Saiu na Carta Maior:
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
A internet ameaçada
Foto: DIVULGAÇÃO
MILHÕES DE PESSOAS SERIAM CRIMINALIZADAS SE O AI-5 DIGITAL FOSSE APROVADO. UM ABAIXO-ASSINADO COM 163 MIL ASSINATURAS ENTREGUE AO CONGRESSO EVIDENCIOU A REVOLTA ELE TEM PROVOCADO
11 do 08 de 2011 às 16:46
Emiliano José_247 - Está em curso no Brasil uma clara luta política, envolvendo a internet. Que ninguém se engane: é uma luta política. Há a posição dos que acreditam, como eu e vários outros deputados e deputadas, como Paulo Teixeira, Luiza Erundina, Jean Wyllys, Manuela D´Avila, Paulo Pimenta e tantos outros, que primeiro é o caso de assegurar a existência de um marco civil garantidor das liberdades, uma espécie de orientação básica do direito humano de acesso à internet, hoje um instrumento fundamental para o desenvolvimento da cidadania, da cultura, da educação e da própria participação política.
E a posição dos que se apressam a procurar mecanismos de criminalização dos usuários da rede, que hoje no Brasil, com todas as dificuldades de acesso, já chegam perto dos 70 milhões. Como pensar primeiro no crime face a essa multidão, e depois na liberdade de acesso? Só os conservadores, interessados em atender a evidentes interesses econômicos, podem pensar primeiro na criminalização e só então nos direitos democráticos dos usuários.
Creio que a internet – e tenho dito isso com frequência – é uma espécie de marco civilizatório, que mudou a natureza da sociabilidade contemporânea, a relação entre as pessoas e os povos, mudou a própria política, impactou a própria noção de representação. Constitui um admirável mundo novo, a ser preservado sob um estatuto de liberdades, e não constrangido sob uma pletora de leis criminalizantes. Talvez seja o seu potencial revolucionário, a possibilidade que ela dá de articulação em rede, que provoque urticária nos conservadores. Talvez, não. Certamente.
Nos últimos dias, os defensores da criminalização navegam num cenário de representação terrorista, como se os últimos ataques de hackers a sites governamentais fossem uma absoluta novidade e como se uma legislação que criminalize usuários ou tente colocá-los sob o guante de um vigilantismo absoluto fosse segurança suficiente para a ação dos hackers. Os ataques aos sites governamentais não tiveram qualquer gravidade, foram coisas de amadores, como já se provou. E curioso é que só tenham sido atacados sites do governo. Não é que não haja leis ou que não deva haver. Deve. Mas, devagar com o andor que o santo é de barro.
Primeiro, vamos pensar nas liberdades. Não devemos nos apressar, como pretende o deputado Azeredo, com o projeto de criminalização de usuários, a pretender uma vigilância absurda ao acabar com a navegação anônima na rede, ao querer guardar por três anos os dados de todo mundo nos provedores, ao estabelecer uma espécie de Big Brother pairando sobre a multidão de navegantes, que tem o direito de liberdade de expressão e não podem estar submetidos ao grande irmão.
O governo federal se preocupou com isso, com as liberdades, e instalou uma consulta pública sobre o Marco Civil da Internet no Brasil de forma a construir democraticamente um sistema garantidor de princípios, garantias e direitos dos usuários da internet, o que é a atitude mais correta, e primeira, se quisermos tratar a sério das coisas da rede.
Entre outubro de 2009 e maio de 2010 a consulta se desenvolveu, com ampla participação, e, ao que sabemos, o marco civil foi elaborado, só faltando a assinatura do Ministério do Planejamento para voltar à Casa Civil da Presidência da República, para então, assinado pela presidenta Dilma, chegar à Câmara Federal.
Não se trata de primeiro chamar a polícia. Primeiro, vamos garantir liberdades e direitos. Depois, pensar na tipificação dos crimes. Até porque a ideia de que colocar na cadeia um bocado de jovens usuários resolve o problema é uma ilusão de bom tamanho. Os hackers, os mais competentes, os mais habituados aos segredos da rede, costumam entrar em sistemas sofisticados sem grandes dificuldades. A própria rede, no entanto, tem condições amplas de desenvolver sistemas de prevenção, de segurança, reconhecidamente eficientes, embora não se possa dizer nunca que invioláveis.
Creio que o melhor é baixar a bola, insistir junto ao governo para o envio o mais rápido possível do projeto do marco civil da internet para o Congresso, e depois disso, então pensar na tipificação dos crimes e nas punições possíveis, sem nunca mexer nas liberdades dos usuários, e sem estabelecer quaisquer medidas que visem acabar com a navegação anônima, até porque isso, sem dúvida, seria mexer com o princípio sagrado das liberdades individuais e confrontaria com a própria Constituição.
No dia 13 de julho, foi realizado um seminário na Câmara Federal, com a participação de especialistas e de setores da sociedade civil, para debater o assunto. O seminário foi resultado de uma proposta minha, com a visão que expresso aqui, e outra do deputado Sandro Alex, que tem uma visão diversa, embora, como me disse, disposto ao diálogo para chegar a um consenso. Nós juntamos as duas iniciativas, e o debate foi muito esclarecedor de que interesses estão em jogo.
De um lado, aqueles que defendem o projeto Azeredo, estiveram empresas de segurança da área da informática, escritórios de advocacia interessados nos clientes que o projeto Azeredo vai criar, e setores conservadores do Judiciário. Do outro lado, entre os que sustentam as posições que tenho defendido, os que defendem a liberdade na internet e que demonstraram o quanto de atraso poderia significar a aprovação desse projeto, que a rede dos libertários chamou com propriedade de AI-5 digital da internet.
Ficou evidente, durante o seminário, que o projeto Azeredo, além de tudo, atende aos interesses do mundo das empresas que defendem os direitos autorais no sentido mais conservador, inclusive dos grandes centros da indústria cultural dos EUA. É que o projeto pretende impedir a prática tão comum da maioria dos internautas de baixar músicas, por exemplo. Milhões de pessoas seriam criminalizadas se o AI-5 digital fosse aprovado. Os militantes digitais que se colocam contra o projeto entregaram ao presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Bruno Araújo, do PSDB, durante o seminário, por proposta minha, um abaixo-assinado com mais de 163 mil assinaturas contra o projeto, a evidenciar o quanto de revolta ele tem provocado.
Há a previsão de que o projeto seja votado logo no início de agosto deste ano. Lutamos para que não fosse votado imediatamente, como se pretendia, e justiça se faça, o deputado Azeredo concordou com o adiamento. Creio, no entanto, que o melhor seria, como já disse, aguardar a chegada do marco civil para só depois, então, pensar na tipificação de crimes. E vamos tentar isso. Na verdade, o projeto é muito ruim e não deveria ser aprovado. O importante é que todos estejam atentos para que a democracia não seja atingida, para que a liberdade na internet não seja violentada.
*Emiliano José é jornalista, escritor, doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea pela Universidade Federal da Bahia (Ufba)
Temer ecoa Lula e fala em melhorar diálogo
Foto: ANDRE DUSEK/AGÊNCIA ESTADO
VICE-PRESIDENTE DEFENDEU MAIOR INTERAÇÃO ENTRE OS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO E DISSE QUE "É NECESSÁRIO MANTER UMA RELAÇÃO SÓLIDA ENTRE PT E PMDB"
Por Agência Estado
11 do 08 de 2011 às 15:41
O vice-presidente da República, Michel Temer, endossou o conselho dado ontem pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessora no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. Temer defendeu que haja um melhor diálogo do Poder Executivo com o Legislativo e que é necessário manter uma relação sólida entre PT e PMDB, em especial com o governo federal.
"O PMDB tem uma relação muito sólida com o governo federal e é preciso apenas que haja maior diálogo, conversações que são comuns na relação entre o Legislativo e o Executivo", afirmou, após participar de evento de filiação do ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho, na capital paulista.
Dilma procurou Lula ontem para conversar sobre a crise que assola sua administração, sobretudo a instabilidade na base de sustentação política do governo federal no Congresso. O ex-presidente teria aconselhado Dilma a promover mais encontros com deputados e senadores, fazer afagos nos parlamentares e "repactuar a coalizão". "Eu não usaria a palavra 'repactuação', mas é preciso manter muito sólida a relação entre PMDB e PT, com destaque ao governo federal", avaliou o vice-presidente.
Temer negou que a relação entre as duas legendas esteja estremecida e disse não acreditar que a devassa promovida no Ministério do Turismo, na Operação Voucher, possa levar a retaliações do PMDB no Congresso. "Não há o mal-estar que se imagina". O vice-presidente considerou que houve "exageros" na ação policial e reconheceu que ficou "chocado" com o uso de algemas na detenção dos suspeitos. "De vez em quando eu ouço dizer que há provas robustas, mas onde estão as provas?", questionou. "Confesso a vocês que a história das algemas pegou muito mal", afirmou.
Temer lembrou que uma súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) determina que as algemas só devem ser utilizadas em caso de periculosidade intensa. "Convenhamos, fazer o que fizeram com o ex-deputado Colbert Martins, que tem o apreço de toda Câmara, foi absolutamente desnecessário", disse. "É esse cuidado que se precisa tomar", advertiu.
Um irônico ‘Parabéns’ ao metrô
Foto: Cláudio Heitor
CERCA DE 200 JOVENS PROTESTARAM NA TARDE DESTA QUINTA-FEIRA (11) NA AVENIDA BONOCÔ; METRÔ TEM 12 ANOS E NÃO FUNCIONA; R$ 1,3 BI DE DINHEIRO PÚBLICO FORAM GASTOS
11 do 08 de 2011 às 17:42
- Puta que pariu, o dinheiro do metrô ninguém sabe e ninguém viu, sumiu!
- Ô, ô, ô, queremos o metrô!
- Ô, ô, ô, queremos o metrô!
- Boi, boi, boi... boi da cara branca, ou dá esse metrô ou a rua a gente tranca!
Camila Vieira_247 - Com esses gritos de guerra, cerca de 200 pessoas – a maioria composta por jovens estudantes – movimentaram a Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô) em protesto contra os 12 anos recém-completados do trecho 1 do metrô de Salvador. Já foram gastos R$ 1,3 bilhão com uma linha de apenas 6 km que não vai suprir a demanda da Copa de 2014, nem a da população da cidade. A concentração começou no início da tarde quando as pessoas chegaram ao canteiro central e começaram a preparar os cartazes.
A caminhada ocupou a pista esquerda da avenida, pois o objetivo do movimento não é atrapalhar o trânsito, mas chamar atenção do prefeito João Henrique e do governador Jaques Wagner sobre a necessidade de se planejar a verdadeira mobilidade urbana e investir em transporte público de qualidade, diz o precursor do movimento, Cícero Cotrim, 16 anos de idade. Pouco antes das 16h, os manifestantes pegaram o bolo e ao som de um articulado "Parabéns a você" satirizou o pequeno trecho do metrô. O primeiro pedaço, claro, foi jogado para cima, destinado ao totem que corta o céu de uma das avenidas mais movimentadas da cidade. "Esse totem já está aqui há tanto tempo, que as pessoas parecem estar acostumadas com ele", bradou Cotrim. Para o estudante de história Rafael Digal, 23, é preciso que os governantes tenham consciência e vontade política para investir na mobilidade.
O movimento foi organizado há duas semanas pelo estudante de 16 anos, que reuniu alguns amigos para ajudá-lo. Através da rede social Facebook, o protestou ganhou simpatia de mais de 11 mil usuários desgostosos com a situação da terceira maior cidade do País. Poucos foram às ruas, contudo Cotrim não acredita que isso significa fraqueza do movimento, "Curtir no Facebook é importante também, porque as pessoas se mostram interessadas", avaliou Cotrim. Apesar de ter agregado pouca gente, a movimentação chamou atenção e muitos motoristas buzinaram em demonstração de apoio aos cidadãos.
O pai do estudante, o designer Miguel Cotrim, 53, deu total razão ao filho. Para ele, os jovens são conscientes e estão sabendo utilizar esse tipo de ferramenta da web para juntar cidadãos descontentes com a falta de vontade política dos nossos representantes eleitos. Em sua época, disse, lutou contra o Regime Militar e hoje esteve presente para brigar pela cidadania que todos merecem. "Quando a juventude está querendo se levantar para protestar, a gente, sobretudo da minha geração que brigou contra a Ditadura, tem que apoiar".
Não ao metrô da Paralela
Os manifestantes são contra a decisão do governo do Estado e da Prefeitura de Salvador de construir uma nova linha de metrô de 22 km na Paralela, ao passo que nem a linha 1 está concluída. "Fecharam um acordo ilegal, sem consultar a sociedade; o acordo nem sequer passou pela Câmara dos Vereadores", reclamou o coordenador da União dos Bairros de Salvador, Reginaldo Filho. "Com a decisão, Wagner não atende às comunidades mais pobres que o elegeram, só Cajazeiras foram 2 mil votos".
Também marcaram presença moradores desse que é o mais populoso de Salvador e não foi contemplado no projeto de mobilidade. Filho afirmou ao Bahia 247 que alguns membros da União foram recebidos na manhã desta quinta pelo vereador Pedro Godinho (PMDB) que se propôs a realizar uma audiência pública. A data ainda não foi definida.
Na tarde de hoje, o secretário do Planejamento, Zezéu Ribeiro, e o chefe da Casa Civil da Prefeitura, João Leão, apresentaram uma prévia do projeto à imprensa. Nele, está prevista a construção de uma via chamada 29 de Março ligando Cajazeiras à Paralela. O detalhe: segundo o projeto apresentado na Secretaria de Planejamento, serão destinados nada mais que R$ 1,6 bilhão para o metrô da Paralela, de 22 km, quase a mesma quantia gasta com os 6 km da linha um, que nunca entrou em funcionamento. Quantos "Parabéns a você" serão necessários até que a linha 2 fique pronta? Difícil é achar resposta...
Colaborou Victor Longo
Ricardo Teixeira, um Estado paralelo
Foto: DIVULGAÇÃO
SIM, A CBF É UM ESTADO, MAIS SOFISTICADO DO QUE O NARCOTRÁFICO, TÃO EFICIENTE E BEM ARTICULADO NA OBTENÇÃO DE SEUS INTERESSES QUANTO OS TRÊS PODERES, ESCREVE COLUNISTA DO BAHIA 247 CAZZO FONTOURA
11 do 08 de 2011 às 15:50
Se não há alinhamento dos planetas, só nos resta, no futebol, testemunhar o óbvio. A vitória alemã alivia porque desbanca possibilidades irracionais e, de tão lógica, torna obsoleta resenha qualquer tentativa de crônica. Graças à indisposição de suportar o eterno arranjo do Mano Menezes, abre-se uma inesgotável brecha, desviando-o do alvo para revitalizar uma indignação mais justa do que escandalizam os cabelos de Neymar à moral espanhola. A eternidade de Ricardo Teixeira à frente da CBF é inescrupulosa e me preenche os olhos de sangue.
Pasmem e saibam: o genro de João Havelange requenta a mais alta cadeira do futebol nacional desde o ano de 1989. E antes que se imagine a estupidez de que um mandato na CBF dura vinte e dois anos, é preciso deixar transparente que há, sim, eleições e há, também, reeleições ad infinitum. Os requintes de estadista, como historicamente se reconhece, passam por uma fundamental farsa democrática. As consecutivas vitórias de Ricardo Teixeira conseguem ser mais devassas do que as eleições cubanas nos combativos tempos do Fidel, mais cínicas do que a sequência eleitoral e de plebiscitos venezuelanos das últimas décadas. Impalpáveis, as urnas que decidem os rumos burocráticos de nosso futebol jamais chegaram aos olhos do senso comum, e a imprensa, quase inteira, fez pouco caso.
A intencional independência da instituição camufla acertos financeiros no momento crucial das eleições, legitima convênios que, muitas vezes, se definem à base de promíscuas relações com empresas privadas e órgãos públicos e – não poderia faltar – facilitam as licenças de transmissão dos jogos que, sempre e sempre, perpetuam manobras de isenção moral, movimentando suspeitas contas bancárias na Suíça. Antes que nos acometam enganos ou deliberadas alienações, está em jogo, nisso tudo, dinheiro público.
Sim, a CBF é um Estado, mais sofisticado do que o narcotráfico, tão eficiente e bem articulado na obtenção de seus interesses quanto os Três Poderes. Astuta, a mão de ferro aveludado de Ricardo Teixeira tem nos reconhecidos e influentes grupos de comunicação e jornalismo o imprescindível alicerce. Um silêncio tão doente do vizinho reclamar [ouça Chico Buarque] é o que reverbera para além dos satélites das Organizações Globo se o assunto é Ricardo Teixeira. Nos mais críticos momentos do paralelo estadista (quando fora obrigado a explicar supostos "laranjas" ou na berlinda da "CPI da Nike"), sem adjetivos cortantes nem sede de justiça, inegavelmente, o Jornal Nacional noticiou o fato, mas logo se ateve a enfatizar a previsão do tempo, os acidentes nas estradas brasileiras, os gols da rodada.
Outro caso curioso de absoluta fidelidade contratual é o da Rede Bandeirantes. O Programa Custe o Que Custar (CQC) proporciona à emissora paulista a fatura que há tempos não lhe recheava os cofres, já que, à base de gracejos críticos e denúncias animadas, Marcelo Tas e companhia fomentam o suspiro raivoso da nova classe média e respectivos emergentes. Porém, o líder de audiência e merchandising não detona sobre Ricardo Teixeira uma ínfima edição de sarcasmo, nem nunca mandou, à porta da CBF, qualquer homem ou mulher de preto, municiados de câmera, microfone e óculos escuros.
Porque ficou sem os agrados que as famílias Marinho e Saad gozam, sobrou à Rede Record o ressentimento. E, por isso, esse ano nos presenteou com a sequência de denúncias em telejornais, que durou semanas, relacionadas a Ricardo Teixeira. Escolada na arte do mal dizer, a Emissora evangélica articulou tão bem o massacre que, até nas bandas de cá, na TV Itapoan, no mesmo período das ofensivas matérias, viu-se, feroz, Raimundo Varella vomitar impropérios sobre a moral da maior autoridade do nosso futebol.
Resistência e verbo solto respeitável apontando falcatruas, sujeiras e abomináveis acordos de Ricardo Teixeira até então se vê, de forma contundente, em poucos membros da nossa imprensa: Juca Kfouri, Bob Fernandes, Jorge Kajuru, Alberto Dinessão alguns. E é óbvio que não se deve tirar do alvo desses bem intencionados jornalistas os clubes, ou mais especificamente, o Clube dos 13, que está entre os bem-vindos clientes das invictas eleições do Ricardo Teixeira. E ainda que tendo passado por situações tensas, sem demoras, se viu, muitas vezes, um nocivo consenso entre o paralelo chefe de Estado e os mais representativos clubes do país. De modo impositivo, veio da CBF a virada de mesa do Fluminense quando caíra pela primeira vez à Série B. E partiu do Esporte Clube Bahia, obedecendo à cartilha do Ricardo Teixeira, acatar pôr fim ao bem sucedido Campeonato do Nordeste, pois tal evento vinha tirando a atenção de significativa audiência dos campeonatos paulista e carioca.
Há pouco tempo, enquanto assistia ao seriado "Chaves", distraído, me dei conta de que muitos anos atrás, quando criança, eu já me deleitava diante dessa atração televisiva que agora, com meu filho, continuo contemplando. Não contente, me veio o desprazer, involuntário, de lembrar que tal qual a obra-prima mexicana, o senhor Ricardo Teixeira, desonroso, também atravessa gerações. Pois que o mal quisto desfruta, desde 2007, de sua quinta temporada no comando do nosso futebol. E o que deveria ter fim em 2012, por algum fugidio motivo, prolongar-se-á até dias ou semanas depois de terminada a Copa do Mundo de 2014. Mais precisamente: quando eu tinha 10 anos de idade Ricardo Teixeira chegara à CBF; quando meu filho tiver 10 anos de idade Ricardo Teixeira ainda estará na CBF.
Vaccarezza alfineta Jucá sobre CPI no Senado
Foto: AGÊNCIA BRASIL
EM MAIS UM CAPÍTULO DOS DESENTENDIMENTOS PT X PMDB, LÍDER DO GOVERNO NA CÂMARA DÁ RECADO A LIDER DO GOVERNO NO SENADO: ACHOU “MUITO ESTRANHO” SENADO TER “COMIDO MOSCA” COM CPI
11 de Agosto de 2011 às 20:16
Evam Sena_247, Brasília – Enquanto a oposição espera contar com a insatisfação de deputados da base aliada para criar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Corrupção, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), manda recado para o líder do governo no Senado, Romero Jucá, sem citar o nome do peemedebista.
No final de julho, o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), conseguiu, com o apoio de senadores da base, as 27 assinaturas necessárias para a criação da CPI dos Transportes. O Palácio do Planalto teve que intervir e fazer promessas a senadores da base, como João Durval (PDT-BA), Reditário Cassol (PP-RO) e Clésio Andrade (PR-MG), que retiraram suas assinaturas. O pedido de abertura da comissão de inquérito foi arquivado.
“Acho que pessoas experientes como eles não comeriam mosca. Achei muito estranho”, disse Vaccarezza. O líder negou que o mesmo acontecerá na Câmara e que a oposição já tenha conquistado deputados da base.
A insatisfação com a liderança de Jucá também é manifestada por senadores petistas. Afirmam que ele negocia muito com a oposição, como se o governo não tivesse maioria na Casa. Reclamam também do longo tempo em que ele ocupa o posto, atravessando os governos FHC, Lula e Dilma.
Antes de ser nomeada ministra-chefe da Casa Civil, a então senadora Gleisi Hoffmann, criticou publicamente Jucá durante votação conturbada de medidas provisórias no plenário. “Essa Casa ainda pensa com a cabeça da legislatura passada, quando o governo precisava negociar”, disse a hoje ministra.
Por outro lado, integrantes da cúpula do PMDB defendem dar “um susto” em Dilma, segundo informou hoje o site Congresso em Foco. Segundo relatos de presentes em reunião na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), na última terça-feira, parte do partido que mostrar a sua força e importância para governabilidade.
Duas estratégias foram propostas, a mais dura, apoiar a criação da CPI. Essa sugestão é apoiada pelo líder do partido no Senado, Renan Calheiro (AL), segundo o site. A alternativa mais branda é permitir a aprovação de projetos prejudiciais ao governo, como a regulamentação da emenda 29, que aumenta repasses para a saúde, e a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 300, que estabelece um piso nacional para policiais e bombeiros. Ambas aumentam os gastos públicos.
Ainda segundo o Congresso e Foco, Sarney e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), teriam lembrado o desgaste político que pode provocar uma CPI.
Dirceu nega que teria dito que temia que Dilma não conclua mandato
Simon: Sarney, houve papo 'estranho' com Dirceu?
Foto: DIVULGAÇÃO
SENADOR GAÚCHO, POLÍTICO SEM CENSURA, PERGUNTOU EM PLENÁRIO A JOSÉ SARNEY SE ELE E JOSÉ DIRCEU CONVERSARAM ONTEM SOBRE POSSIBILIDADE DE, POR SÉRIE DE ERROS, PRESIDENTE DILMA NÃO ACABAR MANDATO; “ESSA CONVERSA NÃO EXISTIU SOBRE ESSES TEMAS”, RESPONDEU O ASTUTO SENADOR; AFINAL, EXISTIU SOBRE OUTROS TEMAS?
11 de Agosto de 2011 às 19:15
Evam Sena_247, Brasília – Durante ordem do dia no plenário do Senado nesta quinta-feira, 11, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), provocou o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) sobre a conversa que ele teria tido com o ex-ministro José Dirce ontem, depois da prisão de 35 pessoas ligadas à suposta fraude no Ministério do Turismo, entre elas o secretário-executivo da pasta, o peemedebista Frederico Silva Costa.
Segundo coluna do jornalista Claudio Humberto, publicada em diversos jornais no Brasil, Dirceu teve conversas reservadas com políticos aliados, incluindo Sarney, em que disse estar “apavorado” com erros de Dilma no relacionamento com partidos e manifestou preocupação de que a presidente não conclua seu mandato.
Em reposta, Sarney negou o teor da conversa, mas não foi claro se o contato com Dirceu ocorreu ou não. “Posso assegurar que essa conversa não existiu sobre esses temas. Agora, quero reafirmar a minha solidariedade à senhora presidente da República, desejoso – como tenho certeza – de que ela continuará a fazer um bom governo e que fará, sem dúvida, um governo excelente para o povo brasileiro”, disse.
Em entrevista ao Brasil 247 na manhã de hoje, Dirceu também negou a conversa. “Nunca disso isso para ninguém. Isso é um absurdo. Não há crise nenhuma, muito menos institucional. Não falei com nenhum senador”, garantiu.
Pedro Simon, conhecido pela sua falta de temor de tocar em temas espinhosos para o governo e seu partido, classificou a notícia como “muito estranha”, negou que Sarney faria “ilação a movimento nesse sentido” e atacou Dirceu.
“A presidente pode ter cometido equívocos. Inclusive nessa questão, várias pessoas reconhecem que houve equívoco. Mas, daí a se falar que, por causa desses erros, ela não vai completar o mandato... Por causa dele [Dirceu], quase o Lula não completou o mandato. Eu acho que ele podia ficar um pouco mais calado”, atacou o peemedebista.
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