sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz 2012 a todos que passaram por este singelo espaço. Até Janeiro.



O PSDB não tem líder. Nem a mulher defende o Cerra


Ligo logo cedo ao Oráculo de Delfos:

- Oráculo, você já leu o livro do Amaury ?

- Vi.

- Ver não é ler, Oráculo ..

- E precisa ler, rapaz ? Basta ver os documentos.

- E daí ?

- São indefensáveis. A denúncia é fortíssima !

- Tem explicação possível ?, pergunto.

- É uma reportagem com documentos anexos. Não tem defesa. É um tiro no peito.

- Então, o PSDB vai mal …

- Não tem liderança, meu filho.

- Mas, e o Aécio … digo assim como quem não quer nada.

- Não saiu de Minas.

- Mas foi para o Senado.

- Aécio parou. Não sai de Minas.

- E ainda tem o bafômetro.

- É uma bobagem mas só faz atrapalhar. O problema é outro.

- Qual ?

- O aumento do patrimônio.

- Mas, isso está com o Gurgel.

- Não basta. Um dia um Amaury vai lá …

- Quer dizer que o PSDB não tem liderança.

- Tem uma.

- Qual?

- A única !

- Quem, Oráculo ?

- Fernando Henrique.

- Mas esse tá fora do jogo.

- Sim, meu filho … Mas ele está defendendo o Governo dele até hoje, a biografia dele …

- O que o Cerra nunca fez.

- Nem fará.

- Você viu o comentário de um leitor do Conversa Afiada … por que o PSDB não manda o Cerra embora ?

- Sente-se que ele está isolado.

- Mas, de que adianta o Fernando Henrique se manter como o líder absoluto do PSDB ?

- Se o Cerra desaba, se o PSDB desaba, isso respinga na biografia dele. Não tenha dúvida. Outro dia, num programa de televisão, ele se saiu muito bem. Elogiou o Lula, elogiou a Dilma..

- E a Dilma vai bem ?

- Dilma vai bem !

- Então o Fernando Henrique elogiar ela não quer dizer muita coisa … Ele e a torcida da Flamengo.

- Quer, meu filho. Ele elogia a Dilma para se proteger, também.

- E nesse programa que você viu o Fernando Henrique defender o Cerra ?

- Nem a mulher do Cerra defende o Cerra, meu filho …


Paulo Henrique Amorim

A sinuca de bico do PSDB no caso da “Privataria”



Autor:

Luis Nassif


O livro “A Privataria Tucana” tem tucana no nome. Mas investiga especificamente o chamado “esquema Serra”.


As acusações são inidividualizadas e se referem objetivamente a Serra. Amaury o acusa diretamente de corrupção. Se inocente, caberia a Serra buscar a reparação na Justiça. Não o fará porque um eventual processo certamente esmiuçaria sua atuação desde a Secretaria do Planejamento de Franco Montoro, passando pelo relatório Bierrenbach, pelo caso Banespa e pelas privatizações, além de enveredar pelos negócios da filha no mundo offshore. Só faltava a Serra, a esta altura do campeonato, uma ordem judicial para abrir as contas da filha nas Ilhas Virgens.


Se autor da ação, o PSDB pouparia Serra da exceção da verdade. Mas de qual acusação o PSDB pretenderá se defender? Provavelmente do fato de Amaury Ribeiro Jr ter imputado a todo o partido os atos obscuros de Serra.


O PSDB poderá alegar que em nenhum momento as provas apontam para uma ação orquestrada de partido. Se for por aí, será uma tática esperta, porém falsa. Espera-se que o juiz reconheça que não há provas de ação de partido nas maracutaias denunciadas. Depois, dá-se ampla cobertura à sentença, como se fosse condenação do conteúdo do livro como um todo.


Ocorre que, se a lógica da ação for por aí, o PSDB trará para si o cálice do qual Serra foge qual o diabo da cruz. Aí se entrará de cabeça na politização do episódio, no questionamento não das propinas supostamente pagas, mas de todo processo de privatização. O partido entregará de bandeja sua bandeira e, principalmente, sua única referência política; FHC.


O mais lógico seria PSDB e velha mídia “realizarem o prejuízo” – como se diz no mercado do ato de vender ações que estão dando prejuízo sabendo que, quanto mais o tempo passar, maior será o prejuízo incorrido.

CPI pretende provar propinas e ligá-las a privatizações de FHC


As primeiras menções que a grande imprensa vem fazendo à ressurreição do escândalo das privatizações da era Fernando Henrique Cardoso, ressurreição essa desencadeada pelo livro A Privataria Tucana, têm sido no sentido de desqualificar e minimizar as denúncias. A desqualificação se dá em relação ao autor da obra, como todos sabem, mas pouco tem sido dito sobre a minimização do que ela denuncia.
A imprensa minimiza as denúncias dizendo que não estabelecem ligação entre a surpreendente movimentação internacional de pequenas fortunas por parentes e assessores do ex-ministro, ex-prefeito e ex-governador José Serra e o processo de privatizações empreendido pelo governo federal do PSDB (1995-2002). Além disso, esses órgãos de imprensa acusam as denúncias de ser “requentadas” por já terem sido divulgadas por eles mesmos.
É surpreendente como às vezes é difícil enxergar as coisas com clareza. Notem que em nenhum momento esses órgãos de imprensa questionaram as denúncias ou negaram que alguma afirmação contida no livro seja verdadeira. E não fizeram isso simplesmente porque o livro comprova que filha, genro, primo e tesoureiro de campanha de Serra, pelo menos, envolveram-se em movimentações financeiras das quais ninguém sabe a origem e que, essas sim, constituem fatos novos.
As relações perigosas do ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e ex-tesoureiro de campanha de Fernando Henrique Cardoso e José Serra, Ricardo Sergio de Oliveira, com o empresário Carlos Jereissati, irmão do tucano Tasso Jereissati, bem como as offshores, os doleiros, o duto formado pelo MTB Bank e o Banestado, toda aquela rede suspeita e sua movimentação criminosa foram alvos da CPI do Banestado, em 2003. Todavia, nunca foram vistas provas tão sérias de que Verônica Serra enriqueceu muito, rapidamente e ainda muito jovem.
Alguém com a capacidade de Verônica de ganhar dinheiro (antes dos trinta anos) partindo só do trabalho assalariado deveria ser uma das pessoas mais famosas e comentadas do mundo. Modesta, porém, a filha de Serra sempre foi avessa a holofotes quando deveria ser motivo de orgulho para o pai e estudada como expoente da genialidade brasileira. Ainda assim, Justiça e imprensa jamais tiveram efetiva curiosidade sobre esse prodígio do mundo dos negócios.
Já sobre o livro da privataria não comprovar que os milhões de dólares que pingaram nas contas de parentes e amigos de Serra têm ligação com as privatizações, de fato a obra não comprova. Até porque, se comprovasse não haveria o que investigar. O inquérito seria concluído rapidamente e os envolvidos seriam condenados pela Justiça sem maiores discussões.
Parte da oposição lembra que já houve uma CPI das privatizações e que por isso seria ocioso criar outra. De fato, uma CPI com esse objeto foi criada em janeiro de 2006, ano de sucessão presidencial, como forma de coibir o ímpeto da oposição nas CPIs dos Correios e dos Bingos. Com a criação de uma Comissão para investigar as privatizações tucanas, todas essas CPIs acabaram em pizza e todos os envolvidos foram alegremente disputar as eleições daquele ano.
A CPI das privatizações mal chegou a funcionar. Não foram convocados os principais cabeças do processo, denúncias sobre pagamento de propinas não foram investigadas e o próprio preço pelo qual as empresas foram vendidas não foi devidamente questionado, até porque dizia-se que fazê-lo criaria temor nos mercados de que o Brasil viesse a promover “quebra de contratos”, ou seja, que viesse a retomar as empresas vendidas a preço vil.
Eis, então, o potencial explosivo da CPI da Privataria que pode vir a ser instalada já no alvorecer de 2012. Em primeiro lugar, esses parentes e amigos de Serra certamente terão que explicar a origem dos incontáveis milhões de dólares que pingaram em suas contas. Conseguirão – ou ao menos conseguiriam – explicar alguma coisa?
Até hoje não surgiu uma única explicação para o enriquecimento súbito dos parentes e amigos de Serra além da genialidade empresarial dessas pessoas. A CPI, portanto, terá, obrigatoriamente, que convocar Verônica Serra, Carlos Jereissati, Ricardo Sérgio de Oliveira, Gregório Marin Preciado, José Serra e até Fernando Henrique Cardoso, entre outros. Mas quem terá que dar mais explicações serão pai e filha.
Por que a filha de Serra teve que abrir offshore nas Ilhas Virgens?
É aceitável que a filha de um político tão importante tenha tido milhões de dólares trafegando por instituições financeiras acusadas de lavar dinheiro de terroristas e traficantes?
Que salários o fundo de investimentos americano International Real Returns (IRR) pagava à genial filha do tucano para ela aumentar tanto e tão rapidamente seu patrimônio?
Está certo a filha de um ministro de Estado receber bolsa de estudos em Harvard – ou em qualquer outra parte – de empresários que tinham interesses no governo a que esse ministro servia?
Essas são apenas algumas das questões que o livro da privataria levanta e que desmontam a aura de santidade que a imprensa criou em torno de Serra ao ignorar questionamentos a ele que jamais foram ignorados em relação a Lula e aos seus filhos, por exemplo.
Se explicações muito convincentes não surgirem sobre o enriquecimento do entorno social e familiar de Serra, haverá que descobrir se ele mesmo não foi o beneficiário dessas fortunas sem origem. Estará caracterizado, assim, que essas pessoas e o próprio tucano beneficiaram-se de algum esquema ilegal. Então algum espírito de porco perguntará: que esquema?
O único esquema disponível para especulações será aquele que o livro diz ter permeado o programa de privatizações do governo FHC. É nesse momento que se chegará à conclusão de que se propina houve, alguém pagou. Investigando de onde veio esse dinheiro todo que irrigou as contas dos parentes e amigos de Serra, então, poder-se-á chegar a empresários que compraram o patrimônio público privatizado.
Se até hoje não se conseguiu provar que os preços pelos quais as empresas foram vendidas eram preços aviltados, diante da comprovação de que quem comprou pagou propinas a quem conduziu o processo não restará nada além de concluir que são falsos ou distorcidos os argumentos que “explicam” os baixos preços de uma Vale ou de um Sistema Telebrás.
A pergunta de um trilhão de dólares, portanto, é a seguinte: se as empresas foram vendidas por preços aviltados e se houve roubo de patrimônio público, o que acontecerá com elas? Serão retomadas? Os compradores terão que pagar a diferença? Ou dirão que o negócio não deveria ter sido feito, sim, mas já que foi feito não haverá mais o que fazer? E se as empresas forem retomadas, os “mercados” internacionais aceitarão tal “quebra de contrato”?
Viu, leitor, como será difícil instalar essa CPI?

Para analistas, Dilma perdeu tempo lidando com crises



Para analistas, Dilma perdeu tempo lidando com crisesFoto: WILLIAM VOLCOV/AGÊNCIA ESTADO

NA VISÃO DE CIENTISTAS POLÍTICOS, AO GASTAR TEMPO E ENERGIA ADMINISTRANDO DENÚNCIAS, O GOVERNO PERDEU UMA OPORTUNIDADE ÚNICA DE EMPLACAR AS REFORMAS NECESSÁRIAS, COMO A POLÍTICA E A TRIBUTÁRIA

Por Agência Estado
30 de Dezembro de 2011 às 08:45Agência Estado
Em seu primeiro ano de governo, a presidente Dilma Rousseff se destacou pela personalidade forte, pela elegância na relação com os adversários políticos e por perder boa parte do tempo lidando com crises ministeriais. Essa é a visão de cientistas políticos ouvidos pela Agência Estado, que consideraram a rotina de crise maléfica para a governabilidade. Segundo os analistas, ao gastar tempo e energia administrando denúncias, o governo perdeu uma oportunidade única de emplacar as reformas necessárias, como a política e a tributária.
"Minha impressão foi que ela ficou administrando os conflitos da base. Não foi um ano transformador", resumiu Carlos Melo, do Insper. Os analistas afirmam que o primeiro ano do governo é o momento ideal para a implementação de reformas, já que o presidente assume a administração com o respaldo das urnas. "Não ter feito as reformas compromete. Um governo novo tem mais força política para fazer reformas", reforçou o cientista político Rubens Figueiredo.
Mas se Dilma passou o ano consertando o "malfeito", ela ganhou o apoio da população ao se mostrar intolerante com a corrupção. "Ao contrário do governo anterior, as denúncias tiveram consequências", lembrou Figueiredo. A ideia de "faxina" ganhou destaque, mas os analistas apontam que a impressão de "limpeza profunda" não condiz com a realidade. "Faxina seria a disposição do governo de limpar a casa. No caso, o vaso quebrou e Dilma só recolheu os cacos", comparou Carlos Melo. O professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fábio Wanderley, compartilha da opinião de Melo. "Não é propriamente uma faxina", ponderou. Mesmo com uma reforma ministerial, a qualidade da base de apoio, ressaltou Melo, impede que a presidente se livre facilmente do ciclo de denúncias. "Enquanto a gente tiver essa composição, e a sociedade tem culpa porque vota mal, não tem faxina. Ela pode se livrar de alguns móveis velhos, mas faxina de verdade é mais difícil", disse.
Oposição
A rotina de troca de ministros, embora tenha agradado a opinião pública, comprometeu o bom desempenho do governo Dilma Rousseff, indicam os cientistas. "É como numa empresa, se você começar a trocar toda hora a diretoria, vai ter problema de performance. Cada um que entra compromete a ação administrativa", afirmou Figueiredo. "No Brasil, a boa administração briga com a política", emendou. Refém dos interesses da base aliada, a presidente não teve força para emplacar sua agenda e teve de negociar para não perder a governabilidade. Por isso, mesmo com a ineficiência da oposição, os analistas acreditam que os partidos aliados acabaram agindo como inimigos. "A oposição não foi dos partidos de oposição, que foram uns zero à esquerda. Ela teve mais oposição dentro de casa", analisou Melo.
Se Dilma não teve sorte com sua base, a primeira mulher presidente do Brasil "caiu no gosto do eleitorado". "Para mim houve superação das expectativas e o resultado é melhor do que a encomenda. É notável que ela tenha níveis de popularidade à altura do Lula", elogiou Wanderley. O professor da UFMG acredita que a popularidade de Dilma se deve à continuidade das políticas sociais do governo Lula.
Jogo de cintura
Na opinião dos analistas, a presidente Dilma também se destacou por seu jogo de cintura e capacidade de liderança. Mesmo alinhada com Lula, Dilma não se mostrou submissa ao antecessor. "Ela tem luz própria", observou Figueiredo. Um exemplo disso foi a condução da política externa brasileira em determinadas situações, como no endurecimento do discurso com a Síria. "Ela foi bem, foi menos polêmica, evitando bolas divididas. O governo assumiu o que a população queria ouvir", ressaltou Melo.
Outro ponto positivo de Dilma, segundo os cientistas, foi a aproximação com os governadores da oposição e a elegância no trato com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, menosprezado por Lula durante seus oito anos de governo. "Ela se mostrou uma presidente sensível, com uma postura menos bélica", comentou Figueiredo.
O estilo reservado de Dilma também foi elogiado. "É um governo menos voltado para o espetacular. O governo Lula era um governo show, enquanto ela é mais voltada para a administração", acrescentou Figueiredo.

Veja presenteia seus leitores no Réveillon



Veja presenteia seus leitores no RéveillonFoto: DIVULGAÇÃO

REVISTA COMUNICA FORMALMENTE O AFASTAMENTO DE MARIO SABINO; DIRETOR EURÍPEDES ALCÂNTARA SE FORTALECE

30 de Dezembro de 2011 às 10:07
247 – No editorial de sua última edição de 2011, a revista Veja dá um belo presente de fim de ano a seus leitores. O carro-chefe da editora Abril comunica oficialmente o afastamento de Mario Sabino do cargo de redator-chefe, qualificando-o como profissional de “enorme valor”, “raro talento” e “inexcedível dedicação”. Noblesse oblige, diriam os franceses.
Enquanto comandou a revista Veja, Sabino esteve à frente de reportagens polêmicas, como a das propinas que eram pagas em espécie na Casa Civil, publicada às vésperas da eleição presidencial de 2010, a da invasão do quarto de um hotel em Brasília onde se hospedava José Dirceu, neste ano, e também as entrevistas de páginas amarelas com Roberto Podval, advogado do próprio Sabino.
Assim que Fabio Barbosa, ex-CEO do Santander, foi indicado como presidente do grupo Abril, o Brasil 247 foi o primeiro veículo de comunicação do País a prever a queda de Mario Sabino. Acertamos na mosca, uma vez que a biografia de um (Barbosa) seria incompatível com o estilo de outro (Sabino).
Poder assegurado
Agora, aparentemente, Sabino poderá se dedicar ao ostracismo literário e à atividade de assessor de imprensa. Consta que ele poderá vir a ser vice-presidente da CDN, de João Rodarte, mas há dúvidas no mercado. Um bom assessor de imprensa necessita de boas amizades e bons relacionamentos no mundo editorial – o que talvez não seja o caso de Sabino.
Enquanto isso, em Veja, o diretor de redação, Eurípedes Alcântara, assegurou o seu poder. O mercado dava como certa a vinda de André Petry, atual correspondente em Nova York, para o cargo de redator-chefe.
Petry, naturalmente, seria uma sombra também para Alcântara. Mas o atual diretor, que se move bem politicamente e tem boas relações até com a presidente Dilma Rousseff, assegurou seu espaço de poder na disputa interna da Abril.
Em vez de um, Veja agora tem quatro redatores-chefe. São eles: Thais Oyama e Fábio Altman, em São Paulo, Lauro Jardim, no Rio de Janeiro, e Policarpo Júnior, em Brasília. Todos nomes que já faziam parte do time de Veja.
E quem tem quatro redatores-chefe, na prática, não tem nenhum.
Fiel aos ensinamentos de Maquiavel, Eurípedes Alcântara soube dividir para reinar.