, tivemos um plebiscito de venda de armas. Propus à direção, assumo que foi ideia minha, de entrarmos no assunto. Pensei ‘não vai ter ninguém no Brasil contrário à proibição de venda de armas’. A ideia era fazer a maior campanha da história da TV brasileira, entrar de cabeça contra as armas, usar todo o nosso elenco para isso. Conversamos com o Manoel Carlos, que estava com uma novela no ar (“Páginas da Vida”, 2006), e também abraçou a ideia. Ele fez uma cena onde a personagem da Vanessa Gerbelli morria de bala perdida. Teve uma passeata, uma coisa tão esquizofrênica, que até políticos pediram para participar. Aparentemente era algo imbatível. E quanto foi o plebiscito? Favorável à comercialização de armas.”

Campanhas unânimes

“Ninguém tem a capacidade de forçar a população a tomar uma decisão contrária a seus princípios. O que decidimos a partir daí (do plebiscito das armas)? Do ponto de vista institucional, só abraçamos campanhas que correspondam à unanimidade. Campanha de doação de sangue, contra preconceito, a síndrome de down...”

Gays em horário nobre

“Não tem por que deixar de mostrar nas novelas a questão da homoafetividade, se uma parcela da população opta por isso. Temos sim que atacar diretamente a homofobia, mas não corresponde a nós abraçar causas incorporadas ao pensamento coletivo. Não abraçamos bandeiras, mas tratamos de temas que mereçam reflexão. Não tem uma só novela na Globo, a não ser de época, que não tenha alguma mensagem contra homofobia. Os grupos de militância defendem que a gente estique a corda e transforme isso em bandeira. E há um público muito conservador que acha que o simples fato da gente mostrar o homoafeto é um absurdo. Quando temos críticas das duas pontas, é porque estamos no caminho certo.”

Para-raios do bem e do mal
“Um ator ganha um prêmio em Cannes. A notícia é ‘ator tal ganha prêmio em Cannes’. Na semana seguinte, ele volta e é preso com cinco baseados de maconha. A notícia é ‘ator global é preso com maconha’. Quando é mérito pessoal é dele, quando pisa na bola é da TV Globo. Somos uma espécie de para-raios, para o bem e para o mal.”


Foto: Isabela Kassow


"O repórter pode entrar num picadeiro, desde que mantenha os princípios éticos e de credibilidade"
Componente de arrogância

“Na última análise de pesquisa, sentimos que havia um componente de arrogância com o slogan ‘Globo e você, tudo a ver’. Não é possível que o telespectador goste de tudo da Globo. Não é tudo a ver, é quase tudo a ver. Temos a maioria da audiência do Brasil, porque o telespectador liga na gente. Só tem um motivo para que o telespectador se ligue na gente. É que a gente se liga no telespectador. Então chegamos a este último slogan, o ‘A gente se liga em você’, que tem um sentido afetivo.”

Popular ou popularesco
 
“É importante distinguir estes conceitos. Ser popular não é ser popularesco. Nós queremos ser populares. Um projeto como ‘O Astro’ é sofisticado. Isso ali na parede (ele aponta para um troféu) é um Leão de Ouro, de 2009. A primeira vez que Cannes criou um prêmio para novas mídias quem ganhou foi a tradicional mídia aberta chamada TV Globo. Olha que curioso. A gente quer fazer um produto popular de qualidade. Uma boa teledramaturgia, um bom jornalismo não têm distinção de classe.”

Freud explica

“A televisão tem uma característica que nenhum outro veículo consegue suprir. É a única que une todos numa só comunhão. Quando você assiste à novela das oito, todos os brasileiros, todos não, a maior parte dos brasileiros vive a mesma emoção que você. O pensador francês Dominique Wolton, no livro ‘Elogio do Grande Público’, foi o primeiro a falar que o rádio não acabou com o jornal, a TV não acabou com o rádio e a internet não vai acabar com a TV. Não existe esta pesquisa do Brasil, mas 30% das pessoas que estão na internet nos Estados Unidos deixam a TV ligada ao lado do computador. As pessoas ficam vendo o jogo da seleção brasileira na TV e comentando o topete do fulano nas redes sociais. Está em Freud. O ser humano quer a sensação de pertencimento.”

Artistas e jornalistas nas redes sociais

“Nas chamadas novas mídias, o jornalista deve seguir as mesmas regras das mídias tradicionais. Você pode, no seu blog ou Twitter, falar de assuntos que dizem respeito à empresa? Não pode. Um âncora da TV Globo pode subir na esquina da Avenida Paulista e fazer um discurso contra a Dilma? Não pode. A pessoa tem que ter o mesmo bom senso na mídia social que tem nas outras mídias. Isso é recomendado para qualquer jornalista da empresa, em qualquer plataforma.”

Dieta de jornalista

“É um sucesso este quadro “Medida Certa”. É da tradição do Fantástico buscar novas linguagens. Há vinte anos, era 95% entretenimento e 5% jornalismo. Era Glória Maria na beira do vulcão, pulando de paraquedas... Hoje é 95% jornalismo e 5% entretenimento. O repórter pode entrar num picadeiro, desde que mantenha os princípios éticos, morais e de credibilidade. Veja o caso do (Pedro) Bial. Ele tem condição de ancorar qualquer telejornal, tratar de assunto de maior seriedade, e passar parte do ano como âncora do Big Brother Brasil.”

Ratinhos de laboratório

“O que não entendo, e queria acompanhar do ponto de vista psicanalítico, é como tem quem entra numa plataforma e perde a noção de privacidade. Os caras se expõem de uma maneira inacreditável. Colocam coisas na internet como se ninguém fosse ver, fotos que não se colocaria na parede de casa. A menina posta ‘corri na praia, estou suada e vou tomar banho’. Isso é coisa que você grita da janela de casa? Preciso ainda fazer uma análise psicanalítica disso. Meu Twitter é um laboratório. As pessoas são ratinhos de laboratório, só entra lá quem quer. Cada vez que coloco ‘não me siga’, entram novos cinquenta para me seguir. Tenho 13 mil seguidores.”

Nota da ANP em resposta à reportagem da Época

Segue nota sobre matéria da Época. Favor atribuir à Assessoria de Imprensa da ANP.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) repele, energicamente, as acusações feitas pela Revista Época em reportagem de capa da edição de 23/7/2011. A revista veiculou falsidades e desconsiderou dados verdadeiros que já lhe tinham sido informados há dois anos. Generaliza suas aleivosias irresponsáveis e agride toda a comunidade que trabalha na Agência. Em respeito a seus servidores e à sociedade, a ANP presta os seguintes esclarecimentos:
  • Os Srs. Antonio José Moreira e Daniel Carvalho, que aparecem na gravação e foto divulgadas e foram apresentados repetidas vezes na reportagem como “assessores da ANP”, nunca foram assessores desta Agência. Nunca foram sequer do quadro de servidores permanentes da Agência. Antonio José Moreira é servidor da Procuradoria da Fazenda Federal e foi destacado para o acompanhamento de processos da ANP, atuando em dependência da Agência, como ocorre com os demais órgãos públicos. Daniel Carvalho foi apenas estagiário na ANP. Além disso, a revista maldosamente os apresenta como se estivessem hoje na ANP, sendo que ambos já estão fora dessa Instituição há mais de dois anos.
  • A reportagem também não informa que, tendo tomado conhecimento em 2009 da gravação referida na matéria, um funcionário da Assessoria de Inteligência da proporia ANP acompanhou a advogada Vanuza Sampaio, ao Ministério Público para a apresentação da denúncia, ficando claro que a ANP estaria, como permanece até agora, à disposição do Ministério Público para os esclarecimentos necessários.
  • Essas informações, que a reportagem ignora, tinham sido fornecidas pela ANP à Revista Época há mais de dois anos.
  • O ex-superintendente de Abastecimento da ANP Edson Silva interpelou judicialmente a advogada Vanuza Sampaio, através de seccional da OAB/RS, para que confirmasse em juízo as acusações agora veiculadas pela revista Época. Em sua resposta, a advogada negou que tivesse conhecimento de qualquer irregularidade por ele praticada.
  • Edson Silva afirma que jamais autorizou quem quer que seja a falar em seu nome ou fazer tratativas do tipo que a revista lhe atribui e nega que tenha havido qualquer encontro em um "café nas cercanias da sede da ANP, no centro do Rio", como consta na reportagem.
  • A ANP nunca teve conhecimento de qualquer irregularidade praticada pelo ex-superintendente de Abastecimento Roberto Ardenghy.
  • As insinuações feitas por Época contra o ex-diretor Victor Martins, merecem também nossa repulsa e o nosso protesto, vez que a Revista Época volta a se apoiar em denúncias levantadas há anos e que foram consideradas falsas, depois de ampla investigação por uma CPI do Senado Federal.
  • Ao contrário do que afirma a Revista, a ANP não se exime de fiscalizar ou tolera irregularidades no mercado de combustíveis. A prova maior disso é a qualidade dos combustíveis brasileiros, que estão de acordo com os melhores padrões mundiais. Qualidade resultante do rígido controle exercido pela ANP, o qual envolve operações regulares de fiscalização realizadas em coordenação com o Ministério Público, órgãos estaduais e municipais.
  • Quanto à acusação de aparelhamento político, a Revista Época ignora que o quadro permanente de servidores da ANP só foi constituído na atual administração, por meio de dois concursos públicos que permitiram a contratação de mais de 650 servidores, repita-se, todos concursados. São profissionais capacitados, que servem à sociedade com dedicação e correção, não sendo merecedores do tratamento ofensivo que lhes foi dispensado pela Revista.