domingo, 20 de novembro de 2011

“A estrela sobe o morro”




José mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, é um ás na manga do governador Sérgio Cabral. É uma carta que pode ser deitada à mesa das eleições de 2014 para o governo do estado. Basta Beltrame querer.


Ele tem ganhado a luta contra os traficantes e retoma o controle das favelas, como na Rocinha, na zona sul carioca. Com isso, adquiriu uma virtude e, com ela, uma vantagem sobre a soma de seus defeitos, considerados eleitoralmente inadequados.


Quais seriam os obstáculos a esse projeto político-eleitoral?


Inicialmente, a própria resistência dele, gerada pela timidez e insegurança. Delegado da Polícia Federal, Beltrame tem um perfil pessoal inadequado para os marqueteiros. O discurso dele é monótono e tocado em uma nota só: a segurança.


De alguns pontos de vista, relacionados com a exposição ele pode ser comparado a Dilma Rousseff. E até leva vantagens. Já teria, na partida, mais intimidade com os holofotes e não dependeria de transferência de votos de Sérgio Cabral, como Dilma de Lula. Teria, por fim, o apoio forte das Organizações Globo.


Império no setor de comunicações, a Globo não se dá bem quando pretende “fazer reis” na contramão da opinião pública. No caso de Beltrame, no entanto, nadaria a favor da correnteza.


Após a batalha sem sangue na Rocinha, Beltrame frequentou assiduamente as telas da TV Globo. Deu entrevistas ao Jornal Nacional e ao Bom Dia Brasil. Foi filmado passando a tropa em revista e, ainda, na cerimônia na qual fez elogios, merecidos, aos dois policiais militares que não cederam à tentativa de suborno do traficante Nem.


Por que a Globo prefere Beltrame sem mesmo saber se o secretário aceitaria a investidura de candidato?


Ele tem notória incompatibilidade com a esquerda e a esquerda do PT com ele. Atraiu atenção e crítica por essa declaração infeliz, em 2008: “Os bandidos trazem a cultura da violência do ventre da mãe”.


Em princípio, o governador está amarrado a uma aliança com o PT ou, antes, com Lula. Esse acordo elegeu Cabral em 2006 e o reelegeu em 2010. Foi, em contrapartida, um palanque importante para a eleição de Dilma e poderá ainda mais em 2014. Para a oposição e, consequentemente, para a Globo, o fim desse acordo seria fundamental. E pode ocorrer.


Além das discordâncias com o governo petista em torno dos royalties do petróleo, o PT constrói candidatura própria ao governo estadual: o senador Lindberg Farias, renovação política do partido no Rio.


Sérgio Cabral tem no vice-governador, Luiz Fernando, o Pezão, um candidato inviável. Não dá muita corda a essa candidatura, mas, com ela, mantém o controle do espaço político-eleitoral para negociação. O PT vai apoiar a reeleição do prefeito do PMDB, Eduardo Paes, confiante que haverá reciprocidade à candidatura em 2014.


Aécio Neves, aspirante à Presidência, cultiva a simpatia de Cabral. É a única possibilidade que o tucano tem de montar um palanque forte no Rio. Candidato, o secretário de Segurança seria um dos suportes nesse caso.


Na terça-feira 15, Beltrame apareceu “de surpresa” no front. Foi aplaudido pelos moradores da Favela do Vidigal, contígua à Rocinha, também liberada. Um morador gritou para ele: “O senhor vai ser governador do Rio”. Beltrame sorriu simpaticamente e disse que não tinha interesse pelo cargo. O morador não recuou: “Na hora H, eu sei que o senhor vai aceitar”.


Esse diálogo desaparecerá ou entrará nessa história.

Governador, o senhor vai seguir no Metrô a “aula de democracia” pregada aos alunos da USP?



por Emílio Rodriguez e Paulo Dantas
Em 8 de novembro, quando a Polícia Militar retirou os alunos da reitoria da USP em cumprimento a uma decisão judicial, o  o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse:
“Alguns estudantes precisam ter aula de democracia, de respeito à decisão judicial, de respeito ao patrimônio público porque a população que paga impostos, população que é mais pobre, que mantém a USP, que é todinha dinheiro público”.
Curiosamente, o “professor” Alckmin despreza essa aula de democracia, que recomendou aos estudantes da USP, quando trata de corrupção em seu governo, mais precisamente em contratos de construção da Linha 5 — Lilás, do Metrô.
Desde setembro do ano passado, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) investiga fraude nessa licitação.  Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo revelou, na ocasião, que os vencedores dos oito lotes estavam definidos seis meses antes.
Em abril deste ano,  o MPE-SP constatou que, com base no modelo de edital escolhido para a licitação, os contratos decorrentes daí teriam um superfaturamento estimado de R$ 304 milhões (hoje, R$ 327 milhões). Ou seja, um prejuízo milionário aos cofres públicos, superior a R$ 300 milhões.
A despeito disso, o governo Alckmin e a direção do Metrô anunciaram a retomada das obras, mantendo os contratos com as empresas suspeitas de conluio em licitação.
Em agosto último, os promotores fizeram uma recomendação administrativa à direção do Metrô, concedendo o prazo de um mês para cancelamento da licitação e dos contratos.
A empresa e o governador Alckmin ignoraram a proposta. O Ministério Público ingressou então no início de novembro com ação civil pública, pedindo, além da anulação da licitação e respectivos contratos –  prejuízo estimado de R$ 327 milhões aos cofres públicos –, o afastamento do presidente do Metrô de São Paulo, Sérgio Henrique Passos Avelleda.
Nessa sexta-feira, 18 de novembro, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, acatou a proposta de medida cautelar, reivindicada pelo MP na ação civil pública, determinando o afastamento de Avelleda da presidência do Metrô e a suspensão imediata da execução dos contratos.
O descumprimento da determinação judicial acarretará em multa diária de R$ 100 mil.
Agora, como fica a “aula de democracia” que o senhor governador propôs aos estudantes da USP, mas que até o momento não adotou em relação aos indícios  de corrupção no Metrô?
Até quando o senhor governador e a direção do Metrô vão continuar negando as fraudes constatadas pelo Ministério Público e convalidadas pela Justiça, que concedeu liminar, determinando a paralisação das obras da linha 5– Lilás, do Metrô, com a suspensão dos respectivos contratos e afastamento de Avelleda da presidência da empresa?
PS 1: É fartamente sabido que o governador Geraldo Alckmin é um “admirador” da Opus Dei. No meio acadêmico, muitos também sabem dos vínculos estreitos entre o atual reitor da USP e a Opus Dei. Especula-se que a indicação de João Grandino Rodas fez parte de um grande acordo político dessa organização religiosa com o ex-governador de São Paulo, José Serra. A reitoria da USP teria sido a moeda troca para o apoio da Opus Dei à candidatura de Serra a presidente da República. O baixo nível da campanha eleitoral e da defesa moralista de Serra contra o aborto, inclusive com o apoio do Papa, sinalizam ser provável essa possibilidade.

Amor e ódio ao PT



O Partido dos Trabalhadores (PT) é a legenda mais amada e também a mais odiada pelos brasilienses. É o que revelou pesquisa divulgada pelo Instituto O&P Brasil na última semana. O total de 22% dos entrevistados afirmou que entre as atuais legendas, o PT é o que detém a maior simpatia ou preferência. Por outro lado, quando perguntados sobre por qual partido teriam a maior antipatia, 17% responderam o PT.

Para o cientista político Luiz Gonzaga Mota, o maior atrativo da legenda, o que poderia justificar o amor de milhares de pessoas, é a identidade bem definida, o que costuma ser raro entre os partidos.

"O PT, sem dúvida, é a grande novidade da política brasileira nos últimos 20 anos. Antes, não tínhamos partido que tivesse uma identidade ideológica bem definida. Então, nasceu como o PT, como o partido dos trabalhadores , explicou. "Tem um segmento do eleitorado que é muito fiel e que tem essa identidade com o partido, porque sabe que ele vai se manter na mesma posição. É o que faz o PT tenha essa simpatia", avaliou Mota.

IDENTIDADE

Por outro lado, segundo o especialista, é justamente a identidade que afasta as demais pessoas e faz com que ele se sobressaia na lista dos mais antipatizados. "Até por conta de representar um segmento identificado e uma posição política definida, tem bastante antipatia de quem não têm essa preferência política ideológica. O PT é um partido com uma fidelidade muito grande, mas por outro lado, é o partido com maior rejeição. É simples: ou você é PT ou você é contra o PT", constatou.

Fundado em fevereiro de 1980, o PT reúne cerca de 35 mil filiados em Brasília, sem contar com militantes e simpatizantes. No Brasil, o número salta para 1,5 milhão.

Para o cientista político Octaciano Nogueira, os números que indicam o PT como o mais apreciado e o menos admirado não representam uma dicotomia. "Aqueles que escolheram o PT, o fizeram por uma razão. Mas teve outras pessoas que deixaram de votar no partido, também por uma razão. Então, não me parece uma dicotomia", ponderou.

IDEALISMO

O especialista João Paulo Peixoto, por sua vez, lembrou que os dados refletem a imagem do governo. "Eu acho que está vinculado ao desempenho do governo. A população de Brasília veio de uma decepção muito grande por conta dos escândalos de corrupção no qual foi mergulhada. As pessoas achavam que tudo iria mudar, e isso não aconteceu. Acho que os números são um retrato da diferença entre o que se idealiza e a realidade", disse.

Cristiano Noronha, também cientista político, faz coro à tese do idealismo distante da realidade. "Tal -vez, a antipatia pode ser um reflexo da falta de apoio da população à gestão do PT em Brasília", disse.

Por outro lado, no que se refere ao bom desempenho da sigla, ele avaliou que há uma tendência nacional. "O PT, nacionalmente, é um dos partidos que gozam de maior credibilidade. Então, os dados locais guardam correlação do que existe no plano nacional", destacou.

O PT tem a maior bancada na Câmara dos Deputados, a segunda maior no Senado e a terceira posição em número de governadores, além da maior bancada nos legislativos estaduais. Na Câmara dos Deputados, dois deputados do partido representam o DF: Erika Kokay e Roberto Policarpo. Isso porque outros dois - Paulo Tadeu e Geraldo Magela - se licenciaram para ocupar cargos no Executivo local.

Na Câmara Legislativa, há cinco representantes: Chico Leite, Patrício, Rejane Pitanga, Chico Vigilante e Wasny de Roure. Eles compõem a maior bancada na Casa.

Divisão normal

O presidente regional do PT, deputado federal Roberto Policarpo, afirmou que o quadro político em Brasília está dividido entre aqueles que apoiam o PT e os que seguem o ex-governador Joaquim Roriz. E que, por isso, é possível o PT estar nos dois extremos.

"Sempre houve essa divisão no DF. Então, os que são "ro r i z i s t a s ", em geral, odeiam o PT. E tem também uma boa parte da população que trabalha com o PT", refletiu.

Para Policarpo, no entanto, os números devem mudar para melhor nas próximas pesquisas. "Va -mos mostrar que o governo (de Agnelo Queiroz) tem a prioridade de investir, olhando para todos os setores, principalmente para a área social. E, mais para a frente, a expectativa é de que as barreiras sejam quebradas e a divisão se atenue", disse.

De qualquer forma, para Policarpo, os dados demonstram que o PT "continua sendo o principal partido que detém a simpatia de Brasília e, também do Brasil".

A pesquisa ouviu 900 pessoas, entre os dias 4 e 7 de novembro, em todas as regiões administrativas do Distrito Federal. A margem de erro do levantamento é de 3,3 % e o intervalo de confiança é de 95%.

Legenda sempre no topo Em uma lista com 16 siglas, a preferência pelo PT variou entre as classes sociais, escolaridade e região, mas sempre se manteve no topo. Na faixa etária entre 16 e 24 anos, por exemplo, 23,6% das pessoas disseram preferir o PT. Contudo, o grau de escolha é maior entre aqueles com mais de 60 anos.

Nesta faixa etária, 32% afirmaram maior simpatia Entre aqueles com renda familiar de até um salário-mínimo, 22,5% gostam do PT. Mas entre os que ganham acima de 20 salários, só 14,7% preferiram a sigla.

Ao comparar no nível de escolaridade, a variação é menor. A preferência muda de 20,2% para aqueles com o 1º grau incompleto e de 17,1% para os que têm o superior completo. Entre as regiões, a preferência maior pelo PT é daqueles que moram em ex-assentamentos, como Samambaia, Recanto das Emas e Estrutural, com 20,9%.

Na região do Plano Piloto, 15,9% preferem o PT. Na pesquisa, outros 0,6% afirmaram gostar de todos os partidos por igual. A maioria, 46% afirmou não ter preferência por nenhuma sigla. Não souberam ou opinaram 5,3% dos entrevistados.

IDADE NÃO CONTA

Na outra ponta, entre os que afirmaram ter maior antipatia pelo PT, a faixa etária fez pouca diferença. Entre 16 e 24 anos, 18,6% disseram não gostar da legenda. Já entre aqueles com mais de 60 anos, 20% afirmaram ter antipatia pela sigla. Entre os que têm o 1º grau incompleto, 14% disseram não gostar do PT.

Já entre os que detêm Ensino Superior completo, o percentual de desafetos do partido é de 17,6%. Daqueles que ganham até um salário-mínimo, 16,7% relataram não gostar do PT e são acompanhados por 26,7% entre os que ganham acima de 20 salários.

No que se refere às regiões, a rejeição no Plano Piloto é maior (19,5%) do que nas cidades satélites (14,2%). Os moradores de antigos assentamentos (21,5%) também disseram não gostar do PT. As entrevistas foram divididas em GPP (Grande Plano Piloto), que engloba Asa Sul e Asa Norte, Lago Sul e Lago Norte, Guará, Sudoeste, Octogonal e Cruzeiro.

Outra área foi Tag e Cei (Taguatinga e Ceilândia), que compreendeu as duas cidades, além de Vicente Pires. Os pesquisadores também foram divididos na região SAT, que são as demais cidades satélites. Por fim, a pesquisa também compreendeu a região ASS (ex-assentamentos), como Paranoá, São Sebastião, Santa Maria, Riacho Fundo, Varjão, Samambaia e Recanto das Emas.A maioria dos entrevistados ouvidos pela O&P - 46% - afirmou não ter preferência por nenhuma sigla. As informações são do Jornal de Brasilia

Os meus queridos leitores, concordam com essa pesquisa?

Quando isenção é tomar partido




Se jornalistas insultarem e caluniarem políticos sem prova alguma for sinônimo de liberdade de imprensa, o Brasil deve ser a pátria do jornalismo livre. Isso porque na imprensa brasileira o que mais se vê são colunistas furiosos com políticos acusados de corrupção aos quais chegam a tratar como condenados em última instância.
Aliás, vale lembrar que nem sendo inocentados pela Justiça os políticos dos quais a mídia não gosta passam a ser tratados como inocentes, sendo considerados culpados mesmo após a absolvição. José Dirceu, por exemplo, já foi inocentado de algumas acusações e a imprensa publicou as decisões da Justiça em pés de página, sem o destaque dado à acusação.
Todavia, caso recente ilustra bem como essa indignação do colunismo pátrio não passa de politicagem rasteira, verdadeira “pistolagem” contratada por certos políticos para atacarem seus adversários. O caso em tela é o do escândalo de centenas de milhões de reais envolvendo a construção da linha 5 do metrô de São Paulo.
O valor da roubalheira: R$ 300 milhões.
Porém, o assunto não causa a esses colunistas uma fração sequer da indignação que o ministro do Trabalho – só para ficarmos no alvo mais recente – vem lhes causando sob a acusação de ter voado em um jatinho supostamente providenciado pelo presidente de uma ONG acusada de corrupção.
Apesar de a decisão da Justiça de determinar a demissão do presidente do metrô paulistano ter derivado de uma iniciativa do jornal Folha de São Paulo, o assunto está sendo tratado por aquele jornal e pelo resto da mídia de uma forma inexplicavelmente discreta, respeitando o fato de que, até agora, não se pode condenar ninguém definitivamente.
Contudo, esses mesmos colunistas usam contra ministros de Dilma, por exemplo, linguagem que constrangeria qualquer torcida organizada de futebol e os tratam como condenados. Meras evidências são tratadas como provas. A simples abertura do processo judicial é tratada como condenação.
Quando um escândalo envolve tucanos e aliados, porém, esses mesmos colunistas não fazem nem mesmo análises. Fogem do assunto, ainda que alguns poucos, como Reinaldo Azevedo, da Veja, saiam em defesa dos seus protegidos.
Se o escândalo é tucano não há manchetes garrafais nas primeiras páginas, o Jornal Nacional se omite e colunistas se furtam até a analisar declarações saborosas como a de Geraldo Alckmin, que atribuiu ao antecessor José Serra a responsabilidade pelo caso do metrô ao dizer que está “à vontade” porque não era o governador quando o contrato da linha 5 foi assinado com as empreiteiras.
Esse escândalo deve submergir na mídia logo mais, assim como o das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo, emendas que investigações insinuam que vêm sendo usadas pelo governo do Estado para subornar parlamentares, o que enquadra o caso no conceito midiático de “mensalão”.
Colunistas raivosos como Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Cantanhêde, Ricardo Noblat, Dora Kramer e tantos outros se tornam verdadeiros gatinhos diante da corrupção em governos tucanos como o de São Paulo, de Minas Gerais ou em qualquer outro governo estadual ou municipal administrado por partidos de oposição ao governo federal.
E o que mais espanta é que escândalos como o do metrô ou o das emendas não apenas envolvem cifras infinitamente mais altas do que as envolvidas nas acusações fracas contra um ministro como Carlos Lupi, mas também encerram indícios muito mais consistentes de envolvimento do Poder Executivo.
Ainda assim, esses colunistas mal tocam no assunto.
É lícito concluir, portanto, que veículos como Globo, Folha, Estadão ou Veja, só para ficarmos nos mais descarados, não combatem a corrupção, mas a alimentam, pois criam uma casta de corruptos com licença para roubar enquanto fustigam seus adversários políticos.
Este blog vem dando combate a essa anomalia já vai para quase sete anos. As hordas de internautas contratadas pela grande mídia e pelo PSDB para fustigar seus críticos na internet acusam o autor desta página de estar a serviço do PT, mas jamais conseguiram um só elemento que o ligue a políticos. E não foi por falta de procurarem.
Jamais encontrarão ligação alguma. Até forjá-la é difícil porque este blogueiro não se encontra com políticos, não telefona para políticos, não envia e-mails a políticos, não bajula políticos nas redes sociais… Enfim, este blogueiro sempre manteve distância da classe política e, sobretudo, do Estado e do dinheiro público.
Não que seja ilegal, imoral ou questionável ter proximidade com a classe política. Apenas não há interesse deste blog e de seu autor nesse tipo de relação. Por isso, podem continuar procurando porque jamais encontrarão algo que lhes permita fazer as suas famosas suposições acusatórias.
A grande verdade é que gostaria muito de poder fazer um trabalho mais isento, aqui. Gostaria de poder criticar os dois lados, pois tanto petistas quanto tucanos têm o que ser criticado. Todavia, se toda a grande imprensa fustiga um lado e acoberta o outro isso é anormal, é antirrepublicano e até criminoso.
Enquanto tivermos uma imprensa que se alia a alguns corruptos e com eles combate corruptos adversários, unir-se a ela em seu discurso maniqueísta, desonesto, mistificador, parcial e mentiroso equivale a ser tão corrupto quanto aqueles que ela denúncia de forma seletiva e que, às vezes, são acusados injustamente.
Os escândalos do metrô ou das emendas parlamentares em São Paulo ainda provam que há corrupção em qualquer administração pública e que a cobertura jornalística tem sido até correta, em alguma medida, pois não faz condenações prévias ou escandalizações, ainda que alguns digam que o Judiciário paulista é tucano e, portanto, precisa ser pressionado pela imprensa.
Em países como a França, por exemplo, a imprensa não poderia noticiar um escândalo como esse do metrô antes de uma decisão judicial. Todavia, não podemos nos esquecer de que a justiça francesa não é como a nossa, que a legislação francesa não propicia impunidade, o que torna a ação da imprensa daqui vital para pressionar o Judiciário a não se omitir ou até acobertar.
O que se quer, então? Que a imprensa não trabalhe para substituir um corrupto por outro no poder, para então acobertar os corruptos amigos.
O país que você quer, leitor honesto e apartidário que só busca a verdade, é um país em que todos sejam tratados pela lei e até pela imprensa como se fossem a mesma pessoa, seja para acusar na hora certa ou para não acusar antes da hora.
Enquanto um partido for tratado com dureza desproporcional e o outro com leniência irresponsável, todos estarão ameaçados, mesmo aqueles que estiverem do lado beneficiado, pois nunca saberão se em algum momento aquele benefício que recebem poderá mudar de lado, deixando-os na posição em que estão seus adversários hoje.
Um país civilizado é um país justo. País justo é aquele que não trata cidadãos, partidos, empresas, instituições, seja lá o que for com base em idiossincrasias políticas ou ideológicas ou interesses econômicos.
Contudo, vejo muita gente agir como se pertencesse ao estrato social e político que a imprensa e a Justiça beneficiam ao endossarem e apoiarem injustiças como as que este texto relata. É espantoso, porque essas pessoas só perceberão que estão de fora da festa no dia em que a parcialidade das instituições as atingir.
Não é porque você ganha vinte mil reais por mês, tem carros novos na garagem, um apartamento em um bairro “nobre” e uma casa na praia que faz parte dessa casta que está acima da lei e das próprias instituições. Você que apóia o que a imprensa faz, muitas vezes a troco de um pagamento irrisório para quem paga, saiba que um dia poderá estar do outro lado.
Viu a reação de Alckmin à decisão da Justiça que desfavoreceu seu governo, leitor? Fez pouco e já fala como se reverter a decisão que o manda demitir o presidente do metrô estivesse no papo. Cadê os colunistas que se indignaram com o ministro do Esporte apenas por ter sido indiciado ou com os indiciados no inquérito do “mensalão”, como se todos tivessem culpa provada?
Sumiram.
É injustiça da imprensa, é injustiça da Justiça, é injustiça dessa parte considerável da opinião publica (ou publicada) quando todos tratam casos semelhantes com tanta diferença. E essa diferença ainda pode pegá-lo, leitor injusto, pois, como dizia o Barão de Montesquieu, “Injustiça que se faz a um é ameaça que se faz a todos”.

Morre no Rio, aos 78, o ator Adriano Reys





DO RIO

O ator Adriano Reys, 78, morreu na manhã deste domingo (20), vítima de câncer no fígado, no Rio de Janeiro. Reys estava internado no hospital Copa D'Or, na zona sul da cidade, desde o último dia 10.
Reprodução
Reys como Oswaldo Sampaio em "Mulheres de Areia" (1993)
Reys como Oswaldo Sampaio em "Mulheres de Areia" (1993)
O ator lutava contra o câncer havia três anos. Em outubro, chegou a ser internado por causa de uma pneumonia.

Adriano trabalhou no cinema e na TV. Na Globo, ele participou das novelas "A Viagem", "Vale Tudo", "Ti Ti Ti", "Éramos Seis", "Mulheres de Areia" (atualmente no ar no "Vale a Pena Ver de Novo"), "Quatro por Quatro" e "Barriga de Aluguel". Também fez novelas nas emissoras Record, Tupi e Bandeirantes.
Seu último trabalho foi em 2009, na novela "Mutantes - Promessas de Amor", da TV Record.

Ainda não há informações sobre o velório.

"A Reitoria intimida, chama PM e lava as mãos"



 Foto: Divulgação

EM ENTREVISTA AO BRASIL 247, REPRESENTANTE DOS ALUNOS DA USP CRITICA ATUAL GESTÃO DA UNIVERSIDADE POR NÃO DIALOGAR COM A COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA; PARA THIAGO AGUIAR, DO DCE, POLICIAIS REPRIMEM MOVIMENTO SOCIAL NO CAMPUS EM VEZ DE COMBATER CRIME; GREVE CHEGA A 12 DIAS

20 de Novembro de 2011 às 10:35
Diego Iraheta_247 - A greve dos estudantes da USP completa 12 dias e, apesar de contar com apenas 30% de adesão, está afetando o movimento estudantil de São Paulo. As eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade estavam previstas para esta semana. Mas a paralisação de alunos de Ciências Sociais, História, Comunicação, Pedagogia e outros cursos levou à decisão de adiar para 2012 o processo eleitoral.
Em entrevista ao Brasil 247, o diretor do DCE-USP Thiago Aguiar fez um balanço do movimento convocado após a chegada da tropa de choque da PM no campus, em resposta à invasão da Reitoria. Segundo ele, a discussão sobre segurança no campus está sob o guarda-chuva de uma questão mais complexa: a autonomia universitária. "Quando o [reitor João Grandino] Rodas simplesmente assina convênio com a polícia, ele tem uma postura de lavar as mãos. A questão não é mais a administração da universidade, é caso de polícia", analisou.
Thiago Aguiar também elencou ações autoritárias da Reitoria e defendeu a instituição da Guarda Universitária como alternativa aos PMs na USP. Leia a íntegra:
Brasil 247: Por que a decisão pelo adiamento das eleições para o diretório?
Thiago Aguiar: A eleição do DCE precisa de um momento de debate democrático, com igualdade de condições para que todos participem. Num momento de greve, de mobilização, é difícil para o movimento estudantil organizar essa eleição. Mais de três mil pessoas votaram, em assembleia, pelo adiamento.
Mas quais seriam as dificuldades?
Na USP, essa é uma eleição de grandes proporções. São disponibilizadas urnas em 6 ou 7 locais com campus. Do ponto de vista da participação, haveria desigualdade por causa da greve. Por isso, não dá para manter a eleição concorrendo com a mobilização.
Qual será a nova data da votação?
Deve ficar para o início do novo ano letivo, em março ou abril. Isso agora depende da decisão do conselho de centros acadêmicos, que se reúne nesta semana.
Como está o saldo de adesão à greve no momento? Qual porcentual de alunos parou de fato?
Nossos cálculos dão conta de 30% na USP como um todo. E metade dos alunos do campus Butatã, que é o epicentro do conflito. Mas nossas pautas políticas foram incorporadas por grande parte dos alunos.
Por que é necessária uma greve de estudantes num momento como este, em que se discute a presença de PM no campus?
Na verdade, é uma situação mais ampla que a presença ou não da PM. Esse conflito tem como pano de fundo a autonomia universitária. Defendemos que a comunidade universitária pode definir os próprios rumos da USP.
E hoje a USP não tem autonomia?
A atual gestão da Reitoria é antidemocrática; a presença da PM no campus demonstrou isso. Além disso, vem acontecendo há algum tempo intimidação de servidores por meio de processos administrativos.
Que tipo de intimidação?
No mês passado, alguns diretores do sindicato dos trabalhadores da USP foram notificados que eram alvo de processo interno por terem organizado uma paralisação em março. Eles pararam um dia para ir a uma audiência pública, um ato na Assembleia Legislativa em função da demissão de 300 funcionários da USP em janeiro. Este é o papel de um sindicato: organizar a categoria. Essa praxe de processos internos precisa acabar!
E qual é o problema de ter PM no campus?
Essa questão da segurança na USP tem que ser discutida pela comunidade universitária. O reitor utilizou, de maneira bastante incorreta, o assassinato de um estudante [Felipe Ramos de Paiva, em maio deste ano] para acariciar um sentimento de medo e cedeu à pressão por militarizar a universidade. Para muitos, essa questão de não ter policais no campus soa estapafúrdia. E aí perguntam: "por que não ter PM na cidade universitária?".
Pois é, Thiago, por que não?
Essa é uma questão de autonomia universitária. O reitor deveria ter aberto debate com a comunidade universitária. Quais são os problemas do campus? O que precisa ser feito? Em vez de propor esse debate, ele simplesmente sentou com a Secretaria Estadual de Segurança e firmou convênio. O problema é que a presença de policiais militares no campus é questionável há tempos. A atuação deles na USP não tem sido de combate ao crime, mas de repressão a movimento social.
Mas, afinal, para que existe Polícia Militar?
Claro que a polícia tem seu papel constitucional. O fato é que a função do policial não está em permanecer no campus mediando conflitos da universidade. Não combina com universidade sair da sala de aula e encontrar três ou quatro homens fardados. Eles entram nos blocos didáticos, circulam. Neste ano, quatro estudantes da escola politécnica foram enquadrados por duas viaturas sem nenhum motivo. A ação durou 40 minutos, e os alunos não tinham feito nada. Polícia não combina com universidade como local de livre exercício de crítica, de reflexão.
O que estarreceu mais os estudantes: o assassinato do estudante Felipe Ramos de Paiva, em maio, ou a detenção de três alunos com maconha, em outubro?
Evidentemente, o assassinato é a coisa mais estarrecedora. Talvez até por isso não tenha gerado mobilização por exigir reformas. Nesses momentos de crise, a tendência é muito conservadora, o medo é muito conservador. Aí é melhor se isolar e reivindicar forças externas.
Em relação a essas forças externas, a pesquisa do Datafolha apontou que a maioria dos estudantes quer PM no campus...
Para não dizer que essa pesquisa foi mal-utilizada, com má-fé, ela foi mal-interpretada. Uma parcela majoritária de fato disse que quer PM no campus. Mas a resposta mais majoritária, que não foi explorada, é que as pessoas não se sentem seguras na USP - mesmo depois da entrada da polícia no campus. Isso mostra que precisamos de mais debate para encontrar outra solução.
E qual seria essa solução?
É fundamental a criação de uma guarda universitária. Que seja concursada e tenha um papel preventivo e não repressivo. Deve haver um efetivo feminino para casos de assėdio e abuso. As mulheres que sofrem esse tipo de violência, muitas vezes, procuram autoridades policiais e não se sentem confortáveis. Essa guarda tem que ter efetivo feminino.
Que outras ações implicariam uma melhora na segurança do campus?
É necessário a universidade assumir responsabilidades e investir onde precisa. Não é caro criar mais linhas circulares entre o campus e pontos distantes. Também tem que reformar sistema de iluminação. É questão de vontade política e prioridade. Quando o [reitor João Grandino] Rodas simplesmente assina convênio com a polícia, ele tem uma postura de lavar as mãos. A questão não é mais a administração da universidade, é caso de polícia.