segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mídia reage ao Congresso do PT com ameaças golpistas



publicado, originalmente, em 5 de setembro de 2011 às 01:51 hs

Por Eduardo Guimarães
Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que levo muito a sério o que direi neste texto algo longo que até tentei adiar, mas que não pude postergar diante da questão crucial e grave de que trata. Se você, leitor habitual desta página, já conseguiu ver qualquer valor nas análises que aqui são publicadas, sugiro que respire fundo e me conceda a atenção mais integral que já dispensou a algo que escrevi.
Não farei suspense sobre o assunto. Uma primeira reação declarada da mídia antipetista (acima de tudo) que sucedeu a divulgação do documento final do 4º Congresso Nacional do PT na noite de domingo me obriga a dizer que tal manifestação contém ameaça explícita e intolerável de tentativa de golpe contra o governo Dilma caso envie ao Congresso Nacional um projeto de marco regulatório amplo para a Comunicação no Brasil.
Mas não é só. Pelo tom da ameaça, as retaliações subentendidas poderão ocorrer até mesmo se, conforme o documento final do Congresso do PT, o partido realmente propuser às Casas Legislativas da nação um projeto de lei sobre tema que os barões da mídia não aceitam sequer discutir, ou seja, que tenham que respeitar regras e, mais do que isso, desfazerem-se de parte de seus impérios no âmbito de um veto legal à propriedade cruzada de meios de comunicação.
O veto legal à propriedade cruzada, para simplificar, significaria que as Organizações Globo, por exemplo, não poderiam mais ter jornal, revista, rádio, televisão e portal de internet nas mesmas regiões; o Grupo Folha, não poderia ter jornal e portal de internet do porte da Folha e do UOL; o Grupo Estado, não mais poderia deter uma grande rádio, um grande jornal e um grande portal de internet; e a Editora Abril, teria que escolher, sempre exemplificando, entre suas publicações impressas e seu portal de internet.
Em países como os Estados Unidos é normal que o Estado obrigue grupos empresariais a se desfazerem de parte de suas empresas quando estas ameaçam constituir monopólio ou oligopólio. No Brasil mesmo, isso também acontece. Mas aqui, à diferença de lá, o Estado impedir concentração de mercado jamais incluiu a Comunicação, pois esta sempre foi gerida pela direita que governou este país entre 1964 e 2002, em sua última investida.
Durante esses mais de quarenta anos, esses impérios de comunicação se consolidaram e conseguiram se tornar nem um quarto Poder, mas o primeiro. Adquiriram meios de chantagear a classe política com seus instrumentos de calar ou dar voz a quem bem entendessem e, por isso, jamais tiveram seus monopólios e oligopólios contestados.
Quando ameaçam, portanto, mesmo sendo por um de seus tentáculos menores – mas que serve de amostra do todo que integra –, por conta do que a história nos mostra me vejo obrigado a levar muito a sério e, assim, a vir a público dizer que não duvido de que nesse discurso que abordarei, forjado para repelir a decisão autônoma e constitucional tomada pelo PT em seu Congresso de propor regulamentação da comunicação, há uma clara ameaça às instituições brasileiras.
A gravidade desse texto decorre de sua origem. Foi escrito por alguém que tem servido de voz oficiosa a um dos quatro grandes tentáculos da imprensa golpista que já produziu um golpe de Estado neste país e que vive defendendo aqueles que durante vinte anos subjugaram a nação através dos métodos que todos conhecem.
Reinaldo Azevedo publica, na noite de domingo, um texto furioso ameaçando claramente o maior partido político do Brasil, uma estrutura partidária gigantesca com cerca de um milhão de filiados, detentora de dezenas e dezenas de milhões de votos em todos os níveis eletivos e que governa o país sob a aprovação efusiva da maioria absoluta e incontestável dos brasileiros há quase nove anos ininterruptos.
Não preocupam as inversões dos fatos, as meias verdades e as mentiras inteiras que esse homem escreveu, mas as ameaças que, na condição de uma célula cerebral da direita midiática que submeteu este país à ditadura militar, e em consonância com outros fatos que serão abordados, sugerem que os interesses comerciais, financeiros e políticos que seriam feridos com uma lei da mídia similar às que vigem nos países mais desenvolvidos deixariam os que se sentiriam prejudicados dispostos a tudo para impedir que isso ocorra.
É sempre penoso ler uma simples frase desse homem, dessa caricatura de si mesmo que ele construiu para fazer jus às recompensas do patrão pela fúria teleguiada que despeja diariamente em sua página hospedada no portal da revista Veja na internet. Todavia, não há remédio. Teremos que mergulhar no esgoto.
Afinal, Azevedo não diz um A sem autorização do patrão e este não deixa dizer se o que tiver que ser dito não for discutido antes com o resto desse organismo midiático, militar, empresarial e político que tem antecedentes bem conhecidos neste país. Quem viu a foto do José Dirceu demoníaco que ilustrou boa parte do noticiário do fim de semana sobre o 4º Congresso do PT, não tem dúvida disso. Publicaram em uníssono aquela manipulação vergonhosa.
Reproduzo a seguir, portanto, parágrafo por parágrafo dessa peça alucinada, tecendo comentários do blog logo após cada um deles. Peço que tenham paciência até chegarem ao ponto do texto que considero grave e sobre o qual acredito que o PT deve pedir explicações públicas.
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04/09/2011
Os fascistas saem da toca!
Reinaldo Azevedo
É sob pressão que pessoas, partidos e até instituições revelam a sua real natureza. Os cemitérios tendem a ser iguais nas ditaduras e nas democracias. A grande diferença se dá mesmo no mundo dos vivos. O 4º Congresso do PT, que começou ontem e termina hoje, está prestando um grande serviço ao país e à política. Os petistas revelam que não aprenderam nada nem esqueceram nada depois de nove anos de poder. Continuam os autoritários de sempre, decididos a substituir a sociedade pelo partido, conforme seu projeto original. Quem presta um pouco de atenção à história das idéias não está surpreso.
A que autoritarismo de petistas esse homem se refere? Lula apanhou da imprensa a cada dia de seu mandato a partir de 2005 depois de apanhar de 1989 a 2002, quando era oposição. Mesmo tendo chegado ao poder, não houve reação a insultos, ridicularizações, desqualificações de toda sorte. Ele e seu partido são chamados há anos de criminosos impunemente, sem qualquer comprovação de nada, com base apenas na retórica dos adversários político-partidários e midiáticos.
O petismo é um descendente do bolchevismo no que concerne à organização da sociedade, entendendo que a nação deva ser conduzida por um ente que decide em lugar dos cidadãos, porém adaptado — e como! — aos tempos modernos.  Para o modelo, que ainda está em construção, pouco importa se os petistas estão ou não oficialmente no poder: eles sempre estarão por intermédio dos fundos de pensão, dos sindicatos, do aparelhamento das estatais. O petismo é um fascismo de esquerda.
O “petismo”, segundo esse indivíduo, é um mal a ser erradicado, uma organização criminosa. E a quem ele representa, quando diz isso? A ele mesmo e àqueles que lhe pagam os salários, e mais meia dúzia de barões da mídia e políticos que vêm perdendo eleição após eleição para “o petismo”. Provavelmente porque ninguém são, neste país, considera o PT uma doença, para ser chamado de “petismo” – o sufixo do substantivo indica anomalia doentia.
No que concerne à ordem econômica, tudo vai muito bem para os companheiros, até porque têm como seu principal aliado o capital financeiro, que não quer saber a cor dos gatos desde que eles cacem ratos. O curioso embate que se dá no Brasil é entre a esquerda financeira, financista e rentista, com a qual os petistas compuseram, e a direita assalariada, que trabalha. Chamo de “direita” aqui, para deixar claro, as pessoas que ainda se ocupam de alguns dos velhos (!) e bons fundamentos das sociedades liberais: liberdade individual, igualdade perante a lei, incentivo ao empreendedorismo, estado enxuto, tudo o que parece hoje fora de moda. Os petistas não querem mexer no “sistema”. Ao contrário: pretendem reforçá-lo por meio, por exemplo, de uma reforma política estúpida, que extrema todos os males do modelo vigente.
De onde ele tirou que a direita é “assalariada” e o PT é “financista e rentista”? Basta ver os setores que mais votam nos partidos preferidos e defendidos pelo blogueiro da Veja – que dispensam apresentações – e os que votam no Partido dos Trabalhadores. A tese saiu da cachola do cara, portanto. Quem tiver dúvida sobre o assunto, basta consultar as pesquisas de opinião estratificadas para saber quem é o eleitorado primordial de quem, apesar de que a imprensa vive confirmando o que digo de forma a tachar o eleitorado do PT de “inculto”, “desinformado” e, portanto, “pobre”.
Só uma coisa incomoda o PT: o regime de liberdades públicas que se respira no país. Isso eles não podem suportar. Então um partido ganha uma eleição — ou três… ou dez —, e ainda há gente na imprensa que se atreve a criticá-lo, que não concorda com suas ilegalidades, que resiste às suas tentações e práticas totalitárias, que não se submete a seus desejos e Vontades? “Mas a gente não conquistou nas urnas o direito de fazer o que bem entende?”, eles se perguntam espantados. E a resposta, evidentemente, é “Não!” Eles conquistaram nas urnas A OBRIGAÇÃO de seguir as regras do estado de direito, de se submeter à lei, de nos servir por intermédio de um mandato, que pode ser revogado numa nova eleição ou mesmo num processo de impedimento.
Ahá! Impedimento, é? Um impeachment de Dilma, suponho… Sob que motivo? É uma ameaça. Azevedo propõe impedir Dilma se ela enviar ao Congresso um projeto de lei que obrigue seu patrão a se desfazer de parte de seu império, por exemplo. Mas como isso seria feito? Afinal, se o projeto for enviado seria legal, obviamente. E quem decidiria sobre ele seria o Congresso. Como propor o impeachment de uma presidente por enviar uma medida inquestionavelmente legal ao Legislativo para que sobre ela delibere?
O delirante blogueiro da Veja afirma que o PT não quer a democracia, apesar de reconhecer que ganha eleições sem uma única evidência de um único ato do partido que afronte a democracia ou qualquer tipo de liberdade individual. E ainda atribui “ilegalidades” ao partido. Que ilegalidade o PT cometeu, enquanto instituição? Quer dizer que quando petistas são acusados de corrupção a culpa é do partido, mas quando tucanos como Eduardo Azeredo ou demos como José Roberto Arruda são acusados, aí a culpa é das pessoas e não das instituições?
Com a reportagem que revelou as lambanças de José Dirceu em Brasília, VEJA denunciou mais do que as lambanças do “consultor de empresas privadas” — poderoso chefão de um “governo paralelo” e  sua mímica asquerosa de chefe de máfia —; a revista denunciou um método. E os petistas estão infelizes. Em outros tempos, eles mandariam empastelar a publicação, fariam quebra-quebra, perseguiriam os profissionais, exigiriam a demissão desse ou daquele, lotariam os porões do regime com essa gente recalcitrante… Hoje eles se civilizaram; pretendem perseguir seus desafetos por meio de instrumentos legais.
Os petistas lotariam os porões do regime com seus adversários?!! Que regime os petistas já implantaram no Brasil que tivesse “porões” e que cometesse violências de qualquer sorte? Quem tinha porões eram os militares que integraram a ditadura e os quais Azevedo vive exaltando e defendendo, e aos quais serve, frequentemente, de porta-voz ao repudiar propostas como a da Comissão da Verdade. Está tudo lá no blog dele. Não é preciso acreditar em mim.
O texto do PT que volta a pregar o controle da “mídia” expõe como nunca a natureza do jogo. Eles até se mostravam dispostos a condescender com a democracia desde que nós não fizéssemos uso efetivo dela. Era como se dissessem: “Nós garantimos a sua liberdade, mas a condição é que não nos incomodem”. Tanto é assim que, não faz tempo, a Executiva Nacional do partido aprovou um documento em que abandonava essa estupidez. Mudou radicalmente de idéia. VEJA decidiu demonstrar que liberdade de imprensa não é uma licença que se pede no cartório partidário, mas um direito garantido pela Constituição, um fundamento das sociedades livres. Nos limites da lei, não pede licença nem pede desculpas.
Azevedo considera que é liberdade de imprensa mandar um garoto recém-saído da faculdade de jornalismo tentar invadir o quarto de um adversário político em um hotel e ali colocar escutas ou câmeras sem autorização da Justiça e em flagrante violação do código penal, o que fez as polícias civil e federal aceitarem a denúncia contra ele? Acho que não…
Aí não dá! Figurões do partido como Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, e Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, defenderam ontem a “regulamentação da mídia”. Não custa notar que, durante a campanha — e mesmo depois de eleita —, Dilma Rousseff repudiou qualquer forma de controle. Ministros exercem cargos de confiança e falam pela presidente. Chegou a hora de enquadrá-los ou de confessar um estelionato.
Esse homem não joga palavras fora. Sabe muito bem o que escreve. Como é que ele sugere “enquadrar” os ministros? Posso pensar em várias hipóteses, vindo essa conversa de alguém que vive tomando partido de chefes militares que defendem a ditadura militar. E como seria estelionato se a proposta de regulamentar a Comunicação é bandeira antiga do PT?
Os fascistas de esquerda descobriram o gosto pelo capitalismo, mas não viram graça nenhuma na liberdade, que será sempre a liberdade de quem discorda de nós. Mas vão perder.
Será que ele quer dizer que os petistas perderão nas urnas ou está pensando em derrotá-los de outra forma, já que através de eleições os políticos que apóia não têm conseguido?
É crescente o número das pessoas que lhes dizem: “Não, vocês não podem. Não podem porque estamos aqui”.
Crescente? Onde está esse dado? Em que pesquisa? Por que método ele chegou a essa conclusão? E quem são “eles”? A quem ele representa, para falar na primeira pessoa do plural? Dirá que o leitorado do seu blog ou o da Veja irão impedir “o petismo”?
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Você acha que Azevedo é um bobão, um boquirroto que escreve coisas assim só por estar de cabeça quente? Esqueça. O que ele escreve são recados. São ameaças. E o PT não pode aceitar que tais palavras sejam ditas assim, sem explicação. Até porque, esse sujeito não as diria sem o seu patrão aprovar e este não aprovaria se os seus bons companheiros que consigo controlam a Comunicação no Brasil não estivessem de acordo.
Espero que me levem a sério. Tudo isso se coaduna com propostas de manifestações públicas “contra a corrupção” que nada mais são do que uma reedição do Cansei que pode vir vitaminada por sindicatos e até participantes pagos. Essas manifestações se somarão ao noticiário que derrama relatos de “corrupção” no governo Dilma todos os dias. No domingo, por exemplo, a Folha publicou um caderno só sobre corrupção onde o PSDB não figura e o PT aparece em destaque.
A campanha moralista que serviria para retaliar uma proposta que faça os barões da mídia perderem dinheiro e poder vem aí e não me surpreenderia se os militares boquirrotos que vivem insultando Lula, Dilma e o PT não estivessem dispostos a pôr as caras para fora da caserna “em defesa da liberdade e contra a corrupção do petismo”. Anotem, pois, o que digo, petistas. Quem avisa amigo é.

Brasil envia navio com 4,5 mil toneladas de alimentos à Somália


CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO


Parte nesta quarta-feira do porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, um navio com a primeira remessa de alimentos brasileiros doados ao chifre da África. São 204 contêineres, com 19 toneladas cada, em média, totalizando 4,5 mil toneladas.
Os milhares de sacos de feijão serão carregados no navio MSC Marta, que atraca amanhã de tarde e parte no dia seguinte, por volta de 8h da manhã. As informações foram confirmadas à Folha por Maria de Lourdes, gerente de operações da Superintendência Regional da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento).
Divulgação/Programa Mundial de Alimentos
Sacos de feijão brasileiros doados à crise de fome na Somália
Sacos de feijão brasileiros doados à crise de fome na Somália; Brasil inicia envio amanhã

No final de julho, o governo brasileiro anunciou que enviaria 38 mil toneladas de doações de alimentos para a Somália, onde mais de 3,7 milhões de pessoas enfrentam uma crise de fome e a pior seca na região em 60 anos.

Em setembro, o Itamaraty aumentou esse total para 46,6 mil toneladas. Mais 15 mil toneladas serão enviadas à Etiópia e 10 mil ao Quênia. A soma final é de quase 72,5 mil toneladas de alimentos brasileiros doados, em valor aproximado de US$ 32,5 milhões.
"Cerca de 10 mil toneladas de alimentos brasileiros já estão sendo embarcadas para o chifre da África. O carregamento nos navios é um processo que pode demorar semanas, mas a expectativa é de que até o final de setembro todo esse montante tenha sido enviado", afirmou por telefone Daniel Balaban, diretor representante do PMA (Programa Mundial de Alimentos da ONU) no Brasil.

O envio dos alimentos do Brasil à África levará cerca de 20 dias, para cruzar o oceano Atlântico. Com o apoio de navios mercantes, partindo de portos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, o Brasil enviará à África até o fim de setembro carregamentos de arroz, feijão, milho, leite em pó e sementes.

Os números são recordes brasileiros em matéria de ajuda humanitária internacional. É a primeira vez que o Brasil faz um envio de alimentos à Somália e é a maior doação do tipo já realizada.

As entregas de alimentos colocam o Brasil como o décimo maior doador de fundos humanitários para a crise no chifre da África -região que compreende Somália, Quênia, Etiópia, Djibuti. Na última lista da ONU, o país soma US$ 22 milhões em contribuição, em 2011. À frente de potências como Alemanha, França e Suíça.

ACESSO RESTRITO


O navio brasileiro aporta em Mombaça, no litoral do Quênia. De lá, a carga será enviada a campos de refugiados na fronteira com a Somália. Mas não chegará ao sul da Somália, onde está a grande maioria dos famintos.
Feisal Omar/Reuters
Mulheres somalis fazem fila em Mogadício para receber comida; Brasil envia ajuda
Mulheres somalis fazem fila em Mogadício para receber comida; Brasil envia ajuda

"O PMA está proibido de entrar na Somália pelos rebeldes do Al Shabab [que controlam a área], por isso não temos presença no sul do país", admitiu Balaban.

Ontem, o presidente internacional da ONG Médicos Sem fronteiras (MSF), Unni Karunakara, afirmou que é "quase impossível" ajudar os somalis que passam fome. O motivo principal seria o número escasso de agências humanitárias trabalhando dentro da Somália.
Há 20 anos, reina a instabilidade política na Somália. Desde o fim do regime de Siad Barré, em 1991, grupos radicais e clãs disputam o poder. Entre eles, está o Al Shabab, ligado à rede Al Qaeda e considerado um grupo terrorista pelos EUA.

Um governo central interino (GFT) foi estabelecido em 2004, com o apoio da ONU, mas não é reconhecido pelas forças locais, nem pela população somali.

Terror Midiático



No tal “mercado” existem dois personagens distintos: os economistas, que fazem apostas com cenários; e os tesoureiros, que fazem apostas com dinheiro. Os primeiros trabalham em um mundo imaginário, que pode ou não coincidir com o real; os segundos, com o mundo real, onde cada aposta errada significa perda direta.
Há dias os tesoureiros apostavam na queda das taxas de juros. Esse quadro era nítido nas últimas semanas com as quedas das taxas nos mercados futuros de juros. Esse movimento tornou-se mais forte depois da redução de meio ponto na Selic.
O terrorismo do mercado contra o BC não se prende a esse meio ponto de redução. É manobra preventiva, para evitar os cortes maiores que estão no horizonte. Uma vez perguntei a um desses economistas qual a razão de um tremendo barulho que havia feito em relação a uma decisão tímida do BC. Ele explicou: a porta começa a fecha e pode bater no meu dedo; antes de bater saio gritando.
Vamos à análise de algumas matérias que saíram hoje nos jornais, para identificar como se dá esse jogo terrorista.


Ex-presidente do BC, Gustavo Loyolla – no Estadão – aposta que a credibilidade do BC está em xeque (clique aqui). No início de 1995, houve uma corrida contra o real. O então presidente do BC Pérsio Arida chutou as taxas de juros para 45% ao ano. Em qualquer país civilizado, havendo corrida contra a moeda, elevam-se as taxas de juros. Passada a corrida, reduzem-se imediatamente para evitar impactos na dívida pública.
Pérsio caiu do BC e foi substituído por Loyola. A  partir daí a queda foi lentíssima e gradual sustentada em algumas declarações de senso comum que envergonhariam qualquer economista acadêmico sério: não poderia derrubar mais rapidamente os juros porque se tivesse que subir novamente pegaria mal, mostraria indecisão. Então a lógica seria subir de elevador e descer de escadas – imagem que usava no período. Quebrou o Estado brasileiro. O mal que causou as contas públicas emperrou quinze anos de crescimento do país. E esse bordão foi aceito acriticamente pela mídia (com algumas notáveis exceções) por refletia o senso comum criado para sustentar a excrescência dos juros altos. Loyola, aliás, gostava de se denominar de "jurista" - defensor dos juros altos em qualquer circunstância.
Não ficou nisso. Mais à frente, no seu trabalho de consultor, participamos juntos de um conjunto de palestras em Federações de Indústria de todo o país. Era outubro de 1998. O Brasil já tinha feito o acordo com o FMI e, mesmo assim, os dólares estavam em fuga do país. Em cada uma dessas palestras, Loyolla apresentava uma miríade de números e estatísticas (sem nenhuma correlação entre si) para dar ares científicos às suas conclusões. No final, era taxativo: "de acordo com nossas análises (da Tendências) no ano que vem o real irá se desvalorizar no máximo 6%".  Jogava com a vida de centenas de empresas representadas pelos empresários presentes.
Obrigava-me a um exercício danado para anular o conselho mortal. Abria minha palestra elogiando  o "brilhantismo" de Loyolla mas lembrava os empresários que era apenas uma opinião, que muitos outros analistas – entre os quais me incluía – apostavam que o câmbio não resistiria seis meses. Explodiu três meses depois. Uma semana antes da explosão do câmbio, Loyolla garantia na Globonews que não haveria mudanças cambiais. Os dois pequenos bancos que quebraram na virada do câmbio - um  dos quais era o Marka - eram seus clientes.
Pergunto: qual o currículo para se outorgar o papel de juiz da credibilidade do BC?

Só o futuro...


Daqui a algumas décadas, quando se voltar os olhos para esse fim de ciclo financista, o escândalo que armaram com a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de baixar em meio ponto a taxa Selic será um dos pontos centrais do anedotário malicioso nacional. O país tem disparado a mais alta taxa de juros do planeta – 12,5% ao ano. O Copom decidiu reduzi-la em meio (0,5!) ponto. Permaneceu uma taxa imensa, de 12% ao ano, contra praticamente zero dos Bancos Centrais de países avançados.
e o mundo iria acabar. O estardalhaço foi inacreditável. Economistas ouvidos meia hora depois já ensaiavam o muro das lamentações, sustentando que a decisão marcava o fim da autonomia do Banco Central.  Comentaristas que dias atrás admitiam que o câmbio estava excessivamente apreciado, e que os juros poderiam ser baixados, de repente revisaram suas opiniões e dispararam a metralhadora vesga contra a decisão.
E todos absolutamente incapazes de traçar correlação mais sofisticadas sobre os efeitos da crise internacional na economia brasileira – inclusive para rebater os argumentos do BC.
***
Depois de anos e anos de cantilena mercadista, depois do fracasso mundial do modelo de desregulamentação do mercado, das reações universais contra essa visão estreita de mercado, depois dos inúmeros levantamentos sobre a forma de atuação do lobby financeiro, o mise-en-scène desses atores serve apenas como material didático, para comprovar como a economia – pelo menos na discussão pública – é apenas uma ferramenta visando legitimar interesses de grupos específicos, através de um linguajar pretensamente técnico.
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Quando se critica essa visão financista, não se pense no sistema bancário, os fundos de investimento em geral. Trata-se de um segmento restrito de rentistas que só sabem viver das benesses dos juros altos e do câmbio baixo.
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O mercado financeiro e de capitais são peças relevantes para o desenvolvimento do país. E ambos ficaram por anos atrofiados pela política de juros altos.
Bancos comerciais têm a importante tarefa de emprestar dinheiro. Quanto maior a taxa de juros, menos útil será sua função de emprestar. Não se empresta a longo prazo e se restringe a financiamento ao consumo e ao crédito consignado.
Já o mercado de capitais é fundamental para reciclar a poupança, aplicar em novos setores que surgem, em infraestrutura, na reestruturação da economia. Mas com taxas de juros elevados, a poupança se concentra no financiamento da dívida pública e se torna preguiçosa, mesquinha, ilegítima.
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No curto período em que a taxa Selic caiu abaixo de dois dígitos, houve um frenesi em muitos gestores de fundos, pela brecha que se abrir para que o capital privado migrasse dos títulos públicos para outras formas de aplicação, inclusive em investimentos de risco em infraestrutura.
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Os pretensos porta-vozes mercadistas não representam o lado mais dinâmico e moderno do mercado. Representam apenas o lado viciado do rentista, do sujeito que aprendeu a viver de juros e não tem ânimo sequer para correr riscos em atividades mais úteis.

Livro bomba de Amaury Ribeiro vem aí pra assustar Zé Serra



05/09/11


A Pizza e os Piratas



Na tela do computador, o título chamativo: “A GRANDE LAVANDERIA”. Logo abaixo, um pequeno resumo explica o que são ”as ilhas que lavam mais branco…”. Ilhas do Caribe. É o capítulo 4, de um total de 15, que já seguiram para a editora. Agora, falta a revisão final. E depois tudo vai para a gráfica. À frente do computador, o jornalista responsável pela investigação: Amaury Ribeiro Júnior. “Olha essa frase, tá bom isso, ocê não acha? Hem, hem?” Ele saboreia cada capítulo como se fosse um filho.

“Siga o dinheiro, ele sempre conta a história”, diz Amaury, resumindo o foco de uma apuração que durou 10 anos. O repórter premiado começou a investigar os caminhos (e descaminhos) do dinheiro das privatizações da Era FHC quando ainda era repórter de “O Globo”. Pergunto se conseguiu publicar alguma coisa no jornal carioca: “ocê é doido, rapaz, eles não mexem com isso não”.

O Amaury tem um jeito de matuto. Numa profissão em que jovens jornalistas gostam de se vestir como se fossem executivos do mercado financeiro, ele prefere a simplicidade. E com esse jeito de mineiro que não está entendendo bem o que se passa em volta, consegue tudo: papéis, documentos, informações. Sobre a mesa de trabalho, o caos criativo. Parte daquela papelada vai parar no livro, na forma de anexos: são documentos que ajudam a contar a história. ”Tá bom o livro, não tá? Hem, hem?”. Quase todas as frases do Amaury terminam com esse “hem, hem!”.

Um outro colega passa em frente à mesa do Amaury, e finge que vai levar parte dos documentos: “Ocê é doido, faz isso não”. Depois, emenda uma frase meio enrolada. Parece que ele usa aquela tática do velho Miguel Arraes: metade do que o Amaury diz a gente não entende. Mas o que ele escreve é fácil de entender.

O capítulo 4 conta a história da Citco, empresa com sede nas Ilhas Virgens Britânicas. “E o que é a Citco?” eu pergunto. “A Citco é uma espécie de barco dos corsários, é por ali que o dinheiro circula”. Segundo Amaury Ribeiro Junior, a Citco é especializada em abrir empresas “offshore”. O termo vem da época dos corsários de verdade: “eles saqueavam os mares, e depois escondiam o fruto dos saques ’offshore’, ou seja, fora da costa, longe dos olhos das pessoas”, explica o repórter.

Em setembro de 2010, publiquei aqui no Escrevinhador um aperitivo sobre o tema: “Citco, esse é o mapa da mina” . Agora, recebo mais mais detalhes, que estarão no livro. Quem já usou esse esquema, Amaury? “Os doleiros do Banestado usavam, a turma da Georgina usava nas fraudes da Previdência, e a turma que faturou com as privatizações também usou”. É o que Amaury vai explicar (e provar, ele garante) no livro “OS PRIVATAS DO CARIBE”. Hoje, ele me mostrou alguns capítulos. Já estão todos prontos. Os títulos dão uma pista do que vem por aí:

- “OS TUCANOS E SUAS EMPRESAS-CAMALEÃO”

- “OS SÓCIOS OCULTOS DE SERRA”

- “MISTER BIG, O PAI DO ESQUEMA”

- “A FEITIÇARIA FINANCEIRA DE VERÔNICA”

- “DOUTOR ESCUTA, O ARAPONGA DE SERRA”.

Quais são as empresas camaleão? Quem administrava as empresas? Quais foram as feitiçarias de Verônica? E quem é o “doutor escuta”? Tudo isso o Amaury promete contar em detalhes.

Aqui, no “VioMundo” do Azenha, você lê um dos capítulos.

Vocês se lembram que, durante a campanha eleitoral de 2010, Amaury foi acusado de quebrar o sigilo da família de Serra, num esquema que serviria ao PT. Amaury nega tudo. Ele tem certeza que as acusações – publicadas com destaque na imprensa serrista – eram uma retaliação: “os tucanos sabiam que eu tinha investigado isso tudo, e que a investigação ia virar livro, tentaram me queimar”. Na reta final da eleição, um emissário de Serra chegou a procurar Amaury. Ligou até na redação da Record atrás dele. Amaury acha que os tucanos queriam propor algum tipo de acordo…

Ao fim da campanha, com Serra derrotado, muita gente chegou a duvidar da existência do livro sobre as privatizações. ”O Amaury blefou”, diziam alguns leitores. A turma do PSDB mesmo deve ter achado que ele não teria coragem de publicar os resultados da investigação de uma década. Agora, podem ter uma surpresa.

Mas não pensem que o livro ficará barato para o PT. Amaury mostra como ele virou pivô de uma luta interna nos bastidores da campanha de Dilma. Um capítulo inteiro é dedicado a essa história: “COMO O PT SABOTOU O PT”.

Amaury só não explica uma coisa: como é que consegue escrever livro sobre dinheiro no Caribe, produzir reportagens especiais pra TV em São Paulo e ainda administrar “a melhor pizzaria do Brasil”. A pizzaria fica em Campo Grande (MS).

“Mas Amaury, repórter dono de pizzaria é piada pronta”, provoco. “Ocê precisa experimentar minha pizza, é a melhor do Brasil”, ele diz, maroto. E emenda mais uma frase incompreensível sobre mussarela e calabresa.

A pizza eu não quero. Prefiro o livro.

http://maureliomello.blogspot.com/2011/09/pizza-e-os-piratas.html#more

Privatas do Caribe: livro de repórter identifica esquema de espionagem tucano



por Luiz Carlos Azenha
O novo livro de Amaury Ribeiro Jr., Privatas do Caribe, já foi entregue à editora.
Acrescido de uma informação bombástica sobre o esquema de espionagem que teria servido ao ex-governador paulista José Serra desde 2008, inclusive no período eleitoral de 2010. Segundo Amaury, Serra recorreu a uma empresa de um ex-agente do Serviço Nacional de Informações, paga com dinheiro público.
O Amaury garante que, desta vez, o livro sai: o lançamento será entre o final de outubro e o início de novembro.
O trecho que li é muito bem documentado e, politicamente, devastador.
Segue a abertura do livro:
Privatas do Caribe
A fantástica viagem das fortunas tucanas desde os porões da privataria até o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas
Amaury Ribeiro Jr.
Prepare-se: o que está logo adiante não é uma narrativa qualquer.
Você está embarcando em uma grande reportagem que vai devassar os subterrâneos da privatização realizada no Brasil sob FHC.
Os porões da privataria.
É, talvez, a mais profunda e abrangente abordagem jamais feita deste tema.
Mas que não se limita a resgatar a selvageria neoliberal dos anos 1990, que dizimou o patrimônio público nacional, deixando o país mais pobre e os ricos mais ricos.
Se fosse apenas isso, o livro já se justificaria.
Mas vai além ao perseguir a conexão entre a onda privatizante e a abertura de contas sigilosas e de empresas de fachada nos paraísos fiscais da América Central.
Onde se lava mais branco não somente o dinheiro sujo da corrupção, mas também o do narcotráfico, do contrabando de armas e do terrorismo.
Um ervanário que, após a assepsia, retorna limpo ao Brasil.
Resultado de uma busca incansável de mais de dez anos do autor, Amaury Ribeiro Jr. — um dos mais importantes e premiados repórteres investigativos do país, com passagens por IstoÉO GloboCorreio Braziliense entre outras redações — o livro registra as relações históricas de altos próceres do tucanato com a realização de depósitos e a abertura de empresas de fachada no exterior.
Devota-se particularmente a perscrutar as atividades do clã do ex-governador paulista José Serra nesse vaivem entre o Brasil e os paraísos caribenhos.
Sempre calcado em documentos oficiais, obtidos em juntas comerciais, cartórios, no ministério público e na Justiça.
Assim, comprova as movimentações da filha do ex-candidato do PSDB à Presidência, Verônica, e as de seu marido, o empresário Alexandre Bourgeois.
Que seguiram, no Caribe, as lições do ex-tesoureiro de Serra e eminência parda das privatizações, Ricardo Sérgio de Oliveira.
Descreve ainda suas ligações perigosas com o banqueiro Daniel Dantas.
Detém-se na impressionante trajetória do primo político de Serra, o empresário Gregório Marin Preciado que, mesmo na bancarrota, conseguiu participar do leilão das estatais.
E arrematar empresas públicas!
Estas páginas também revelarão que o então governador Serra contratou, com o aporte dos cofres paulistas, um renomado araponga antes sediado no setor mais implacável do Serviço Nacional de Informações, o extinto SNI.
E que Verônica Serra foi indiciada sob a acusação de praticar o crime que, na disputa eleitoral de 2010, acusou os adversários políticos de seu pai de terem praticado.
Desvinculado de qualquer filiação partidária, militante do jornalismo, Ribeiro Jr. do mesmo modo como rastreou o dinheiro dos privatas do Caribe, esteve na linha de frente das averiguações sobre o “Mensalão”.
Seu olhar também visitou os bastidores da campanha do PT para averiguar os vazamentos de informações que perturbaram a candidatura presidencial em 2010.
E sustenta que, na luta por ocupar espaço a qualquer preço, companheiros abriram fogo amigo contra companheiros, traficando intrigas para adversários políticos incrustados na mídia mais hostil à Dilma Rousseff.
É isso e muito mais. À leitura.
O Editor

Entrevista de José Dirceu ao É Noticia

VÍDEO
 
 
04/09/2011
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil (cargo ocupado no governo Lula) e ex-presidente do PT, concede entrevista ao "É Notícia". No programa apresentado por Keneddy Alencar, Dirceu rebate a reportagem da revista "Veja", fala sobre sua relação com empresários e políticos e diz que PT é o único partido cobrado por questões éticas.
 
04/09/2011
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil
04/09/2011
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil (2)
04/09/2011
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil (3)