domingo, 5 de fevereiro de 2012

No governo Dilma, reforma agrária registra pior ano desde 95


JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BRASÍLIA

A expansão da reforma agrária alcançou, no primeiro ano da gestão Dilma Rousseff, o patamar mais baixo desde, ao menos, 1995.

Dados consolidados pelo Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) mostram que, em 2011, o número de famílias sem-terra assentadas foi de 21,9 mil, 44% inferior ao recorde negativo anterior, em 2010, quando 39,5 mil famílias foram assentadas.
O órgão federal admite que existem cerca de 180 mil famílias esperando um lote.

Há outros indicadores que mostram a lentidão do programa de redistribuição de terras: a quantidade de assentamentos criados e a área incorporada.

É impossível saber se os números do ano passado são ainda piores do que os de antes de 1995, pois foi naquele ano que a atual metodologia de compilação de dados passou a ser utilizada.

O conjunto de números indica que o avanço da reforma agrária vem diminuindo desde o ápice de 2006, quando o ex-presidente Lula foi para a reeleição sob a sombra do mensalão e buscou apoio nos movimentos sociais.

O ritmo lento do programa em 2011 criou irritação no MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que, em nota, exigiu que o "governo cumpra com os compromissos assumidos na jornada de agosto" do ano passado, quando integrantes do movimento foram protestar em Brasília.

GASTOS

No início daquele mês, a Folha revelou que o gasto com a evolução da reforma agrária era então o mais baixo da última década.

Em 2011, ele acabou fechado em R$ 754,2 milhões --só mais alto do que o de 2010, quando analisado o espaço temporal desde 2001.

O Incra não nega a tendência indicada pelos dados. Mas tem dito que ela se deve a uma nova visão de como lidar com a questão: em vez de priorizar o acesso aos lotes, o governo quer agora ter certeza de que há infraestrutura para que eles produzam. A orientação vem de Dilma.

Celso Lacerda, presidente do Incra nomeado neste ano, defende a tentativa de Lula de tentar resolver a questão fundiária, mas assume que esses esforços não foram suficientes, e que muitas vezes os trabalhadores rurais foram "largados".

Em novembro, o próprio órgão excluiu de seu cadastro 13% das 800 mil famílias assentadas desde 2001 por, dentre outras irregularidades, terem vendido ou abandonado seus lotes.
No entanto, a intenção governamental ainda não se concretizou. O desembolso com a principal conjunto de ações para estruturar assentamentos no ano passado foi o mais baixo da última década: R$ 65,6 milhões.

PSDB contrata empresa para atualizar dados de filiados em São Paulo


Daniel Bramatti - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Inconsistências em sua lista de filiados levaram o PSDB de São Paulo a contratar uma empresa de telemarketing para atualizar os dados dos tucanos que, em março, escolherão o candidato a prefeito do partido. "Precisamos melhorar a qualidade do nosso cadastro", afirmou o presidente municipal do PSDB, Julio Semeghini. "Há pessoas com dados desatualizados, principalmente o endereço."
No final de janeiro, reportagem do Estado revelou a existência de tucanos que nem sequer sabiam que estavam filiados ao partido. Alguns apontaram cadastros em um programa social do governo estadual - o Vivaleite - como explicação para sua conexão com a legenda.
Até o momento, a busca do PSDB por seus filiados já chegou a cerca de 8.500 pessoas, de uma relação que supera os 21 mil nomes. Semeghini negou que o levantamento possa levar a uma mudança na lista de tucanos aptos a votar nas prévias do partido.
"Não seria possível fazer isso sem um novo recadastramento", afirmou. Em 2009, um recadastramento reduziu o número de filiados na capital, então próximos dos 40 mil, para algo em torno da metade.

Exército cerca a Assembleia onde acampam PMs em greve na BA


Tiago Décimo e Diego Zanchetta, de O Estado de S. Paulo
O governo baiano, com o apoio das tropas federais, iniciou, na noite deste domingo (5), a tentativa de desocupação da Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, onde policiais militares grevistas acampam, junto com as famílias, desde terça-feira, e de cumprimento de 11 mandados de prisão expedidos pela Justiça baiana contra os líderes do movimento, que estão no local.
O abastecimento de energia elétrica no local foi cortado, por volta das 19 horas, e as tropas federais fazem incursões no entorno do prédio, usando, entre outros veículos, os blindados Urutu do Exército, que chegaram hoje à cidade, e helicópteros. A iluminação de alguns pontos do prédio e dos holofotes instalados do lado externo é mantida por geradores de energia, usados para casos de emergência.
Os policiais grevistas dizem não querer confronto com as tropas do Exército ou com os 40 integrantes do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (PF), que chegaram hoje a Salvador para cumprir os mandados de prisão, mas avisam que vão responder eventuais atos de violência com violência.
Cerca de 300 PMs amotinados aglomeram-se na frente da Assembleia, na noite de hoje. "Chamem seus colegas, esta é uma noite fundamental para nossa luta", disse o líder da greve, o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), em discurso feito por volta das 21h30.
De acordo com ele, o comando da PM do Estado teria feito uma proposta pelo fim do movimento e da ocupação. "Falei com o coronel (Alfredo) Castro (comandante-geral da PM) e ele propôs anistia total e irrestrita a todos os companheiros grevistas, a incorporação de duas gratificações aos salários e a revogação de todos mandados de prisão, menos o meu", disse, aos PMs que estão no local. Em seguida, Prisco perguntou aos grevistas se aceitavam a proposta. Eles negaram.
Segundo o governo, porém, não foi feita nenhuma proposta aos amotinados. "A única proposta do governo é: voltem a trabalhar", rebateu o secretário de Comunicação, Robinson Almeida. "Os mandados de prisão serão cumpridos, mais cedo ou mais tarde. Isso já saiu da esfera do Estado, é uma determinação do governo federal."
Homicídios
Apesar da presença de mais de 1,5 mil militares e integrantes da Força Nacional de Segurança nas principais vias de Salvador e da região metropolitana, os bairros periféricos ainda registram altos índices de violência. Na região metropolitana, houve 18 casos entre as 19 horas de sábado e as 7 horas de ontem - 9 em Salvador. Desde o início da greve, na noite de terça-feira, foram 84 homicídios na região metropolitana, que teve média de 6,1 assassinatos por dia no ano passado. Dos crimes, 57 foram registrados em Salvador - que teve média de 4,2 homicídios diários em 2011.
Durante o dia, novos atos de vandalismo foram registrados na cidade. Duas lojas e dois supermercados foram arrombados e saqueados. No bairro periférico de Arenoso, um ônibus foi metralhado por dois homens. Já o comércio das cidades do sul baiano e as agências bancárias só vão reabrir hoje, sob a escola de 330 homens do Exército que chegaram ontem à região.

Dilma enfrentou motim na Bahia


(Foto de Almiro Lopes - Jornal Correio)
Conversa Afiada reproduz texto de amigo navegante baiano, vítima dos amotinados:

Desde a terça-feira feira, que as ruas de Salvador e das principais cidades do interior da Bahia começaram a esvaziar, tomadas pelo medo que assusta a população por conta da greve de parte dos policiais militares do estado.


O motim é fruto da “revolta” de apenas uma associação de praças da PM, entre as quase 30 que existem no estado. Esta minoria foi às ruas e está acampada na Assembléia Legislativa da Bahia. O que chama a atenção é que em vez de faixas e gritos de ordem, eles usam armas, apontam-nas para cima, ameaçam e amedrontam a população, usam o seu “poder de armados” (porque isso não é polícia) para fechar avenidas e gerar pânico.


O que era para ser uma causa trabalhista, uma greve como acontece com médicos e qualquer outro funcionário público, tornou-se uma causa nacional. Por causa deste pequeno grupo que tenta aterrorizar Salvador, o Governo Federal agiu rapidamente. Preocupado em manter a ordem pública na Bahia, a presidenta Dilma Rousseff já enviou, até este sábado, mais de dois mil militares do exército, quase quinhentos homens da Guarda Nacional de Segurança Pública, além de solicitar apoio da Marinha, Força Aérea e Polícia Rodoviária Federal. O General Gonçalvez Dias, que comanda as ações no estado, disse que se for preciso, mais homens virão, para que a população não seja prejudicada.


O líder dos Policiais que estão em greve é o ex-soldado Marco Prisco, que foi exonerado da corporação em 2002 por causa da atuação abusiva na última greve da PM, em 2001. Sites da Bahia noticiam que ele é filiado ao PSDB e que foi candidato a deputado estadual nas últimas eleições pelo PTC. Enquanto a população está com medo, a oposição ao governo de Jaques Wagner tentar ganhar espaço político, mas é abafada com as decisões rápidas do governo Dilma.


Hoje, chega a Salvador o Ministro da Justiçam José Eduardo Cardozo, que vai falar das ações das Forças Armadas para tranqüilizar as pessoas. Qualquer reivindicação salário é válida, ainda mais quando se trata da Polícia Militar, instituição fundamental para o crescimento da sociedade. O que não dá para suportar é um motim contra o governo, feito por uma minoria, assustando a população, levantando armas, cenas que vão ao encontro do processo de democracia e respeito à legislação.



Em tempo: sempre com a mão de gato do PiG (*),  serão os mesmo arruaceiros, que, no Ceará, também queriam derrubar a Dilma ? – PHA

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Depois de um mês, quem diz que a Cracolândia acabou?





por Gustavo Costa*

03 de janeiro de 2012.
São Paulo e o Brasil amanhecem atentos à operação policial que ocupou a região da Cracolândia.
Viaturas, helicópteros, muita polícia.
O Estado se fez presente com uso da força e da truculência.
Arrancou a pontapés usuários de crack das ruínas da rua Helvétia com a Dino Bueno. 

Um lugar escabroso onde centenas de pessoas sobreviviam em meio ao lixo e a excrementos há anos.
Os despejados daquele espaço insalúbre foram empurrados para uma praça qualquer, ali perto mesmo.
Nos dias seguintes, forças policiais ocuparam as ruas do centro. Fincaram suas bases.
As ruínas vieram abaixo.
A dupla Alckmin-Kassab anuncia:  "A Cracolândia acabou".
Pronto, está tudo resolvido, ela não existe mais.
Não, ela não acabou.
A Cracolândia é itinerante.
Ela está esparramada como um câncer pelo centro de São Paulo em vários grupos menores, de 20, 30 pessoas, que continuam vagando pelas ruas da cidade. E escondida debaixo de pontes e viadutos.
O consumo e o tráfico de crack continuam livres.
Os dependentes continuam abandonados, humilhados a cada abordagem policial.
Sem médico.
Sem teto.
Sem dignidade.
Tratados à base de cacetetes e balas de borracha.

O centro de São Paulo vai continuar adoecendo enquanto nós não olharmos na cara dessa gente.
Enquanto um problema social, uma epidemia, estiver sob atribuição da polícia.
E enquanto o Estado não descobrir que por trás de cada cachimbo de crack tem uma história, tem uma vida humana.



(*) Gustavo Costa é um dos mais premiados telejornalistas da nova geração.

http://maureliomello.blogspot.com/2012/02/depois-de-um-mes-quem-diz-que.html

Movimento “Somos Todos Pinheirinho”



do Movimento “Somos Todos Pinheirinho”, enviado por e-mail
Pessoas em várias cidades do mundo estão agindo em rede para mostrar sua indignação  pelos acontencimentos no Brasil. São brasileiros e pessoas de várias nacionalidades buscando pressionar para que a situação das famílias em Pinheirinho não caia no esquecimento facilmente.
Tem havido atos em várias cidades, como Berlin, Madrid, Paris, Buenos Aires. Outros devem acontecer em outras cidades.
LISBOA
Foi realizado, ontem, dia 1 de fevereiro, em frente ao Consulado brasileiro, em Lisboa, uma manifestação contra a violência de Estado e privada que está a ocorrer no Brasil. Cerca de 50 pessoas, brasileiras e portuguesas, distribuíram um manifesto e recolheram assinaturas para um abaixo- assinado destinado à presidente Dilma Rousseff e ao cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Renan Paes Barreto.
O manifesto, divulgado pela organização do protesto, repreende as desocupações, realizadas no dia 22 de janeiro, no Bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, em São Paulo, onde cerca de 1600 pessoas foram desalojadas. Também, denuncia o que vem ocorrendo em outras desapropriação em diversas regiões do Brasil, por conta da Copa do mundo, de 2014 e dos jogos Olímpicos, de 2016. Critica, ainda,  “a legitimação da violência como um processo de segregação social”.
Diversas pessoas uniram-se à mobilização, integrando-se ao grupo. Os manifestantes aproveitaram para criticar a atuação de alguns meios de comunicação, que, apesar de terem grande representatividade e trabalhadores na capital portuguesa, não compareceram ao ato.
O cCônsul do Brasil, ao sair do Consulado, deparou-se com os manifestantes, aceitou o manifesto e o abaixo-assinado e declarou que o governo federal já havia divulgado a sua posição em relação à ocorrido em Pinheirinho. Um secretário do Consulado,  que não quis se identificar, entregou uma matéria divulgada pelo jornal Diário de Pernambuco, que reafirma a declaração dada pelo Cônsul. Após a entrega dos documentos, o protesto continuou com uma caminhada pelo centro de Lisboa,  denunciando a violência e as desocupações no Brasil.
MADRI
Nós, brasileiros residentes em Madrid, ao tomarmos conhecimento da violenta ação de reintegração de posse executada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo juntamente com a Prefeitura de São José dos Campos  contra a Comunidade de Pinheirinho, decidimos realizar um ato em Solidariedade a Pinheirinho em frente à Embaixada do Brasil em Madrid no dia 27/01/2012.
Inconformados com as brutais imagens da invasão, assim como com a destruição de casas e bens, a ausência de medidas sociais dignas de realojamento desses cidadãose a atual situação em que se encontram, decidimos também formalizar aos órgãos competentes a grave violação dos direitos humanos sofrida por essa comunidade.
No dia 27/01/2012, assim que chegamos à frente da Embaixada do Brasil em Madrid para o Ato,  fomos impedidos de realizá-lo naquela  calçada  por ordem da Polícia Nacional da Espanha. Porém, conseguimos nos reunir do outro lado da rua, onde acendemos velas e estendemos uma faixa em solidariedade a Pinheirinho.
Solicitamos um diálogo com o embaixador, mas fomos recebidos pelo secretário com o qual tivemos uma conversa de esclarecimento sobre o ocorrido com Pinheirinho e de como a embaixada poderia intermediar nosso contato com o governo federal para formalizarmos a denúncia. Acordamos que encaminharemos um documento de denúncia através da Embaixada dirigida a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Como cidadãs e cidadãos brasileiros (as) estamos preocupados com a vida dos nossos concidadãos e estamos articulados e mobilizados no exterior para denunciar a crescente violência policial e as violações dos direitos humanos no Brasil.
BERLIM
BUENOS AIRES
manifestação hoje em Buenos Aires foi bastante produtiva. Reunimos cerca de 30 pessoas entre brasileiros e argentinos e coletamos umas 80 assinaturas para nossa carta. Nos reunimos no Obelisco, ficamos lá uma hora e meia num sol de rachar (semana que vem nossa proposta é fazê-lo no fim da tarde) e caminhamos um pouco pelo centro até chegar na embaixada. Lá deixamos alguns cartazes, tiramos umas fotos e nos dispersamos, já nos preparando pro ato da semana que vem. Não tivemos nenhum problema com a polícia. Aqui as manifestações são muito comuns.

O plano para invasão de Pinheirinho

Se não conseguir clic no link http://www.conversaafiada.com.br/video/2012/02/05/video-bomba-o-plano-para-invadir-pinheirinho/



Depois a gente combina com a Veja

Herzog e Pinheirinho: Folha reescreve a (sua) História


Na pág. A11, notável colonista (*) da Folha (**) e do Globo – diz-me com quem andas … -, aquele que consegue vestir múltiplos chapéus, tenta reescrever a História de Pinheirinho, aqui tratada de a “Nova Canudos”, da perspectiva do comandante do 2º distrito militar, general Arthur Oscar de Andrade Guimarães, que perpetrou o Massacre de Canudos.

A culpa é do “comissariado do Planalto”, ou seja da “doutora Dilma”, diz o dos chapéus.

Segundo Euclides da Cunha, no capítulo II sobre a Quarta e finalmente vitoriosa expedição sobre os “invasores” de Canudos,  Arthur Alckmin Oscar só aceitou a elevada função depois de pronunciar notável frase:

“Todas as grandes ideias têm os seus mártires. Nós estamos voltados ao sacrifício de que não fugimos para legar à geração futura da família Naji Nahas uma propriedade firme e respeitada.”

(A frase, de fato, comete o generalíssimo Arthur Oscar à Elevada Tarefa de salvar a República de uns maltrapilhos invasores, catadores de papel.)

A menção a Canudos e Euclides é uma forma de homenagear o notável historialista de chapéus, porque o que faz não é História nem Jornalismo.

Foi ele quem, desde o primeiro momento do Massacre, chamou Naji Nahas de “financista”.

Neste domingo sombrio da Folha, ele diz, textualmente:

“Pode-se achar que essas iniciativas (os Massacres da Cracolândia e da Nova Canudos – PHA) foram desastradas, mas estavam entre suas atribuições.”

O general Golbery, a quem o supra citado colonista dispensa o tratamento de um Thomas Jefferson na construção da Democracia brasileira, também considerou uma lambança o atentado do Riocentro, que pretendia matar o Chico Buarque e mil espectadores num show de música.

Uma lambança.

Se estivesse a cargo do general Geisel, Pinheirinho não teria sido uma lambança.

(A Geisel, o notável historialista dedica o papel de George Washington na fundação da Democracia brasileira.)

A versão do notável colonista/historialista coincide com a dos tucanos serristas, que este ansioso blogueiro ouviu na Nova Canudos.

Explica-se.

O notável colonista/historialista é daqueles que chamam o Cerra de “Serra” e, de madrugada – há testemunhas dessa cena sombria – os dois trocam receitas de veneno.

Outra revisão da História a Folha (*) aplica à seção “Ilustríssima”, que não é Ilustre nem tem ilustrações.

Trata-se de uma descoberta trepidante.

Do fotógrafo da Polícia Civil que fez a foto do “enforcamento” do Vladimir Herzog, no Doi-Codi de São Paulo, em 1975.

O depoimento do supra-citado fotógrafo é de uma inutilidade colossal.

Não revela absolutamente nada.

“Não tive liberdade. Fiz aquela foto praticamente da porta.”

E daí ?

O que tem isso a ver com a morte do Herzog ?

Quem o matou ?

Quem o pendurou ali ?

Que lenço branco era aquele em torno do pescoço ?

O fotógrafo explica tudo:

“Ele usava uma Yashica 6×6 TLR, câmera tipo caixão, biobjetiva, com visor na parte de cima, semelhante a uma Rolleiflez.”

Que furo !

Exclusivo da Folha !

Agora, amigo navegante, essa inutilidade travestida de História serve para a a Folha dedicar duas páginas inteiras a recontar o assassinato de Herzog com tintas de heroismo e defesa incansável dos Direitos Humanos.

A Folha como paladino da Liberdade.

Sim, amigo navegante, a Folha do Caldeira e do “seu” Frias, que emprestavam os carros de reportagem, com o logo da Folha pintado,  e as páginas a Folha da Tarde aos mesmos assassinoso do Herzog.

Viva o Brasil !


Paulo Henrique Amorim

PSDB-SP: de 40.000 para 8.500 filiados, mas deve ser menos



Da Folha
Pressionado pelos pré-candidatos e confrontado com inconsistências nos dados, o PSDB paulistano decidiu revisar sua lista de filiados, hoje com quase 22 mil nomes, e descobriu que os militantes ativos do partido não chegam à metade desse número.
O partido vai entregar uma nova lista aos quatro tucanos inscritos nas prévias -- os secretários estaduais Andrea Matarazzo (Cultura), Bruno Covas (Meio Ambiente) e José Aníbal (Energia), além do deputado Ricardo Trípoli.
Até a última sexta-feira, a relação tinha cerca de 8.500 nomes. É a segunda vez que o PSDB revê seu número de filiados. A primeira contagem tinha cerca de 40 mil nomes.
Os primeiros a perceber as falhas foram os próprios pré-candidatos, que, ao tentar fazer contato para pedir votos para as prévias, viram que havia nomes de eleitores que já morreram e pessoas que não têm vínculo com a legenda.
"São pessoas que mudaram de São Paulo ou mesmo que mudaram de opinião e que não estão mais conectadas ao partido. Isso é natural e estamos tentando limpar essas incorreções", afirmou o presidente municipal da sigla, Julio Semeghini.
Para testar a atual lista, a reportagem telefonou para os 36 eleitores de Parelheiros (bairro de periferia na zona sul de São Paulo) que têm o número do telefone celular na lista dos tucanos.
Só dois estavam corretos e, desses, só um se disse simpatizante do PSDB. O outro, Rodrigo Gabriel Soares, diz que se filiou para ajudar um amigo, mas que não olha para partido quando vota. "Se eu pudesse sair [da lista], seria bom. Recebo muita propaganda dessas prévias e não estou interessado."
As falhas vão além. No último domingo, reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" identificou entre os filiados simpatizantes do PT e eleitores que acabaram no cadastro do PSDB depois de ter feito inscrição em programas sociais do governo estadual, comandado pelos tucanos.
A direção do partido e os quatro pré-candidatos calculam que de 4.000 a 6.000 saiam de casa para votar nas prévias, em 4 de março.

O assassinato de Einstein em Manhattan








Fernando Soares Campos:
testemunha do crime e autor

Assaz Atroz
Albert Einstein viera a Nova Iorque com a missão de acompanhar e assessorar o Distrito de Engenharia Manhattan, o famoso Projeto Manhattan, que tinha como meta produzir a bomba atômica.

Naquela noite de 7 de dezembro de 1944, o já relativamente célebre cientista caminhava pela calçada. O rigoroso inverno nova-iorquino castigava até a sua preciosa massa encefálica. Absorto em conjecturas sobre a possibilidade de viajar no tempo e no espaço sem queimar um baseado, Einstein parou ao lado de uma lixeira. Enfiou a mão no bolso do sobretudo, sacou uma pequena lanterna, acendeu e colocou-a sobre o coletor de lixo.

Ficou por alguns minutos contemplando o tênue feixe de luz. Inclinou-se, encostou o rosto na lanterninha e mirou por cima da projeção luminosa. “Será possível?!” Ergueu-se, olhou ao redor e certificou-se de que ninguém o observava. Cruzou os braços, fechou os olhos e cerrou o cenho. Assim, concentrado, nem notou que começara a levitar.

Um gato preto, sentado na escada de incêndio de um prédio em frente, assistia àquela cena insólita. O felino arrepiou-se quando viu Einstein elevar-se lentamente, se posicionar sobre o feixe de luz da lanterna e, num átimo, sumir! Shuuupt! – “Myauauau!” [“Acho que estou sonhando!”]

No umbrático cenário apareceu um mendigo, que pegou a lanterna, examinou a peça curiosamente e a desligou. O homem nem podia imaginar que, ao clique de desligar, Einstein despencou e se esborrachou no chão. Ploft!

Estirado no meio da calçada, um tanto sonolento, abriu os olhos lentamente. No primeiro momento não percebeu que já era dia claro, mas aos poucos sua vista foi-se adaptando à claridade, e ele enxergou o mundaréu de gente que transitava no local. Ao seu lado já se acumulava umas moedas e até algumas cédulas verdinhas de baixo valor.

O venerável cientista levantou-se e pôs-se a caminhar acompanhando um dos fluxos dos transeuntes. Só aí notou que permanecia em Manhattan, na mesma calçada em que empreendera aquele esforço de concentração, na noite passada. “Noite passada?!” – Imaginou que talvez, depois da intensa pressão mental, tivesse arriado devido a um possível colapso dos sentidos.

A passos vacilantes e ainda em estado de ligeiro torpor, Einstein caminhava sem notar qualquer alteração ambiental. Ouviu uma música e parou em frente à loja da qual emanava o som, sem olhar para o estabelecimento. A canção lhe pareceu estranha, mas bastante agradável. Fechou os olhos e aguçou a audição:

Imagine que não há paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que lutar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu tenho a esperança de que um dia
você se juntará a nós
E o mundo será como um só

Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade humana
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo

Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo viverá como um só

A música cessou. Inspirado na poética composição ele formulou uma de suas geniais tiradas: “Imaginar é mais importante que o saber, pois o conhecimento é limitado, enquanto a imaginação viaja ao infinito”.

Continuou a caminhar. Parou numa esquina, parecia estar apreciando a movimentação das pessoas e o trânsito de veículos nas ruas, mas na verdade ele estava alheado de tudo, por isso nem notou a aproximação de um rapaz que carregava um livro preso no sovaco.

O jovem o abordou:

– Queira me desculpar, mas o senhor não é Albert Einstein, que foi professor na Universidade de Princeton?

– Sim, mas... eu não “fui” professor em Princeton – estranhou. – Ainda faço parte do corpo docente daquela instituição.

“O velhos são assim mesmo: estão sempre perdidos no tempo e no espaço.” – pensou o rapaz. E continuou: – Eu gostaria de ter um autógrafo seu. Pode ser?

– Sim, com prazer! Tem papel?

O rapaz pegou o livro que trazia debaixo do braço e do bolso um lápis. Entregou o material à celebridade do mundo científico e acadêmico.

Einstein leu o título da obra: “O Apanhador no Campo de Centeio”. Abriu o livro na página inicial, em que pretendia escrever uma mensagem e registrar seu autógrafo. Perguntou:

– Como você se chama?

Ambos são Kaio Diego Chapman
– Chapman, Kaio Diego Chapman...

Escreveu: “Caro Kaio Diego, creio que neste mundo somente duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez dos homens. Mas não tenho certeza se isso é verdadeiro em relação ao primeiro. Abraços. Albert Einstein. Nova Iorque, 8 de dezembro de 1944”.

Entregou o livro e o lápis ao fã.

Kaio leu a mensagem e observou:

– Acho que o senhor se confundiu... Hoje é dia 8 de dezembro, sim, mas... de 1980!

Einstein lembrou-se da “noite passada”: a lanterninha, o feixe de luz, a esforçada “concentração”. .. Só então atentou para os trajes do jovem, o quê lhe pareceu, não sabia por que, um tanto excêntrico. E os óculos? Nunca vira igual modelo. Olhou em sua volta. Agora, tudo ao seu redor lhe causava estranheza: carros, prédios, cartazes, vitrines... Fez menção de se afastar, continuar caminhando... Ouviu Kaio Diego lhe chamar:

– Professor!

– Sim! – voltou-se para o rapaz.

Kaio Diego empunhava um trezoitão apontado contra Einstein.

– Professor, não me leve a mal, mas isso é pelo bem da humanidade... – disparou a arma até descarregá-la.

Einstein caiu fulminado. O sangue escorreu pela calçada, e sua memória iniciou processo de projeção de reminiscências... Em sua mente se sucediam imagens da infância, caçando passarinho nas caatingas de Ulm, nadando e pescando no lagovon Männer; quebrado uma cadeira na cabeça do coleguinha de sala de aula; estudante na universidade; viajando mundo afora, a visita ao Brasil; a Teoria da Relatividade... Novamente aquela música de momentos atrás soava aos seus ouvidos de moribundo... Pensou: “Eu deveria ter-me dedicado à música. Talvez assim tivesse evitado um final tão trágico...”
Enola Gay

Uma mulher que assistiu a tudo da janela de um prédio em frente correu ao telefone e ligou para a polícia. Informou o endereço e concluiu desesperada: “Tá lá um corpo estendido no chão!”

Em instantes a polícia chegou ao local do crime. Os policiais avistaram Kaio Diego Chapman com o livro em uma mão e o revólver na outra, pálido, balbuciando disparates:

– Eu salvei Hiroshima e Nagasaki... Corrigi a História... O Enola Gay não partiu... Não tem mais Little Boy nem Fat Man... Podem conferir os novos registros... Agora, cientistas de todo o mundo vão pensar mil vezes antes de se dedicarem ao desenvolvimento de armas de destruição em massa...

Fat Man e Little Boy
Sem que os curiosos mortais que cercavam a cena do crime notassem, um raio precipitou-se sobre o corpo da vítima e o abduziu...

Einstein relaxou o cenho, abriu os olhos e, surpreso, viu o mendigo à sua frente, com a lanterninha ligada, focando o seu rosto.

– Não é nada do que você está pensando! – falou encabulado o cientista.

– Entendo... É que ultimamente andam servindo uísques de péssima qualidade!

O mendigo se foi, e Einstein também se pôs a caminhar noite adentro, sem reparar que o gato preto na escada de incêndio miava insistente: “Myauau! Ruuum!” [“A gente vê cada coisa!”]

Hoje Kaio Diego Chapman vive confinado num manicômio judicial cinco estrelas, em Manhattan, onde passa os dias ruminando elucubrações macabras para justificar seu tresloucado ato.

Assista ao vídeo em que dois imbecis defendem o assassinato de cientistas iranianos, no programa Manhattan Connection no canal GNT da Rede Globo (cabo).


E para refrescar a “moringa”... Imagine


Ilustração de JAM: Sociedades Alternativas (caricatura)
Demais fotos: redecastorphoto