quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Saiba quem é Tim Cook, que substitui Jobs na Apple

 

Racional, disciplinado e entusiasta dos exercícios físicos, o novo CEO é o homem das operações, dos números e da eficiência - mas não da criação


Do Portal Terra


000_121980847.jpg

Com a renúncia de Steve Jobs como CEO da empresa mais rentável do mundo, a Apple, o fiel escudeiro Timothy D. Cook toma o posto de maneira integral. Não é a primeira vez, no entanto, que o agora antigo diretor de operações fica à frente da Apple. Isso já aconteceu pelo menos outras três vezes. Foi ele quem tocou o barco em 2004, por dois meses, quando o capitão passou por uma cirurgia. Depois, por vários meses em 2009, quando Steve Jobs fez um transplante de fígado. E, por último, antes de assumir a presidência-executiva definitiva, em 2011, era Cook quem jogava as cartas na companhia havia alguns meses, desde que Jobs se retirou para tratar da atual doença.

Cook nasceu em 1 de novembro de 1960 em Robertsdale, no estado do Alabama, nos Estados Unidos. Ele é licenciado em Engenharia Industrial pela Universidade de Auburn, em 1982, e seis anos depois fez o MBA na Universidade Duke Fuqua School of Business, em Durham, também nos EUA. Na carreira profissional, o nome foi feito dentro da IBM, onde Cook atuou durante 12 anos como diretor. Depois disso, ele passou seis meses como vice-presidente corporativo de materiais da Compaq, antes de Jobs conhecê-lo e levá-lo para a Apple, em 1998.
000_121980105.jpg

A fama de reservado

Tim Cook tem fama de reservado e é um "viciado em trabalho que, além da Apple, se interessa por ciclismo, estar ao ar livre e o time de futebol americano de Auburn", diz a revista Forbes. Ele é conhecido também por dividir com Jobs um estilo de liderança que revisa, questiona e autoriza cada detalhe do trabalho. Quem os conhece diz que, ainda que partilhe do fervor de Jobs pela empresa, o jeito de Cook é totalmente oposto. Jobs é apaixonado, exaltado e emotivo. Cook é calmo, frio e totalmente racional.

Como COO - diretor de operações, Cook se mostrou eficiente. Tão logo chegou, ele tratou de fechar unidades próprias, vender estoques e tomar outras medidas para que a empresa reduzisse os custos e continuasse a ser viável. Em seguida, ele fez acordos com fabricantes asiáticos para produção de alguns componentes - atualmente famosas por produzirem as peças do iPhone e do iPad. Foi ganhando a confiança de Jobs até chegar a ser o segundo nome em comando da Apple.

Racional, disciplinado, entusiasta dos exercícios físicos, o homem das operações, dos números e da eficiência - mas não da criação, Cook deve refletir o modo como vem agindo na empresa em mais de uma década de história agora como o homem mais importante da empresa mais importante financeiramente e para o mundo da tecnologia. Agora, se Jobs vai se retirar totalmente da tomada de decisões e agir como um rei que reina, mas não governa, só o tempo vai poder dizer.

Poder reunido no lançamento do Brasília 247

 

Poder reunido no lançamento do Brasília 247Foto: Divulgação

COQUETEL REUNIU SENADORES, DEPUTADOS, EMPRESÁRIOS E A SOCIEDADE BRASILIENSE PARA O LANÇAMENTO DO PRIMEIRO JORNAL DIGITAL DA CAPITAL FEDERAL, DIRIGIDO PELO JORNALISTA HÉLIO DOYLE

25 de Agosto de 2011 às 19:07
Priscila Mesquita_Brasília247 –Credibilidade e dinamismo. Essa foi a tônica do lançamento do jornal digital Brasília 247, afiliado da Rede 247, na noite desta quarta-feira, no Hotel Mercure, na capital federal. Políticos, empresários, jornalistas, autoridades locais e nacionais – como a senadora Marta Suplicy (PT) e o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB), ambos potenciais candidatos à prefeitura de São Paulo – compareceram à festa.
O jornalista Leonardo Attuch, idealizador do Brasil 247 e da rede que se espalha pelas unidades da Federação, explicou que o produto é fruto de várias transformações em curso no mundo. “Uma mudança tecnológica, que provoca a migração do papel para o online, uma mudança cultural, do conteúdo pago para o grátis, e uma mudança também nas relações entre quem produz e quem consome notícias, que passa a ser horizontal”, diz ele. Em menos de seis meses, o Brasil 247 já registra 2,7 milhões de visitantes únicos e 45 milhões de page views/mês.
Brasília é a segunda cidade a receber uma afiliada. Salvador foi a primeira. As próximas redações serão montadas no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Paraná, conforme adiantou Attuch. "O modelo é colaborativo: os conteúdos produzidos nas cidades são aproveitados pelo Brasil 247 e vice-versa."
Luiz Fernando Artigas, diretor-superintendente do Brasília 247, destacou o ineditismo do projeto em relação aos demais veículos de comunicação da capital. "Vamos produzir informação ágil, com qualidade e muita credibilidade." Hélio Doyle, diretor editorial, resumiu em uma frase a missão do jornal. "Nosso compromisso é fazer jornalismo sem ceder ao poder econômico e político."
O deputado federal Emiliano José (PT-BA), que também é jornalista, ressaltou a importância de ampliar os pontos de vista por meio da internet. "A rede 247 tem essa missão e, por isso, tem crescido de forma tão acelerada." Emiliano profetiza que, em pouco tempo, esta será a maior rede de informação independente do Brasil. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB) falou sobre a qualidade profissional da equipe e sobre a expectativa que o jornal está provocando no meio político. "Brasília carece de inovações, o Brasília 247 é um instrumento moderno que tem a cara da cidade."
Para o presidente da Câmara Legislativa, deputado Patrício (PT), a iniciativa é importante também para a formação dos jovens. "Eles acompanham a internet 24 horas por dia, 7 dias por semana, assim como o jornal. Daí essa função social, de informar com isenção, como tem sido feito." A deputada distrital Eliana Pedrosa (DEM) mencionou a grande presença feminina na equipe. "Participar desse projeto inovador será um grande desafio para nós, atores políticos. O jornal, extremamente plural e moderno, é um presente à nossa cidade."
Os deputados distritais Chico Vigilante (PT), Cláudio Abrantes (PPS), Joe Valle (PSB) e Liliane Roriz (PRTB) também participaram da festa. O governador Agnelo Queiroz foi representado pela secretária de Comunicação, Samanta Sallum. O vice-governador, Tadeu Filippelli, foi representado pelo jornalista José Carlos Barroso. Os distritais Agaciel Maia (PTC), Chico Leite (PT) e Israel Batista (PDT) foram representados pelos respectivos assessores de imprensa.
O presidente da Fecomércio, Adelmir Santana, foi a voz do setor produtivo. "O foco no futuro, a agilidade e a facilidade no acesso são a receita do sucesso que já vive hoje o Brasília 247." Os jornalistas Jorge Eduardo Antunes e Edson Crisóstomo – representando respectivamente o jornal Hoje em Dia e a revista Plano Brasília – destacaram a importância do surgimento de outro veículo de comunicação na cidade.

Definido o novo presidente do Corinthians

 

Definido o novo presidente do CorinthiansFoto: EVELSON DE FREITAS/Agência Estado

É MARIO GOBBI, QUE SERÁ O SUCESSOR DE ANDRES SANCHEZ

25 de Agosto de 2011 às 20:00
247 - Mario Gobbi será o próximo presidente do Corinthians. Andrés Sanches decidiu indicar seu ex-companheiro de diretoria como seu sucessor nas eleições de fevereiro de 2012 no clube. Apoiado pelo atual presidente e pela cúpula do clube a vitória de Mario Gobbi é tida como certa.
Andrés tinha a intenção de fazer esse anuncio oficialmente nesta quarta-feira (25) em reunião com todos os dirigentes do clube. Mas o mandatário corintiano teve de viajar para Salvador, onde iria participar de uma reunião entre os cartolas que fazem parte da Liga de futebol, Com isso o anúncio de Gobbi como seu sucessor foi adiado para terça-feira, dois dias antes de o Corinthians às vésperas 101 anos de fundação. Assim, no banquete de aniversário do clube, Mario Gobbi deverá sentar ao lado de Andrés Sanches e se pronunciar como candidato da situação ao cargo de presidente.
Diante dessa posição de Andrés acabam as disputas internas no clube. Muitos dirigentes e conselheiros sonhavam em ocupar a cadeira de Andrés e faziam campanha para ganhar o apoio do atual presidente. Agora, quem não for para o lado de Andrés/Gobbi terá de procurar abrigo na oposição, mas com chances mínimas de vitória.
Mario Gobbi está afastado da diretoria do clubes desde 7 de dezembro de 2010, quando o cargo de diretor de futebol do Corinthians. Ao longo de três anos, Gobbi foi o braço direito de Sanches no comando alvinegro, além de ter participado diretamente da elaboração do novo estatuto do Timão. Na companhia do técnico Mano Menezes, reestruturou o futebol depois do rebaixamento para a Série B na gestão Alberto Dualib.
Com Mário Gobbi no comando do futebol, o Corinthians conquistou os títulos da Série B (2008), Copa do Brasil (2009) e Campeonato Paulista (2009). Apesar do sucesso, desde a eliminação na Libertadores o dirigente já vinha dizendo que poderia deixar a função em breve. Na época Gobbi disse que não pretendia trabalhar nos bastidores para ser o sucessor de Andrés Sanches que deixará a presidência, após cumprir o mandato da reeleição. O atual presidente é contra um terceiro mandato.
Mário Gobbi, natural de Jaú, fez 50 anos no último domingo. Formado em direito pela Universidade Mackenzie é delegado de policia em São Bernardo do Campo. Gobbi foi uns dos articuladores da campanha que derrou Alberto Dualib e levou Andrés Sanchez â presidência corintiana para o primeiro mandato em outubro de 2007. Antes de ser vice-presidente, Mário Gobbi é conselheiro vitalício do Corinthians desde 2002.

Isso pode? Ministro paga campanha com dinheiro público

                           

Isso pode? Ministro paga campanha com dinheiro públicoFoto: DIVULGAÇÃO

 

 

Mario Negromonte, das Cidades, usou dinheiro da Câmara Federal para ressarcir despesas de sua campanha, denuncia O Estado de S. Paulo; alugou jatinho fiado; pagou depois da eleição; e ainda há suspeita de superfaturamento; "a briga no PP vai terminar em sangue", ameaça ele



Por Agência Estado

Agência Estado

Três dias depois das eleições de 2010, o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP) - na época parlamentar que tentava a recondução ao Congresso -, usou o dinheiro da Câmara para ressarcir despesas com uma empresa de táxi aéreo que, coincidentemente, é a mesma que prestou serviços para a campanha dele à reeleição de deputado federal.

O gasto de R$ 52,4 mil em verba indenizatória declarado pelo então deputado Negromonte com o fretamento de aeronaves em outubro é quase o dobro dos R$ 28 mil desembolsados em março, segundo mês em que o então parlamentar mais gastou com esse tipo de despesa.

No dia 6 de outubro do ano passado, 72 horas após a eleição, a Aero Star Táxi Aéreo Ltda. emitiu dois recibos, um de R$ 18,3 mil e outro de R$ 8.850,00, para Negromonte, que entregou as notas à Câmara para comprovar a despesa da “cota para exercício da atividade parlamentar”. Além dessa empresa, a Abaeté Aerotáxi recebeu mais R$ 25 mil da Câmara no dia 18 de outubro a pedido do ministro. As duas empresas contratadas têm sede na Bahia, reduto eleitoral do ministro.

A Aero Star Táxi Aéreo trabalhou oficialmente na campanha eleitoral de Negromonte. Segundo os registros do Tribunal Superior Eleitoral, a empresa recebeu R$ 86 mil entre agosto e setembro do comitê de campanha dele. Em outubro, quando os deputados estão na “ressaca” da eleição, numa espécie de recesso informal, o dinheiro para a mesma empresa de táxi aéreo saiu dos cofres da Câmara. Negromonte foi reeleito com 169 mil votos.

Procurado ontem pela reportagem, o ministro recusou-se a responder se os R$ 27.150,00 mil pagos à Aero Star e os R$ 25 mil repassados à Abaeté dias depois das eleições são por despesas de viagens ocorridas na campanha dele à reeleição. Por meio de sua assessoria, Negromonte apenas afirmou que suas prestações de contas estão dentro da “legalidade” e disse que usou um “bimotor”, e não um jatinho, nos fretamentos particulares.

A assessoria do ministro ainda afirmou: “O deputado Mário Negromonte teve as contas de campanha aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. As contas prestadas à Câmara seguem as regras estabelecidas e estão dentro da legalidade”. As empresas citadas na reportagem foram procuradas, mas não houve resposta até o fechamento desta reportagem.

Capitalismo de desastre: Abutres sobre a Líbia



Pepe Escobar


25/8/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online


Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu





Pensem na nova Líbia como último espetacular capítulo da série “Capitalismo de Desastre”. Em vez de armas de destruição em massa, tivemos a R2P (“responsabilidade de proteger”). Em vez de neoconservadores, imperialistas humanitários.



Mas o alvo é sempre o mesmo: mudança de regime. E o projeto é o mesmo: desmantelar e privatizar uma nação que não se integrou ao turbo-capitalismo; abrir mais uma (lucrativa) terra de oportunidades para o neoliberalismo super turbinado. E a coisa vem em boa hora, porque acontece em momento já próximo de plena recessão global.



Demorará um pouco. O petróleo líbio não voltará ao mercado antes de 18 meses. Mas há o negócio da reconstrução de tudo que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) bombardeou (sim, sim, nem tudo que o Pentágono bombardeou em 2003 foi reconstruído no Iraque...)



Seja como for – do petróleo à reconstrução – brotam oportunidades para negócios sumarentos. O neonapoleônico Nicolas Sarkozy da França e o britânico David das Arábias Cameron acreditam que estarão especialmente bem posicionados para lucrar com a vitória da OTAN. Mas nada garante que a nova bonança baste para arrancar da recessão as duas ex-potências coloniais (neocoloniais?).



O presidente Sarkozy em particular mamará nas oportunidades comerciais para empresas francesas o mais que possa – parte de sua ambiciosa agenda de “reposicionamento estratégico” da França no mundo árabe. Uma imprensa francesa complacente decidiu armar os ‘rebeldes’ com armamento francês, em íntima cooperação com o Qatar, incluindo uma unidade de comandos ‘rebeldes’ mandada por mar de Misrata para Trípoli sábado passado, no início da “Operação Sirene”. [1]

Bem, já se viram movimentos de abertura desses desenvolvimentos, desde quando o chefe de protocolo de Muammar Gaddafi fugiu para Paris, em outubro de 2010. Foi quando todo esse drama de mudança de regime começou a ser incubado.



Bombas em troca de petróleo



Como já observado (ver “Bem-vindos à ‘democracia’ líbia), os abutres já voejam sobre Trípoli para devorar (e monopolizar) os despojos. E, sim – grande parte da ação tem a ver com negócios de petróleo, como disse Abdeljalil Mayouf, gerente de informações da Arabian Gulf Oil Company ‘rebelde’, em declaração nua e crua: “Não temos problemas com países ocidentais como empresas italianas, francesas e britânicas. Mas podemos ter algumas questões políticas com Rússia, China e Brasil.”



Esses três são membros crucialmente importantes do grupo BRICS das economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), países que estão crescendo, enquanto as economias atlanticistas e OTAN-bombardeantes estão afundadas em estagnação ou recessão. Os quatro principais BRICSs também se abstiveram na votação que aprovou a Resolução n. 1.973 do Conselho de Segurança da ONU, a mascarada daquela ‘zona aérea de exclusão’ que depois se metamorfoseou em bombardeio cerrado, pela OTAN, para forçar, de cima para baixo, uma ‘mudança de regime’. Esses países viram corretamente o que havia para ver, desde o início.



Para piorar (para eles) ainda mais as coisas, só três dias antes de o Africom (Comando Africano) do Pentágono lançar seus primeiros 150 (ou mais) Tomahawks contra a Líbia, o coronel Gaddafi deu entrevista à televisão alemã, na qual destacou que, se o país fosse atacado, todos os contratos de energia seriam transferidos para empresas russas, indiana e chinesas.



Assim sendo, os vencedores da bonança do petróleo já estão designados: membros da OTAM mais monarquias árabes. Dentre as empresas envolvidas, a British Petroleum (BP), a francesa Total e a empresa nacional de petróleo do Qatar. Do ponto de vista do Qatar – que investiu jatos de combate e soldados na linha de frente, treinou ‘rebeldes’ em táticas de combate exaustivo e já está negociando vendas de petróleo no leste da Líbia – a guerra se comprovará muito esperta decisão de investimento.



Antes da crise que já dura meses e está agora nos movimentos finais, com os ‘rebeldes’ já na capital, Trípoli, a Líbia estava produzindo 1,6 milhões de barris/dia de petróleo. Quando recomeçar a produzir, os novos senhores de Trípoli colherão alguma coisa como US$50 bilhões/ano. Estima-se que as reservas líbias cheguem a 46,4 bilhões de barris.



Melhor farão os ‘rebeldes’ da nova Líbia se não se meterem com a China. Há cinco meses, a política oficial chinesa já era exigir um cessar-fogo; tivesse acontecido, Gaddafi ainda controlaria mais da metade da Líbia. Pequim – que jamais foi fã de ‘mudança de regime’ violenta – está exercitando, por hora, a arte da moderação extrema.



Zhongliang, chefe do Ministério do Comércio, observou, otimista, que “a Líbia continuará a proteger os interesses e direitos dos investidores chineses, e esperamos manter os investimentos e a cooperação econômica”. Abundam as declarações oficiais que enfatizam a “mútua cooperação econômica”.



Semana passada, Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do sinistro Conselho Nacional de Transição, disse à rede de notícia Xinhua que serão respeitados todos os negócios e contratos firmados com o regime de Gaddafi. – Mas Pequim não quer saber de correr riscos.



A Líbia forneceu apenas 3% do petróleo que a China consumiu em 2010. Angola é fornecedor muito mais crucial. Mas a China ainda é o principal consumidor de petróleo líbio na Ásia. Além disso, a China pode ser muito útil no front da reconstrução da infraestrutura, ou na exportação de tecnologia – nada menos que 75 empresas chinesas, com 36 mil empregados já trabalhavam na Líbia antes do início da guerra civil/tribal (e foram evacuados, com eficiência e sem alarde, em menos de três dias).



Os russos – da Gazprom à Tafnet – tinham bilhões de dólares investidos em projetos na Líbia; as brasileiras Petrobras, gigante do petróleo e a empresa construtora Odebrecht também tinham interesses lá. Ainda não se sabe exatamente o que acontecerá com eles. O diretor geral do Conselho de Comércio Rússia-Líbia, Aram Shegunts, está extremamente preocupado: “Nossas empresas perderão tudo, porque a OTAN impedirá que façam negócios na Líbia.”



A Itália logo entendeu que lá teria de ficar, “com ‘rebeldes’ ou sem”. A gigante italiana ENI, parece, não será afetada, dado que o primeiro-ministro Silvio “Bunga Bunga” Berlusconi pragmaticamente abandonou seu ex-íntimo amigo Gaddafi, logo no início do bombardeio EUA-Africacom/OTAN.



Os diretores da ENI italiana estão confiantes de que o petróleo líbio recomeçará a fluir para o sul da Itália ainda antes do inverno. E o embaixador da Líbia na Itália, Hafed Gaddur, disse a Roma que os contratos da era Gaddafi serão honrados. Por via das dúvidas, Berlusconi se reunirá com o primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição, Mahmoud Jibril, na próxima quinta-feira, em Milão.



Bin Laden os salvará [2]



O ministro das Relações Exteriores da Turquia Ahmet Davutoglu – da famosa política de “zero problemas com nossos vizinhos” – também já andou elogiando os ex-‘rebeldes’ convertidos em poder de fato. Também de olhos postos na bonança de negócios da era pós-Gaddafi, Ankara – que é o flanco oriental da OTAN – terminou por ajudar a impor um bloqueio naval contra o regime de Gaddafi, cultivou atentamente o Conselho Nacional de Transição e, em julho, reconheceu-o formalmente como governo da Líbia. Business “recompensa” os ardilosos.



Chegamos afinal ao coração desse script: o que a Casa de Saud lucrará por ter sido instrumento para implantar um regime amigável na Líbia, possivelmente salpicado de salafitas notáveis; uma das razões chaves para o massacre imposto pelos sauditas – que incluiu um voto inventado na Liga Árabe – foi o ódio furioso que separou Gaddafi e o rei Abdullah, desde as primeiras escaramuças que levaram à guerra contra o Iraque em 2002.



Nunca será demasiado destacar a hipocrisia cósmica de uma monarquia/ teocracia medieval absoluta ultra reacionária – que invadiu o Bahrain e reprimiu com brutalidade os xiitas locais – apoiar o que se apresenta como movimento pró-democracia no Norte da África.



Seja como for, é hora de celebrarem. Em breve, lá estará o grupo saudita Bin Laden Construtora, para reconstruir feito doido em toda a Líbia – é possível que transformem Bab al-Aziziyah (que foi saqueado) em hotel-shopping center de luxo monstro da Tripolitânia.

EUA protegem, em seu território, dezenas de terroristas e fujitivos

 
 
 
JEAN-GUY ALLARD - Os Estados Unidos concederam asilo a dezenas de terroristas, fugitivos da justiça e vigaristas de todos os tipos reivindicados por países latino-americanos. No entanto consideram-se canalhamente promotores da chamada “lista de Estados patrocinadores do terrorismo”, cujo verdadeiro propósito de denegrir nações que rejeitam as suas políticas de dominação,



O site “Contrainjerencia (em espanhol) mostra, desde princípios do ano, uma lista dos foragidos mais conhecidos. São uns sessenta delinquentes, identificados como foragidos latino-americanos que se refugiam no território estadunidense, a maioria deles com histórico terrorista.



Com a comunidade cubano-americana de Miami, o dossiê ou lista teve que se limitar a incluir os mais “famosos” dos terroristas e sicários. Em 1959, a queda do regime de Fulgencio Batista, sustentado por Washington, marcou a chegada ao sul da Flórida de milhares de cúmplices da ditadura, que a CIA logo recrutou para as operações terroristas que executou e encobriu contra a Revolução cubana.



Vários autores de ações terroristas ocorridas na Venezuela, nos últimos anos, encontraram também asilo nos EUA, bem como participantes da conspiração assassina de Santa Cruz, Bolívia.

Entre outros indivíduos que promoveram o emprego do terror em diferentes países do continente e que hoje vivem nos Estados Unidos, com o conhecimento e a aprovação do Departamento de Estado, o site Contrainjerencia identifica alguns desses criminosos:



- Alejandro Melgar, cabecilha da conspiração de Santa Cruz, negociante boliviano.

- Ángel de Fana Serrano, participou em 1997, na Ilha Margarita, de um complô para assassinar o líder cubano Fidel Castro, durante a Cúpula Ibero-Americana. Parceiro de Luis Posada Carriles, De Fana conspirou, ainda, para assassinar o presidente Hugo Chávez.

- Armando Valladares, cúmplice da tentativa de magnicídio (contra o Presidente Evo Morales) em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, e de vários atos terroristas; foi preso em Cuba por colocar bombas em lojas, retomando seu emprego na CIA depois de sua saída da Ilha.

- Carlos Alberto Montaner, vive a várias décadas de serviços prestados contra Cuba. Fugitivo da justiça cubana, por colocar bombas em lojas e cinemas, em 1960; foi membro da rede terrorista de Orlando Bosch. Mora alternativamente nos EUA e na Espanha.

- Gaspar Jiménez, assassino do diplomata cubano Dartagnan Díaz Díaz; cúmplice de Luis Posada Carriles e condenado por terrorismo no Panamá. Mora em Miami sob proteção do FBI.

- Guillermo Novo Sampoll, terrorista, cúmplice no assassinato do ex-chanceler chileno Orlando Letelier; torturador do Plano Condor; assassino de dois diplomatas cubanos na Argentina, cúmplice de Luis Posada Carriles e condenado por terrorismo no Panamá. Vive em Miami.

- Huber Matos, conhecido por haver dirigido ações terroristas. Suas ligações com o mundo do narcotráfico centro-americano são tão conhecidas como as de seu filho, refugiado na Costa Rica. Mora em Miami.

- Hugo Acha Melgar, financiador da gangue terrorista conformada por neonazistas húngaros e croatas, que tentaram assassinar o presidente boliviano Evo Morales, em 2009, no complô de Santa Cruz.

- Joaquim Chaffardet, ex-Diretor da Polícia Secreta venezuelana; ligado ao terrorista internacional Luis Posada Carriles. Foi formado pelos serviços de inteligência dos EUA na Escola das Américas (SOA).

- José Antonio Colina Pulido, responsável por atentados com bombas contra legações diplomáticas da Espanha e da Colômbia em Caracas, em 2003. Mora em Miami.

- Nelson Mezerhane, financiador e vigarista; acionista da Globovisão (Venezuela), aparece entre os principais suspeitos do assassinato do procurador Danilo Anderson. Sumiu de Caracas, após furtar US$ sete milhões. Reside nos EUA.

- Patricia Poleo, cúmplice do assassinato do procurador venezuelano Danilo Anderson. Encontra-se nos bastidores de diferentes operações da CIA realizadas pela Embaixada dos EUA de Caracas contra a Revolução Bolivariana. Mora em Miami.

- Pedro Remón, sicário da CIA, assassino de Félix García Rodríguez e Eulalio Negrín em Nova York; cúmplice de Luis Posada Carriles, condenado por terrorismo no Panamá. Mora em Miami, sob proteção do FBI.

- Luis Posada Carriles, agente da CIA e terrorista internacional. Tem um interminável dossiê de crimes. Reclamado pela Venezuela pelos 73 homicídios do avião cubano destruído em pleno voo, em 1976. Mora em Miami.

- Reinol Rodríguez, associado a Luis Posada Carriles: cúmplice do assassinato em Porto Rico de Carlos Muñiz Varela. Atual chefe militar do grupo terrorista Alpha 66, tolerado pelo FBI. Mora em Miami.

- Roberto Martín Pérez, filho de um dos mais famosos esbirros da ditadura de Batista, ex-chefe do Comitê paramilitar da Fundação Nacional Cubano-americana (FNCA).

- Raúl Díaz, condenado por ataques com explosivo C4 a duas embaixadas em Caracas, ocorridos em 2003. Mora em Miami.

- Carlos Yacaman, hondurenho, assassino do ex-ministro de Habitação da administração de Manuel Zelaya, Roland Valenzuela. Encontra-se em Miami.

- Branko Marinkovic, líder opositor boliviano de Santa Cruz, principal financeiro e cúmplice da gangue terrorista desarticulada em 2009. Entregou US$ 200 mil aos terroristas para a compra de armas. Mora em Miami.

- José Guillermo García, general salvadorenho, ex-ministro de Defesa, torturador e responsável pelo assassinato de quatro freiras norte-americanas.

- Carlos Vides Casanova, ex-chefe da guarda nacional de El Salvador, torturador e responsável pelo assassinato de quatro freiras norte-americanas.

- Michael Townley, oficial da polícia secreta de Pinochet, cúmplice do assassinato do ex-chanceler chileno Orlando Letelier. Mora em Miami.

- Santiago Álvarez Fernández Magriñá, terrorista e traficante de armas cubano-americano, cúmplice de Posada Carriles. Mora em Miami.

- Osvaldo Mitat, terrorista e traficante de armas cubano, cúmplice de Posada Carriles. Mora em Miami.

- Héctor Alfonso Ruiz, vulgo Héctor Fabián, terrorista cubano, colocou bombas em legações diplomáticas, associado a Posada Carriles. Mora em Miami.

- Ramón Saúl Sánchez, sicário de Omega 7, cúmplice de Eduardo Arocena e Pedro Remón. Mora em Miami.

- Rodolfo Frómeta, terrorista cubano, chefe dos comandos F4, autor confesso de ações terroristas contra Cuba. Mora em Miami.

- Roberto Guillermo Bravo, militar argentino, responsável pela chacina de Trelew, na qual morreram 16 jovens revolucionários. Mora em Miami.

- Virgilio Paz Romero, cúmplice do assassinato do chanceler chileno Orlando Letelier e sua colaboradora Ronni Moffitt, indultado por George W. Bush. Mora em Miami.

- José Dionisio Suárez Esquivel, vulgo Charco de Sangre, cúmplice do assassinato do chanceler chileno Orlando Letelier e sua colaboradora Ronni Moffitt, libertado por George W. Bush. Mora em Miami.

- Félix Rodríguez Mendigutía, vulgo El Gato, agente da CIA, ordenou a assassinato de Ernesto Che Guevara, cúmplice de Posada Carriles na base salvadorenha de Ilopango no tráfico de armas em troca de cocaína. Mora em Miami.

- Salvador Romani, presidente da terrorista Junta Patriótica cubana na Venezuela, participou do assalto à embaixada cubana em Caracas, cúmplice do assassinato do procurador Anderson. Mora em Miami.

- Johan Peña, ex-comissário da DISIP venezuelana, colocou a bomba que matou o procurador Anderson. Mora em Miami.

- Jaime García Covarrubias, ex-chefe repressor de Pinochet, acusado de torturas e assassinatos, hoje professor em uma academia do Pentágono, em Washington, EUA.

- José Basulto, terrorista cubano-americano, agente da CIA, chefe de Irmãos ao Resgate, e autor de provocações assassinas. Mora em Miami.

- Inocente Orlando Montano, coronel salvadorenho reclamado pela justiça espanhola pelo assassinato de jesuítas.

- José Guevara, ex-agente da DISIP venezuelana. Participou de Miami no complô para assassinar o procurador venezuelano Danilo Anderson.

Em Miami, dezenas de organizações cubano-americanas ligadas ao terrorismo continuam funcionando. O FBI conhece o envolvimento dessa corja em atividades violentas. Os grupos terroristas Alpha 66 e Comandos F4 pregam abertamente o uso do terror contra Cuba.



Entretanto, esse apoio a ações terroristas de dirigentes da FNCA (Fundación Nacional Cubano Americana) e do Cuban Liberty Council foram denunciadas publicamente em diferentes ocasiões.



Ileana Ros-Lehtinen

Nessa matéria, ninguém fica surpreendido com as declarações dos representantes Connie Mack, que sugeriu o assassinato do presidente venezuelano Hugo Chávez e de sua colega Ileana Ros-Lehtinen, que propôs, em uma entrevista para a televisão britânica, a eliminação física do líder cubano Fidel Castro.



Ros-Lehtinen é Presidenta honorária do Fondo de Defensa do terrorista Luis Posada Carriles. Seu colega de Senado, Robert “Bob” Menéndez, se reunió el último 17 de mayo com Luis Posada Carriles, em um restaurante em West New York, para celebrar seu indulto exarado por uma corte texana.




Original, em espanhol, extraído de “Contrainjerencia

traduzido por redecastorphoto

Propaganda de guerra pelos jornais e televisão:"Jornalistas devem ser julgados pela justiça internacional"


Thierry Meyssan

Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

A propaganda de guerra entrou em nova fase, e hoje envolve ação coordenada de estações de TV por satélite. CNN, France24, a BBC e a rede al-Jazeera converteram-se em instrumentos de desinformação, usadas para demonizar governos e governantes e justificar agressões armadas. Essas práticas são crimes tipificados na legislação internacional. É preciso pôr fim à impunidade desses criminosos ‘midiáticos’.

A informação processada e distribuída sobre a Líbia e a Síria marca um ponto de virada na história da propaganda de guerra, e os meios usados tomaram de surpresa a opinião pública internacional.
Desenho de alunos, em Trípoli [no lixo, o logotipo da rede Al-Jazeera]

Quatro potências – EUA, França, Reino Unido e Qatar – somaram seus meios técnicos para intoxicar a “comunidade internacional”. Os principais canais usados foram a CNN (embora privada, interage com a unidade de guerra psicológica do Pentágono), France24, a BBC e a rede al-Jazeera.

Esses veículos estão sendo usados para atribuir aos governos da Líbia e da Síria crimes que não cometeram, ao mesmo tempo em que trabalham para encobrir os crimes que estão sendo cometidos pelos serviços secretos daquelas potências bélicas e pela OTAN.

Assistimos a golpe similar, em menor escala, em 2002, quando os canais Globovisión da Venezuela distribuíram imagens do que seria (mas não era) uma revolta popular contra o presidente eleito Hugo Chávez e imagens de ativistas armados, identificados por Globovisión como se fossem ativistas chavistas, atirando contra manifestantes. Essa encenação tornou-se necessária para mascarar um golpe militar orquestrado por Washington, com colaboração de Madrid. Em seguida, depois que levante popular legítimo fez abortar o golpe e reintegrou o presidente eleito, investigações conduzidas pela justiça venezuelana e por jornalistas sérios revelaram que a ‘revolução’ filmada e distribuída pelo canal Globovisión não passava de simulacro, criado por artifícios técnicos, e que nenhum chavista jamais atirara contra manifestantes; e que, isso sim, os manifestantes haviam sido vítimas de atiradores mercenários a serviço da CIA.

Vê-se acontecer o mesmo, novamente, agora, mas os criminosos são canais de televisão consorciados que distribuem imagens de eventos inexistentes na Líbia e na Síria. O objetivo é fazer-crer que a maioria dos líbios e dos sírios desejariam a destruição de suas instituições políticas e que Muammar Gaddafi e Bashar al-Assad teriam massacrado o próprio povo. A partir dessa intoxicação “midiática”, a OTAN atacou a Líbia e está em vias de também destruir a Síria.

Fato é que, depois da 2ª Guerra Mundial, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou legislação específica que proíbe e pune essas práticas “midiáticas”.

A Resolução n. 110, de 3/11/1947 criou “procedimentos a serem adotados contra a propaganda e incitadores de nova guerra”, condena “propaganda construída explicita ou implicitamente para provocar ou encorajar qualquer tipo de ameaça à paz, quebra de paz negociada ou ato de agressão."

A Resolução n. 381 de 17/11/1950 reforça aquela condenação e condena explicitamente qualquer censura a informação, como parte da propaganda contra a paz.

Finalmente, a Resolução n. 819 de 11/12/1954 sobre “remoção de barreiras que impeçam a livre troca de informação e ideias” reconhece a responsabilidade dos governantes no ato de remover barreiras que impeçam a livre troca de informação e ideias.

Ao fazê-lo, a Assembleia Geral desenvolveu doutrina própria sobre a liberdade de expressão: condenou todas as mentiras que levam à guerra; e impôs o livre fluxo de informações e ideias e o debate crítico, como armas a serem usadas necessariamente a favor da paz.

Palavras e, sobretudo, imagens, podem ser manipuladas de modo a servirem como “justificativa” para os piores crimes. Nesse sentido, a intoxicação da opinião pública provocada pelas falsas notícias distribuídas por CNN, France24, BBC e al-Jazeera pode ser definida como prática de “crime contra a paz”.

Essas práticas criminosas ‘midiáticas’ devem ser vistas como mais sérias do que outros crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos pela OTAN na Líbia e por agências ocidentais de inteligência na Síria, na medida em que os crimes ‘midiáticos’ precederam e possibilitaram a prática dos demais crimes.

Todos os jornais, redes de televisão públicas e privadas e todos os jornalistas que operaram na propaganda de guerra – a favor dos ataques militares contra a Líbia (e, deve-se prever, em breve também contra a Síria) – devem ser julgados pela Corte Internacional de Justiça.

Ex-banqueiro Salvatore Cacciola deixa prisão no Rio

O ex-dono do banco Marka Salvatore Cacciola, 65, foi liberado na tarde de hoje do instituto penal Plácido Sá Carvalho, na zona oeste do Rio, informou a Secretaria de Administração Penitenciária em nota.

Ele cumpria pena por peculato e gestão fraudulenta de instituição financeira.
O advogado Manoel de Jesus Soares disse que o ex-banqueiro deverá ir para a sua casa no Rio.


Marcelo Sayão - 17.jul.2008 /Efe
Salvatore Cacciola deve deixar hoje prisão no Rio de Janeiro; ele foi preso em Mônaco, em 2007
Salvatore Cacciola deve deixar hoje prisão no Rio de Janeiro; ele foi preso em Mônaco, em 2007

O ex-banqueiro estava preso desde 2007, quando foi localizado pela Interpol em Mônaco.
Na terça-feira (23), a juíza Natascha Maculan Adum Dazzi, da Vara de Execuções Penais, aceitou o pedido de liberdade condicional de Cacciola.

Cacciola foi condenado a 13 anos de prisão pela Justiça brasileira, em primeira e segunda instâncias, acusado de ter cometido peculato e gestão fraudulenta ao se valer de operações ilegais de compra de dólar que resultaram em prejuízo de R$ 1,6 bilhão ao tesouro brasileiro durante a desvalorização do real, no início de 1999.

Por conta disso, Cacciola foi preso provisoriamente, mas em 2000 conseguiu um habeas corpus do ministro do STF Marco Aurélio Mello e viajou para a Itália.

Logo depois, o plenário do Supremo revogou a liminar concedida, determinando uma nova prisão, mas Cacciola não retornou ao Brasil e passou a ser considerado foragido.

Um pedido de extradição do ex-banqueiro foi negado pela Itália, sob o argumento de que ele possui a cidadania italiana.

Depois de ser localizado pela Interpol em Mônaco em setembro de 2007, Cacciola foi preso. Ele foi extraditado ao Brasil em julho do ano seguinte. Desde então, está no preso no Rio.

Dilma:“aqui não é Roma antiga”; casal 20 poupado

 

 

Ministra Gleisi Hoffmann acusada de receber indevidamente saldo de seu FGTS na Itaipu; Paulo Bernardo, das Comunicações, não convence ao negar ter voado nas asas de empreiteira; mas presidente diz que não vai jogar cristãos aos leões; ufa!


247 – Não é nada, ao menos ainda, que se possa comparar com os indícios de superfaturamentos milionários no Ministério dos Transportes ou com a desorganização generalizada do Ministério da Agricultura, onde um lobista distribuidor de dinheiro agia à solta bem perto do ex-ministro. Mas, à sua maneira, o mais novo casal 20 da República – a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo – acaba de entrar na alça de mira das denúncias que rodeiam o governo. Um assédio que deve prosseguir, tanto mais que Gleisi, mesmo que não tenha manifestado a intenção, é vista como candidata a governadora do Paraná em 2014 – e quanto mais for fustigada desde logo, melhor para seus adversários.

Hoje, Brasília amanheceu com a informação de que Gleisi recebera R$ 41 mil de indenização trabalhista ao deixar o cargo de diretora financeira da companhia de energia Itaipu Binacional, Essa quantia incluiu o resgate do FGTS acumulado no período de 2003 a 2006, quando ela exerceu o cargo com salário aproximado de R$ 30 mil. Sua saída da empresa se deu para que ela se candidatasse pela primeira vez ao Senado. Teria sido, assim, um caso de pedido de demissão, o que, segundo a legislação, não daria a ela o direito de receber o dinheiro depositado no Fundo. “Para mim, isso não é algo moral”, reverberou o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno, que também foi diretor de Itaipu. “Eu pedi para sair e não iria usar o serviço público para ganhar dinheiro”. Na edição do Diário Oficial que publicou a exoneração dele está a informação de que a saída ocorreu “a pedido”, como registra reportagem do jornal Folha de S. Paulo de hoje.

Acredita-se que, na ocasião de sua saída, Gleisi também teria pedido para deixar a empresa, preparando-se para ser candidata ao Senado. Nesse caso, ela teria tido um tratamento privilegiado. Porém, como gata escaldada, a ministra agiu rápido ao rebater a denúncia. A pedido da Folha, a assessoria da Casa Civil registrou que a ministra “foi exonerada”, o que lhe deu direito, naquele momento, ao dinheiro do Fundo de Garantia. Procurada pelo jornal, a Itaipu Binacional alegou que informações sobre funcionários “são consideradas restritas” e, por isso, não poderia confirmar se a hoje ministra saíra a pedido.

Diante da ação rápida nas respostas negativas, é mais provável que o caso não siga adiante. Mesmo assim, a presidente Dilma Rousseff fez questão, ainda ontem, de usar uma imagem forte para negar que irá prosseguir rifando ministros ao sabor de informações que os desabonem.

“Essa pauta de demissões em que fazem ranking não é adequada para um governo”, disse Dilma, que parecia irritaeda, ao ser abordada por jornalistas num dos saguões do Palácio do Planalto. “Essa pauta eu não vou assumir jamais. Não se demite nem se fez escala de demissão, nem sequer demissões todos os dias”. E fechou com uma imagem histórica, de modo a não deixar mais dúvidas: “Isso aqui não é a Roma antiga”. Com isso, a presidente quis dizer que, a exemplo do que acontecia com os cristãos no tempo do Império Romano, ela não jogará os seus ministros numa arena cheia de leões.

Em audiência na Câmara dos Deputados, na véspera, o ministro Paulo Bernardo arrancou risos entre os parlamentares ao dizer que não se lembrava de ter viajado no avião de uma grande empreiteira, a Sanches Tripoloni, em seus tempos de ministro Planejamento e candidato a deputado federal. "Eu não conheço o avião.

Eu falei que em outras ocasiões, quando fui deputado, por exemplo, em algumas ocasiões eu pedi carona em aviões. Eu não posso descartar. Eu não conheço o avião”, repetiu Bernardo aos deputados. O certo é que, durante a sua gestão no Planejamento, a Triopoli aumentou em 600% o volume de seus negócios com o governo federal. Houve, por isso, quem visse no ministro o próximo a entrar na linha de tiro da presidente – e cair. No entanto, Dilma ontem fez questão de encarar os jornalistas para dizer que não será nesse ritmo de tragédias sucessivas que seu governo vai atuar. O casal 20, ao menos por enquanto, pode respirar aliviado: Gleisi e Bernardo não serão jogados aos leões.

"Estrebucha!", diz PM a baleado agonizante; assista


ATENÇÃO: o vídeo a seguir contém imagens agressivas
*

"Filho da puta, você não morreu ainda? Olha pra cá! Maldito. Não morreu ainda", diz uma das vozes, enquanto a imagem, em close, mostra a cena forte: um homem pardo, caído, espumando pela boca. Os olhos dele estão paralisados, em choque, com as pupilas dilatadas. A roupa está ensopada de sangue.

Ao fundo, é possível ouvir uma comunicação entre carros da polícia e os nomes Copom (Central de Operações da Polícia Militar) e Rota, grupo especial da PM paulista. Há um veículo Astra, de cor azul, com as portas abertas.


"Estrebucha! Filho da puta", diz uma outra voz.
Há um segundo homem estendido no chão. Ele está de bruços, algemado e chora.
"Tomara que morra a caminho [do hospital]. Não vai morrer, não?", diz, com ar de deboche, um outro PM.

As cenas estão gravadas em um vídeo obtido pela Folha. Elas estão nas mãos da cúpula da Segurança Pública paulista há duas semanas.

O Comando Geral da PM, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil, e o Ministério Público Estadual querem saber quem são os dois homens que aparecem caídos no chão e como eles foram feridos.

Além disso, investigam onde e quando as imagens foram feitas. Há suspeita de que o episódio tenha ocorrido na Grande São Paulo e que as imagens tenham sido gravadas pelos próprios PMs (numa cena de crime como a que aparece no vídeo, apenas policiais têm livre acesso).

As autoridades também buscam informações se os suspeitos estão vivos ou mortos ou se estão presos.

RESISTÊNCIAS

Entre janeiro e junho deste ano, 334 pessoas foram mortas por PMs (em serviço ou não) no Estado de São Paulo. A média diária é de 1,85. Desse total, 241 óbitos ocorreram em casos de "resistência seguida de morte em serviço". No mesmo período, o número de policiais militares mortos (em serviço ou não) foi de 25.

Leia a transcrição da entrevista de Cid Gomes à Folha e UOL

FÁBIO BRANDT
DE BRASÍLIA



O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), participou do programa "Poder e Política - Entrevista" conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues no estúdio do Grupo Folha em Brasília, gravado em 24.ago.2011. O projeto é uma parceria do UOL e da Folha.

Leia a íntegra abaixo e assista ao vídeo completo:





Narração de abertura: O governador do Ceará, Cid Ferreira Gomes, do PSB, cumpre seu segundo mandato no cargo.

Aos 48 anos, Cid Gomes é casado e tem dois filhos. É irmão mais novo do ex-candidato a presidente da República Ciro Gomes, que também foi governador do Ceará.
Cid Gomes formou-se em engenharia pela Universidade Federal do Ceará. Foi duas vezes deputado estadual e duas vezes prefeito de Sobral, cidade na qual nasceu.
Antes de se eleger governador em 2006, morou em Washington, nos Estados Unidos. Lá trabalhou como consultor do BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento.


Folha/UOL: Olá internauta. Bem-vindo a mais um "Poder e Política Entrevista".
O programa é uma realização em parceria da Folha de S.Paulo, do portal UOL e da Folha.com. O programa é sempre gravado aqui no estúdio do Grupo Folha em Brasília.
E o entrevistado desta edição do "Poder e Política" é o governador do Ceará, Cid Gomes.

Folha/UOL: Governador, muito obrigado por sua presença. O sr. teve uma convivência forte com o ex-presidente Lula e agora convive com a presidente Dilma. Qual dos dois é melhor na política?


Cid Gomes: Bom, depende do que se queira classificar como política. É claro que o Lula é um líder muito mais popular, é um líder de massa. É um líder forjado nisso. O Lula começou como líder sindical, trabalhou a vida inteira... O lula identifica aqui uma plateia e fala para a plateia, tem isso como instinto. A Dilma é uma política no sentido da administração. O Lula é mais político no sentido de contato com as pessoas, de carisma. E a Dilma é política no sentido de administração, centrada, com foco. Ambos acho que se completam.

Folha/UOL: Ela tem ido bem nos últimos episódios que resultaram na queda de vários ministros?


Cid Gomes: Acho que sim. Esse momento é um momento de você aprofundar objetivos. Certo? O Lula assumiu o Brasil numa condição absolutamente diferente que a Dilma assumiu. O Lula assumiu sem maioria no Congresso, assumiu depois de uma eleição disputada. O partido dele era praticamente único no primeiro turno e teve que formar uma maioria, com as características que já regiam a política brasileira nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso.

A Dilma... a condição em que ela se elegeu, com uma maioria no parlamento muito mais forte, com a base de partidos muito maior, permite que ela agora apure um pouco mais. Ou depure um pouco mais, nessa linha do que se está fazendo, pela cobrança da imprensa, reduzindo concessões que foram feitas à política.

Folha/UOL: A presidente tem de fato protagonizado todos esses fatos ou tem reagido aos fatos que apareceram na imprensa? Eu pergunto porque os três ministros que caíram apareceram primeiro os fatos ou mal feitos na imprensa.


Cid Gomes: Eu quero concordar com você. Quem tem cobrado mais, certamente, é a mídia. Eu estou falando desses fatos recentes. Mas a composição do ministério da Dilma... não propriamente do ministério, mas a composição de governo, principalmente de segundo escalão, tem sido muito mais numa linha de quadros técnicos do que de quadros políticos. Isso, aspas, é um certo avanço para como estava, ou como vinha sendo a tradição Fernando Henrique e Lula. Ela concedeu menos à política no segundo escalão. O ministério, o primeiro escalão, é um ministério absolutamente político, com cotas partidárias etc etc.

Folha/UOL: O que impedia o presidente Lula ou até o seu antecessor, Fernando Henrique, de agirem da mesma forma?


Cid Gomes: A necessidade de uma maioria política, né. E, bom, veja bem, isso depende da fase de governo. O Lula no começo, mesmo precisando compor uma maioria... porque, repito, ele foi eleito num segundo turno enquanto no primeiro [turno] praticamente todos os partidos tiveram candidatos a presidente. [Estou] falando do primeiro mandato. Mas mesmo assim ele conseguiu e fez menos concessões. A partir do momento em que se fragiliza e o tempo desgasta o poder, é natural, é consequência natural, ele teve que conceder mais. O Lula viveu momentos dramáticos com aquele episódio de 2005, né. E ele teve que fazer concessões à política para que se mantivesse no poder. Alguns partidos de oposição protagonizavam e desejavam o impeachment do presidente.

Folha/UOL: Quando o senhor fala "concessões à política" posso entender que é um eufemismo, em certa medida, à concessão à fisiologia?


Cid Gomes: Você pode conceder à política e repartir o poder, que é uma coisa natural você repartir o poder num governo que não tem uma maioria parlamentar única. O PT tem, de 513 deputados, 70, 70 e poucos deputados. Então, para ele formar uma maioria, ele tem que governar com os partidos. Isso é absolutamente natural da política aqui e, talvez, só não na China, mas...

Folha/UOL: ...ou em Cuba...


Cid Gomes: Nas democracias é necessário, é... Em Cuba a maioria se faz no processo. Aqui a democracia acaba fatiando o poder no que diz respeito ao parlamento. Então, é necessária essa composição. Daí a você, a um político que tem a prerrogativa de indicar, de participar da governança em uma área fazer fisiologia, ou fazer clientelismo ou, enfim, deturpar o exercício do poder é outra história.

Folha/UOL: Hoje, o Brasil, na esfera governamental, tem mais ou menos corrupção do que tinha há cinco, 10, 20 anos?


Cid Gomes: Eu acho que tem muito menos. Embora, aparentemente, ao grande público, você tem a impressão pela notícia, pela repetição da notícia, de que a palavra "corrupção" aparece muito mais no noticiário.

Folha/UOL: Por que isso acontece?


Cid Gomes: Porque nós estamos amadurecendo a nossa democracia. Nós estamos vivendo um processo de amadurecimento da nossa democracia. No passado, a gente viveu uma ditadura, saiu de uma ditadura em que os meios, Ministério Público, Tribunal de Contas estavam ainda muito vinculados ao poder. A própria imprensa no Brasil... a nossa economia fazia com que boa parte da imprensa dependesse de verbas publicas e isso acabava silenciando os mecanismos de controle. Hoje nós, com o amadurecimento da democracia, com o crescimento da nossa economia, os instrumentos oficiais, Ministério Público, Tribunal de Contas têm conquistado mais independência pelo amadurecimento da democracia e eu acho que a imprensa também, pelo crescimento da nossa economia, tem conseguido ter mais liberdade e mais independência dos recursos públicos para posicionar-se e, certamente, denunciar aquilo que há de...

Folha/UOL: O sr. falou de denunciar. Há alguns meses o sr. mencionou o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, como responsável pelos mal feitos que seriam cometidos na pasta dele. Alfredo Nascimento acabou saindo do cargo, houve uma substituição, mas, como é que se garante que isso não vai se repetir? Porque a impressão que se tem é que se trocam os ministros, mas o esquema montado por debaixo continua igual.


Cid Gomes: O que eu disse, lembro bem, são três adjetivos. Foram os seguintes: inepto, incompetente e desonesto. Eu não falei corrupto, que é diferente. Desonesto foi muito no sentido de que eu estive com ele algumas vezes, tratando de interesses do Estado do Ceará, de ações do Dnit, do Ministério dos Transportes no Estado do Ceará. Ele se comprometia comigo de resolver problemas apresentados por mim e no final das contas não fazia nada. Então eu disse que desonesto nesse sentido. Eu nem disse que ele era corrupto. Só repondo: eu podia agora depois que já saiu me alvorar... "ah, o danadão, fui que iniciei...". Eu não gosto disso, tá certo? Agora, é... O que garante que a "faxina", um termo que está muito em voga aí, ela tenha consequência é a imprensa, são os órgãos que têm competência constitucional e institucional para isso.

Folha/UOL: A presidente da República sucedeu ao presidente Lula. E o presidente Lula continua muito ativo na sua vida política, o que é um direito que ele tem. Mas o sr. não acha que, em certa medida, algumas ações do ex-presidente acabam colocando em cheque a credibilidade, a responsabilidade da presidente atual?


Cid Gomes: Limite entre o que o Lula vai fazer como figura pública, líder de um partido, um partido importante no Brasil, e a relação disso com possível interpretação de que ele está se intrometendo em coisas do governo é um limite muito tênue...

Folha/UOL: Qual é o seu ângulo de visão sobre isso?


Cid Gomes: Eu, olha... A liderança do Lula e o papel dele na democracia brasileira será ainda muito forte. O papel de deixar bem claro o limite entre ser uma liderança e ter uma possível interpretação de que ele continua agindo em coisas de governo, atuando como se presidente fosse, está na presidenta Dilma.

Eu digo isso porque eu convivi assim muito, muito próximo de algo muito semelhante. O Ciro [Gomes] era uma liderança emergente no Ceará e foi eleito governador pelo apoio indiscutível e pela força do ex-governador, que o antecedeu, Tasso Jereissati. E o Ciro respeitou sempre o Tasso. Até foram... preservaram aí uma relação até... dias atrás, deixando muito claro o que era o papel do Tasso enquanto líder do partido a que ele pertencia, que é a mesma situação Lula e Dilma, e o papel de governante. Então eu tenho tranquilidade, eu conheço a Dilma, conheço a Dilma bem e sei que o limite disso é muito demarcado para ela. E, enfim, tudo o mais não passará de... vão ficar notícias... mas o tempo se encarregará de mostrar que quem lidera o governo é, de fato, a presidenta Dilma.

Folha/UOL: Ela tem a ambição de em 2014 concorrer à reeleição ou o ex-presidente Lula vai tentar também concorrer ao cargo?


Cid Gomes: Eu disse publicamente, mas antes tinha dito para ele, Lula, e tinha dito para ela, reservadamente, Dilma. Se eu fosse a Dilma o que é que eu faria? Eu faria tudo para estar bem, para que o governo fosse um governo com a avaliação positiva, para que as coisas acertassem, para que o Brasil avançasse. Mas, como deferência... Isso é uma coisa minha, é uma coisa minha, é uma característica minha de valorar princípios éticos, entre os quais eu coloco gratidão como um dos mais importantes. Eu procuraria o Lula, às vésperas [da definição do candidato], estando bem... Tanto mais bem estivesse, mais à vontade estaria, para dizer para ele o seguinte: "Olha presidente, eu sou muito grato pela oportunidade, eu não seria presidente sem o seu apoio, é... e eu quero demonstrar essa gratidão... eu estou bem aqui, as pesquisas mostram que eu poderia ser candidato à reeleição, mas eu quero, acho que essa faculdade deveria ser sua". Eu faria isso. Se estivesse no lugar da Dilma. Se estivesse no lugar do Lula, eu diria para ela: "Não, você deve ir. Se você está bem, você deve ir. Eu ficarei aqui como alternativa para, se o projeto corresse algum risco. Mas você deve ir, a reeleição é um instituto natural de quem está bem e tal". Enfim, eu...
Folha/UOL: Como que ela reagiu quando o sr. disse isso a ela?
Cid Gomes: Não, nada. Ouviu. Ouviu.
Folha/UOL: E o Lula?
Cid Gomes: Também [risos]. Isso tudo é muito precário. Pode acontecer tanta coisa daqui pra lá... e tudo isso é muito precário. Só serve assim pra gente que está no dia a dia da política e está sempre pensando no futuro e tal...

Folha/UOL: O sr. foi eleito governador duas vezes, pelo PSB, agora não pode mais concorrer à reeleição... Pretende manter a aliança que teve com o PT lá no seu Estado ou o sr. acha que está muito longe para fazer essa previsão?


Cid Gomes: Não, nós temos uma eleição já no ano que vem para prefeito. Tudo o que eu puder fazer para preservar uma aliança no Ceará que vem conquistando vitórias, eu farei. Essa aliança inclui o PT, PMDB, incorporou alguns partidos aí, PDT, PP, enfim... são 15 partidos que compõem lá uma aliança. Então o que eu puder fazer para preservá-la... e o emblema maior disso certamente será Fortaleza. Porque cada outra cidade tem a sua característica. Vai ter lugar em que o PT vai concorrer com o meu partido, o PSB, isso é absolutamente...

Folha/UOL: O cabeça de chapa hoje em Fortaleza hoje é o PT...


Cid Gomes: Eu acho natural que permaneça o PT. Agora, acho que o PT... Uma coisa... a reeleição da Luizianne [Lins, do PT], a prefeita lá... né... é natural do processo que quem é candidato à reeleição tem a primazia. Isso não existe mais [ela já foi reeleita em 2008]. Então vai depender do poder de diálogo do PT com os demais partidos, entre os quais o PSB, o meu partido, e encontrar um nome que, em primeiro lugar, ofereça à população de Fortaleza a expectativa e a esperança de que haverá algo novo.

Folha/UOL: Houve um rumor recente sobre os esforços do prefeito de Sã Paulo, Gilberto Kassab, que está montando um novo partido, PSD, no Ceará e teria contado com a ajuda do sr., do seu irmão Ciro Gomes para estruturar esse novo partido no Estado do Ceará. Procedem essas informações?


Cid Gomes: O Ciro está cumprindo uma tarefa lá a meu pedido, para o PSB, Partido Socialista Brasileiro, que é o nosso partido, o dele e o meu, de estruturação e montagem do partido com vistas às eleições municipais. PSB. Alguém pode ter ouvido: "o Ciro está trabalhando lá ajudando a formação do PSB nos municípios". Como tem essa coisa, PSD, telefone sem fio, acabou então sendo veiculada essa notícia. Não procede em relação ao Ciro.

Eu estive com o prefeito Kassab e estamos lá de alguma forma sintonizados, fazendo, ajudando a formar o novo partido que é o PSD. Para nós era importante porque eu tenho sido muito procurado por lideranças de outros partidos que desejam sair do partido, muitos deles estão inclusive ameaçados de expulsão dos partidos em que estão e querem um partido novo. E a legislação brasileira é muito clara e diz que quando a pessoa sai para um partido novo, isso não coloca em risco o seu mandato. Então nesse objetivo, a gente tem procurado. Coisa que acho que o Kassab fez também com o Eduardo [Campos, governador] em Pernambuco, fez com o governador Ricardo Coutinho, na Paraíba, que também é do PSB. Enfim, o PSB... A história do PSD se você rememorar um pouco, ela nascia porque o Kassab pensou em ir para o PSB. Como a legislação colocaria em risco o mandato de pessoas, principalmente pessoas, deputados federais que estavam em início de mandato, que o iriam acompanhar, aí então criou-se o PSD para mais na frente fundir. Eu ali cantei a jogada e acho que é o que vai acontecer. Esse partido vai ficar com um número [de deputados] aí talvez equivalente ao PSB e aí depois eles não vão fundir. Mas de qualquer forma ele procurou... ele ao longo do processo sempre teve uma relação com o PSB.

Folha/UOL: O sr. já está antecipando que acredita que seja difícil essa eventual fusão no futuro?
Cid Gomes: Eu acho que sim, eu acho que sim. Se o partido ficar com essa faixa aí de 40 deputados como se está falando, vai estar equivalente ao PSB. Vai fundir por que, se ele é uma liderança incontentável nesse novo partido, vai dividir o espaço. Eu estou aqui vaticinando...

Folha/UOL: Na montagem do governo Dilma, o seu partido, o PSD, Partido Socialista Brasileiro, foi bem tratado de acordo com o tamanho que tem, com o apoio que deu?


Cid Gomes: Bom... se você olhar friamente quantos deputados federais [o PSB elegeu], o partido foi bem tratado. Dois ministérios [foram passados a políticos do partido: Integração Nacional e Portos]. Eu à época defendi: a gente tem um partido que tem 40 deputados, mas tem um partido que tem o Ciro Gomes. Por acaso é meu irmão, mas é o Ciro Gomes. Uma liderança nacional, uma das poucas lideranças nacionais. Você não enche duas mãos com nomes nacionais no Brasil. E o Ciro tinha saído do processo [de formação de alianças para a eleição de 2010] de forma enviesada, para encontrar um adjetivo aqui que agrade a todos...

Folha/UOL: Deixa só eu fazer uma pergunta: o PT tratou mal o Ciro Gomes ao forçar o PSB não deixá-lo ser candidato a presidente?


Cid Gomes: Olha, isso é natural na política. Na política não existe concessão. Quem fica falando essas coisas de gratidão, não sei o que, sou eu que coloco isso na política, mas a política é fria, por natureza é fria. O PT cumpriu o seu papel. Queria compor uma aliança o mais ampla possível logo no primeiro turno. O Lula pensava, a sua estratégia era ganhar no primeiro turno. E então, nessa estratégia, eles fizeram o que tinha que fazer. Procuraram e conseguiram convencer a base do PSB de que era melhor se aliar logo no primeiro turno. E essa coisa teve bônus e ônus.

O bônus foi: a gente acabou sendo o partido que elegeu o segundo maior número de governadores do Brasil. Nós elegemos cinco governadores. Só perdemos para um partido que elegeu oito. Nós estamos acima do PT, estamos acima do PMDB em quantidade de governadores. Temos o governador do Espírito Santo, o governador de Pernambuco, o governador da Paraíba, o governador do Ceará, o governador do Piauí...

Folha/UOL: Mas voltando, o sr. estava falando sobre ter sido bem ou mal tratado, daí o sr. achava...


Cid Gomes: Não, veja bem... Essa coisa... Eu é porque conheço a coisa friamente, mas conheço pessoalmente. Porque, no final das contas, o enviesado, quem saiu enviesado na história foi meu irmão, o Ciro. E eu vi isso, eu vi o seu drama, vi o seu sofrimento. O Ciro achava... eu estava dizendo do bônus e ônus, porque se a gente tivesse lançado... É muito difícil até fazer essas especulações, mas se a gente tivesse lançado um candidato a presidente, a gente talvez tivesse eleito menos governadores, mas teria eleito mais deputados. Assim penso eu. Nós sacrificamos a bancada federal, em nome de eleger, de fortalecer nossas bases regionais, com o não lançamento de uma candidatura própria. Se o Ciro tivesse sido candidato, era o nome natural do partido, acho que a gente talvez tivesse feitos menos alianças por governo e, consequentemente, talvez, eleito só três e tinha eleito mais deputados federais. O que é mais importante? Deputado federal ou governador? Isso, de novo, fica o questionamento...

Folha/UOL: ...depende...


Cid Gomes: Pois é, depende pelo ângulo pelo qual você enxerga.

Folha/UOL: Agora, e na montagem do governo?


Cid Gomes: Eu estava dizendo, eu estava dizendo... bom, esse é um processo. Então o partido, por sua maioria, preferiu não lançar candidato. A forma como foi feito, é... machucou o Ciro. Eu participei de uma reunião em que estavam as principais lideranças do partido. Estavam lá o Eduardo [Campos, governador de Pernambuco], Casagrande [Renato, governador do Espírito Santo], o França [Márcio, líder do PSB na Câmara dos Deputados], enfim... várias lideranças do partido. E o Ciro disse: "olha, nesse ambiente aqui, discutido, conversado e tal, se o partido entendesse, se a gente conversar e entender que é melhor que eu não seja, tudo bem. Eu topo, me engajo, não sei o que e tal... Então eu só peço isso, que a gente converse".

E acabou saindo a decisão sem que houvesse essa conversa. Houve uma reunião... uma consulta aos diretórios, houve reunião da Executiva e anunciaram. E depois foram comunicar ao Ciro que ele não seria candidato. Então, isso machucou, né? Machucou o Ciro pessoalmente. Então, em função dessas coisas todas é que eu estava dizendo, na composição do ministério, eu tentei muito, foi oferecido... A Dilma o convidou, ligou para ele pessoalmente para ele vir para o Ministério da Integração. Mas no Ministério da Integração ele já tinha sido [ministro], não é, ele já tinha sido. Então, eu tentei que o partido, eu acho que o partido, se tivesse tensionado um pouco, no bom sentido, que é coisa natural da política, a gente acho que teria conquistado um espaço maior, com o Ciro participando. Até porque ele tem qualificações para isso.

Folha/UOL: O presidente nacional do seu partido, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, tem aspirações futuras na política. Ele deve tentar um voo mais alto como candidato a presidente já em 2014?


Cid Gomes: Acho que a conjuntura da época é quem vai dizer. Nós vamos viver de novo essa situação. Nós temos uma aliança com o PT, participamos do governo da presidenta Dilma e, enfim... O Ciro, quando cogitou ser candidato ele teve o cuidado de fazer aí a abstinência do poder. O que eu quero dizer: nos quatro primeiros anos do Lula ele foi ministro do Lula. Então ficaria muito feio se ele, tendo sido ministro do Lula até o final de 2006 ele saísse na última hora para ser candidato à Presidência. Mas então ele ficou quatro anos fora e trabalhou abertamente, publicamente, eticamente, a nosso juízo, para ser candidato à Presidência. Todas essa questões serão levadas em conta para efeito da decisão se, na sucessão da Dilma, a gente [o PSB] vai ter um candidato e se esse candidato é o Eduardo [Campos, governador de Pernambuco]. O Eduardo é certamente um nome credenciado.

Folha/UOL: E Ciro Gomes?


Cid Gomes: O Ciro, repito, é um dos dez nomes, continua sendo um dos dez nomes cogitados para uma empreitada nacional. Eu penso, e estou defendendo publicamente, que ele deva ser candidato ao Senado nessas eleições. O Ciro ainda é novo, tem 52 anos e pode no futuro cogitar.

Folha/UOL: Candidato ao Senado [Ciro Gomes], se for pelo Ceará, o sr. teria de renunciar ao seu mandato?


Cid Gomes: Isso. Eu teria.

Folha/UOL: E ele teria de voltar a ter de ter o título de eleitor registrado no Ceará...


Cid Gomes: Não. Ele acho que já fez isso. Já voltou o domicílio [eleitoral] dele para Fortaleza.

Folha/UOL: E nesse caso seria candidato ao Senado em 2014?


Cid Gomes: É o que eu tenho defendido.


Folha/UOL: E o que ele diz?


Cid Gomes: Ele acha que eu devo ser.

Folha/UOL: E ele quer ser o quê?


Cid Gomes: Se eu ficar... O Ciro já foi deputado federal. Não gostou da experiência...
Folha/UOL: A gente viu aqui em Brasília...


Cid Gomes: Pois é... Então, governador está impossível. Deputado federal, impossível. Senador, é só uma [vaga]. Então, se eu não for, seria vice-presidente ou presidente da República. Eu acho que, enfim [risos]... Eu vou defender a tese de que ele deva ser candidato ao Senado.

Folha/UOL: O sr. deseja ser o que em 2014?


Cid Gomes: Em 2014 eu quero ajudar no processo de sucessão, da minha sucessão, que já não será mais minha. Eu terei renunciado, obviamente, quero ajudar na campanha. Quero ajuda na campanha do governador, quero ajudar na campanha do senador, que ajudar a fazer uma bancada de deputados federais. E depois de 2014 eu quero ir para onde já estive, que é o Banco Interamericano [de Desenvolvimento]. Eu estive lá. Eu fui oito anos prefeito e fiquei dois anos sem mandato. Isso não mata ninguém. Você ficar dois anos sem mandato, ou quatro anos sem mandato, é até bom para arejar, para você sair um pouco. Às vezes você fica muito enfronhado nisso e perde um pouco a referência do olhar comum da vida pública.

Folha/UOL: A gente ouve muitas vezes aqui em Brasília que o sr., seu irmão, a família Gomes, não tem se dado muito bem com a cúpula atual do PSB. Procede?


Cid Gomes: Olha, nós tivemos momentos de tensão, principalmente nesse processo de composição aí do ministério da Dilma. Nós tivemos muitas reuniões e enfim... Mas eu acho que é uma coisa superada. Um dia desses o Eduardo [Campos, presidente nacional do PSB] aniversariou, eu liguei para ele, a gente tem tido uma boa relação. O Ciro também tem conversado com ele. Enfim, nós entendemos como natural do processo. A gente tem discordância em relação a algumas coisas. Eu acho, por exemplo, e defendi muito isso que a gente valorizasse o [deputado federal Gabriel] Chalita, que era um quadro, a meu juízo, o quadro em melhores condições competitivas para o principal mandato que vai ser disputado no ano que vem, que é a Prefeitura de São Paulo. E o partido, por cartorialismo, acabou perdendo, deixando que o Chalita saísse do partido. Então, eu contestei muito isso. E acho que isso é bom. A gente... Essa coisa da unanimidade tranquila demais não é bom não. A gente deve ter aqui e acolá umas divergenciazinhas que é isso que a maturar.

Folha/UOL: A presidente Dilma, alguns consideram que fica, às vezes, um pouco manietada na atuação do dia a dia por conta do gigantismo de PT e PMDB no governo. [Ela fica] refém, alguns diriam. O sr. concorda?


Cid Gomes: Concordo. Concordo e, se eu estivesse no lugar dela, analisando as dificuldades e naturalmente as oportunidades eu fortaleceria um terceiro pólo. Uma terceira força. E essa terceira força para mim é muito clara, que seria PDT, PC do B e PSB. Esses três partidos já têm aí uma tradição de atuação muito próxima, já compuseram um bloco na Câmara. Eu ajudaria a fortalecer [esse bloco].
O PSD é um caminho também para contrapor a PR, PP e outros partidos menores que acabam também criando problemas.

Folha/UOL: O sr. já disse isso à presidente?


Cid Gomes: Eu já disse publicamente isso.

Folha/UOL: Quando o sr. conversa com ela...


Cid Gomes: Não, não. Sobre isso eu não conversei com ela. Sobre isso eu não conversei com ela.

Folha/UOL: Por quê?


Cid Gomes: Acho que eu não tive a oportunidade.

Folha/UOL: O sr. acha então que ela deveria reforçar esse bloco...


Cid Gomes: E pode parecer também que eu estou legislando em causa própria, porque o meu partido é o PSB. Mas, sinceramente, não é por isso. Porque eu acho que é importante, na política, e no Executivo principalmente... No momento em que você fica na mão de alguém isso é ruim. Isso é ruim. Na hora em que você tem maioria...

Folha/UOL: A presidente está na mão do PT e do PMDB?


Cid Gomes: Absolutamente. Absolutamente. Absolutamente... No Congresso eu estou falando. No Congresso. Isso não quer dizer que ela esteja como um todo. No Congresso ela está absolutamente condicionada a decisões que PT e PMDB tomem.

Folha/UOL: E isso poderia ser mitigado...


Cid Gomes: Com o estabelecimento de contrapontos.

Folha/UOL: Dê um exemplo de como se estabeleceria esse contraponto.


Cid Gomes: Você tentar compor maiorias independentemente do PMDB.

Folha/UOL: O sr. acha que o PMDB deveria sair do governo?


Cid Gomes: Não. Não estou dizendo isso. Eu estou falando que você compondo a maioria independente do PMDB, você relativizaria o poder do PMDB. Colocaria no seu devido lugar. Eu acho que o PT... o PT é o partido da presidente. Então fica difícil... Como é que ela vai se contrapor ao partido dela? Isso aí é uma relação doméstica que eu não vou querer entrar. Mas os demais partidos, na hora em que ela tem alternativas, ela então relativiza o poder e a influência de cada um individualmente. Inclusive do PSB também, porque não... se é o PSB, o PC do B, o PDT que está criando dificuldade então o PMDB vai ser o contraponto para isso.

Folha/UOL: Recentemente, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, por uma sucessão de episódios que foram relatados. E o último foi ele ter viajado em um avião particular de um empresário que tinha interesses na pasta da Agricultura. O sr. citado em um episódio em que utilizou o avião de um empresário com negócios no Ceará para fazer uma viagem. É correta esse tipo de atitude?


Cid Gomes: Olha, eu não me vendo por uma viagem nem por nada. A minha consciência é tranquila. Se você for ver a relação do Estado com empresários que têm incentivos etc. etc. é uma relação absolutamente transparente. E essas relações não são feitas a partir de decisões pessoais. Os incentivos que a empresa, no caso aí a do Alexandre Grendene, tem não foram dados no meu governo. Já vêm de governos anteriores. Mesmo assim, alguma prorrogação que natural que tenha sido feita no meu governo é feita por órgão colegiado. Então não hã uma decisão pessoal. Esta viagem eu estava de licença do governo. A Alexandre passou... Ele ia para os Estados Unidos. Eu tenho uma relação com o Alexandre de 25 anos, pelo menos. Ele é meu amigo pessoal. E eu não tenho muitos amigos. A minha vida é fácil de ser pesquisada. Eu não tenho um rol de amigos muito grande. Tenho poucos amigos, Nesse meio empresarial, então, se eu tiver dois ou três é muito. Então, com ele [Alexandre Grendene] eu tenho uma relação muito antes de ser governador. E já viajei com ele em outras oportunidades. A viagem que fiz, ele estava indo aos EUA, para lá em Fortaleza naturalmente. Se eu não fosse ou se eu fosse. E eu fui com ele nessa viagem. Então eu sinceramente não vejo problema nisso aí.

Folha/UOL: Não está em discussão aqui se há ou não há favorecimento por conta da viagem. Mas a viagem em si. Não seria mais prudente quando ocupar o cargo de governador não aceitar esse tipo de carona?
Cid Gomes: Eu não aceitaria uma carona de quem eu não tenho relação e amizade. E se não tiver a convicção pessoal de que aquilo não será usado... ou pelo menos a pessoa... Usar, podem ter certeza todos que, eu repito, eu não sou comprável por viagem nem por nada. Tenho consciência tranquila em relação a isso. O Alexandre para mim não é um empresário, ele é um amigo. E eu não fui como governador. Se eu fosse aos EUA enquanto governador, eu iria em voo normal, custeado pelo Estado. Agora, ali foi uma viagem pessoal. Eu estava licenciado do cargo. Então, eu sinceramente eu não vejo problema em relação a isso.
Folha/UOL: No outro episódio anterior que o sr. fez uma viagem para a Europa e daí deu carona para sua sogra, o sr. também considera que não houve nenhuma impropriedade?
Cid Gomes: Eu pedi desculpas pelo fato. Não repetirei o fato. Agora, esse foi um caso que foi analisado e julgado pelo Tribunal de Contas do Estado. E eles chegaram à conclusão de que não houve recurso público gasto com o deslocamento dela. A aeronave já ia, ela ocupou um lugar e a sua hospedagem foi paga pessoalmente.

Folha/UOL: No que diferem esses casos [carona em jatinho de empresário e levar a sogra em viagem oficial], por exemplo, desse recente que nós vemos em Brasília agora do presidente do Senado, José Sarney, que se utilizou de uma aeronave, um helicóptero da Polícia Militar do Maranhão para ir até a sua ilha particular no Estado dele?


Cid Gomes: O que difere? Eu acho que fica ao juízo de cada pessoa diferir.

Folha/UOL: O senhor acha que no caso do presidente Sarney, do Senado, ele se encaixa também nessa categoria de que não cometeu nenhum ilícito?


Cid Gomes: Olha... isso é uma coisa... eu não gosto... dificilmente o papel de promotor, de acusador... não casa com a minha personalidade. Definitivamente não é o meu estilo. Mas veja bem, vamos, vamos tentar aqui fazer simulações. Eu fico me colocando no lugar das pessoas. Se o presidente do Senado chegasse ao Ceará e a sua segurança procurasse o governo do Estado do Ceará e dissesse: "O presidente do Senado está vindo aqui em tal dia e ele está pedindo a possibilidade de uma aeronave do governo o levar para outro local"...

Folha/UOL: A passeio? Digamos que a passeio, que foi o caso.


Cid Gomes: Que seja... que seja... Eu estou sendo franco e absolutamente sincero. Abstraia Sarney, abstraia Roseana. Comigo e o presidente do Senado... vamos lá, para botar quem foi o anterior a ele... Renan Calheiros. Presidente Renan, presidente do Senado está vindo ao Ceará e está pedindo que haja um deslocamento dele do aeroporto até...

Folha/UOL: ...até Canoa Quebrada.


Cid Gomes: ... até Cumbuco. Salvo engano, onde, não sei ele, ou enfim, já andou. Eu faria. Tá certo? Eu faria. Eu no governo do Estado faria isso. Sim.

Folha/UOL: Cederia uma aeronave da Polícia Militar?


Cid Gomes: Não, bom... Aí é aquela história. O Estado... bom aí... de novo... o que é que eu faria... o Estado tem contratos com aeronaves fretadas. Eu não iria tirar uma da Polícia Militar para fazer isso. Polícia Militar é chamada para urgências e tal e poderia alegar-se isso: "Olha, uma urgência deixou de ser atendida porque a aeronave estava sendo usada com outra finalidade". Tá certo? Agora, o Estado... eu estou falando especificamente do Estado do Ceará, que tem contratos com aeronaves fretadas e faria esse deslocamento. Eu já fiz isso. Tá certo? Eu já fiz isso. Pessoas me procuraram, autoridades e tal e já foi feito deslocamento. Sinceramente, eu já fiz, enquanto governador.

Folha/UOL: O senhor não vê nada mais grave então nesse episódio envolvendo o presidente José Sarney?

Cid Gomes:
 Olha, isso, de novo, fica ao juízo da população. Cada um faz o seu juízo, está certo? Eu, na situação, abstraindo aí essa questão Polícia Militar... se fosse uma autoridade vindo ao Ceará e pedindo do governo do Estado um deslocamento, o Estado já fez isso. Não vou nem dizer que faria. Já fez em outras oportunidades.

Folha/UOL: Governador Cid Gomes, do Ceará, muito obrigado por sua entrevista.


Cid Gomes: Obrigado, Fernando.