quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Alemanha 3 a 2: outra decepção de Mano


Alemanha 3 a 2: outra decepção de Mano
 
Foto: VANESSA CARVALHO/AGÊNCIA ESTADO

 

Brasil é derrotado mais uma vez e continua sem vencer as grandes seleções na Era Mano; Neymar, febril, marcou o segundo gol



10 de Agosto de 2011 às 17:53
Cassius Oliveira_247 – Ainda sob efeito da eliminação na Copa América, a seleção brasileira enfrentou a Alemanha nesta quarta-feira, em Stuttgart, de onde saiu derrotada. Contestado, o técnico Mano Menezes surpreendeu a todos ao colocar o meia Paulo Henrique Ganso no banco de reservas. Já Neymar, que reclamou de dor de garganta e apresentava estado febril, foi confirmado entre os titulares horas antes do jogo. A equipe alemã, que contava com o jovem Mário Götze, sensação do campeonato nacional, foi quem levou a melhor, fazendo um jogo quase impecável e vencendo o Brasil por 3 a 2.
No primeiro tempo, foram os donos da casa que começaram o jogo no ataque. Logo aos três minutos, o meia Bastian Schweinsteiger chutou fora da área e a bola passou próximo ao gol. No lance seguinte, Götze recebeu pelo lado direito da área, cortou para dentro e bateu forte. O goleiro Julio César fez boas defesas. A equipe alemã trocava passes no meio campo e a defesa brasileira ficava acuada na defesa.

Aos 11 minutos, o volante Kroos perdeu a bola no meio de campo, Robinho aproveitou a falha e deu passe para Pato na área, mas o atacante se enrolou e perdeu a bola. O Brasil parecia estar jogando na base do contra ataque, e em mais um deles, Robinho dominou pela esquerda e deu um passe espetacular para André Santos. O lateral cruzou para o meio da área e o goleiro Neuer defendeu com os pés. Aos 18 minutos, Neymar saiu da marcação, entrou na área e cruzou para trás. A bola pegou no zagueiro alemão e ficou com Neuer. A resposta da Alemanha foi numa troca de passes, da qual a bola sobrou para Traesch, que bateu de primeira. Júlio César apenas olhou a bola indo para fora. Aos 32 minutos, Daniel Alves bateu falta forte, mas Neuer fez boa defesa.

O Brasil parecia equilibrar mais o jogo, mas quando os alemães contra-atacavam, encontravam uma defesa canarinho desarmada. O meia Fernandinho, que entrou no lugar de Ganso, não fazia uma boa partida, cometendo muitas faltas. Em uma delas, o meia Schweinsteiger bateu colocado e a bola passou perto do gol de Júlio César. Aos 42 minutos, o atacante Podolski bateu forte de fora da área, a bola desviou em Thiago Silva e foi para fora. No contra ataque, Daniel Alves fez grande jogada e passou para Neymar. O atacante bateu cruzado para fora.

O segundo tempo foi iniciado com o Brasil no ataque. Numa grande jogada, Ramires deu um passe incrível para Pato, que tentou encobrir Neuer, mas a bola foi para fora. A seleção brasileira parecia ter outra postura em campo, mas ainda pecava um pouco no setor defensivo. Aos sete minutos, o lateral Philip Lahm bateu com força fora da área, a bola fez uma curva e quase enganou Júlio César, que fez uma defesa um tanto desajeitado. Aos 13 minutos, o zagueiro Lucio derrubou Kroos na área. Pênalti. Schweinsteiger bateu no canto esquerdo de Julio César: 1 a 0 Alemanha. O Brasil tentou responder num cruzamento de André Santos, que quase enganou Neuer.

O Brasil pareceu ter sentido o gol, e começou a recuar. Numa troca de passes, o atacante Miroslav Klose deu um passe na medida para Götze. O garoto driblou Julio César e anotou o segundo gol da Alemanha. Após tomar mais um ponto no placar, Mano Menezes colocou em campo Paulo Henrique Ganso. Aos 26 minutos, Daniel Alves foi derrubado na área: pênalti. Robinho bateu no canto direito de Neuer e diminuiu para o Brasil. A seleção alemã, porém, continuou pressionando e mantinha a posse de bola.

Mesmo com Ganso em campo, o Brasil parecia uma seleção apática. Aos 33 minutos, o lateral André Santos falhou na saída de bola e perdeu para Schweinsteiger, que rolou para Schurlle bater de primeira e fez o terceiro gol para a Alemanha. A seleção brasileira esboçou uma reação final com Neymar, que recebeu na entrada da área e bateu no canto de Neuer: 3 a 2. No entanto, não deu tempo para tentar algo mais. O Brasil segue sem vencer as grandes seleções do futebol mundial na era Mano Menezes, tendo perdido para França, Argentina e empatado com a Holanda.

Quem é o operador do PR que ameaça Dilma


Quem é o operador do PR que ameaça Dilma
 
Foto: DIVULGAÇÃO

 

O deputado Lincoln Portela, braço direito de Valdemar Costa Neto, lidera a rebelião do seu partido


247 – A “faxina” promovida pelo governo Dilma contra determinadas alas da base aliada continua provocando sequelas. Nos últimos dias, o foco das atenções esteve concentrado no PMDB em função de dois escândalos paralelos: o de Wagner Rossi, apadrinhado de Michel Temer na Agricultura, e o de Pedro Novais, afilhado político de José Sarney no Turismo. Mas as feridas mais expostas são as do PR, que perdeu o comando do Ministério dos Transportes. Porta-voz da insatisfação, o deputado mineiro Lincoln Portela mandou avisar que não aceitará mais convites do Palácio do Planalto nem para almoços. Um sinal de que a relação do governo com o partido tende a se deteriorar nas próximas semanas.

A força de Portela, que é braço direito do deputado Valdemar Costa Neto, um dos protagonistas do Mensalão, reside nos 40 deputados do PR, a quem ele imagina controlar. Mas o fato é que a presidente Dilma Rousseff só teria a ganhar com esse rompimento, dada a ficha do parlamentar, que circula apenas no baixo clero do Congresso Nacional.

Radialista e apresentador de TV, Portela apenas era conhecido por dois projetos de lei que marcaram época no Congresso Nacional e entraram para o folclore político: um criava o “Dia do Sono” e o outro proibia que se empinassem pipas em todo o território nacional. O primeiro não despertou nem o sono e nem o apoio dos dorminhocos, mas o segundo o transformaria no maior algoz da infância brasileira desde a “Cuca” e o “bicho-papão”. Ambos, é claro, foram rejeitados ainda no nascedouro.

Depois de um longo tempo recolhido ao baixo clero da casa, onde sua figura discreta e desconfiada não gozava de qualquer prestígio entre os colegas, Portela tirou a sorte grande: tornou-se homem de confiança de Valdemar da Costa Neto, o “Boy”, deputado federal paulista e “dono” do PR. Passou a ser seu braço-direito e fiel escudeiro, levando recados e angariando votos, assumindo compromissos em nome do chefe e farejando boas oportunidades. Mais que isso: “Boy” não faz nada sem ouvir Lincoln Portela, cuja influência também se estende sobre o ex-ministro e senador Alfredo Nascimento (AM). Em verdade, a bordo de um ar soturno e dos óculos cujo gosto muitíssimo duvidoso salta à primeira vista, ele se tornou uma espécie de “rei do baixo clero”, segundo confidenciou um petista mineiro à reportagem do Brasil247.

Inquérito da Procuradoria-Geral da República

Vários parlamentares, não só do PR como de toda a base aliada, são unânimes em garantir que Portela se tornou um afortunado “operador” nos escaninhos da administração pública. Não por acaso o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal licença para proceder à instauração de inquérito visando à apuração da prática de uma série de crimes atribuídos ao parlamentar. O STF acolheu o pedido e o relator, ministro Joaquim Barbosa, o enviou à Polícia Federal para as devidas diligências.

A PGR o acusa de violar a Lei de Licitações, de apropriação ou desvio de bens públicos e de lavagem de dinheiro (art. 89 da Lei 8.666/1993, art. 312 do Código Penal e Lei 9.613/1998). Lincoln Portela, como membro da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos deputados, em março de 2009, foi o solitário voto contra a aprovação de um substitutivo do jurista e deputado Antônio Carlos Biscaia (PT/RJ) à Lei 9.613/98 endurecendo drasticamente as punições à lavagem de dinheiro, com as penalidades passando de três para até 18 anos de reclusão. Portela apresentou um parecer paralelo, mas ficou falando sozinho.

O líder do PR na Câmara dos Deputados também é réu por improbidade administrativa em ação que tramita no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. A denúncia foi recebida em março de 2010 e gerou o processo nº 25527-20.2009.4.01.3800. Apesar de tudo isso, Portela tem pretensões de disputar a prefeitura de Belo Horizonte no próximo ano ou ser candidato a vice-governador de Minas Gerais em 2014.

Portela também foi um dos deputados federais mineiros que mais sacou a verba indenizatória de despesas externas (viagens, combustíveis, etc...) que a Câmara Federal paga: em 2005, por exemplo, chegou a estourá-la, recebendo a bagatela de R$ 179.748,92; seu nome apareceu no chamado “escândalo das passagens aéreas”, denunciado pelo Congresso em Foco, de Brasília, com oito bilhetes emitidos em nomes de terceiros; foi citado como sendo um dos beneficiados no escândalo das sanguessugas e, em reportagem recente da revista Época, também foi elencado como um dos novos nomes que teriam recebido o “mensalão” do publicitário mineiro Marcos Valério.

Lincoln Portela, o homem que atua nos bastidores para que seu Partido da República rompa com Dilma Rousseff se não voltar a ter uma fatia suculenta do poder como nos bons tempos do DNIT, demonstra apetite semelhante ao de outra personagem que emergiu, como ele, do baixo clero para a ribalta, Severino Cavalcanti, aquele que queria uma diretoria da Petrobrás (“mas daquelas que fura poço!”).

Um almoço com ele pode sair caro.

PT e PMDB, enfim, unidos. Contra a PF

As 35 prisões da PF já ameaçam o chefe da PF

As 35 prisões da PF já ameaçam o chefe da PF
Foto: PEDRO LADEIRA/Agência Estado


Dilma ficou possessa com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não lhe contou a dimensão exata da Operação Voucher



247 – Eram pouco mais de 8h da terça-feira 9, quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou ao Palácio do Planalto para relatar à presidente Dilma Rousseff o que aconteceria logo depois: a primeira megaoperação da Polícia Federal em seu governo, que acabou prendendo 35 pessoas ligadas ao Ministério do Turismo, incluindo o secretário-executivo da pasta. “Não sou eu quem vai agora brecar a trabalho da Polícia Federal”, teria dito Dilma ao ministro.

Com o sinal verde, começaram a ser cumpridas as ordens de prisão e logo depois o Palácio do Planalto teve a dimensão do estrago: uma crise política com o principal partido da base aliada, o PMDB.

Mais grave do que isso: uma operação, que como muitas outras conduzidas pela Polícia Federal nos últimos anos, corre o risco de não ficar de pé por muito tempo. A sensação generalizada, em Brasília, é de que a Operação Voucher reabriu a temporada de uso da “polícia política” – algo que se disseminou no governo Lula e que parecia enterrado no governo Dilma, com a chegada de José Eduardo Cardozo.

A própria dimensão dos desvios parece ser “café pequeno” para o padrão recente da corrupção no Brasil: R$ 3 milhões, num convênio de R$ 4 milhões, que levaram à prisão de 35 pessoas. Muitas deles não teriam a menor relação com o caso, como parece ser o caso do ex-deputado federal Colbert Martins, do PMDB da Bahia. “Palhaçada”, definiu o também deputado Jânio Natal ao Bahia 247. “É muito sensacionalismo. Como um cara que acaba de assumir pode ser preso?”

Outro efeito colateral importante foi o estilhaço na campanha da senadora Marta Suplicy, ex-ministra do Turismo, à prefeitura de São Paulo, uma vez que seu ex-assessor Mário Moyses foi preso.

Discurso padrão

Como sempre, repetiu-se o discurso padrão do governo em operações do tipo. Porta-vozes da Polícia Federal falaram em “provas robustas” e a ministra da Articulação Política, Ideli Salvatti, falou em “PF republicana”, que não protege nem persegue, citando uma expressão criada pelo ex-ministro Marcio Thomaz Bastos – este sim o grande articulador da polícia política da era Lula. Ideli disse até que operação da PF não se discute, “cumpre-se”, esquecendo-se de mencionar que poucas do passado recente ainda estão de pé.

Dilma, no entanto, sabe no seu íntimo que o tiro disparado pela Polícia Federal foi inconsistente. Ganhou mais uma crise política desnecessária, potencialmente mais perigosa do que a do PR, e talvez tenha que tolerar por mais tempo o ministro Pedro Novais, a quem só recebeu uma única vez.
Paradoxalmente, a Operação Voucher pode ter fortalecido o ministro do Turismo.

Leia, abaixo, reportagem anterior do 247 em que lideranças do PT e do PMDB denunciam abusos na Operação Voucher:

PT e PMDB, enfim, unidos. Contra a PF

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), acusou que houve abuso de poder pelo Judiciário e pelo Ministério Público (MP) na operação no Ministério do Turismo que resultou na prisão de 38 pessoas, incluindo o "número dois" na hierarquia, o secretário-executivo, Frederico Costa.

O mesmo tom foi usado pelo líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). "Está caracterizado abuso de poder. Ninguém tem conhecimento de dolo, de irregularidades", disse. "Todos estão surpreendidos pela virulência da operação", afirmou Alves.

Vaccarezza, Alves e líderes da base saíram em defesa do ex-deputado Coubert Martins (PMDB-BA), atualmente secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo do Ministério, um dos presos na operação. Eles argumentaram que ele está há apenas dois meses no Ministério e não pode ser preso sem nenhuma explicação por conta de convênios que estão em funcionamento desde 2009. "Essa decisão da Justiça é absurda e muito estranha. É preocupante a forma como foi feita (a decisão pela prisão), tudo por um juiz de primeira instância", disse o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO).

Vaccarezza também afirmou que o petista Mário Moysés, ex-secretário executivo do Ministério e um dos presos na operação, é uma pessoa séria. "Eles (as pessoas acusadas) devem ser chamados para depor e não começar com a prisão, mesmo que a prisão não seja uma condenação. Houve abuso de poder do Judiciário e do Ministério Público", reclamou o líder.

PT pede que Marta e Haddad parem de brigar


PT pede que Marta e Haddad parem de brigarFoto: DIVULGAÇÃO

Presidente do partido em São Paulo pede que críticas recíprocas não sejam feitas pela imprensa


Por Agência Estado

Agência Estado
O presidente do PT do Estado de São Paulo, deputado estadual Edinho Silva, pediu hoje o fim da exposição das divergências internas do partido por meio da imprensa, escancaradas nas críticas mútuas entre a senadora Marta Suplicy (PT-SP) e o ministro da Educação Fernando Haddad, pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo, em recentes declarações e entrevistas à imprensa.

"Cada um tem direito de dar entrevista e emitir opiniões, mas não podemos fazer da imprensa um espaço para expressar divergências. Temos que levar o debate e divergências de posições para (discutir) dentro do PT", disse Edinho. "Imprensa é para expressar pensamentos, mas críticas temos de fazer para dentro em um ambiente de construção da unidade", completou.

Apesar da bronca, o presidente do PT paulista garante que não há crise no partido e que todos os pré-candidatos expressaram democraticamente as opiniões nas entrevistas dadas. No entanto, Edinho admitiu que há uma tensão com a aproximação da escolha do candidato à sucessão de Gilberto Kassab na prefeitura paulistana. "Claro que um momento de definição de candidatura é momento de tensão política. Portanto, temos de colocar o espírito democrático acima de quaisquer interesses e trabalhar para construir a unidade no PT", concluiu.

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy colocou em dúvida a análise feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que um nome novo do partido, no caso o do ministro da Educação, Fernando Haddad, seria o ideal para a disputa municipal do ano que vem. Ao falar das possibilidades eleitorais do apadrinhado de Lula, disparou: "Se ele (Lula) estiver pensando em não ganhar a eleição, mas apenas em criar um nome novo, pode caminhar nessa direção". Marta se posiciona como candidata natural do PT nessa disputa.

Em resposta às críticas de Marta, Haddad, em entrevista à rádio CBN, reforçou a avaliação do ex-presidente Lula de que o momento no PT nessas eleições municipais de 2012 é de renovação. "A avaliação de Marta conflita com a de Lula", disse. E tentou contemporizar, destacando que a senadora tem todo o direito de se expressar. Mas, alfinetou: "Entendo que o PT tem chances de ganhar com um nome novo, não precisa nem ser o meu. Um nome novo uma proposta nova, mais arejada. E o presidente Lula tem acertado ultimamente em suas avaliações políticas".

Advogado que fez loby pra Daniel Dantas condena operação da PF

Greenhalgh ataca a PF de Cardozo: "Polícia política"


Greenhalgh ataca a PF de Cardozo:
 
Foto: PEDRO LADEIRA/Agência Estado

 

Advogado Luiz Eduardo Greenhalgh diz ao 247 que a Operação Voucher marca o retorno da pirotecnia e do uso político da PF


10 de Agosto de 2011 às 13:09
-- É a volta da polícia política.

Quem diz não é nenhum líder da oposição, mas sim o advogado e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, referência jurídica do Partido dos Trabalhadores desde que o PT é PT.

Greenhalgh se refere à Operação Voucher, deflagrada ontem pela Polícia Federal, que prendeu 35 pessoas ligadas ao Ministério do Turismo – a maioria do PMDB, mas também alguns nomes do PT.
-- A meu ver, o ministro José Eduardo Cardozo não sabia da dimensão da operação, as informações repassadas à presidente Dilma foram superficiais e as provas parecem ser inconsistentes.

Greenhalgh, que há muito tempo condena a “pirotecnia” da PF, ficou especialmente chocado com a prisão do ex-deputado Colbert Martins, do PMDB da Bahia, que foi seu colega na Câmara dos Deputados e é secretário do Ministério do Turismo.
-- Por ele, eu coloco a mão no fogo.

A Operação Voucher pode criar problemas sérios para a articulação política do governo Dilma no Congresso. Ela foi considerada abusiva por lideranças do PMDB, mas também do PT, como o deputado Cândido Vaccarezza. E o ministro Pedro Novais, paradoxalmente saiu fortalecido do episódio, uma vez que a própria ministra Gleisi Hoffmann saiu em sua defesa.

Outro criminalista respeitado, o também ex-deputado José Roberto Batochio criticou o retorno das operações com finalidade política na Polícia Federal e também a postura do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

-- Um ministro que permite a existência de um Estado dentro do Estado, no caso a Polícia Federal, que não pode ser nenhum quinto poder, não serve para ser ministro.
Batochio, que é também advogado do ex-ministro Antonio Palocci, avalia que a Operação Voucher pode trazer danos ao futuro do governo Dilma.

No início de seu mandato, Dilma teve uma conversa com o ministro José Eduardo Cardozo e definiu que todas as operações da PF, com repercussões políticas, passariam antes pela mesa dela. No caso da Operação Voucher, Dilma parece ter levado uma bola nas costas.

Em menos de 24 horas, operação da PF naufraga

Nesta manhã, o Brasil 247 já noticiava a indignação de parte do PT com a Operação Voucher, que prendeu 35 no Turismo. Em menos de um dia, um juiz pede afastamento, o diretor-geral da PF é questionado pelo ministro da Justiça e 18 são soltos





247 - Não durou um dia. Quando parecia que as megaoperações da Polícia Federal (PF) estavam de volta, o governo reagiu à prisão de 35 funcionários do Ministério do Turismo e os rumos da Operação Voucher mudaram. Dezoito dos suspeitos já foram soltos, o juiz que ordenou os mandados de busca e apreensão deixou o inquérito e o ministro da Justiça determinou que o diretor-geral da PF explique a utilização de algemas durante a operação.

O tom da mudança de rumo no caso do Turismo foi adiantado no início da manhã pelo Brasil 247, por meio das palavras do advogado e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh. "É a volta da polícia política", disse ao 247 o ex-deputado, uma referência jurídica do Partido dos Trabalhadores. "A meu ver, o ministro José Eduardo Cardozo não sabia da dimensão da operação, as informações repassadas à presidente Dilma foram superficiais e as provas parecem ser inconsistentes", completou Greenhalgh.

Diante do incômodo dos petistas e da presidente Dilma Rousseff -- que já enfrentava problemas demais para administrar crises em dois ministérios -- Cardozo foi provocado a tomar uma atitude, ainda que tardia. No início de seu mandato, Dilma teve uma conversa com o ministro da Justiça e definiu que todas as operações da PF com repercussões políticas passariam antes pela mesa dela. No caso da Operação Voucher, Dilma parece ter levado uma bola nas costas. Daí a reação do governo, que já libertou 18. Até quando os outros 17 ficarão presos é a pergunta que se impõe.

Confira reportagem sobre as reações desta quarta-feira à Operação Voucher:

Evam Sena_247, Brasília – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou nesta quarta-feira, 10, que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Leandro Coimbra, esclareça "em caráter de urgência" o uso de algemas na Operação Voucher, que prendeu ontem 35 pessoas envolvidas em denúncias de corrupção no Ministério do Turismo, comandado pelo PMDB.

Entre os detidos estão o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, o secretário de Desenvolvimento de Programa de Turismo. Colbert Martins e o ex-secretário-executivo Mário Moyses. Na avaliação do Palácio do Planalto, a ação da PF foi "atabalhoada" e "exagerada".
O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), membro licenciado do Ministério Público de Goiás, apontou “contrassenso” entre o número de pessoas presas e o valor supostamente desviado. “Se o desvio foi de R$ 3 mil, não chega a 30 mil por pessoa por ano. Pelos padrões de corrupção fica difícil acreditar que todos estão envolvidos”, disse.

Deputados e senadores do PT e PMDB alegaram abuso de poder político pelo Judiciário e pelo Ministério Público e saíram em defesa de alguns dos envolvidos presos. Demóstenes não quis comentar a acusação do ex-deputado federal petista Luiz Eduardo Greenhalgh, de politização da Polícia Federal, mas opinou que o tamanho descabido da operação indica segunda intenções do governo.

“Uma operação desse tamanho só se faz com aval da presidente e do ministro da Justiça. As prisões foram determinação da Justiça, mas é fato que a presidente sabia”, afirmou o democrata.
Já para o senador Pedro Taques (PDT-MT), ex-procurador da República, o governo tenta, com os questionamentos sobre trapalhadas na Operação Voucher, afastar o foco das denúncias de corrupção.
“Questionar o uso de algemas é uma desculpa para desviar da corrupção. Para mim, este não é o tema central. É a mesma coisa que pegar a mulher traindo e vender o sofá”, disse o senador com reconhecido trabalho em combate ao crime organizado a à lavagem de dinheiro.

Taques nega que tenha havido excesso na deflagração. “Quem determina [as prisões] não é a PF e sim o Juiz. E eu confio na Justiça. O inquérito leva a isso e as buscas e apreensões também”, disse o pedetista.

Juiz deixa inquérito

O juiz federal Anselmo Gonçalves da Silva, que ordenou os mandados de busca e apreensão da Operação Voucher, deixou o inquérito e será substituído pelo juiz substituto Mauro Henrique Vieira. A 1ª Vara da Seção Judiciária do Estado do Amapá justificou a mudança como um procedimento administrativo normal, dizendo que os processos terminados em números ímpares geralmente são distribuídos ao juiz substituto, mas que o cargo estava vago até a semana passada.

É mais fácil acreditar nisso ou na possibilidade de o juiz Anselmo Gonçalves da Silva não ter suportado a pressão por investigar PT e PMDB, os principais partidos do governo?

Rossi admite "lacuna" na Conab e diz que Ortolan será absolvido

 

Em depoimento no Senado Federal, Rossi criticou o que classificou como "denuncismo" e anunciou reestruturação da pasta


Terra


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Blindado pela base governista no Congresso Nacional, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), voltou a negar nesta quarta-feira, pela segunda semana consecutiva, a existência de irregularidades na pasta e em autarquias subordinadas a ela, como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em depoimento no Senado Federal, Rossi criticou o que classificou como "denuncismo" e anunciou que a autarquia passará por uma reestruturação.


Aos senadores, ele admitiu que a Conab atualmente enfrenta uma "lacuna jurídica", o que faz que a companhia não possa defender os interesses do governo de forma completa, e disse que irá alterar também os cargos de diretoria. No depoiamento, ele ainda saiu em defesa de seu ex-secretário-executivo, Milton Ortolan, que deixou o governo após denúncias de relacionamento com um lobista.


Entre as novas suspeitas contra o setor coordenado por Rossi está a cobrança judicial contra a Conab movida pela empresa Sociedade Produtora de Alimentos Manhuaçu (SPAM) em 2001. Em ação na Justiça, a empresa conseguiu o direito de receber a restituição de R$ 99 milhões referentes a um imposto na compra de leite em pó. Na versão do ministro, o procurador Raimundo Nonato de Oliveira Santos, que trabalhava na Procuradoria da Conab, teria atuado de maneira suspeita e emitido um parecer em prol da SPAM.


"O que acontece é que detectamos um ato imoral de um procurador que se conluiou com o advogado da parte contrária para darem um golpe (...) no erário. Evitamos que isso se completasse. Tomamos todas as medidas, inclusive uma coisa difícil, que é a anulação de uma sentença judicial. A SPAM, através de um conluio de um procurador da Conab com seus advogados, quis dar um golpe que nós evitamos", disse o ministro.


De acordo com Rossi, atualmente um dos fatores que dificulta a ação da Conab na defesa dos interesses da companhia na justiça é a falta de profissionais. "A Conab tem uma deficiência na área jurídica muito grave e já detectamos isso. Fizemos uma série de mudanças, mas ainda não são suficientes. Vamos fazer novas mudanças para aperfeiçoar. A Conab, infelizmente por deficiência no seu corpo de procuradores, que são poucos, contrata ainda mediante um equívoco do Estado brasileiro: escritórios terceirizados, que em média cobraram de R$ 50 a R$ 80 por ação. Evidente que esse contrato é inexequível. A Conab perdeu prazos em vários processos", comentou.


"Na medida em que começamos a aceitar que qualquer um denuncie sem qualquer prova, (seremos alvo de) pessoas ressentidas, magoadas, e que foram desatentidas ou, no caso da SPAM, para impedir que lesassem o patrimônio público", afirmou. "Estamos providenciando mudanças no controle da companhia para evitar esse tipo de procedimento. Havia uma certa lacuna na área jurídica."


Ao sair em defesa do ex-secretário-executivo do ministério, Wagner Rossi disse que seu "braço direito", Milton Ortolan, será inocentado das acusações. Ele é suspeito de ter exigido o pagamento de propina para a renovação do contrato do Ministério da Agricultura com uma Gráfica Brasil. A denúncia foi feita pelo lobista Júlio Fróes.


"Tenho certeza que será absolvido. (Ortolan) é de uma ingenuidade absoluta. É a simples constatação de um homem que tem uma vida pública longa, sem nenhuma condenação, sem rejeição de contas por tribunal", declarou. "A pessoa que faz acusação é aquela que queria continuar com aquela gráfica, com preço alto e contra a determinação do ministro. (A Gráfica Brasil) É uma empresa que tinha problema, detectamos, paralisamos, trocamos através de concorrência e colocamos uma outra com 40% a menos. Certamente pessoas não ficaram contentes e uma dela é a autora dessas denúncias", disse o ministro.


"Todas as denúncias não tinham nenhuma base. É denuncismo. É preciso que não se inverta o ônus da prova. Não há nenhuma validade nas acusações feitas em nenhum dos casos", declarou Rossi. "A única coisa que tenho que apurar é que qualquer indício de ilícito encaminharemos aos órgãos externos que cuidam da repressão."

Dilma: perdas e ganhos

 

Segundo pesquisa Ibope, aprovação do governo segue positiva para a maioria dos brasileiros mesmo com queda de 6% no índice. Presidente aproveitou reunião do Conselho Político para amenizar clima entre aliados


AE e Terra


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A aprovação do modo como a presidente Dilma Rousseff (PT) está governando o Brasil caiu de 73% para 67% em julho deste ano, segundo divulgou nesta quarta-feira a pesquisa Ibope da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A primeira pesquisa do governo Dilma havia mostrado aprovação de 73% da população. A segunda avaliação foi feita entre 28 e 31 de julho, após a crise no Ministério dos Transportes e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com 2.002 pessoas de 141 municípios brasileiros.

Apesar da queda, a presidente continua com avaliação favorável: 48% dos entrevistados consideram o governo ótimo ou bom, contra 12% de pessoas que avaliaram como péssimo. A confiança em Dilma continua com patamar considerado elevado pela CNI, em 65%, mas o percentual é menor que o observado na primeira pesquisa, em março, que foi de 74%. Aumentou, ainda, o número de pessoas que desaprovam (25%) e que não confiam (29%) em Dilma. A aprovação da presidente é mais elevada no Nordeste (70%) e menor no Sul (61%).

Mesmo com a queda na avaliação geral do governo, Dilma Rousseff vem conseguindo desvencilhar a imagem do seu antecessor, Lula. A maioria dos entrevistados (57%) ainda acredita que o governo Dilma está sendo igual ao do ex-presidente, contra 64% medidos na pesquisa de março. No entanto, o percentual de pessoas que acreditam que o governo atual está sendo pior que a gestão Lula mais do que dobrou: passou de 13% em março para 28% em julho. O número de pessoas que acredita num governo Dilma melhor que Lula é praticamente o mesmo em julho e março: 11% e 12%, respectivamente.

Em reunião, Dilma cita os EUA para pedir maturidade a aliados

No momento em que a relação da base parlamentar governista com a presidente Dilma Rousseff atingiu o ponto de maior tensão em oito meses de governo, a crise do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com o Congresso americano foi usada de exemplo na reunião do Conselho Político realizada hoje pela manhã no Palácio do Planalto com a presidente, marcada com o objetivo de discutir a crise econômica internacional.

Segundo relato de um participante do encontro, partiu da própria presidente a comparação. Dilma disse aos líderes e presidentes partidários que o exemplo americano é de impasse político, mas que acredita "na maturidade de nossos políticos para enfrentar a crise", relatou o aliado. Segundo afirmou um deputado da base, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) alertou para o perigo político na base e para a necessidade de se ter cuidado com "intrigas" entre os aliados. A presidente ouviu também cobranças. De acordo com um deputado também presente à reunião, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) lembrou a importância da liberação das emendas parlamentares incluídas no Orçamento da União e as pendências de orçamentos anteriores, o chamado restos a pagar.

No encontro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, citou a proposta de emenda constitucional que cria o piso salarial nacional, conhecida por PEC 300, como exemplo de gasto público que não deve ser criado neste momento de crise internacional. Na Câmara, há pressão de policiais e bombeiros para a conclusão da votação da proposta.

Presidente tenta amenizar clima com aliados

A presidente Dilma Rousseff também aproveitou a reunião do Conselho Político para se aproximar de seus aliados, que vivem um clima de beligerância com o governo depois da "faxina" em órgãos e ministérios comandados pelos partidos políticos que apoiam o Planalto. A situação foi agravada pela ação da Polícia Federal (PF) no ministério do Turismo, ontem, que resultou na prisão de mais de 30 pessoas. Compõem o Conselho Político o presidente e líderes partidários da base aliada.

"Temos ministros competentes, temos um vice-presidente com grande capacidade política, temos uma base aliada ampla, mas precisamos estreitar nossas relações", disse a presidente, segundo informou o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Segundo o líder, Dilma disse que a liderança de um país como Brasil é da presidente da República, mas que ela tem consciência de que essa liderança é exercida em conjunto com os agentes políticos.

“Princípios” da Globo chegam ao fim

No Princípio, eram os Princípios

A Globo divulgou a sua Epístola aos Parvos com os Princípios que guiam seu jornalismo.

Isso foi no sábado.

No domingo, o Fantástico provou que o Nunca Dantes e a Presidenta provocariam um choque de duas aeronaves em pleno vôo, sobre território brasileiro.

Foi uma forma singela de saudar a nomeação de Celso Amorim.

Na segunda-feira, desde o “Bom (?) Dia Brasil” até o jornal nacional, a Globo tratou de destruir o mundo com a crise econômica.

No processo, se bem sucedida, destruiria o Brasil e a própria Globo.

(O jornal da globo não conta, porque, de todos os jornais do mundo, é o mais matutino.)

Os Princípios da Globo se afogaram irremediavelmente já nesta terça-feira, quando a chamada do jornal nacional decretou a prisão de Clarice Copete, que foi vice-presidente da Caixa para assuntos de tecnologia.

A Globo dentro de seus sacros Princípios, não quis saber da própria encarcerada se ela, de fato, num cárcere estava.

Não ligou nem para o emprego ou para a cozinheira para confirmar o encarceramento.

Afinal, Princípios são Princípios.

No jornal nacional, na maiora cara de pau, a Globo reconheceu a pequena falha do sistema.

Depois de provocar mal irremediável a vítima.

Esse Ali Kamel …


Paulo Henrique Amorim

Governo Dilma apura o de Minas abafa

 



do Bloco Minas Sem Censura

Nesta semana, a Polícia Federal – PF -, subordinada ao Ministério da Justiça que, por sua vez, é subordinado à presidência da República, deflagrou uma operação de prisão de suspeitos de desvios no Ministério do Turismo.

Antes, houve aquilo que a própria imprensa comercial, perplexa, chamou de “faxina no DNIT”.
Ou seja: há denúncia? Apure-se. Doa em quem doer. Havendo culpa, há punição.

Estamos assistindo no Brasil uma viragem cultural, que se inicia no governo Lula. A PF, a Controladoria Geral da União – CGU- (que existe, de fato, a partir de 2003), e a Procuradoria Geral da República -PGR-, nunca antes na história deste país, parafraseando alguém, tiveram tanta autonomia e recursos para cumprir seus papéis constitucionais. O Tribunal de Contas da União -TCU- funciona no mesmo diapasão.

Já o estado de Minas Gerais parece outro país. Espasmos investigatórios no Ministério Público Estadual – MPE-, relatórios técnicos do Tribunal de Contas do Estado -TCE- e as denúncias do bloco Minas Sem Censura – MSC-, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais já fazem fila: superfaturamento, dispensa ilegal de licitações, pagamentos antecipados, parcelas inteiras do MPE efetuando apurações de “mentirinha” (ressalvadas as honrosas exceções), nada, nada disso é apurado com rigor. Aliás, várias dessas denúncias nem sequer são apuradas.

Isso sem falar na imprensa. A do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília é livre para investigar, inclusive para caluniar o governo federal. A de Minas dispensa comentários.
Aliás, o MSC já registrou: os oito anos de governo Aécio tiveram menos CPI´s que no período da Ditadura Militar!

A cultura da impunidade está em declínio no Brasil. Em Minas há uma sistemática operação abafa.
Governador Anastasia: “libere” o MPE, o TCE-MG, a Polícia Judiciária e a imprensa!
os oito anos de governo Aécio/Anastasia foram os que menos investigaram e apuraram denúncias, indícios, suspeitas e irregularidades que dizem respeito aos interesses do povo mineiro.

Leia também:

Bloco Minas Sem Censura comprova a ditadura tucana: os oito anos de governo Aécio/Anastasia foram os que menos investigaram e apuraram denúncias, indícios, suspeitas e irregularidades que dizem respeito aos interesses do povo mineiro

http://www.viomundo.com.br/politica/minas-sem-censura-comprova-ditadura-tucana-em-mg.html

A entrevista de Amorim a Eliane Cantanhêde, colunista tucana da Folha tucana

Amorim rebate críticas e defende general do Exército

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Em resposta aos seus críticos militares, o novo ministro da Defesa, ex-chanceler Celso Amorim, provoca: "Você não pode fazer das Forças Armadas uma coisa partidária nem para a esquerda, nem para a direita".

Em entrevista no novo gabinete, Amorim, 69, disse que o comandante do Exército, general Enzo Peri parece uma pessoa "não apenas ilibada, mas até um asceta".

Um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), como a Folha revelou na terça-feira, diz que Enzo favoreceu firmas ligadas a militares ao dispensá-las de licitação entre 2003 e 2007.

Sérgio Lima/Folhapress
O recém-nomeado ministro da Defesa, Celso Amorim, durante entrevista à Folha em seu gabinete em Brasília
O recém-nomeado ministro da Defesa, Celso Amorim, durante entrevista à Folha em seu gabinete em Brasília

Folha - Quem convidou o sr. a presidente Dilma ou o ex-presidente Lula?

Celso Amorim - A presidente Dilma, claro. Fui sendo prevenido aos poucos, ela me ligou poucos minutos antes do anúncio, e eu só falei com o presidente Lula no domingo, depois de conversar pessoalmente com ela.

Folha - O sr. tinha mágoa de não ter sido convidado para nada por ela na troca de governo?

Mágoa nenhuma. Sou a favor da renovação e eu não podia querer me perpetuar num cargo ou disputar outro. Já tinha até alugado apartamento em Brasília para o depois. Essa coisa de que não nos damos bem é do imaginário. Ao contrário, nós nos damos excelentemente bem.

Folha - O seu nome foi cogitado para a Defesa quando o ministro Waldir Pires caiu e depois no início do governo Dilma. O sr. tinha a expectativa de assumir a pasta?

Nunca tive essa expectativa, nem era uma aspiração, mas há uma relação óbvia entre as funções dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa. Eu já considerava minha carreira de homem público completa, esperava ser professor, colunista, palestrante.

Folha - Aliás, o sr. mantém a crítica que fez na revista "Carta Capital" ao voto favorável do governo Dilma a um relator especial da ONU para apurar abusos contra Direitos Humanos no Irã?

Hoje, eu sou parte do governo e tenho de participar solidariamente das decisões do governo, e essa pasta pertence a outro ministro. Como intelectual independente, o que eu escrevi e disse claramente é que, se fosse eu, não teria tomado aquela atitude.

Folha - Uma das mais fortes críticas que oficiais militares fazem ao sr. é justamente a ligação com o Irã.

Nós nunca ficamos amiguinhos do Irã, e o Irã jamais foi uma prioridade da nossa política externa. O que foi uma prioridade, sim, num determinado momento, foi resolver um problema grave para o mundo que, aliás, continua existindo: o problema do programa nuclear do Irã. Como resguardar de um país ter um programa país e ao mesmo tempo resolver as desconfianças que havia? Tentamos viabilizar uma proposta dos países do Ocidente, a começar dos Estados Unidos, que depois mudaram de posição e acharam que não era mais assim. Mas a verdade é que tivemos estímulo deles. Ou seja: nunca houve uma aventura iraniana, como alguns querem fazer crer. Houve uma atitude independente e transparente nossa.

Folha - O sr. é "esquerdista"?

Esses rótulos, é melhor deixar os outros colocarem. Uns dizem que fui colocado pela presidente Dilma por ser nacionalista, o que agrada aos militares. Outros, que foi porque sou esquerdista, o que não agrada a eles. Mas, no Brasil, nacionalismo não é confundido com esquerdismo?

Folha - A presidente disse que o sr. é patriota. Como o sr. define esse conceito?

Nossa ideologia é a pátria e a Constituição. Fui sempre um profissional do interesse nacional. Uma coisa é você ficar trancado na sua casa, torcendo para o Brasil num jogo de futebol, o que é muito bom e todos nós fazemos isso. Mas outra é você ser um profissional do interesse nacional. Acho que sempre fui e de várias maneiras, em negociações comerciais, políticas, de segurança nacional. Você não descreve com palavras e sim com atitudes.

Folha - A brincadeira automática, depois que a presidente disse que o sr. é patriota é que o Patriota não é nenhum Amorim... Já disseram até que ele volta na prática a ser secretário-geral do Itamaraty.

Isso não tem nenhum sentido. Eu tenho muito o que aprender aqui na minha pasta, nem vou ter tempo para olhar para a dos outros. Eu e o Patriota trabalhamos juntos quinze anos e, desse susto, nem ele nem vocês morrem.

Alan Marques-08-ago.2011/Folhapress
Presidente Dilma cumprimenta seu novo ministro da Defesa, o ex-chanceler Celso Amorim, durante a posse
Presidente Dilma cumprimenta seu novo ministro da Defesa, o ex-chanceler Celso Amorim, durante a posse

Folha - O sr. vai trazer diplomatas?

Não estou pensando nisso.

Folha - Vai trocar eventualmente algum comandante militar?

Não é minha intenção nem recebi nenhuma orientação nesse sentido, ao contrário.

Folha - Num dos seus artigos, o sr. também escreveu que não são satisfatórias as relações entre o poder civil e os militares e a responsabilidade por atos cometidos na ditadura. Como pretende avançar nos dois casos?

Não me recordo exatamente das palavras que usei nesse artigo, que era sobre como o Brasil pode ajudar na transição dos países árabes e comento o que ocorreu no Brasil, inclusive sobre as relações de civis e militares. Não é que eu disse que não são satisfatórias, mas que talvez algumas pessoas não vejam como satisfatórias. É uma constatação de um fato, mais do que um juízo de valor. Mas sei que a subordinação das Forças Armadas ao poder civil é clara e que a presidente Dilma exerce esse comando obviamente, e o ministro da Defesa é um instrumento dessa hierarquia.

Folha - Por que o sr. não fez nenhuma referência no seu discurso à Comissão da Verdade negociada entre civis e militares?

Fiz referências a Direitos Humanos, e acho que esse assunto, da Comissão da Verdade, está bem encaminhado. Acabei de chegar, hoje é meu primeiro dia de trabalho, e não tenho todas as respostas, mas tenho grande esperança de que a Comissão da Verdade possa ajudar a resolver essas questões. Vai ter algum reclamo de um lado e de outro? Não sei, mas sei que é uma boa base para aplainar a questão no futuro.

Folha - O sr. defende a responsabilização dos militares por atos cometidos na ditadura, como houve na Argentina, no Uruguai, no Chile?

Nem as situações que geraram os fatos nem as soluções foram idênticas. O mais importante é o restabelecimento da verdade. Acho que esse assunto está bem encaminhado. Se houver bom senso de todos os lados e uma boa articulação política, que cabe ao ministro da Justiça [José Eduardo Cardozo, do PT], nós chegaremos a uma boa conclusão.

Folha - O general Augusto Heleno...

A quem aprecio, pelo bom trabalho que fez no Haiti e que eu acompanhei, porque nós trabalhamos juntos...

Folha -... disse que o comprometimento ideológico tem repercussão altamente negativa entre os militares. O sr. concorda?

Acho que você não pode fazer das Forças Armadas uma coisa partidária, mas acho que nem para a esquerda, nem para a direita, nem para o centro. Agora, patriotismo é patriotismo. Cada um interpreta a seu modo, e para isso nós temos a presidente da República, que é quem escolhe, quem decide e quem foi eleita pelo provo brasileiro.

Folha - E as reações de setores militares contra a escolha de um novo diplomata, depois da passagem do embaixador José Viegas pela Defesa?

Não fui escolhido por ser um diplomata. Fui ministro por nove anos e meio, no governo Itamar e nos oito anos do presidente Lula, e ministro é um cargo político. Estou assumindo um lugar novo que tem muitos desafios para mim, como teria para qualquer outro. Mas a gente aprende, se trabalhar com afinco e souber ouvir.

Folha - Vou lhe repassar uma pergunta que me foi feita por um oficial: e se fosse um general mandando no Itamaraty, os diplomatas iriam gostar?

Os diplomatas são muito disciplinados, a tradição era que os ministros não fossem da carreira e houve mesmo um que vinha da carreira militar, o general da reserva Juracy Magalhães. Então, o importante é ser patriota, ter humildade para ouvir e capacidade para decidir.

Folha - Se a gente somar tudo o que o sr. disse no seu discurso de posse sobre soldos, equipamentos, investimentos, o sr. vai precisar de muitos bilhões de reais, mas os tempos não são justamente de corte?

Bem, eu não vou resolver isso sozinho. O que eu disse é que vou me empenhar e que percebo uma sensibilidade grande da presidente para a Defesa.

Folha - Ela deu algum sinal de que vai descontingenciar recursos para facilitar sua chegada?

Acho que não seria correto eu falar sobre isso, mas certamente vou falar com os ministros da área econômica. Qual a solução? Quando será a solução? Não sei. Vamos ver. E a questão do investimento na indústria de defesa faz parte da solução, não do problema. Nos EUA, a empresa privada é responsável pelos investimentos em ciência e tecnologia, mas, ora, tudo por encomenda do Pentágono. Isso mostra a importância que a Defesa tem para a indústria, para o desenvolvimento, para os empregos, para a tecnologia de ponta. A aviação brasileira nasceu dessa forma.

Folha - E o outro lado da moeda? Boa parte, ou a maior parte, da responsabilidade da crise norte-americana é justamente pelos gastos na área militar.
Mas ninguém fala que vamos nos envolver em aventuras militares como os EUA se envolveram. Eles estão com duas a três guerras ao mesmo tempo.

*Folha - No domingo, antes mesmo da sua posse, mulheres de militares fizeram manifestação por aumento de soldos. Os comandantes lhe pediram isso na reunião do fim de semana?

Foi mais geral. Vamos esperar um pouquinho.

*Folha - E os caças, vêm ou não vêm?

Os caças terão que vir. Achava isso como ministro das Relações Exteriores e continuo achando agora como ministro da Defesa. Mas o momento exato ainda não dá para dizer.

Folha - Nisso, o sr. e o ministro Jobim combinam? Ambos querem os Rafale franceses?

Havia um problema de preços e toda uma discussão sobre transferência de tecnologia. Naquela época, no governo Lula, parecia que o que tinha mais condições de fazer essa transferência era o francês. Se ainda é, não sei, porque não acompanhei o desenrolar das discussões sobre isso e sobre uma renegociação de preços.

Folha - Naquele momento, o recuo não foi por causa de cortes no Orçamento, mas sim a chateação do presidente Lula porque o Sarkozy tirou o tapete do Brasil na discussão sobre Irã na ONU?

O presidente Lula disse isso para você? Para mim não disse...

Folha - Como fazer com o programa nuclear da Marinha, se não há dinheiro para mais nada?

A última visita interna que fiz como chanceler foi justamente a Aramar, até porque sempre fui um entusiasta do programa nuclear da Marinha. O Brasil tem de ter independência nessa área, ter capacidade de dominar o ciclo completo. Acho que vai ter recursos, sim. A presidente é nacionalista, patriota e sabe da importância de proteger os nossos recursos, principalmente agora com o pré-sal.

Folha - Como o Brasil, com uma dimensão continental, com Amazônia, pré-sal e água, não tem satélite até hoje? É possível falar em soberania?

São projetos que continuarão a ser desenvolvidos, em conjunto com o Ministério de Ciência e Tecnologia. Há sensibilidade para isso. Quanto à soberania, o mais importante é a atitude psicológica. Você tem de acreditar que é soberano. Você pode ter satélite, foguete, o que quiser, mas sem atitude sua soberania não vale nada. Se tiver atitude certa, vai ter o satélite certo, mas você pode ter o satélite certo e não ter a atitude certa.

Folha - E o acordo com os EUA para o uso da base de Alcântara, vai avançar?

Foi paralisado no Congresso Nacional e não se trata de questão ideológica. Não tem muito cabimento brasileiros não terem acesso a certos lugares dentro do território nacional. É uma questão de soberania inegociável.

Folha - O ministro Jobim e o sr. estabeleceram uma linha de distanciamento dos EUA, mas o chanceler Patriota faz uma linha de aproximação. Onde o sr. se encaixa agora?

Você faz uma pergunta com várias premissas que comportam discussão. O ministro Jobim até patrocinou, junto conosco, um acordo militar com os EUA... Não percebi nenhum distanciamento enquanto fui ministro. Acho que o ministro Patriota faz jus ao nome, e o ministro Jobim também agiu patrioticamente. O que nós temos que ver é o interesse brasileiro. Às vezes, será interessante fazer acordo com os EUA e, em outras, com outros países. Temos de ter a cabeça aberta. É preciso acabar com essa mania de que o que é a favor do Brasil é contra os EUA.

Folha - Por que o sr. defende a saída do Haiti?

Defendo uma saída gradual do Haiti, pois cumprimos bem nossa missão lá, quero dizer, as Forças Armadas cumpriram. Dizem que democracia é quando um presidente eleito passa o governo para um outro presidente eleito, e foi isso o que ocorreu lá. Então, é hora de discutir uma saída organizada, inclusive com as Nações Unidas, claro. Não sei se em agosto, dezembro, janeiro, não é o que importa. O que importa é como. Uma possibilidade é sair, mas deixando um batalhão de engenharia do Exército lá, por exemplo.

Folha - Por que o sr. citou especificamente a África no seu discurso?

Cabo Branco é o ponto mais oriental do Brasil. Fica mais perto de Dacar e Cabo Verde do que de Porto Velho ou Rio Branco, provavelmente. Então, são nossos vizinhos. As águas territoriais brasileiras e da África ficam muito perto umas das outras, quase se tocam. Então, são vizinhos de Além-Mar, como diziam os militares, e isso exige cooperação.Trabalhamos juntos na área militar com Angola, Guiné Bissau, Namíbia. Mas nossa prioridade era e é a Unasul, para assegurar a paz que gera desenvolvimento.

Folha - Segundo reportagem da Folha*, o comandante do Exército, Enzo Péri, é investigado pelo TCU pois, quando diretor do Departamento de Engenharia e Construção da Força, assinou 27 contratos sem licitação com um instituto que subcontratava empresas ligadas a militares. Que providências o sr. vai tomar?

Bom, o próprio general me disse que já há investigações militares e tomadas de conta iniciadas por ele próprio em relação a possíveis.... Não sei nem que termo usar, vamos falar possíveis irregularidades.

Folha - O comandante vai investigar ele próprio?

Lula Marques-6.ago.2011/Folhapress
Novo ministro da Defesa, Celso Amorin (de gravata) durante reunião no Palácio do Planalto com os comandantes militares
Novo ministro da Defesa, Celso Amorin (de gravata) durante reunião no Palácio do Planalto com os comandantes militares

Essas coisas são muito difíceis de a gente falar, mas é preciso separar o joio do trigo. A minha forte impressão é de que estamos com o trigo. Estou há muito pouco tempo aqui, mal cheguei, mas tenho 50 anos de serviço público e conheço as pessoas pelo olho. Às vezes a gente erra, mas quase sempre. O general Enzo me dá a impressão de uma pessoa não apenas ilibada, mas até de um asceta. Minha impressão é totalmente positiva. O que tiver de ser investigado será investigado, mas é preciso ver isso tudo direito, sem precipitação.

*Folha - Como o sr. pretende contribuir para a faxina ética que a presidente determinou em outras áreas?

Moralidade é importante em qualquer governo. As denúncias aparecem e são comprovadas? Têm de ter consequência. A presidente Dilma, me parece, vai aprofundar a inclusão social, o desenvolvimento e a moralidade pública.

*Folha - Como foi seu encontro de hoje [ontem] de manhã com o antecessor Jobim?

Fui ao apartamento dele, porque ele está doente, com o rosto inchado, mas tivemos uma boa conversa sobre os projetos que estão em andamento.

Folha - Se houver resistências públicas de oficiais, como já houve nos bastidores, como o sr. pretende agir?

Não fique me colocando alçapões inexistentes...

Folha - Qual sua ambição no Ministério da Defesa? Quando o sr. sair, o que pretende deixar para dizer que a missão foi cumprida?

Ter deixado o Brasil mais capacitado a se defender, ter uma atitude ainda mais altiva, sem abaixar a cabeça.

Folha - O deputado José Genoino vai continuar na Defesa?

Vai. Se quiser, pode botar um ponto de exclamação.

Fred diz que é perseguido por membros de organizada do Fluminense incentivados por jornalistas das organizações globo

Fred, atacante do Fluminense e da Seleção, acusa jornalistas das Organizações Globo de insuflar torcedores contra ele




Em seu blog, o atacante Fred, camisa 9 do Fluminense e também jogador da Seleção brasileira, faz graves acusações contra dois jornalistas das Organizações Globo, um do jornal Extra e outro da rádio Globo, duas empresas do conglomerado midiático, ou, mais apropriadamente, oligopólio midiático, aqui no Rio de Janeiro.

Para entender o caso: Na semana passada, Fred foi ameaçado por um grupo de uma facção da torcida organizada do Fluminense, ao estar, num dia de folga, bebendo num bar em Ipanema. O jogador teve que fugir dos torcedores e prestou queixa do fato na delegacia. Na postagem, ele acusa jornalistas das Organizações Globo de insuflarem a torcida contra ele:

Este seria apenas mais um caso de violência de torcida, não fosse a parcialidade dos jornalistas Caio Barbosa (do Jornal Extra) e Gilmar Ferreira (da Rádio Globo), que há tempos me perseguem sistematicamente em suas matérias e redes sociais.

Como que repórter e editor de veículos bem-conceituados, como o Extra e a Rádio Globo, que fazem parte de um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo, dão credibilidade a um bando de desocupados disfarçados de torcedores?

Na verdade, tudo começou em 2009, quando o Gilmar Ferreira publicou uma matéria afirmando que eu surfei quando estava lesionado. Dei uma entrevista ao Jornal Extra, do qual ele era o editor na época, e o chamei de irresponsável e mentiroso em seu próprio veículo. A partir dali, ele nunca mais parou de me perseguir.

Já a história do Caio Barbosa... Hum! Esse eu fico até com vergonha de citar o nome dele, tendo em vista que há dois dias ele era um ilustre desconhecido. Está atingindo seu objetivo, que é aparecer às minhas custas. Deve ser o melhor discípulo que o Renato Maurício Prado teve até hoje.

Devo admitir que o Gilmar Ferreira pelo menos tem história no Jornalismo Esportivo e culhão, porque, quando ele errou comigo, em 2009, teve a hombridade de se retratar.
É pública e notória a ligação do Caio Barbosa com torcida organizada. Isso não é de hoje! Inclusive, muitos de vocês podem comprovar o que estou dizendo.

Vejam o tweet que esse Piero Martins enviou pro Caio Barbosa no domingo, dia 31: "Acabamos de enquadrar o 9 na porta da casa dele".

Dois dias depois, o Caio Barbosa postou a seguinte mensagem: "O bonde (no caso, membros da Young Flu) tá na rua, vai dar merda...". Mensagem essa que foi apagada minutos depois. Ele apagou, mas eu tenho o print.

A partir de então, o Caio Barbosa começou a trocar mensagens com o Gilmar Ferreira falando sobre a "Tia Carmem". Para quem não sabe, Carmem é a mulher que trabalha lá em casa. Recentemente, ela apareceu no programa Tá Na Área, do Sportv.

O Caio Barbosa disse que estaria "preparando a sopa para o jogador" e diz, em seguida, que "a sopa vai ficar boa". Traduzindo: os desocupados estavam a caminho do restaurante onde eu me encontrava.

Gilmar Ferreira, então, orientou o colega a "mandar um fotógrafo lá para acabar com a farsa logo". E completou: "Boa. E manda um pratinho pro bobo formado nas areias de Ipanema".

Na quarta-feira, Caio Barbosa enviou mensagens dizendo que a matéria especial do jornal no dia seguinte (quinta-feira) seria com o "sobrinho da tia Carmen". No caso, eu. Resposta do Gilmar Ferreira: "Xiii"!

Isso sem falar nas inúmeras vezes que ambos denegriram a minha imagem em seus tweets. Por fim, se alguém mais da imprensa for complacente ou corporativista com a postura desses caras que se julgam jornalistas, só lamento por essa pessoa.

O tom de uma reportagem de um dos acusados por Fred - Caio Barbosa - parece dar razão ao atacante. O tom está mais para um pregador religioso, desses que prometem o céu em troca de moedas, do que para um texto jornalístico:

A desregrada vida noturna do atacante Fred está de volta à pauta tricolor. Na madrugada de ontem, o jogador foi flagrado por torcedores bebendo no Astor, famoso bar no Arpoador, ao lado de Rafael Moura, dois amigos, e quatro lindas acompanhantes, sendo duas louras e duas morenas.[íntegra aqui, Jornal Extra]

"Desregrada vida noturna" é demais, não?

Com a palavra, o novo Código de Ética das Organizações Globo.

O governo e as pesquisas





Parece que a imprensa gostou do novo tipo de pesquisa que ela própria criou em junho: a pesquisa ignorada. Acaba de sair a segunda rodada, com trabalhos de campo realizados entre 2 e 5 de agosto. O instituto responsável é o mesmo Datafolha e a pesquisa tem muitas similaridades com a outra.

O mais interessante não é que os resultados de ambas sejam, basicamente, idênticos, mostrando que os níveis de aprovação do governo Dilma são elevados. A principal semelhança é a indiferença com que foram tratadas, igual àquela que os veículos dedicam às de origem dúbia, que podem até ser divulgadas, mas sem destaque ou comentário.


Como não é assim que os trabalhos do Datafolha costumam ser avaliados, o silêncio deve ter outra explicação. Talvez tenham sido acolhidos desse modo por não mostrarem aquilo que se achava que deveriam apontar.

É, no fundo, engraçado que um jornal mande fazer uma pesquisa ouvindo quase 5,3 mil pessoas (a um preço nada baixo) e a trate como material de segunda. Na edição em que foi divulgada, a notícia estava na primeira página, mas ocupava espaço igual ao do título que dizia que "Os paraguaios são a nova mão de obra das confecções do Bom Retiro" (o que, na melhor das hipóteses, é de interesse puramente paroquial).

É, também, curioso que um novo investimento tenha sido feito tão pouco tempo depois do anterior. Entre a pesquisa de junho, concluída no dia 10, e a de agosto, passaram-se apenas sete semanas, período bem mais curto que o padrão adotado pelo instituto no acompanhamento dos quatro últimos governos: seja nos de Fernando Henrique, seja nos de Lula, o normal havia sido fazer levantamentos a cada três meses (ou mais).

De acordo com a pesquisa, o governo Dilma é considerado "ótimo" ou "bom" por 48% dos entrevistados, taxa igual à de março (47%) e junho (49%). A presidente bisou o desempenho de Lula em novembro de 2007 (quando foi feito o terceiro levantamento do Datafolha naquele ano), superou o que ele alcançava em agosto de 2003 (que tinha sido de 45%), o de FHC em setembro de 1995 (que fora de 42%) e, de longe, o dele em setembro de 1999 (de apenas 13%, em função da volatilidade da moeda naquele momento), sempre de acordo com o instituto paulista.

Em outras palavras: Dilma está à frente de um governo amplamente aprovado pela população. Somente o consideram "ruim" ou "péssimo" 11% dos eleitores, o que quer dizer que apenas uma em cada 10 pessoas está insatisfeita.

Na imprensa, os poucos que discutiram os números ficaram mais preocupados em desmerecê-los que explicá-los, o que se evidenciou no intenso uso de conjunções e locuções que os gramáticos chamam "subordinativas concessivas" (embora, apesar de, não obstante, etc.), em construções como "apesar da crise, ainda desfruta...", "mesmo com as demissões (de ministros) mantém...", "48% aprovam apesar de...".

Se os cidadãos vissem o governo através dos olhos da chamada "grande imprensa", não faria, de fato, sentido que o avaliassem de maneira positiva. A rigor, se o Brasil retratado por ela coincidisse com aquele que a população experimenta na sua vida, o que deveríamos ter era uma inversão nas proporções de aprovação/reprovação.

Ao que parece, não é isso que acontece. O Brasil vivido pela vasta maioria dos brasileiros não tem quase nada a ver com aquele que aparece nessa imprensa.

Sempre se pode dizer que o povo é ignorante e que aplaude o governo porque não sabe de nada. Sempre se pode adotar um tom de pretensa superioridade, de quem acha que a popularidade de Dilma (e de Lula) se explica pelos R$ 10 que o cidadão paga de prestação pela torradeira. Sempre se pode achar que os pobres pensam com a barriga e só os bem nascidos com o intelecto.

O certo é que havia uma expectativa de que Dilma caísse nas pesquisas. Maior que a que existia em junho, quando da "crise Palocci", pois tudo teria piorado: mais "crises", mais "desgastes", mais "preocupações".

A pesquisa foi encomendada para mostrar a queda e, como não a confirmou, foi para a geladeira. O mesmo destino que teve a antecedente e que terão as próximas. Até que saia uma em que ela oscile negativamente. Aí teremos o carnaval que vem sendo postergado. Marcos Coimbra - Sociólogo e Presidente do Instituto Vox Populi