quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Repórter não é Polícia; Imprensa não é Justiça

Ricardo Kotscho



Ao voltar de Barretos (ver post anterior), o meu correio eletrônico já estava entupido de mensagens de amigos e leitores comentando e me pedindo para comentar a reportagem da revista "Veja" sobre as "atividades clandestinas" do ex-ministro José Dirceu, um dos denunciados no processo do "mensalão", que tramita no Supremo Tribunal Federal e ainda não tem data para ser julgado.

Só agora, no começo da tarde de segunda-feira, consegui ler a matéria. Em resumo, como está escrito na capa, sob o título "O Poderoso Chefão", ao lado de uma foto em que Dirceu aparece de óculos escuros e sorridente, a revista faz uma grave acusação:

"O ex-ministro José Dirceu mantém um "gabinete" num hotel de Brasília, onde despacha com graúdos da República e conspira contra o governo da presidente Dilma".

Para justificar a capa, a revista publica dez reproduções de um vídeo em que, além de Dirceu, aparecem ministros, parlamentares e um presidente de estatal entrando ou saindo do "bunker instalado na área vip de um hotel cinco-estrelas de Brasília, num andar onde o acesso é restrito a hóspedes e pessoas autorizadas".

Nas oito páginas da "reportagem" _ na verdade, um editorial da primeira à última linha, com mais adjetivos do que substantivos _ não há uma única informação de terceiros que não seja guardada pelo anonimato do "off" ou declaração dos "acusados" de visitar o bunker de Dirceu confirmando a tese da "Veja".

Fiel a uma prática cada vez mais disseminada na grande mídia imprensa, a tese da conspiração de Dirceu contra o Governo Dilma vem antes da apuração, que é feita geralmente para confirmar a manchete, ainda que os fatos narrados não a comprovem.

Para dar conta da encomenda, o repórter se hospedeu num apartamento no mesmo andar do ex-ministro. Alegando ter perdido a chave do seu apartamento, pediu à camareira que abrisse o quarto de Dirceu e acabou sendo por ela denunciado à segurança do hotel Naoum Plaza, que registrou um boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial de Brasília, por tentativa de invasão de domicílio.
Li e reli a matéria duas vezes e não encontrei nenhuma referência à origem das imagens publicadas como "prova do crime", o primeiro dos mistérios suscitados pela publicação da matéria. O leitor pode imaginar que as cenas foram captadas pelas câmeras de segurança do hotel, mas neste caso surgem outras perguntas:

* Se o próprio hotel denunciou o repórter à polícia, segundo "O Globo" de domingo, quem foi que lhe teria cedido estas imagens sem autorização da direção do Naoum?

* Se foi o próprio repórter quem instalou as câmeras, isto não é um crime que lembra os métodos empregados pela Gestapo e pelo império midiático dos Murdoch?

* As andanças pelo hotel deste repórter, que se hospedou com o nome e telefone celular verdadeiros, saiu sem fazer check-out e voltou dando outro nome, para supostamente entregar ao ex-ministro documentos da prefeitura de Varginha, são procedimentos habituais do chamado "jornalismo investigativo"?

As dúvidas se tornam ainda mais intrigantes quando se lê o que vai escrito na página 75 da revista:
"Foram 45 horas de reuniões que sacramentaram a derrocada de Antonio Palocci e durante as quais foi articulada uma frustrada tentativa do grupo do ex-ministro de ocupar os espaços que se abririam com a demissão. Articulação minuciosamente monitorada pelo Palácio do Planalto, que já havia captado sinais de uma conspiração de Dirceu e de seu grupo para influir nos acontecimentos que ocorriam naquela semana (6,7 e 8 de junho, segundo as legendas das fotos) _ acontecimentos que, descobre-se agora, contavam com a participação de pessoas do próprio governo".

A afirmações contidas neste trecho provocam outras perguntas.

* Como assim? Quem do governo estava conspirado contra quem do governo?
* Por acaso a revista insinua que foi o próprio governo quem capturou as imagens e as entregou ao repórter da "Veja"?

* Por que a reportagem/editoral só publica agora, no final de agosto, fatos ocorridos e imagens registradas no começo de junho, no momento em que o diretor de redação da revista está de férias?
Só uma coisa posso afirmar com certeza, depois de 47 anos de trabalho como jornalista: matéria de tal gravidade não é publicada sem o aval expresso dos donos da empresa ou dos acionistas majoritários. Não é coisa de repórter trapalhão ou editor descuidado.

Ao final da matéria, a revista admite que "o jornalista este
ve mesmo no hotel, investigando, tentando descobrir que atração é essa que um homem acusado de chefiar uma quadrilha de vigaristas ainda exerce sobre tantas autoridades (...) E conseguiu. Mas a máfia não perdoa".

Conseguiu? Há controvérsias... No elenco de nomes apresentados pela revista como frequentadores do "aparelho clandestino" de Dirceu, no entanto, não encontrei nenhum personagem que seja publicamente conhecido como inimigo do ex-ministro Antonio Palocci.

O texto todo foi construído a partir de ilações e suposições para confirmar a tese _ não de informações concretas sobre o que se discutiu nestes encontros e quais as consequências efetivas para a queda de Palocci.

Não tenho procuração para defender o ex-ministro José Dirceu, nem ele precisa disso. Escrevo para defender a minha profissão, tão aviltada ultimamente pela falta de ética de veículos e profissionais dedicados ao vale-tudo de verdadeiras gincanas para destruir reputações e enfraquecer as instituições democráticas.

É um bom momento para a sociedade brasileira debater o papel da nossa imprensa _ uma imprensa que não admite qualquer limite ou regra, e se coloca acima das demais instituições para investigar, denunciar, acusar e julgar quem bem lhe convier.

Diante de qualquer questionamento sobre as responsabilidades de quem controla os meios de comunicação, logo surgem seus porta-vozes para denunciar ameaças à liberdade de imprensa.
Calma, pessoal. De vez em quando, convém lembrar que repórter não é Polícia e a Imprensa não é Justiça, e também não deveria se considerar inimputável como as crianças e os índios. Vejam o que aconteceu com Murdoch, o ex-todo-poderoso imperador. Numa democracia, ninguém pode tudo.

Por que Gaddafi recebeu cartão vermelho

 



1/9/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu


Observando a Líbia devastada, num gabinete aconchegante recheado de televisões de plasma mais fininhas que panqueca, num palácio em Pyongyang, o Amado Líder da República Popular Democrática da Coreia, Kim Jong-il, balançava a cabeça, pensando no suplício do coronel Muammar Gaddafi.

“Grande tolo”, murmura o Amado Líder. Claro. Ele sabe que o Grande Gaddafi assinou virtualmente a própria sentença de morte, num dia em 2003, quando aceitou a sugestão daquela sua lamentável prole – arrogantemente europeizados –, para que cancelasse seu programa de armas de destruição em massa e quando, no mesmo ato, pôs o futuro de seu governo nas mãos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Sim. Saif al-Islam, Mutassim, Khamis e o resto do clã Gaddafi ainda não conheciam a diferença entre detonar em farra barra-pesadíssima em St. Tropez e ser detonado por Mirages e Rafales. O Grande Gaddafi, esteja onde estiver, em Sirte, no deserto central ou numa silenciosa caravana para a Argélia, com certeza os está amaldiçoando para toda a eternidade.

Gaddafi supunha que fosse parceiro da OTAN. Agora, a OTAN quer arrancar-lhe a cabeça. Que parceria é essa?

O monarca sunita ditador permanece no Bahrain; nada de bombas “humanitárias” sobre Manama, nada de recompensa por sua cabeça. O clube de ditadores da Casa de Saud permanece; nada de bombas “humanitárias” sobre Riad, Dubai ou Doha – nada de recompensa por aquelas cabeças coroadas apaixonadas pelo ocidente. Estão pegando bem leve até com o ditador sírio – pelo menos por enquanto.

Portanto, a pergunta, levantada por vários leitores de Asia Times Online, é inevitável: qual a linha vermelha crucial que Gaddafi transgrediu, transgressão que lhe valeu o cartão vermelho?

“ Revolução’ made in France

Há tantas linhas vermelhas transgredidas pelo Grande Gaddafi – e tantos cartões vermelhos – que a tela do computador acabaria tingida de vermelho sangue.

Comecemos pelo básico. É coisa dos franceses. Vale a pena repetir: a guerra na Líbia é guerra francesa. Os americanos nem chamam a guerra na Líbia, de guerra: é só “ação cinética”, ou coisa que o valha. O Conselho Nacional de Transição ‘rebelde’ é invenção francesa.

E, sim, sim – sobretudo é guerra do neoplatônico presidente Nicolas Sarkozy. Sarkozy é o George Clooney do filme (coitado do Clooney). Todos os demais, de David das Arábias Cameron, ao ganhador do Prêmio Nobel da Paz e inventador emérito de guerras Barack Obama, são coadjuvantes.

Como o Asia Times Online noticiou, a guerra da Líbia começou em outubro de 2010, quando o chefe de protocolo de Gaddafi, Nuri Mesmari, desertou e voou para Paris. Ali foi contatado pela inteligência francesa e, para todas as finalidades práticas, construíram um coup d'état militar, envolvendo desertores na Cyrenaica.

Sarkô tem uma mala de motivos para desejar vingar-se do Grande Gaddafi.

Bancos franceses contaram-lhe que Gaddafi preparava-se para transferir seus bilhões de euros para bancos chineses. E Gaddafi não podia, de modo algum, servir de exemplo para outras nações ou fundos soberanos árabes.

Empresas francesas contaram a Sarkô que Gaddafi decidira não comprar aviões Rafale e não contratar franceses para construírem uma usina nuclear; preferia investir em serviços sociais.

A gigante francesa de energia Total queria fatia maior do bolo energético líbio – que estava sendo devorado, do lado europeu, pela italiana ENI, sobretudo porque o premiê Silvio “bunga bunga” Berlusconi, fã de carteirinha do Grande Gaddafi, já tinha acertado negócio complexo com Gaddafi.

Assim, o golpe militar foi aperfeiçoado em Paris, até dezembro; as primeiras manifestações populares na Cyrenaica em fevereiro – instigadas em larga medida pelos golpistas – foram capturadas. O filósofo da autopromoção Bernard Henri-Levy meteu num avião para Benghazi a sua camisa branca aberta no peito e foi encontrar-se com os “rebeldes”, de onde telefonou para Sarkozy e virtualmente ordenou que reconhecesse os tais “rebeldes”, já no início de março, como ‘governo legítimo’ (como se Sarkô carecesse de estímulos).

O Conselho Nacional de Transição foi inventado em Paris, mas a ONU também providenciou para inflá-lo como “legítimo” governo da Líbia. E a OTAN, que não tinha mandado da ONU para converter uma zona aérea de exclusão em bombardeio “humanitário” indiscriminado. Tudo isso culmina hoje no cerco da cidade de Sirte.

Os franceses e os britânicos redigiram o que viria a ser a Resolução 1.973 da ONU. Washington uniu-se alegremente ao convescote. O Departamento de Estado dos EUA combinou um negócio com a Casa de Saud, pelo qual os sauditas assegurariam um voto da Liga Árabe, como prelúdio à resolução da ONU; em troca, os sauditas seriam deixados em paz para reprimir qualquer protesto pró-democracia no Golfo Persa – o que os sauditas fizeram, com selvageria, no Bahrain.

O Conselho de Cooperação do Golfo (então convertido em Clube Contrarrevolucionário do Golfo) também tinha toneladas de razões para querer livrar-se de Gaddafi. Os sauditas adorarão acomodar um emirado amigo no norte da África, sobretudo se, simultaneamente, se livrarem da furiosa animosidade que separa Gaddafi e o rei Abdullah. Os Emirados querem novo local para investir e “desenvolver”. O Qatar, muito íntimo de Sarkô, queria fazer dinheiro – gerindo os novos negócios de venda de petróleo dos “legítimos” “rebeldes”.

A secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton pode até ser muito amiga da Casa de Saud ou dos al-Khalifas assassinos no Bahrain. Mas o Departamento de Estado também vergastou Gaddafi pesadamente por suas “políticas cada vez mais nacionalistas no setor energético”; e, também, por estar “libianizando” a economia.

O Grande Gaddafi, jogador esperto, deveria ter visto o escrito no muro. Desde que o primeiro-ministro Mohammad Mossadegh foi deposto essencialmente pela CIA no Irã em 1953, a regra é que ninguém se mete a antagonizar o Big Oil globalizado. Para nem falar de antagonizar o sistema financeiro/banqueiro internacional – promovendo ideias subversivas como usar a economia nacional em benefício da população local.

Quem seja pró-o-próprio-país é automaticamente inimigo dos que mandam – bancos ocidentais, megacorporações, “investidores” nebulosos à caça de lucrar com qualquer coisa que cada país produza.

Gaddafi não só atropelou todos esses limites como também tentou escapar do petrodólar: tentou vender à África a ideia de uma moeda unificada, o dinar de ouro (foi apoiado por muitos países africanos); investiu num projeto multibilionário – o Grande Rio Feito pelo Homem, uma rede de dutos que bombeiam água potável do deserto para a costa mediterrânea – sem, para isso, ter de ajoelhar ante o altar do Banco Mundial; investiu em programas sociais nos países subsaharianos mais pobres; financiou o Banco da África, com o que tornou possível, para muitos países, também escapar das garras do Banco Mundial e, principalmente, do Fundo Monetário Internacional; financiou um sistema de telecomunicações para todo o continente africano, graças ao qual escapou das redes ocidentais de telecomunicações; e ofereceu aos líbios excelente padrão de vida. A lista dos pecados de Gaddafi é infinita.
Por que não telefono para Pyongyang

E há ainda o ângulo militar crucialmente importante do Pentágono/ Africom/ OTAN. Nenhum país africano quis receber uma base do Comando Africano (Africom) do Pentágono. O Africom foi inventado no governo George W Bush, como meio para controlar de perto a África e para combater, escondido, os avanços comerciais da China.

Dado que ninguém quis acolher o Africom na África, o Africom escolheu local super africano: Stuttgart, na Alemanha.

A tinta em que se escreveu a Resolução 1.973 ainda nem secara, e o Africom, de fato, já estava bombardeando a Líbia com mais de 150 Tomahawks – antes de o comando das operações ser transferido para a OTAN. Foi a primeira guerra africana do Africom, e prelúdio do que virá. Fixar uma base permanente na Líbia é negócio já praticamente resolvido – parte da militarização neocolonial, não só do norte da África mas de todo o continente.

A agenda da OTAN para dominar todo o Mediterrâneo e convertê-lo em lago da OTAN, é tão definida quando a agenda do Africom para converter-se em Robocop da África. Os únicos pontos difíceis eram a Líbia, a Síria e o Líbano – três países que não são membros da OTAN nem ligados à OTAN por qualquer tipo de “parceria”.

Para compreender o papel de Robocop global que a OTAN aspira a desempenhar – legitimado pela ONU – basta prestar atenção à boca dura do secretário-geral da OTAN general Anders Fogh Rasmussen. Trípoli ainda estava sendo bombardeada, quando ele disse que “Quem não consiga manter tropas além das próprias fronteiras não terá influência internacional, e o vácuo será ocupado por potências emergentes que não necessariamente partilham nosso pensamento e nossos valores”. [1]

Portanto aí está, tudo dito. A OTAN é uma milícia high-tech ocidental para defender interesses dos EUA e de países europeus e isolar os BRICS emergentes e outros, e para manter curvados os “nativos”, sejam africanos ou asiáticos. O negócio fica mais fácil, porque a coisa está fantasiada de R2P – “responsabilidade de proteger”, não os civis, mas o saque subsequente.

Jogando contra todas essas forças, não surpreende que o Grande Gaddafi tenha recebido cartão vermelho, expulso do jogo para sempre.

Poucas horas antes de o Grande Gaddafi ter de começar a lutar pela própria vida, o Amado Líder bebericava champanhe russa com o presidente Dmitry Medvedev, trocando ideias sobre o gambito em curso no Oleodutostão. Lembrou, por acaso, que gostaria de conversar sobre seu arsenal nuclear ainda ativo.

Aí está o motivo pelo qual o Amado Líder sobe, enquanto o Grande Gaddafi despenca.


Nota dos tradutores

[1] Wall Street Journal, 24/8/2011

Heloisa Villela: Quem vai cobrar destes criminosos?

 

Por Heloisa Villela, de Washington

É o lançamento do ano: “In my time: a personal and political memoir”, livro de memórias do ex-vice-presidente Dick Cheney. Não li, nem vou ler. Não me interessam as mentiras de Dick Cheney, nem a cara de pau que ele tem para defender todas as práticas adotadas nos oito anos de governo George W. Bush. O que importa é a discussão levantada pelo livro e, principalmente, pela defesa pública que Cheney fez do uso da tortura como técnica aceitável e até necessária.

Se o governo Obama nada fez para investigar as denúncias que pesam sobre a adminstração anterior, os próprios ex-colegas de governo Bush se encarregaram da tarefa. O ex-secretário de Estado Colin Powell, como bom soldado que é, se rebelou apenas contra as acusações pessoais de Cheney. Não foi além disso. Mas o ex-chefe de gabinete de Powell, Coronel Lawrence Wilkerson, foi bem mais longe. Wilkerson disse à rede de tv ABC que Cheney está com medo. Teme ser julgado por crimes de guerra.

Isso mesmo. Partiu de um ex-funcionário do governo Bush a acusação mais séria, que já deveria ter sido investigada há anos…

Segundo Wilkerson, Cheney partiu para o ataque como forma de defesa.

No livro, Cheney acusa Powell de ter sido desleal por ter criticado a turma do governo diante de pessoas que não faziam parte da administração Bush. Em entrevista, no fim de semana, Cheney disse que o livro vai fazer com que algumas cabeças explodam em Washington. Wilkerson explica o motivo da ameaça: “Ele tem medo de ser julgado por crimes de guerra e está usando essa terminologia porque é assim que age uma pessoa que decidiu que não vai ser processada, de forma arrojada, como se não estivesse preocupada, quando na verdade, é uma capa para o medo de ser tratado como um Pinochet”.

Para Wilkerson, Powell apoiou totalmente a invasão do Iraque. E é verdade. Foi o ex-secretário de Estado que se prestou ao papelão de fazer o teatro final na ONU, seis semanas antes da invasão. Com fotos e tudo, garantiu que Saddam Hussein estava fabricando armas de destruição em massa e sugeriu uma ligação, que nunca existiu, entre Saddam e a Alcáida. Na época, os funcionários da CIA sabiam que tudo isso era mentira. Não autorizaram o discurso que Powell (ou a turma de Cheney) preparou para apresentar na ONU. Mas o diretor da Central de Inteligência, George Tenet, fiel à Casa Branca, se sentou atrás de Powell, durante a apresentação, como se com isso desse o selo de garantia ao espetáculo.

Agora, Wilkerson está colocando todos os pingos em todos os “is”. Simulação de afogamento é crime de guerra, escuta não autorizada também é crime.

E eu, Heloisa, pergunto: onde estão as organizações de direitos humanos, a ONU, o Tribunal Internacional? Quem vai cobrar destes criminosos?

Quem é quem no jogo de sucessão de Veja


Quem é quem no jogo de sucessão de Veja
Foto: DIVULGAÇÃO

 

 

Na espuma do caso do Hotel Naoum, as apostas estão abertas sobre uma mudança radical no comando da maior revista do País; André Petry é cotado para substituir Eurípedes Alcântara; Mario Sabino e Policarpo Júnior estão em baixa; Wilma Gryzinski é querida pela redação; Augusto Nunes corre por fora (fotos da esq. à dir.); “Um jogo emocionante”, dizia a propaganda


247 – Fonte muito próxima ao ex-presidente do Santander, Fabio Barbosa, que assume em setembro o comando da Editora Abril, garante: “Ele não trocou o banco pela editora para fazer cara de paisagem”. Barbosa é tido como um executivo de carreira impecável, que construiu sua imagem em torno de valores éticos. E que é também uma pessoa muito equilibrada, que foge dos extremos. “Este equilíbrio será levado para a Abril”, garante o interlocutor do executivo. Barbosa, que é amigo pessoal da presidente Dilma Rousseff e foi conselheiro da Petrobras na mesma época em que ela era ministra de Minas e Energia, será o presidente do grupo, com influência na área editorial.

O ex-presidente do Santander chegará ao comando da Abril em meio a um inquérito policial, instaurado pelo delegado Laércio Rossetto, da polícia civil do Distrito Federal. Ele investiga se o jornalista Gustavo Ribeiro, da sucursal Brasília de Veja, praticou invasão de domicílio, durante reportagem feita, até onde se entende, em junho, publicada agora. O caso desperta interesse entre os maiores jornalistas do País. Ontem, Alberto Dines e Ricardo Kotscho publicaram artigos com duras críticas à postura editorial da revista, que veiculou imagens de políticos no corredor de um andar do hotel Naoum, em Brasília, cujo método de captação está sob suspeita. “Está descartada a hipótese de terem sido feitas por nossas câmeras”, disse ao 247 o gerente-geral do hotel Naoum. Dines vê no episódio o jornalismo político de volta a “era da pedra lascada”. Kotscho, diante da possibilidade de as imagens terem resultado de grampo, compara a ação com os métodos da Gestapo hitlerista e do extinto News of the World de Rupert Murdoch.

Um episódio como esse, é claro, coloca em xeque o alto comando de qualquer redação, quanto mais de Veja - a influente revista semanal de maior circulação do País, antiga bíblia ideológica da classe média. É como se, no hoje raro tabuleiro de salão O Jogo de Veja, da Grow, lançado anos atrás e que continha seis mil perguntas sobre fatos narrados pela revista, saísse uma questão sobre como ficaria a redação em caso de mudanças em sua cúpula. Quase uma advinhação, mas sobre uma possibilidade bastante real, reforçada pela chegada de um novo presidente, com plenos poderes sobre a área editorial. “Fabio Barbosa estará ao meu lado no comando editorial do Grupo”, registrou Roberto Civita, presidente do Conselho da Abril.

Para responder a pergunta, vale dizer que, olhando de fora, e com toda a reverberação que vem de dentro, sabe-se que a situação do redator-chefe Mario Sabino é a mais frágil. Para isso, colaboram as circunstâncias em que a reportagem foi publicada, na ausência do diretor de redação Eurípedes Alcântara. Ele volta de férias na segunda-feira, e por menos apetite por assuntos políticos que tenha – uma fama real mas um tanto injusta --, terá de saber sobre o inquérito policial em curso, a partir de Brasília, e como se chegou a ele.

Este escândalo enfraquece a ambos. Sabino, a face mais radical e politicamente engajada de Veja, e Alcântara, que ou não controlou seus radicais, ou não sabe bem o que ele fazem – ou, ainda, com eles concorda. Outro em baixa é o chefe da sucursal de Brasília, Policarpo Jr., jornalista com fontes próximas à arapongagem que grassa no Distrito Federal.

Na espuma dessa crise, o nome mais comentado para assumir o comando é do jornalista André Petry, hoje correspondente da revista em Nova York. Com mais de 20 anos em Veja, ele cumpriu carreira brilhante como editor de Brasil, chefe da sucursal Brasília e agora no exterior. Tem perfil intelectual, um devorador de livros. Combativo e elegante. Foi do posto que ele ocupa agora, alías, que Alcântara saiu para comandar a publicação.

Petry chegou a ter uma coluna política muito elogiada nos primeiros anos do governo Lula, mas ela foi suprimida por influência direta de Sabino, que preferia o estilo jocoso de Diogo Mainardi.
Se a solução vier a ser encontrada em São Paulo, um nome muito querido pela redação de Veja é o da editora-executiva Wilma Gryzinski, dona de um dos melhores textos da imprensa brasileira. Em 30 anos na revista, ela já venceu vários prêmios Abril, foi editora de Internacional e conquistou uma posição de respeito na editora. Internamente, outro bom nome é o do jornalista Fabio Altman, que tem sido destacado para vários projetos especiais dentro da revista, craque de grandes coberturas em Copas do Mundo e Olimpíadas. Corre por fora, literalmente, até porque hoje é destaque na divisão online da revista, o jornalista Augusto Nunes. Em termos de experiência nos mundos corporativo e de redação, ele é imbatível. Assim como Fabio Barbosa, é ponderado sem deixar de ser ousado. E também atuou no setor financeiro – Nunes foi diretor do BankBoston. Em Veja, Nunes foi responsável pela redação final de mais de 100 capas da revista, entre os anos 70 e 80, no auge do crescimento e consolidação do prestígio da publicação. Como se vê, figurinhas carimbadas não faltam no emocionante Jogo de Veja, exatamente como prometia a propaganda do joguinho da marca.

"Deputados jogaram lama em todo o Congresso"

                           

Foto: Valter Campanato/ABr/Agência Brasil/EBC


Frase é do sociólogo Roberto Romano, para quem a absolvição da deputada Jaqueline Roriz, flagrada recebendo pacotes de dinheiro do esquema do mensalão do DEM, afeta moralmente todos os políticos, sem exceção; decisão é irrevogável



31 de Agosto de 2011 às 13:02


Evam Sena_247 em Brasília – Mesmo que o Congresso Nacional seja um dos pilares da Democracia, é lamentável constatar que a decisão do plenário da Câmara dos Deputados desta terça-feira, de absolver a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) da cassação, é soberana e não cabe recurso em nenhuma outra instância.

O processo foi iniciado por representação do PSol e do PPS ao Conselho de Ética, em que, no voto aberto, 11 deputados votaram pela cassação e seis, contra. O relator, Carlos Sampaio (PSDB-SP), entendeu que a deputada quebrou o decoro ao receber, em vídeo de 2006, um pacote de dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa. Ela disse que o dinheiro foi para caixa 2 de campanha.

Jaqueline poderia ter recorrido à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas desistiu para não trazer “novos e inevitáveis constrangimentos” aos deputados, como disse em carta ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Na CCJ, o voto também é aberto. Já no Plenário, o voto secreto e o baixo quórum favoreceram a deputada, que foi absolvida por 265 votos favoráveis a ela, 166 pela cassação e 20 abstenções.

A defesa de Jaqueline argumentava que o vídeo foi feito antes de ela assumir o mandato de deputada federal, em 2011. A maioria que absolveu Jaqueline, o fez em auto-proteção. A condenação da deputada abriria um precedente para cassação por crimes cometidos antes do mandato. Embora quase não tenham aparecido discursos em defesa de Jaqueline, na hora do voto secreto, ela foi absolvida.

Aos deputados a favor da cassação de Jaqueline, não há onde recorrer. Só esperar o plenário do Supremo Tribunal Federal decidir se aceita ou não a denúncia criminal apresentada pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, na última sexta-feira, em que acusa a deputada de peculato. O relator do inquérito é o ministro Joaquim Barbosa, que volta de licença médica no próximo dia 1 de setembro. A denúncia não tem data para ir a julgamento.

“As imagens gravadas são contundentes e comprovam que Jaqueline Roriz concorreu para a consumação do delito de peculato praticado pelo então Secretário de Estado Durval Barbosa, na medida em que foi beneficiária do desvio de bens e recursos públicos”, afirma Gurgel na denúncia.

Outra alternativa, bastante proclamada ontem em plenário, é pressionar para que os próprios parlamentares votem pelo fim do voto secreto. Uma Proposta de Emenda Constitucional que acaba com o sigilo do voto no Congresso está engavetada desde 2006 na Câmara. Apresentada em 2001, chegou a ser aprovada em primeiro turno, na rasteira do escândalo do mensalão, quando 15 deputados foram alvos de representações no Conselho de Ética.

Em 2006, o segundo turno foi pautado quatro vezes, mas não foi votado; em 2007, 106 vezes; em 2009, 26. O relator Carlos Sampaio disse que vai cobrar do presidente da Câmara a inclusão da PEC na pauta deste ano. Apesar de a pressão pelo fim do voto secreto aumentar quando são analisados pedidos de cassação, os parlamentares dificilmente aprovariam a mudança pelo mesmo sentimento de auto-proteção que absolveu Jaqueline Roriz
.
Leia abaixo, notícia de 247 sobre a absolvição da deputada:

A Câmara dos Deputados absolveu na noite desta terça-feira a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) no processo de cassação do seu mandato. Foram 265 votos favoráveis a ela, 166 pela cassação e 20 abstenções. Eram necessários 257 votos para tirar o mandato de Jaqueline. Para os parlamentares, o vídeo de 2006 no qual ela aparece recebendo um pacote de dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, não representou quebra de decoro parlamentar. O principal argumento usado é que, naquela época, ela ainda não era deputada.

A gravação em que Jaqueline aparece recebendo um pacote de dinheiro foi divulgada em março em primeira mão pelo portal Estadão.com.br. Com base nisso, o PSOL pediu ao Conselho de Ética a abertura de investigação contra a deputada. Aquele colegiado decidiu por 11 votos a 3 recomendar a cassação da parlamentar. No plenário, porém, o voto secreto e o quórum baixo ajudaram a salvar o mandato da deputada.

Durante o dia, dezenas de manifestantes protestaram pela cassação da deputada. Faixas foram espalhadas por Brasília para tentar sensibilizar os deputados. Jaqueline chegou à Câmara pouco antes das 17 horas e utilizou uma entrada em um túnel no anexo I da Câmara para evitar dar declarações aos jornalistas.

A sessão foi iniciada às 17h30, com uma hora e meia de atraso. Mesmo assim, somente 310 deputados tinham registrado presença e menos de 100 estavam presentes quando o relator, Carlos Sampaio (PSDB-SP), foi ao plenário explicar aos colegas seu parecer. Outra amostra da pouca atenção dispensada pelos deputados ao caso é que somente seis se inscreveram para falar sobre o tema.
Entre os parlamentares, prevaleceu o discurso do medo espalhado pela defesa de Jaqueline.

Os deputados acabaram absolvendo a colega para se proteger do futuro por enxergarem em uma eventual condenação a possibilidade de virem a ser alvos de processos por fatos cometidos antes do mandato. Apesar das poucas defesas públicas, a maioria da Casa preferiu enfrentar a opinião pública a correr riscos.

O advogado de Jaqueline, José Eduardo Alckmin, foi o responsável pela aposta nesta tese da impossibilidade de se punir fatos anteriores ao mandato. "O que se quer é que todos os fatos da vida de um parlamentar possam ser julgados", disse o advogado.

A própria deputada usou a sessão que definiu seu futuro para falar na Casa pela primeira vez sobre o episódio. Frustrando as expectativas, porém, ela não entrou no mérito do caso. Jaqueline preferiu atacar a imprensa. "Lamentavelmente vivemos um período em que parcela da mídia devora a honra de qualquer pessoa". Fez ataques também ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que a denunciou na semana passada. Para ela, o processo que enfrentou na Câmara deveu-se a "absoluto interesse político".

Em seu pronunciamento, Jaqueline tentou dar um tom emocional ao caso. Ela afirmou ter sofrido muito junto com sua família e citou até o problema de um filho que sofre de hemofilia. Terminou seu discurso pedindo aos colegas que não a condenassem de forma "sumária".

O relator do processo tentou rebater a defesa argumentando que o fato só foi conhecido em 2011 e, portanto, teria de ser encarado como novo. "O ato indecoroso existe para que possamos extirpar do parlamento aquele que praticou ato contra o parlamento. Isso só pode ser discutido no momento em que o fato veio a luz", disse o relator.

Sampaio citou que a própria Jaqueline já tinha pedido a condenação de uma colega quando esteve diante de uma situação similar. Em 2009, a Câmara Legislativa da Distrito Federal cassou Eurides Brito por ter aparecido em vídeo recebendo dinheiro de Durval. Na ocasião, Jaqueline foi à tribuna e chamou a colega de "cara de pau" e "mau caráter".

Os argumentos do relator, porém, foram poucos para demover os deputados a proteger um dos seus e, com isso, Jaqueline Roriz foi absolvida e poderá agora "resgatar plenamente" sua capacidade política, como ela afirmou.

A última vez que a Câmara cassou um deputado foi no escândalo do mensalão. Naquela ocasião, foram cassados Roberto Jefferson (PTB), José Dirceu (PT) e Pedro Correa (PP). Naquele escândalo, outros seis deputados foram absolvidos em plenário

Indignação no lugar errado


Por Carlos Bandeira



A rejeição ao pedido de cassação da deputada federal Jaqueline Roriz alimentou a indignação de parte da população, especialmente dos setores médios, cansados com os casos de corrupção. É revoltante o país ter uma deputada federal, que foi flagrada em um vídeo recebendo um maço de dinheiro com 50 mil reais.

No entanto, a maioria dos deputados votar contra a sua cassação não pode ser considerada uma surpresa para ninguém. Cada dia que passa fica mais claro que existe uma distância das ações dos parlamentares e partidos e os anseios da sociedade brasileira. Aconteceu a mesma coisa na votação pela flexibilização do Código Florestal. A maioria da população se manifestou em pesquisas de opinião contra mudanças na legislação ambiental, mas mesmo assim os deputados aprovaram o projeto que atende apenas o interesses do agronegócio.

O problema é que o sistema partidário brasileiro não tem correspondência com frações de classes sociais ou setores organizados da sociedade. Cada partido representa interesses bem específicos, que não tem conexão com a vontade política das grandes faixas da população. Claro que tem partidos com perfis políticos mais ou menos claros, mas isso não significa que exista uma relação mais orgânica.
Por isso, há uma geleia geral que pode confundir em alguns episódios DEM com PSOL ou PSB com PR. O que determina a ação desses partidos não é uma base social de interesses homogêneos, que deveria orientá-los, mas questões que estão fora da relação partido-sociedade, que passam pela pura e simples disputa por postos no Estado.

A absolvição de uma deputada comprovadamente corrupta é consequência da crise do sistema político, que enfrentamos desde a implementação do neoliberalismo no mundo e no Brasil. Os protestos que pipocam pelo mundo, como em Londres, na Grécia, na Espanha, no Chile, são fruto da falta de respostas da política institucional (os partidos, os parlamentos e os governos) aos problemas concretos que afetam a população mais pobre. Daí explodem protestos que os governos não sabem como responder (quando sabem, é com repressão).

O neoliberalismo teve duas consequências que desorganizaram a própria forma de fazer política nas democracias ocidentais: enfraqueceu os instrumentos de intervenção na economia dos Estados-nacionais e deu ao sistema financeiro internacional uma relativa autonomia política. Com isso, diminuiu a efetividade política das democracias e das disputas eleitorais.

Independente de quem ganha as eleições, quem determina a ação do Estado são os bancos, as bolsas e os diversos tipos de fundos de investimentos. Nessa quadro, não existe uma diferença de projetos políticos (embora haja diferenças de procedimentos e prioridades) das gestões do Estado dos partidos mais à esquerda e mais à direita. Há alguma diferença marcante dos governos do conservador David Cameron, na Inglaterra, e do socialista José Luiz Rodríguez Zapateiro, na Espanha?

No Brasil, enfrentamos o mesmo fenômeno, embora as consequências sejam diferentes. Por isso, a dificuldade geral de compreender a natureza dos governos de Lula e Dilma, os limites impostos para a ação do Estado, as alianças criadas para a sua sustentação e os interesses de classe representados. E quem tentar compreender esses governos a partir do quadro político formado no Congresso Nacional não terá êxito, justamente porque a atividade dos partidos não corresponde aos interesses das frações de classe.

No quadro de falta de efetividade da política institucional e autonomização do sistema financeiro, o espaço de realização dos interesses das classes é o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Aí, sim, será possível observar quem está ganhando ou perdendo na disputa entre as frações de classe. E o resultado é desanimador, porque o sistema financeiro está ganhando de goleada.

O governo federal, Estados, municípios e estatais desviaram R$ 91,9 bilhões para o pagamento de juros da dívida, o chamado superávit primário, entre janeiro e julho. Para comparação, esse valor é maior do que o orçamento do Ministério da Saúde (em torno de R$ 60 bilhões) e mais do que o dobro do orçamento do Ministério da Educação. Só no mês de julho, o governo reservou para pagar os bancos, especuladores e fundos (estimados em 30 mil rentistas) que têm títulos da dívida pública R$ 13,8 bilhões.

A meta do superávit primário do ano era R$ 117,9 bilhões, mas o governo federal anunciou que vai ampliá-la em R$ 10 bilhões por causa da crise internacional do capitalismo, que afeta os Estados Unidos e a Europa. Dessa forma, o governo tenta construir um cenário favorável para que o todo poderoso Banco Central baixe a taxa de juros Selic, que incide justamente sobre os títulos da dívida pública.

Aí podemos observar os limites da política institucional e a autonomia do sistema financeiro, que se cristaliza na “independência” real do Banco Central. O governo federal se mostra sem poder para determinar a queda dos juros e aumenta o superávit primário para “influenciar” aqueles que, de fato, definem a política monetária…

Enquanto cresce a indignação de setores da sociedade com os casos de corrupção do Congresso Nacional e do governo federal, os setores rentistas continuam dirigindo a economia brasileira e a política institucional cada vez mais se distancia da sociedade brasileira… Ou seja, a indignação está no lugar errado.

O que teria resultados políticos efetivos é a conversão dessa indignação com a corrupção em um movimento político por mudanças na política econômica, que fortaleça o Estado diante do sistema financeiro, e por uma reforma política profunda, que reorganize a política institucional no país. Saídas que não toquem nessas questões serão como tratar uma pneumonia com tylenol: pode até melhor as dores, mas não vai resolver os problemas.
*Carlos Bandeira é jornalista

Mulá Mohammad Omar, dos Talibã: “Mensagem do fim do Ramadã, 2011”

 




28/8/2011, Mullah Omar’s Eid ul-Fitr Message, Uruknet.info
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Mulá Mohammad Omar Mujahid

Alá é o Maior. Alá é o único Deus e o Maior. Todas as preces são por Alá, o Generoso, o Magnânimo.

Minhas preces vão para Alá que ajudou Seu Servo, o Santo Profeta; que honrou Seu Exército e derrotou a Confederação. Que a paz esteja com o Profeta, depois do qual não houve outro Profeta. Isso dito, eis minha mensagem.

Estendo minhas felicitações, de coração, ao povo afegão mujahid [2] e à Ummah [3] Islâmica por ocasião do Eid-ul-Fitr [4] e congratulo-me com todos pelas repetidas vitórias no Afeganistão. Que Alá, o Generoso, aceite sob seu abraço o jejum de vocês, a Jihad [5] e seus sofrimentos na luta pela causa da verdade.

Aproveitando a oportunidade, quero partilhar com vocês meus pensamentos sobre algumas questões vitais, como segue:

Sobre a atual situação da Jihad:

Os inimigos do Islã e do Afeganistão pensaram que esse ano seria crucial para derrotar os Mujahideen e para alcançar os objetivos perversos do inimigo. Fizeram crescer as esperanças entre o povo deles e em todo o mundo, de que haveria mudança fundamental no status quo.

Graças a Alá, o Misericordioso, todos os planos deles levaram a resultado contrário ao que previam suas avaliações e cálculos.

O inimigo sofreu mais baixas em almas e em equipamento, em comparação com anos passados. A cada dia que passa, mais os Mujahideen familiarizam-se com as táticas do inimigo. Estão tendo acesso a máquinas, instrumentos pelos quais causam mais baixas entre os inimigos.

Todos vêem hoje o imenso número de baixas no contingente inimigo, e seus aviões abatidos. Além disso, a cooperação cada vez maior do povo; a infiltração de Mujahideen nas fileiras do inimigo; a expansão da área da Jihad a todos os cantos do país; a escalada constante das operações diárias e a disponibilidade de táticas acumuladas; o extermínio de oficiais de alta patente no norte e no sul do país, todas essas são boas novas e fazem pensar em vitória iminente e brilhante futuro.

Se se comparam as realizações das operações do ano em curso, batizadas “Badre” e as de anos anteriores; se se consideram as repetidas derrotas e a posição moribunda do inimigo, como jamais antes, temos quadro claro que explica a elevada moral dos Mujahideen e a queda, sob todos os aspectos, do inimigo.

No plano mundial, o status quo já não favorece os EUA, como no passado. A economia dos EUA enfrenta problemas terríveis, mais do que jamais antes. A cada dia que passa os povos dos países membros da OTAN mais informações recebem sobre a realidade da guerra do Afeganistão. Começa a lançar raízes profundas em suas mentes, na opinião pública daqueles países, uma atitude de oposição a essa guerra sem sentido. Os países que participam da coalizão invasora retiram suas tropas [do Afeganistão], um após o outro.

Os povos e governos regionais estão fartos de viver sob a mira das armas da política armada dos EUA. Em resumo, tudo isso indica a vitória de nossa Jihad sagrada.

Sobre a retirada parcial das forças dos EUA, do Afeganistão:

Primeiro, quero dizer que nenhuma retirada parcial das forças invasoras poderá, de modo algum, resolver a questão do Afeganistão. A Jihad prosseguirá, porque medidas superficiais só tornarão ainda mais difícil resolver a questão do Afeganistão e podem gerar consequências desastrosas. As forças invasoras devem buscar solução duradoura e convincente. Para tanto, devem retirar imediatamente todos os seus exércitos.

Sobre bases militares permanentes dos EUA no Afeganistão:

A nação afegã não está disposta a aceitar aqui bases militares permanentes dos EUA. Os afegãos entendem que a presença militar de invasores, seja maior seja menor, continua a ser ocupação estrangeira.

Se os EUA insistem em agir com arrogância nessa questão, sem dar atenção ao que exigem a resistência jihadista e o povo do Afeganistão, enfrentarão as mesmas consequências que enfrentam hoje, passada já uma década de ocupação, sem poder consolar-se e sentir-se em segurança nem em Kabul, apesar dos bilhões de dólares e da vida de milhares de soldados que a aventura já lhes custou.

Todos, principalmente os intelectuais, os professores, figuras políticas influentes no país, devem procurar construir posição nacional, em acordo com o Emirado Islâmico [os Talibã], contra o estabelecimento no país de bases militares dos invasores. Assim mostrariam aos EUA que toda a nação, em uníssono, é contrária à instalação de bases militares estrangeiras permanentes em nosso país. Qualquer outra opinião, apresente-se sob a égide da Jirga ou do Parlamento, só fará identificar os traidores e os realmente comprometidos com a terra e a religião.

Sobre o futuro do Afeganistão:

Nosso manifesto diz que o Afeganistão deve ter um real governo islâmico que seja aceitável para todos os povos do país. Todas as etnias terão participação nesse governo e os cargos serão distribuídos por mérito.

Esse governo manterá boas relações com todos os países da região e do mundo, à base do respeito mútuo e de interesses islâmicos e nacionais.

Esse governo focar-se-á inteiramente em condutas e práticas que visem a recuperar as perdas espirituais e materiais que o Afeganistão sofre, causadas por guerras que já duram 30 anos.

Há no Afeganistão muita terra agricultável, minas ricas e muitos recursos naturais de energia. Podemos, portanto, investir nesses setores em condições de paz e estabilidade – para arrancar-nos, nós mesmos, dos tentáculos da miséria, do desemprego, da ignorância e do atraso, de onde nascem outros problemas sociais e econômicos.

Ao contrário do que diz a propaganda dos inimigos, o Emirado Islâmico não tem qualquer interesse em monopolizar o poder. Uma vez que o Afeganistão é lar comum de todos os afegãos, os afegãos têm direito de assumir plena responsabilidade sobre o próprio destino, no campo da proteção e da administração do país.

As transformações e desenvolvimentos futuros não serão semelhantes aos que se viram depois do colapso do comunismo, quando tudo no país foi saqueado, e o aparelho do Estado, inteiramente destruído.

Tomaremos medidas estritas para preservar todas as instalações nacionais, departamentos do governo e progressos que tenham sido obtidos no setor privado. Profissionais, técnicos, empresários serão encorajados, sem qualquer discriminação, a servir sua religião e o país.

Sobre negociações:

O Emirado Islâmico considera a presença de tropas invasoras no país; os bombardeios indiscriminados; os ataques noturnos de bombardeiros-robôs; as brutalidades; as torturas; e a tirania, como causa principal do imbróglio em que o Afeganistão está envolvido.

As dificuldades acabarão, quando acabarem as brutalidades. Do mesmo modo, o Emirado Islâmico do Afeganistão considera que o estabelecimento de um regime islâmico independente é meio que pode garantir a sustentabilidade de interesses religiosos e mundanos para o país e seus cidadãos. Para esse objetivo, devem-se considerar todas as alternativas legítimas.

Contatos feitos para a libertação de prisioneiros não podem ser definidos como negociação ampla com vistas a resolver o atual imbróglio em que vive o país. Mas o Emirado Islâmico, como entidade política e militar ativa, tem agenda específica e independente relacionada àquela questão, que tem sido repetidamente divulgada e explicada.

Sobre a próxima Conferência em Bonn:

Essa conferência não será diferente da que houve há dez anos, porque nenhum dos verdadeiros representantes do povo afegão participa dela, nem se dará qualquer atenção à procura por solução efetiva e ampla para os problemas do Afeganistão.

Como em outras conferências e Jirgas, essa conferência é superficial e orientada por mentiras e boatos. Querem distrair por algum tempo a atenção do público mundial e afastá-la de qualquer solução verdadeira para o Afeganistão. Só aparecerão lá discursos e declarações já previamente aprovadas pela Casa Branca e pelo Pentágono.

Aconselhamos todos os atores globais envolvidos na questão do Afeganistão a buscar solução real e pragmaticamente orientada para a questão afegã, em vez de focarem-se em ideias fictícias e superficiais. Devem perceber a realidade em campo, no Afeganistão.

Os afegãos têm magnífica tradição, suficiente para compreender, eles mesmos, os problemas e as soluções. Mas, isso, em condição na qual não exista a intervenção estrangeira. Considerando seu direito legítimo, o Emirado Islâmico move guerra legal em defesa de sua religião, sua terra e seu território.

A única razão para essa guerra é a presença dos invasores estrangeiros no Afeganistão. Se a coalizão global invasora puser fim à ocupação de nossa terra, o Emirado Islâmico, como regime amante da paz e responsável, manterá relações positivas com países da região e do mundo.

Alertamos todos os países, inclusive os vizinhos, para que não se tornem parte do jogo colonialista, no que tenha a ver com o futuro do Afeganistão, porque isso não interessa a ninguém.

O Emirado Islâmico do Afeganistão, herdeiro de dois milhões de mártires afegãos, está decidido a tomar decisões independentes sobre o futuro do Afeganistão, sem considerar o que deseje ou ambicione a intervenção estrangeira. Essas decisões serão corporificação das aspirações dos mártires e de nossos interesses nacionais e islâmicos, da dignidade e da honra dos afegãos.

Gostaríamos de deixar claro para todos que nem os afegãos aceitam governos impostos, nem esses governos conseguirão permanecer aqui.

Sobre os administradores do governo de Kabul:

Mais uma vez conclamamos os afegãos que trabalham para o governo de Kabul, a que desistam do apoio dos invasores.

Que se alinhem ao lado dos Mujahideen, ombro a ombro, contra os inimigos do Islã e do Afeganistão.

Se vocês se unirem aos Mujahideen, as forças de ocupação terão de deixar o Afeganistão. Assim, os sacrifícios de nosso pobre povo afegão chegarão ao fim, e nosso país será embelezado com os ornamentos da independência, da prosperidade e do regime islâmico, e florescerá. Esse é o interesse de todos.

Às vanguardas da Fortaleza da Verdade:

  1. Dado que as condições hoje dominantes são sensíveis, é essencial que vocês se concentrem nas suas obrigações da Jihad, ainda mais que antes. Muitas partes do país estão livres da presença do inimigo infiel, graças à luta de vocês. Dediquem-se a limpar da presença do inimigo também as outras partes do país. Jamais descuidem dos assuntos da Jihad. Mostrem firme determinação e planejem eficiente e meticulosamente. Façam do prazer de Alá (que a paz esteja com Ele) a meta de vocês.

  1. Considerem a Jihad o seu princípio fundamental. Obedeçam ao Amir e respeitem os códigos de conduta dos Mujahideen que lhes foram ensinados. Os chefes Jihadistas nomeados por nós em todo o país são seus comandantes; essa relação baseia-se na Xaria. Obedeçam seus comandantes.

  1. Todos devem observar estritamente as medidas de segurança que lhes sejam comandadas. Se forem negligentes quanto a isso e não tomarem cuidados que estão preparados para tomar, serão feridos pelo inimigo nesse mundo e serão responsáveis por isso aos olhos de Alá (que a paz esteja com Ele).

  1. É indispensável ser extremamente cuidadoso nos contatos com as pessoas comuns. Conquistem o coração do povo pela boa conduta e pelo comportamento adequado. Nossa nação é nação muçulmana e Mujahid. Os afegãos fizeram sacrifícios colossais na defesa do Islã, mais que qualquer outro povo, e sofreram dificuldades e dores. É absolutamente necessário respeitar todos os cidadãos comuns, seja velho, jovem, criança ou mulher. Se receberem informes sobre alguém, antes de qualquer movimento investiguem meticulosamente. Em nenhum caso perturbem alguém por efeito de relatórios viciados ou falsos. Ouçam atentamente os bons conselhos e saberes das pessoas comuns. Ante qualquer homem comum, ponham-se no lugar dele. Imaginem-se desarmados. Ajam com as pessoas comuns como desejam que elas ajam com vocês (desarmados), como se fosse seu pai, seu irmão, qualquer parente próximo. Como você agiria com essas pessoas? Os Mujahideen devem conduzir-se com gentileza e cordialidade em todos os contatos com as pessoas comuns. Em nenhum caso devem considerar-se superiores às pessoas comuns.Em nenhum caso imponham ordens ou comandos que não tenham sido instruídos a impor por seus comandantes e sem que tenham sido autorizados especificamente para a tarefa.

  1. Qualquer outro tipo de atitude difamará os Mujahideen e a Jihad. E dará razão para que o inimigo insista em sua propaganda negativa, para criar um fosso entre o povo e os Mujahideen. Do mesmo modo, trabalhem conforme as instruções que recebam ou de acordo com os moradores da região e os professores religiosos.

  1. É expressamente proibido, para todos os afiliados do movimento do Emirado Islâmico extorquir dinheiro por chantagem ou pela força. Mujahid ou qualquer outro que seja apanhado extorquindo dinheiro de empresário ou comerciante, de donos de terra ou de qualquer rico, à força de arma, ou que se deixe envolver em sequestros e cobrança de resgate, deve ser impedido de prosseguir nessa ação proibida. Se o Mujahid conseguir prendê-lo, que ele seja castigado pela lei da Xaria. Não esqueçam que a preservação da vida e da propriedade das pessoas é uma das principais metas da Jihad.

  1. Para terminar, quero dizer que todos devem reservar tempo para ler e aprender e aumentar seus conhecimentos. Todos devem estar sempre empenhados em aprender alguma coisa; participem de atividades para atrair as pessoas para a religião; repitam sempre as orações e os cânticos Mathura. Não descuidem do esporte, do exercício físico e do treinamento Jihádico. Cuidem do corpo e do espírito, como ensinam as regras da sagrada Xaria e, na sociedade, vivam vida de homem religioso e temente a Deus, bom e caridoso.

  1. Há livros com o código de conduta dos Mujahideen em todas as bases em todas as províncias. Todos os comandantes provinciais devem cuidar para que todos os Mujahideen sob seu comando conheçam os conteúdos daqueles códigos de conduta e para que vivam conforme aqueles códigos.

Aos professores, acadêmicos, universitários, estudantes e escritores, no Afeganistão e em todo o mundo:

Cavalheiros! Nosso futuro depende de nossa completa independência. Se não tivermos país independente, teremos futuro de escravos. Nenhum senhor dá ao escravo o que prefere para si. Os senhores usam o escravo como ferramenta e moeda de troca.

Por isso, na última década, os agressores não completaram nenhum dos grandes projetos estratégicos que prometem ao nosso país: nenhuma grande barragem, nenhuma rede nacional de eletricidade, nenhuma instalação de indústria pesada. Esses projetos são vitais para nossa economia. Nada fizeram, no Afeganistão, além de aberta e clandestinamente estimular e aprofundar os conflitos geográficos e raciais, e ensinaram os jovens a envolver-se em disputas por questões geográficas ou de idiomas. Assim, tentam destruir o futuro do Afeganistão.

É nosso dever islâmico e nacional salvar os mais jovens do efeito da propaganda do inimigo, orientada para nos dividir.

Nosso povo Mujahid optou pela resistência, graças à sagrada Jihad, contra a ocupação política e militar do Afeganistão pelos ocidentais.

Assim também, é indispensável impedir a propagação, pela via da propaganda, da cultura ocidental depravada, com seus impactos ideológicos daninhos nesse país muçulmano e orgulhoso.

Temos de lutar devotadamente, honestamente e com a firme determinação que á característica dos afegãos, para garantir que as futuras gerações vivam sob o abraço protetor da sagrada cultura do Islã.

Deus não permita, mas, se negligenciarmos essa tarefa, nosso povo afastar-se-á do luminoso passado do Islã, por efeito do impacto nocivo da propaganda ocidental.

Professores, alunos, escritores, e toda a inteligência que há entre nós devem insistir individualmente e coletivamente, na prática de uma luta que nos leve à completa independência; para proteger os valores nacionais e os valores islâmicos e pela solidariedade dos afegãos.

Temos de permanecer unidos em nome de nosso objetivo comum e escapar de todas as divisões inventadas e superficiais.

Só os valores islâmicos podem nos levar a superar todas as divisões de geografia e de idiomas no Afeganistão. Mas fazer isso exige sacrifícios.

Ao povo afegão e ao mundo:

Em primeiro lugar, agradeço os muitos, em todas as classes da sociedade afegã, que consideram a Jihad islâmica em curso como obrigação religiosa e têm sofrido fadigas e privações no caminho da Jihad ao longo dos últimos dez anos.

Estenderam sua cooperação ampla e incansável aos Mujahideen e assim cumpriram sua obrigação Jihádica. Mas, para que não se percam os sacrifícios feitos nos últimos dez anos, é preciso continuar a cooperar. Quem se possa empenhar fisicamente na Jihad e saiba usar armas, essa é sua obrigação.

Os homens de letras devem pôr sua pena a serviço da defesa de sua religião. Os ricos devem usar a riqueza para prover as necessidades dos combatentes da Jihad.

Todos os muçulmanos do mundo devem apoiar os Mujahideen com apoio material ou espiritual.

Assim também convocamos todos os povos e personalidades independentes do mundo a apoiar a legítima luta defensiva e de resistência dos afegãos; a não permitir que os tiranos arrogantes humilhem e oprimam povos do mundo; e a impedir que os povos do mundo sejam expostos à razão pervertida e tirânica dos arrogantes, apenas porque, além de perversos e arrogantes, são violentos e armados.

Para terminar, mais uma vez congratulo-me com todos os muçulmanos do mundo na ocasião desse Eid, com todos os afegãos pobres e sofridos, com todos os combatentes que combatem nesse momento, com todos os Mujahideen prisioneiros, com todas as famílias dos mártires, com todos os órfãos da causa da Jihad, com todas as mães e todas as viúvas.

Conclamo os ricos do mundo a não esquecer os indigentes e mais necessitados.

E peço que Alá, o Misericordioso, nos conceda comemorarmos juntos outros Eids – em melhores tempos, sob a proteção de regime islâmico pacífico, independente, à luz da Xaria. Amén. Que a paz esteja com todos vocês.

Servo do Islã, Amir-ul-Momineen [6]
Mulá Mohammad Omar Mujahid



Notas dos tradutores

[1] Há matéria sobre essa mensagem em 29/8/2011, “O que querem os Talibã”, Ahmed Rashid, New York Review of Books (Blog), vol. 58, n.13 (em inglês).
[2] Mujahid, “combatente da Jihad”. Plural: mujahideen, mujahidin.
[3] Ummah, “comunidade muçulmana universal”.
[4] Eid-ul-Fitr, cerimônia religiosa que marca o fim do mês do jejum santificado, Ramadan.
[5] Jihad, “é um conceito essencial da religião islâmica. Pode ser entendida como uma luta, mediante vontade pessoal, de se buscar e conquistar a fé perfeita. Ao contrário do que muitos pensam, jihad não significa "Guerra Santa", nome dado pelos Europeus às lutas religiosas na Idade Média (por exemplo: Cruzadas). A explicação quanto as duas formas de Jihad não está presente no Alcorão, mas nos ditos do Profeta Muhammad: Uma, a “Jihad Maior”, é descrita como uma luta do indivíduo consigo mesmo, pelo domínio da alma; e a outra: a “Jihad Menor”, é descrita como um esforço que os muçulmanos fazem para levar a mensagem do Islã aos que não a conhecem a religião da paz”.
[6] Amir-ul-Momineen, “Comandante dos Fiéis”.