domingo, 23 de outubro de 2011

R$ 150 mil para evitar publicação de matéria na revista Veja - revela o Estadão



  Em primeira-mão no Blog Os Amigos do Presidente Lula em 23/10/2011 as 17:28hs   

Sem querer o jornal Estadão jogou a revista Veja no caldeirão de suspeitos de cobrar R$ 150 mil para silenciar sobre encândalos.

Foi nesta matéria, onde o alvo era Agnelo Queiroz, mas se a Polícia Federal investiga as conexões políticas no caso, agora não pode deixar de fora as investigações sobre a revista Veja, para averiguar se a revista não estaria participando da partilha do dinheiro da máfia que fraudou convênios com o Ministério do Esporte.
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Eis o trecho do Estadão onde "entrega" a revista:

Geraldo Nascimento contou à Polícia Civil que na reunião foi debatida uma forma de arrecadar R$ 150 mil para tentar evitar a publicação da matéria pela revista Veja, baseadas nas acusações feitas por Michael. A matéria foi publicada em abril de 2008. Discutiriam também o que fazer com o delator.

Clique nas imagens para ampliar
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,motorista-reafirma-reuniao-entre-agnelo-e-ongs,788930,0.htm


É preciso advertir que estas acusações, como as outras, são frágeis, muita coisa baseada apenas em depoimento sobre a tal reunião, na base do "ouviu falar", do "fiquei sabendo". O depoente sequer diz que participou, nem que testemunhou. Além disso ele está envolvido no desvio das verbas e participou da campanha da família Roriz em 2010. Então todo cuidado é pouco.

Mas o fato é que a revista Veja publicou uma matéria na edição 2057 de 23 de abril de 2008, com o referido Michael atacando Agnelo.

Agnelo é o alvo das acusações na revista nesta matéria, o que evidencia que ele não pagou propina à revista para não ser atacado.

Isso poderia ser evidência a favor da revista, porém...

... nenhuma linhazinha sobre o PM João Dias. O nome dele nem é citado. E, em outros jornais, Michael o acusa de o ter ameaçado e até quebrado o pulso.


 A revista saiu no sábado, dia 19 de abril de 2008.

Dezenove dias antes, no dia 01 de abril, o PM João Dias fora preso na Operação Shaolin, como comprova esta matéria do Correio Braziliense:


Por que a Veja fez silêncio sobre a Operação Shaolin e sobre o PM, e só atacou Agnelo?

E não foi apenas nesta edição 2057. Não há registro nos arquivos digitais da revista sobre a Operação Shaolin, nem da prisão do PM. Seu nome só aparece nas páginas da revista agora, em outubro de 2011.

O povo quer saber:

1) A revista (ou alguém da revista) recebeu ou não propina de R$ 150 mil do PM João Dias, para não publicar denúncias contra ele?

2) Qual o pacto da revista Veja com o PM João Dias, para esconder todos os escândalos que ele está envolvido desde 2008, e só citá-lo agora quando ele quis aparecer como "denunciante"?

A fórmula de Jô Soares



O escritor e apresentador lança o livro "As Esganadas", diz que é adepto da anarquia criativa e que só começa uma história quando sabe o seu final

Marcos Diego Nogueira
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CRIMES NO RIO
Novo livro de Jô Soares trata de assassinatos em série de mulheres gordas
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Humorista nato, Jô Soares gosta de brincar com fatos históricos quando assume o teclado de escritor. Em seu mais novo romance, “As Esganadas” (Companhia das Letras), ele novamente reconstitui o cotidiano do Rio de Janeiro nos anos 1930 com uma boa dose de referências a fatos e personagens verídicos. Mas parte de uma premissa que não deixa de ser uma piada sobre o gênero que mais aprecia: as tramas detetivescas. Para animar o seu quinto livro, Jô criou um serial killer obcecado por gordinhas. 

A preferência do criminoso por mulheres rechonchudas, motivo constante de risadas do leitor, não é só uma forma de defender uma “categoria que sumiu” do linguajar comum, os gordos. É também uma maneira de criticar o politicamente correto no humor. “Nos EUA, quando eu me chamo de ‘fat’, as pessoas ficam chocadas, acham um absurdo. Eu sou o que então? Possuidor de uma imagem física alternativa?”, diz o apresentador e autor, no escritório onde cria as suas tramas policiais, uma ampla sala no primeiro andar de seu elegante apartamento duplex no bairro de Higienópolis, em São Paulo.

Aos 73 anos, Jô Soares sai pouco de casa. Apesar disso, a ideia do novo livro não nasceu nesses momentos de agradável isolamento. Foi durante uma temporada em Lisboa, quando apresentava seu espetáculo sobre o escritor português Fernando Pessoa, que lhe veio à mente a figura, não do assassino, mas do detetive da trama, o espirituoso Tobias Esteves. Seu nome foi inspirado no “Esteves sem metafísica”, citado no poema “Tabacaria”, de Pessoa. “Vindo para o Brasil, pensei sobre o personagem: nada melhor que um inspetor para ter a lógica binária de que se todas as outras soluções são impossíveis, a mais improvável é a verdadeira. 

O Conan Doyle usa muito isso no Sherlock Holmes”, afirma Jô, citando outra de suas influências. Getúlio Vargas, o capitão Filinto Müller, da Coluna Prestes, e o embaixador alemão Karl Ritter são algumas das figuras verídicas que passam pelos olhares de Esteves.
É onde realidade e ficção se encontram – e o melhor, se confundem, como em livros anteriores. Em “O Homem que Matou Getúlio Vargas”, por exemplo, é narrado um episódio da Segunda Guerra em que a tropa francesa vai para a Batalha do Marne de táxi. Jô Soares lembra que o fato é absolutamente verídico. “Muita gente me diz: ‘Essa ideia que você teve é sensacional’. Só que não foi minha ideia, é histórico, é verdade!”, diz o escritor, fascinado com os achados de suas pesquisas. 

São descobertas que lhe custam tempo, muitas vezes avançando na madrugada. Notívago, quando não está no computador ou entre livros de todos os gêneros, Jô passa horas ouvindo cantores como Madeleine Peyroux e Rufus Wainwright ou assistindo a seriados ingleses. Seus favoritos são os produzidos pela BBC, especialmente “The Hour”, sobre um noticiário inglês da década de 1950. Por isso, seu processo de escrita é definido como “totalmente anárquico”. Só um hábito não muda: ao acordar, sempre após o meio-dia, escreve um pouco. “Aprendi com o Rubem Fonseca que todo dia você tem que abrir seu texto, nem que seja para colocar uma vírgula. Mas tem que ser todo dia, não interessa a que horas ou por quanto tempo.” 

Outra regra, essa inventada por ele mesmo: só começar a escrever um livro quando sabe como ele termina. “Não consigo criar em processo.” Mesmo assim, ele aproveita seu programa de entrevistas, gravado de segunda a quarta-feira, para reunir subsídios para o miolo da história. “Vieram três legistas falar sobre um luminol que não precisa de luz ultravioleta para detectar sangue em tecido. É claro que eu os aproveitei para perguntar um monte de coisas do livro. Depois até mandei trechos das autópsias que escrevi para ver se estavam corretas e eles mudaram alguns termos técnicos”, lembra o autor. E a eterna dúvida em saber quando o livro está terminado? 

“Piora a cada trabalho”, diz, sem ver nisso um grande problema. “Quan­­­­do entrego para a editora, sempre tenho aquilo que em francês se chama ‘espírito de escada’. É quando o cara te pergunta alguma coisa, você não responde no momento, vai embora, e quando acaba de descer a escada, pensa: ‘Droga, eu tinha que ter respondido isso!’”, diz.  
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A internet ataca a tevê



Transmissão ao vivo de shows e eventos esportivos transforma sites e portais em concorrentes diretos da televisão

Mariana Queiroz Barboza
Milhões de pessoas assistirão na quarta-feira 26, ao show da banda britânica Coldplay que será realizado na Plaza de Toros de Las Ventas, em Madri. A arena das touradas espanholas não tem uma capacidade extraordinária para acomodar os fãs e a televisão não vai exibir o evento em rede mundial. Na verdade, a maior parte do público estará diante de um computador, enquanto acompanha ao vivo a transmissão pelo YouTube, canal de vídeos do Google. Não se trata de um caso isolado. Em setembro, os shows do Rock in Rio foram vistos, também na tela de um computador, por nove milhões de pessoas espalhadas por diversos lugares do mundo. O fenômeno não se restringe ao universo musical. Na semana passada, 18 milhões de brasileiros assistiram, por meio do portal Terra, às performances dos atletas do País nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, o que representou um acréscimo de 23% na audiência média do site. O que significa tudo isso? Segundo especialistas, a internet está se transformando em uma ameaça real para a televisão. 

“Na tevê, a decisão do que transmitir é do veículo, enquanto a internet leva essa escolha para o usuário”, afirma Paulo Castro, diretor-geral do Terra. Dono dos direitos de exibição do Pan na web (o portal não revela quanto pagou pelo evento), o Terra coloca no ar 13 canais simultâneos que exibem competições diferentes. A iniciativa consumiu investimentos superiores a R$ 200 milhões. Por enquanto, o retorno financeiro das transmissões é incerto. “Em alcance de pessoas, a tevê é duas vezes maior que a internet, mas em publicidade é dez vezes superior”, afirma Castro. O potencial de crescimento desse mercado é imenso. Em 2010, os anúncios em vídeos online geraram US$ 1,4 bilhão. Em 2015, projeções indicam um faturamento de US$ 5,2 bilhões. “A web vem absorvendo orçamentos antes destinados a outros meios”, diz Paulo Camossa Júnior, diretor-geral de mídia da AlmapBBDO.
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Educação na ponta do lápis



Com o início do período de matrícula escolar, especialistas explicam como planejar melhor o orçamento destinado ao ensino da família

Fabíola Perez
Investir em educação vai muito além de pagar as mensalidades escolares. As despesas envolvem taxas de matrícula, material de papelaria, livros didáticos e uniformes, para citar os gastos mais comuns. De acordo com a coordenadora da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci, os custos não devem comprometer mais de 20% do orçamento mensal – limite nem sempre fácil de ser respeitado pelos pais. Para quem estava com as contas apertadas, a situação pode ficar mais complicada. Em 2012, as escolas querem reajustar as mensalidades entre 8% e 10%, quase o dobro da inflação prevista para o ano que vem. Como não comprometer o orçamento? “A dica é criar um fundo de reserva para destinar parte da renda extra, como 13º e bônus pagos pelas empresas”, diz Sérgio Dal Sasso,economista da FEA-USP. “Assim, você evita problemas e não corre o risco de comprometer a continuidade da educação.” Confira a seguir como planejar melhor a educação dos filhos.
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Os segredos de quem é feliz no trabalho



Pesquisas mostram que a grande maioria dos brasileiros está infeliz no emprego. Conheça algumas características das pessoas que estão de bem com a vida profissional e saiba como obter mais satisfação no dia a dia

Débora Rubin
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PRAZER
Neusa Floter está há 43 anos na mesma empresa e diz
que seu segredo é fazer um dia ser diferente do outro
Depois de dez anos na mesma empresa, João estagnou. Já tinha passado por diversos setores, mudado de cidade, coordenado equipes e ajudado a lançar campanhas de produtos. Estava infeliz. Não acreditava mais naquele projeto, não via por onde ir e tinha sofrido assédio moral. Naquele ponto de sua vida, o paulistano João de Lorenzo Neto, 34 anos, tinha duas opções clássicas: seguir infeliz num cargo de gerência ou jogar tudo para cima e viver do seu hobby favorito, a fotografia. Nem um nem outro. João fugiu do óbvio. “Não queria jogar fora uma década de experiência”, recorda. “E, em vez de levar a minha habilidade profissional para o hobby, decidi levar todo o prazer que sinto no hobby para o profissional.” Ele mudou a lente, ajustou o foco, ampliou suas possibilidades e deu um novo tratamento à sua carreira. Aceitou a proposta de uma empresa concorrente que estava lançando um projeto novo, abraçou a causa e hoje, mesmo trabalhando mais horas por dia, sente-se pleno. “Vejo que estou construindo algo, deixando minha marca, e faço o possível para ver minha equipe sempre feliz e motivada”, diz ele, que é gerente de trade marketing de uma empresa de cosméticos.

João faz parte de uma minoria no Brasil, a dos felizes no trabalho. De acordo com uma pesquisa feita pelo International Stress Management no Brasil (Isma-BR), apenas 24% dos brasileiros se sentem realizados com sua vida profissional. A imensa maioria tem se arrastado todos os dias para o escritório. Entre as mulheres, a porcentagem de infelizes é ainda maior, dada a quantidade de afazeres extras além do expediente. “As principais queixas são a carga horária elevada, cobrança excessiva, competição exagerada e pouco reconhecimento”, explica a autora da pesquisa, Ana Maria Rossi, presidente do Isma-BR. E, hoje, um infeliz não pensa duas vezes quando quer sair de onde está. Em tempos de baixo desemprego (6%, segundo dados do Ministério do Trabalho), os profissionais têm mais possibilidades profissionais e podem se dar ao luxo de mudar com mais facilidade. Além disso, algumas companhias têm um grande contingente de funcionários da geração Y (entre 20 e 31 anos), famosa por ser inquieta e descompromissada. O resultado é um troca-troca que deixa as empresas perdidas em relação à gestão de pessoas. O problema é que nem sempre os profissionais ficam satisfeitos com a mudança. Um levantamento feito pelo site Trabalhando.com mostra que 39% das pessoas que aceitaram uma nova proposta não ficaram mais felizes.
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MOTIVAÇÃO
Para deixar sua marca pessoal no trabalho e ter uma equipe
empolgada, João Neto mudou de emprego e de postura
Nesse contexto, o que faz de João uma exceção? Ele é o que o psicólogo holandês Arnold B. Bakker, estudioso do tema, chama de “naturalmente engajado”. Ou seja, aquela pessoa que consegue colocar energia, otimismo e foco no que faz. É mais aberta às novidades, produtiva e disposta a ir além da obrigação. “Mais que isso, são pessoas que conseguem moldar o ambiente de trabalho para se encaixar melhor em suas qualidades e não o contrário”, explica Bakker, professor da Universidade Erasmo de Roterdã. Postura semelhante tem a gerente de recursos humanos Neusa Floter, 56 anos. Ela é figura rara, que quase já não existe nos quadros das grandes empresas: mulher de uma companhia só. Está há 43 anos – sim, desde os 13, você fez a conta certa – em uma indústria agroquímica que ela viu crescer e se tornar a líder de seu segmento. “Quem ouve minha história acha que eu sou uma acomodada, aquela que se encostou na primeira empresa que entrou”, conta, rindo. “Bem ao contrário, nunca um dia meu foi igual ao outro e sinto que ainda tenho aquele mesmo gás do começo da carreira.”

Neusa é uma otimista de carteirinha, sempre em busca de motivos para fazer seu dia ser o melhor possível. O otimismo é uma das características que ligam pessoas como Neusa e João. Segundo o estudo feito pelo Isma-BR, os 24% felizes têm também a autoestima elevada, são confiantes, flexíveis e sabem o que querem. “Não têm medo de ser quem são”, resume Ana Maria. Essas pessoas buscam, por exemplo, carreiras e corporações que lhe deem autonomia. “Não é à toa que as empresas de tecnologia viraram o sonho de consumo da geração Y, porque elas são mais ousadas e permitem que o funcionário seja quem ele é”, exemplifica o headhunter e consultor de executivos Gutemberg Macedo. 

Foi o que seduziu o programador Dalton Sena, 23 anos, de Belo Horizonte, a continuar em seu emprego em uma start-up – nome dado às pequenas empresas de tecnologia. Quando ela dava seus primeiros passos na área de produção de softwares para vídeos digitais, Dalton foi aprovado em um concurso público. Para desespero de seu pai, ele não assumiu o cargo, porque queria continuar onde estava. “Cheguei para meus chefes e disse a verdade: ‘Eu quero continuar com vocês, mas vocês querem continuar comigo?’” A resposta foi sim. E o estudante de análise de sistemas pôde continuar exibindo seu longo rastafari e usar bermuda em horário comercial. Seu local de trabalho tem até uma salinha com videogames, mesa de pingue-pongue e outros entretenimentos que podem, e devem, ser usados a qualquer momento. A verdadeira razão pela qual o jovem quis continuar ali, entretanto, tem a ver diretamente com sua produção. Além da autonomia para criar, Dalton se sente desafiado diariamente. “Nada chega aqui mastigado, você sempre tem que descobrir como fazer as coisas.”
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COMPANHEIRISMO
O bom ambiente de trabalho conquistou Ludmila
Vasconcelos, que tem nos colegas sua segunda família
Intrigada com tanta gente reclamando da vida profissional, a consultora de recursos humanos Elaine Saad, da Right Management, decidiu fazer um levantamento amplo via Twitter. Ela quer saber de um milhão de brasileiros se eles estão felizes, ao menos 70% do tempo, em seus trabalhos. “Coloquei essa porcentagem porque felicidade o tempo todo não existe”, pondera. Até agora, dez mil participantes já deram seu “sim” ou “não”. Seu objetivo é comparar as respostas de funcionários do mundo corporativo com a de profissionais liberais e pequenos empreendedores. De acordo com estudos feitos anteriormente por ela, os dois últimos tendem a ser os mais felizes, pois são donos de sua produção, e não apenas uma peça em uma engrenagem maior. Levar esse sentimento para dentro das corporações é um dos grandes desafios dos departamentos de recursos humanos hoje, segundo a especialista. “A ideia é fazer cada um se sentir um pouco dono do negócio, essência do conceito de líderes empreendedores que começa a crescer cada vez mais em grandes grupos.” 

Saber aonde se quer chegar e ver sentido naquilo que se faz também é um traço marcante dos satisfeitos. A maioria infeliz está, em grande parte, em um estado de inércia. É o que o especialista em desenvolvimento humano Eduardo Shinyashiki chama de “aposentadoria mental”, quando a pessoa trabalha horas por dia, produz bastante, mas sua mente está completamente alheia a tudo aquilo que ela está fazendo. “É o famoso piloto automático”, diz ele. Como em um relacionamento amoroso, raramente o trabalho vai ser perfeito e de todo agradável. O que os especialistas chamam a atenção é para que o pacote não seja mais negativo que positivo. Quando nada mais motiva uma pessoa a sair da cama de manhã é porque está na hora de mudar o caminho. A grande maioria, no entanto, está insatisfeita apenas com alguns aspectos da vida profissional. “Se o lugar que você está é incrível e te paga bem, mas você nunca é reconhecido, vá buscar reconhecimento em outros lugares, no trabalho voluntário, em sua igreja, na sua família ou com seu hobby”, exemplifica Ana Maria, do Isma-BR.
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SER LIVRE
Dalton Sena preferiu continuar em uma empresa que
lhe dá liberdade e desafios a ser funcionário público
Os empregadores também precisam fazer seus ajustes para melhorar a qualidade de vida dos colaboradores. De nada adianta criar ambientes agradáveis com salas para relaxar, subsídios generosos e cafezinho importado se a jornada é massacrante e a empresa estimula a competição em vez de cooperação. Tampouco surtem efeito palestras motivacionais se os computadores são ultrapassados, as cadeiras quebradas e os líderes engessados. Na maior parte das vezes, entretanto, os problemas mais complexos estão nas relações humanas. Um dos principais entraves é a comunicação entre chefes e subordinados. 

Um estudo feito pela Michael Page Brasil, uma das maiores empresas de recrutamento de executivos do mundo, mostra que existe uma distância imensa entre o que líderes pensam sobre seu comportamento e como seus liderados os avaliam – 52% dos ouvidos não estão satisfeitos com seus gestores, mas 73% dos gestores se acham capacitados para o cargo. Para 53% dos chefes, o fato de ser íntegros e honestos é o que faz deles capacitados. Para 70% dos subordinados, seria mais interessante se seus chefes fossem grandes motivadores. “Em um momento bom da economia, com desemprego baixo, são os profissionais que estão escolhendo a empresa e não o contrário”, destaca o diretor-executivo da Michael Page Brasil, Marcelo DeLucca. “Melhorar a comunicação entre as partes é fundamental para reter os talentos.” 

Apostar na felicidade do funcionário é acreditar na saúde da própria empresa. Afinal, trabalhador feliz falta menos, comete menos erros e produz mais. O bom ambiente de trabalho é o que motiva Ludmila da Silva Pinheiro Vasconcelos, 32 anos, no dia a dia como operadora de telemarketing. “É a minha segunda família”, garante. Ela quer mais: fazer faculdade, estudar inglês e crescer dentro da empresa que tanto admira. É o próprio indivíduo, porém, o maior responsável por sua satisfação profissional. A boa notícia, segundo o psicólogo holandês Arnold Bakker, é que todos podem se tornar um pouco mais engajados. “Muitas vezes o trabalho é tedioso mesmo e temos que tolerá-lo”, afirma o psicólogo. “Um primeiro passo para evitar que isso seja um drama é justamente não se colocar padrões tão elevados de felicidade.” 

Para o headhunter Gutemberg Macedo, é preciso olhar também para fora dos muros da empresa em busca de um sentido maior nos afazeres cotidianos. “Leia, ouça música, vá ao teatro, cultive as coisas do espírito, ame os seus. A vida só vale a pena se damos algum sentido para ela.” E aprenda com os felizes que estão ao seu redor. O João do começo desta reportagem decidiu que não queria mais seguir o padrão de só ser feliz aos sábados e domingos, longe das tarefas profissionais. “É muita responsabilidade para o fim de semana. Optei por ser feliz todos os dias.”  
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Vitória do bê-á-bá



Levantamento da Academia Brasileira de Ciências mostra que método menos usado no Brasil é mais eficiente na alfabetização

João Loes
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LEITURA
Alfabetizados pelo método fônico participam de roda de leitura em escola de Sergipe
A discussão é antiga. De um lado estão os defensores do método global construtivista de alfabetização e do outro os entusiastas do método fônico. Historicamente, o Brasil tem recorrido mais ao primeiro do que ao segundo (leia quadro) na hora de ensinar as crianças a ler. Não sem a oposição ferrenha dos entusiastas do método fônico, que acabam de ganhar um poderoso aliado na disputa pela prevalência entre os educadores. Nesta semana, será divulgado um levantamento feito sob a tutela da Academia Brasileira de Ciências com base em 75 estudos internacionais que mostra, entre outras coisas, a maior eficiência do método fônico. 

A dificuldade que o jovem brasileiro tem para ler, demonstrada em testes nacionais e internacionais, pode ser um indicativo dos problemas do método mais usado atualmente. Além disso, estudos científicos com base em análises por ressonância magnética e neuropsicologia durante a alfabetização comprovam que começar ensinando os fonemas e seus correspondentes gráficos, como reza o método fônico, amplia a capacidade de leitura da criança. “O raciocínio é simples: para aprender a dirigir você não começa na avenida Paulista na hora do rush”, exemplifica Fernando Capovilla, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). “É mais ou menos isso que os partidários do método global construtivista apregoam, enquanto nós queremos começar na rua tranquila, com orientações diretas até que se construa segurança.” Experiências de sucesso do sistema fônico em países como os Estados Unidos e a França também são lembradas pelos partidários do sistema. 

Para os defensores do método construtivista, porém, a questão é mais complexa. “Saber ler não indica, obrigatoriamente, que se compreende o que está sendo lido”, ressalva Claudemir Belintane, professor da Faculdade de Educação da USP na área de metodologia do ensino de língua portuguesa. Para ele, quando se fala em alfabetização, é preciso levar em conta muito mais do que fonemas e grafismos. E o método global construtivista, por princípio, inclui o universo do aluno. Na prática, o dia a dia da escola vai além das disputas acadêmicas. “Nós professores fazemos o que é possível”, admite Maria Isabel Azevedo Noronha, docente e presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo. “E eu não conheço nenhum método que dê conta, sozinho, da alfabetização”, diz.  
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