sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Radicalização na USP ressuscita estilo CCC



Radicalização na USP ressuscita estilo CCCFoto: Reprodução

PANFLETO APÓCRIFO DISTRIBUÍDO NO CAMPUS USA IMAGEM DE VLADMIR HERZOG MORTO COMO AMEAÇA CONTRA "OS ESTUDANTES MACONHEIROS"; "SUICÍDIO É TRISTE!", IRONIZA TEXTO, AO FEITIO DAS PIORES PEÇAS DO COMANDO DE CAÇA AOS COMUNISTAS; NA MÍDIA, COLUNISTA REINALDO AZEVEDO REGISTRA BO SOBRE AMEAÇA QUE TERIA SOFRIDO; VOLTAMOS AOS ANOS DE CHUMBO?

18 de Novembro de 2011 às 20:17
Marco Damiani_247 - O que está acontecendo com a atual geração de estudantes da maior universidade brasileira? Nesta sexta-feira, dia histórico em que a presidente Dilma Rousseff, diante de todos os chefes militares, instituiu a Comissão da Verdade para apurar os crimes da ditadura, um documento apócrifo, ao estilo das piores peças do antigo Comando de Caça aos Comunistas, foi distribuído na USP. Com uma imagem do jornalista Vladimir Herzog morto, trazia a mensagem "Suicídio é triste" e foi endereçado aos estudantes "maconheiros". Teria sido produzido por radicais de direita que, a partir da defesa da presença da PM na USP, tese abraçada pela maioria dos estudantes, avançam para o enfrentamento ideológico da pior espécie.
Também no dia de hoje, o colunista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, classificado como "fascista" pelos estudantes que ocuparam a reitoria da USP, registrou um boletim de ocorrência contra ameaças que estaria sofrendo de grupos mais à esquerda na universidade. Gente que, segundo o colunista, teria dito: "Vou te quebrar na rua". Nas últimas semanas, Reinaldo ironizou os estudantes que ocuparam a Reitoria, chamados por ele de "remelentos e mafaldinhas".
Entre um episódio e outro, as eleições para o Diretório Central dos Estudantes foram adiadas, com acusações de golpe de parte a parte. Rodrigo Souza Neves, da chapa "Reação", que se coloca contra a direção atual, foi acusado de portar uma arma. E este, por sua vez, denuncia uma farsa eleitoral que teria sido perpetrada pelos grupos que hoje dominam o DCE.
O clima é de tensão, numa radicalização gerada, em grande parte, pelos que evitam discutir os temas levantados pelos estudantes e incitam ódio e preconceito na política.
Por outro lado, ao cobrirem o rosto e impedirem o trabalho da imprensa, os estudantes ditos de esquerda também colaboram para tensionar ainda mais o ambiente.
As pontes para o diálogo estão rompidas.
E o que se vê na USP são cenas que remetem aos piores momentos da ditadura militar.
É o ocaso da razão.

O lero-lero de Lupi



Questionado no Senado sobre denúncias reveladas por ISTOÉ, o ministro do Trabalho não convence, irrita oposição e, isolado pelo próprio partido, o PDT, permanece em situação complicada. Agora, ainda, terá de esclarecer novas acusações

Claudio Dantas Sequeira
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SOBREVIDA
Lupi (ao centro) continua no cargo, mas já é visto com desconfiança pelos próprios aliados
Se o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, sobreviveu a mais uma semana no cargo, foi por uma dose de boa vontade da presidente Dilma Rousseff. Sem conseguir explicar o emaranhado de denúncias que pesam contra sua gestão no Ministério do Trabalho e acuado pela acusação de que assessores diretos cobraram propina para conceder registros sindicais, como vem revelando reportagens de ISTOÉ desde a primeira semana de agosto, Lupi foi isolado até mesmo pelo PDT, partido do qual ele é presidente de fato. Fontes do Palácio do Planalto dizem que, apesar da sobrevida dada a Lupi, Dilma resolveu esvaziar a Secretaria de Relações do Trabalho e passar um pente fino na lista de entidades que ganharam registros a partir da portaria 186, assinada pelo ministro, muitas delas dando ares de legalidade a sindicatos e federações clones e de fachada. O encarregado de acompanhar a liberação de novas cartas sindicais é o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência. Enquanto isso, como Lupi não se mostrou convincente durante depoimento no Senado, na quinta-feira 17, nos próximos dias, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentará requerimento de convocação do sindicalista João Carlos Cortez. O objetivo é ouvi-lo sobre a denúncia trazida por ISTOÉ de que foi obrigado por assessores de Lupi e do deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP) a repassar à central controlada pelo PDT até 60% da contribuição sindical para conseguir a reativação do registro do Sindicato de Trabalhadores em Bares e Restaurantes da Baixada Santista (Sindrest). “Quero convidar o sindicalista para prestar depoimento. Poderíamos fazer uma acareação com o ministro”, afirma Dias. 

Caso não consiga aprovar o requerimento, o parlamentar vai encaminhar um pedido de investigação à Polícia Federal e ao Ministério Público. “Se o Lupi considera normal que um sindicalista diga que assessores do ministro cobraram propina para licenciar sua entidade, tem de haver alguma providência. Se o governo não fizer nada, só nos resta acreditar na polícia”, afirma. Durante audiência na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, Álvaro Dias questionou Lupi sobre as revelações de ISTOÉ. Com cópia das reportagens nas mãos, ainda pediu esclarecimentos ao ministro sobre o crescimento exponencial de entidades sindicais – entre 2008 e 2011 foram mais de 2,5 mil – e as suspeitas de que a Secretaria de Relações do Trabalho, vinculada ao gabinete de Lupi, se transformou num balcão de negócios. O ministro fugiu da questão e deu apenas uma declaração lacônica. “Essa história é briga sindical”, afirmou. 

Cada dia mais enrolado, Lupi também foi questionado pela senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que quis saber sobre a proliferação de sindicatos rurais criados por integrantes da Força Sindical que não possuem relação com o trabalho no campo. Segundo ela, essas entidades estão se sobrepondo ao trabalho histórico das filiadas da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e deixando o trabalhador confuso e desassistido. A senadora reclamou também que espera, desde setembro, resposta de Lupi a um requerimento de informação sobre a “fábrica de sindicatos” denunciada por ISTOÉ. Kátia ainda questionou o ministro sobre a participação no Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) de entidades constituídas sem histórico, criadas há poucos anos com claro aparelhamento da Força Sindical e do PDT de Lupi. Mais uma vez, o ministro desconversou. Disse apenas que o ministério não interfere na organização sindical e que o Codefat é um órgão meramente deliberativo. “Ele aprova normas, não tem poder de determinar recursos para ninguém”, alegou.
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“Quero convidar o sindicalista João Carlos Cortez
para prestar depoimento. Poderíamos fazer
uma acareação com o ministro Lupi”

Senador Álvaro Dias (PSDB-PR)
Embora Lupi tente se esquivar das acusações que pesam contra ele, suas digitais estão em toda parte. Como por exemplo no registro do Sindicato dos Trabalhadores em Autoescolas e Transporte Escolar de Osasco e Regiões (Sintrateor). A carta sindical levou a assinatura do próprio Lupi e foi entregue em mãos, em 2009, pelo então secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros. O ato foi registrado numa foto publicada no jornal do sindicato, obtido por ISTOÉ, onde aparecem Medeiros ao lado da presidente do Sintrateor, Silvania Cristina da Silveira e de seu filho Humberto, que é o tesoureiro, além do marido, Martim Aparecido, e do sindicalista Guilherme Paro, que é o nome por trás da entidade. “Silvania nunca trabalhou em autoescola e seu marido, o Martim, é amigo pessoal de Lupi e lobista sindical profissional”, acusa o presidente do Sindicato dos Desenhistas de São Paulo, Claudio Taboada. Ele conta que Guilherme Paro presidiu seu sindicato e a Federação de Desenhistas de São Paulo, e deixou um rombo. “Quando entrei aqui havia uma quadrilha. A Fenaedes foi inclusive denunciada por desviar recursos do FAT”, afirma. 

Taboada acrescenta um dado peculiar à história do grupo. Diz que Paro é amigo do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto e que Martim Aparecido foi testemunha no processo sobre o superfaturamento do Fórum Trabalhista de São Paulo. “São todos ligados. O Guilherme quis colocar o Martim aqui no sindicato. Mas como ele não é desenhista, tentaram esquentar a carteira dele numa empresa da família Monteiro de Barros”, afirma Taboada. Ele acrescenta que Fábio Monteiro de Barros, condenado junto com Nicolau e o ex-senador Luiz Estevão, enviou-lhe uma carta negando envolvimento no esquema para beneficiar os pseudosindicalistas. A bandalheira é tamanha que o Sintrateor, mesmo sendo um sindicato de autoescolas, está filiado à mesma Fenaedes, entidade de desenhistas e projetistas.
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NOVA DENÚNCIA
Lupi concedeu registro sindical a entidade que, segundo acusação, pertenceria a lobista e amigo pessoal
No rol das explicações a serem dadas pelo ministro do Trabalho está ainda a acusação do Sindicato de Motoristas e Cobradores de Ônibus do município do Rio de Janeiro. Em carta à presidente Dilma, o presidente do Sintraturb, José Carlos Sacramento, acusa Lupi de fraudar o registro de alteração estatutária do Sindicato dos Rodoviários para impedir seu desmembramento. Ele acusa o ministro de agir em conluio com os donos das empresas de ônibus da cidade. Carvalho cobrou explicações a Lupi, que demandou a consultoria jurídica do ministério elaborar um parecer. O ministro garante que o processo correu dentro da lei e diz a assessores que vai processar Sacramento. 

Enquanto Lupi respira por aparelhos e não consegue responder sequer quem faz os pagamentos dos jatinhos em que voa pelo País afora, a comissão especial do Ministério Público do Trabalho apresentará nesta semana o resultado da primeira investigação aberta em consequência da reportagem publicada por ISTOÉ em agosto. Trata-se da denúncia de cobrança de propina feita pela presidente da Federação Nacional dos Terapeutas, Adeilde Marques, contra o presidente da Força Sindical no Estado de Sergipe, William Roberto Arditti. A última testemunha do processo foi ouvida na sexta-feira 18. O procurador Emerson Resende, que preside a comissão especial, tem sofrido ameaças e evita dar entrevistas. Ele sabe que a conclusão da equipe do MPT pode ser fatal para o esquema montado por Lupi e pela Força Sindical e deflagrar outras investigações pelo País.
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"Espero, desde setembro, resposta de Lupi a um
requerimento de informação sobre a fábrica de sindicatos"

Senadora Kátia Abreu (PSD-TO)
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O esquema suspeito de PHC & Disney



Documentos obtidos por ISTOÉ mostram que Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente da República FHC, pode ser testa de ferro do grupo americano Disney

Pedro Marcondes de Moura
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Os passos do grupo americano The Walt Disney Company no Brasil vêm sendo seguidos com atenção pelo Ministério das Comunicações. Foram constatados fortes indícios de que, por meio de uma manobra ilegal, a companhia seria a controladora da Rádio Itapema FM de São Paulo, conhecida popularmente como Rádio Disney. De acordo com as leis nacionais, empresas jornalísticas e emissoras de rádio e televisão não podem ter participação estrangeira no seu capital acima de 30%. Para mascarar a situação irregular da emissora, o grupo americano, um dos maiores conglomerados de mídia e entretenimento do mundo, estaria recorrendo a um personagem de peso como testa de ferro: Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. É ele quem se apresenta para os órgãos públicos como o acionista majoritário da Rádio Holding Participações Ltda., controladora de 71% da Itapema FM de São Paulo. Os outros 29% pertencem a The Walt Disney Company (Brasil) Ltda. 

Documentos obtidos por ISTOÉ demonstram, no entanto, que a participação de  Paulo Henrique Cardoso no capital da Rádio Disney é apenas simbólica. Na ficha cadastral da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), emitida na quinta-feira 17, quem aparece na posição de sócia majoritária da Rádio Holding e, portanto, da Rádio Disney FM é uma outra empresa: a americana ABC Venture Corp. O endereço da ABC Venture, registrada na Califórnia, é o mesmo de outras empresas do grupo Disney, como a famosa rede de televisão aberta dos Estados Unidos ABC, adquirida na década de 90. As coincidências não param por aí. Segundo o governo do Estado da Califórnia, a executiva responsável legal pela ABC Venture é Marsha L. Reed, cujo nome também aparece no quadro de funcionários de alto escalão disponibilizado no site do grupo Walt Disney. Na realidade, a ABC Venture (controladora da Rádio Holding e da Rádio Disney) é uma subsidiária da Disney Enterprises Inc., braço do conglomerado The Walt Disney Company.
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COINCIDÊNCIAS
Até os estúdios da Rádio Disney funcionam no mesmo prédio do grupo
americano. É dali que a rádio transmite entrevistas como estas da Banda Cine
Cruzando as informações obtidas por ISTOÉ, percebe-se que, por meio de suas ramificações, a Walt Disney é dona de mais de 99% da rádio brasileira Itapema FM, sintonizada na capital paulista pela frequência 91,3 MHz. Esse controle é proibido e sujeito a sanções pela legislação nacional. “Se comprovada uma irregularidade desta, a concessão de funcionamento pode ser cancelada”, explica Jacintho Silveira, professor de direito administrativo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Um expediente parecido da Disney foi identificado também por autoridades locais na Argentina. Um parecer do Departamento do Tesouro, de junho de 2010, foi contrário à venda da Difusora y Radio Medios S.A. para a ABC Venture Corp. e Disney Company Argentina. Um dos motivos apresentados pelo procurador Joaquim Pedro da Rocha para recomendar o bloqueio do negócio foi que ambas as empresas eram, no fundo, a mesma coisa. Direta ou indiretamente pertenciam ao grupo americano.

Procurados por ISTOÉ, Paulo Henrique Cardoso, a Rádio Disney e a The Walt Disney Company (Brasil) disseram não haver nenhuma irregularidade na situação da emissora brasileira. Por meio da assessoria de imprensa, a Disney e PHC, como é conhecido o filho do ex-presidente, enviaram uma cópia digitalizada do primeiro contrato social da Rádio Holding e de outro contrato com uma alteração. Os documentos, com protocolo da Jucesp, registram que, até fevereiro de 2010, a Rádio Holding Participações Ltda., controladora da Rádio Disney, tinha como principal cotista Paulo Henrique Cardoso, com participação de 98,6%. “A Rádio Holding Participações Ltda., de propriedade de Paulo Henrique Cardoso, possui 71% da Rádio Itapema e a The Walt Disney Company (Brasil) possui 29% (a compra foi autorizada pela portaria número 100, de 11 de março de 2010 do Ministério das Comunicações)”, informa a nota enviada pelos sócios. “O ato de compra foi autorizado pelo Cade, conforme publicado no “Diário Oficial da União” número 50 de 16 de março de 2010, Seção 1, sob ato de concentração 08012.010278/2009-12”, complementa. Se essa fosse, de fato, a estrutura societária, a rádio estaria dentro das exigências da legislação brasileira. O quadro societário verificado por ISTOÉ na Jucesp, porém, é outro. Segundo o especialista em direito comercial Carlo Frederico Müller, as juntas comerciais apenas registram e averbam documentos enviados para ela. “Os responsáveis pela empresa têm de notificar qualquer alteração contratual a estes órgãos e, em caso de rádios, à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que regula o setor”, explica.

Outras evidências revelam a forte presença do grupo americano no controle da emissora. Neste ano, a ABC Venture Corp. e Paulo Henrique Cardoso concederam procurações dando amplos e incomuns poderes a dois executivos da The Walt Disney Company Brasil, o americano ­Richard Javier Leon e o mexicano Miguel Angel Vives. Com as procurações, a dupla de executivos da Disney pode, entre outras atribuições, “depositar e sacar fundos, emitir e endossar cheques, solicitar créditos em conta-corrente” da Rádio Holding Participações Ltda. Na opinião da Rádio Disney, isso não configura ingerência e está dentro dos limites estabelecidos pela lei brasileira. A companhia também não vê nenhum problema no fato de que suas instalações estarem no mesmo prédio onde funciona a representação do grupo estrangeiro no País. Pelos registros da Jucesp e do Ministério das Comunicações, entretanto, a Rádio Disney operaria no endereço de sua controladora, a Rádio Holding. “A Rádio Disney funciona no mesmo edifício da The Walt Disney Company Brasil, porém em outro andar, com espaço exclusivo e independente”, diz em nota a emissora. Assim, toda a sintonia da rádio com o grupo The Walt Disney Company – os mesmos executivos, o mesmo endereço e, provavelmente, até os mesmos acionistas – seria não mais que uma agradável coincidência para os sócios de PHC.
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Lalau baiano




Adriana Nicacio
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SEM LICITAÇÃO
Tribunal de Contas questiona responsáveis pela obra do
TRT por alterações de contrato que beneficiam construtora
Há 12 anos, os desvios de R$ 169,5 milhões na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo deixaram claro que as despesas do Judiciário não podem ficar sem controle externo. Escaldados pelo célebre escândalo que levou à prisão o juiz Nicolau dos Santos, os técnicos do Tribunal de Contas da União estão acompanhando com lupa as obras da nova sede do Tribunal Regional do Trabalho da 5a Região, em Salvador, na Bahia. E a fiscalização já apontou irregularidades. A auditoria encontrou sobrepreço de quase R$ 1 milhão apenas no primeiro dos nove empreendimentos que vão compor o complexo do órgão. Ao todo o TRT terá seis prédios para as 1a e 2a instâncias, um plenário, um auditório e um estacionamento ao custo previsto, até o momento, de R$ 350 milhões. No relatório de 38 páginas, os técnicos afirmam que os indícios de sobrepreço são suficientes “para causar riscos ao erário”. O ministro-relator do TCU, André Luís de Carvalho, levou o caso ao plenário e, pelo acórdão publicado em 28 de setembro, a direção do TRT da 5a Região deve muitas explicações aos cofres públicos.

O TCU quer saber por que o contrato para a construção do edifício administrativo 4 com a empresa Cinzel Engenharia foi alterado para valores acima do preço de mercado. A empresa ganhou a concorrência ao oferecer um desconto de 16,56%, mas essa diferença sumiu no terceiro termo aditivo. O ex-diretor-geral do TRT Edivaldo Lopes defende a mudança argumentando que é possível compensar os baixos preços da licitação com sobrepreços nos aditivos. “Existe essa jurisprudência no próprio TCU”, diz Lopes. O ministro-relator André Luís não concorda. “É uma interpretação equivocada. Não há que fazer compensações. Se a vencedora deu o desconto, deveria ter sido mantido”, explica André Luís. O TCU também não entendeu por que o TRT assinou sem licitação um contrato de R$ 6,5 milhões para que o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat (IBTH), do arquiteto Lelé Filgueiras, elaborasse os projetos de engenharia (estrutural, elétrico, hidrossanitário). Para o TCU, o IBTH “não reúne as qualidades de entidade especializada nos diversos projetos complementares”. Antigo colaborador de Oscar Niemeyer, Lelé é arquiteto, mas não é engenheiro. Por isso, subcontratou terceiros para os projetos.
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IRREGULARIDADE
Relatório do TCU de 38 páginas encontrou sobrepreço
de R$ 980 mil na obra de um dos edifícios do TRT baiano
Outros indícios de irregularidades foram a falta de relatórios de licença ambiental e o contrato de R$ 320 milhões com a Caixa, muito além dos R$ 122 milhões previstos para o empreendimento no Plano Plurianual.

Além desses questionamentos, o TRT não consegue explicar o cancelamento do contrato com a construtora NM, que venceu a licitação para a terraplanagem e o projeto de contenções. Alegando atraso, aplicou multa e sanções que impediram a empresa de contratar com a administração pública. “O TRT5 fez de tudo para rescindir o contrato com a NM”, acusa o advogado da construtora, Rafael Fajardo, que solicita na Justiça o fim das penalidades e o pagamento do montante que já foi executado. 

Desde a quarta-feira 9, o TRT da 5a região tem uma nova diretoria, que assumiu com o fim dos mandatos de Edivaldo Lopes e da presidente do órgão, desembargadora Ana Lúcia Bezerra Silva, responsáveis pelos contratos. Seus sucessores prometem corrigir o festival de erros. “Nós vamos acatar todas as recomendações do TCU integralmente”, afirmou à ISTOÉ o novo diretor-geral do TRT5, Tarcísio José Filgueiras.
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O RELATOR
Ministro do TCU André Luís de Carvalho diz que TRT
baiano deve explicações por prejuízo aos cofres públicos

"Ninguém faz rádio esportivo como eu"



Assista à entrevista em vídeo com o apresentador Milton Neves

Hélio Gomes
Polêmico, provocador e pretensioso são alguns dos adjetivos que costumam acompanhar o nome do apresentador esportivo Milton Neves. Mas, por baixo desse verniz, esconde-se um apaixonado pelo futebol, admirado por muitos e sucesso de audiência há décadas. Cheio de atitude aos 60 anos, o comentarista da rádio e da TV Bandeirantes recebeu a equipe de ISTOÉ em sua casa para um papo sincero e sem rodeios sobre sua vitoriosa carreira e o mundo do futebol. Assista já.
Bloco 1 - de Muzambinho a São Paulo
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Bloco 2 - do rádio à televisão
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Bloco 3 – Brasileirão 2011, Neymar e Seleção
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