quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A síndrome dos interesses escusos.



              
Lula em visita ao amigo José de Alencar. Ninguém poderia ter um vice melhor.


Há uma verdadeira movimentação nos bastidores políticos para encerrarem as sucessivas vitórias do PT sobre a direita brasileira. Hoje, na rede de internautas, vimos a notícia maravilhosa da vitória de Lula sobre um câncer de laringe. Imediatamente alguns internautas vibraram de alegria com a notícia, se dispuseram a postar suas mensagens de satisfação e tudo mais. Essa atitude revela o crescimento de um povo no aspecto sócio político e uma prova inconteste da liderança de Lula. Lula é um tipo de político acima de partidos, acima dos valores de referencias. Lula tem fãs. E isso incomoda os adversários. Isso provoca a ira.

Ao mesmo tempo, outros internautas despejavam verdadeiro fel sobre Lula, dizendo que agora ele poderá responder pelos seus crimes com saúde, voltam a comentar sobre ele ter usado um hospital particular, citam seu governo como o mais corrupto que já houve, e muito mais.
É a síndrome dos interesses escusos.

A quem interessa confundir o leitor menos instruído em história da política? A quem interessa impor às pessoas fatos e situações que estão longe da verdade?

Lula já recebeu 14 prêmios internacionais pelo seu desempenho e existem mais 54 outros o aguardando mundo afora.

Mas a quem interessa não mencionar isso uma só vez na mídia mais vista do Brasil?

Interessa aos velhos senhores. Interessa aos velhos donos do Brasil.

Poucos sabem que o Estado de Alagoas até o ano 2.000 pertencia a 26 famílias, ou seja, todo território deste Estado tinha apenas 26 donos, um deles Fernando Collor de Mello, filho de um antigo senador filiado à ARENA, partido que dava apoio à ditadura, chamado Arnon de Mello. Este senador deu um tiro em outro senador dentro do Senado Federal e nada aconteceu a ele. Assim funciona a direita, ela pode dar tiro nos desafetos. Assim ainda querem que continue. O Brasil muda a cada dia para melhor. Filhos de serventes de pedreiro entram em faculdade, catadores de papel vêm seus sonhos se realizando. Esse País começa entender que pode, que não precisa pedir. Nossa eterna dívida externa foi paga, nos tornamos credores. Nunca mais tivemos o FMI à nossa porta.

Mas isso não interessa a quem vive de golpes financeiros, de mamatas jurídicas, de advogados agindo ilegalmente dentro de uma lei criada para poucos. Como que um político como Paulo Maluf pode ainda ter mais de 300 mil votos em um Estado que ele comprovadamente dilapidou? Essa é a situação que a direita quer manter.

São Paulo é a latrina intelecto política do Brasil, faz escola em Minas Gerais, Paraná e nos Estados do Centro Oeste. Devido à sua grandeza São Paulo atrai a hedionda política do consumismo de verbas públicas, com anuência de uma justiça que se entende acima da justiça federal. Agora mesmo a justiça de São Paulo reduziu a dívida de Nagih Nahas de 10 milhões de Reais para 400 mil Reais, no caso Pinheirinho. Mais uma vez a quadrilha do PSDB consegue retirar dos cofres públicos mais de 9,5 milhões de Reais em uma só questão de pauta. Essa é a síndrome dos interesses escusos. Isso é um vício. Um legado com mais de quatro séculos que a direita tenta impor a um só homem, a um só governo. Chega a dar náuseas. 

Lembro-me de um documentário, exibido no Canal Brasil, onde se mostrou as conversas de Lula e José de Alencar durante a campanha política para presidência, onde Lula venceu Serra. Dentro de um avião, apertados, indo de uma cidade para outra, cansados, eles sentiam saudades de uma cachaça e de um torresmo. Ambos dentro de uma simplicidade impar. Um ex metalúrgico e um empresário dos mais ricos de Minas Gerais. Porém, ninguém culpou José de Alencar de ter contraído câncer devido à cachaça, mas o câncer de Lula foi. Isso é o estigma da direita: Pobre fica doente por que não se cuida, rico fica devido ao excesso de trabalho. Saudades do José de Alencar. A direita tem seguidores fanáticos, conchavam, prejudicam, atrapalham, sempre com a mão do outro. Vimos agora no Jornal Nacional o líder da greve dos PMs da Bahia dizendo que não cometeu nenhum crime, que está confinado. Mas a escuta telefônica comprova que ele mandou fazer. Essa é a direita que será capaz de tentar até um golpe de Estado se preciso for. O golpe de 64 começou pela Bahia. Certo que os tempos são outros. Lula está bem, e a opinião pública mundial lhe é solidária, e nós já não somos tão inocentes.

Embora não sejamos mais tão inocentes precisamos estar atentos. Precisamos repudiar qualquer tipo de especulação imposta pela direita, e o momento é agora. Estamos em vésperas de eleições. Para muitos as eleições ainda nem começaram, mas para a direita ela está em pleno vapor. Ela agirá sordidamente diuturnamente. Agirá através da imprensa comprometida, agira nas redes sociais, agirá nos templos evangélicos e muitas igrejas católicas também. Dom Helder Câmara já não está entre nós, tão pouco Dom Paulo Evaristo Arns. Mas se não temos uma liderança clerical, temos a arma virtual na internet. Participe, com todo seu empenho para que nosso País extirpe de vez com essa direita assassina e pervertida pelos interesses escusos de uma minoria que jaz em si própria.

Por: Airton Baptista. 

Gravação revela que PMs planejaram vandalismo



Gravação revela que PMs planejaram vandalismo Foto: Divulgação

ÁUDIO DIVULGADO PELO JORNAL NACIONAL COMPLICA A SITUAÇÃO DE MARCOS PRISCO, LÍDER DO MOVIMENTO NA BAHIA, QUE TEM PRISÃO DECRETADA PELA JUSTIÇA; GRAVAÇÕES PRATICAMENTE INVIABILIZAM A CONCESSÃO DE ANISTIA AOS POLICIAIS; MAIS CEDO, ELE FALOU AO 247

08 de Fevereiro de 2012 às 21:44
Bahia247 - O cenário da greve dos Policiais Militares da Bahia promete ficar mais quente do que nunca. O ingrediente que colocou mais pimenta no caldeirão veio em uma matéria do Jornal Nacional que revelou conversas gravadas entre os chefes dos PMS grevistas na Bahia e mostram acertos para realização de ações de vandalismo na cidade. As gravações mostram ainda as articulações para que a paralisação se estenda ao Rio de Janeiro, a São Paulo e outros estados com o objetivo de inviabilizar a realização do Carnaval nas cidades e pressionar o governo federal a aprovar o segundo turno de votação da PEC 300, emenda que garantiria um piso salarial único para bombeiros e policiais de todo o Brasil.
No primeiro trecho das gravações, Marco Prisco, líder do movimento grevista na Bahia combina uma ação de vandalismo com um de seus liderados. Leia abaixo um dos trechos de conversa:
- Prisco: Alô, oi. Desce toda a tropa pra cá meu amigo. Caesg e você. Desce todo mundo para Salvador, meu irmão... Tou lhe pedindo pelo Amor de Deus, desce todo mundo para cá...
- David Salomão: Agora?
- Prisco: Agora, agora. Embarque...
- David Salomão: Eu vou queimar viatura... Eu vou queimar duas carretas agora na Rio/Bahia que não vai dar tempo...
- Prisco: fecha a BR aí meu irmão. Fecha a BR.
Prisco, concedeu uma entrevista na tarde desta quarta-feira (8) ao Bahia 247. Na ocasião ele negou a existência de vândalos entre os grevistas e negou que tivesse a intenção de prejudicar o Carnaval.
Projeto é espalhar o movimento grevista pelo país
Em uma outra gravação, uma conversa trata da expansão do movimento grevista pelo país e da intenção de segurar o fim da greve na Bahia enquanto o movimento grevista não começa no Rio de Janeiro. "Pergunta a pessoa importantíssima que está aí qual a possibilidade de nós passarmos em segundo turno na semana que vem?", questiona o cabo carioca Benevenuto Daciolo, falando sobre uma possível votação da PEC 300. Nas gravações fica claro que o objetivo do movimento é prejudicar o carnaval nas maiores cidades do Brasil.
Nove dias e 135 mortos
A greve dos Policiais Militares na Bahia completou nove dias nesta quarta-feira (8) e já possibilitou a morte de mais de 135 pessoas na Região Metropolitana de Salvador. O governo estadual se comprometeu a pagar as duas principais exigências dos grevistas, mas o movimento persiste com a justificativa de que a greve só chega ao fim quando for concedida anistia administrativa e criminal a todos os PMs envolvidos, Prisco aí incluído. E aí que começa o impasse, pois o governo estadual não aceita esta condição.
Leia entrevista concedida por Prisco mais cedo:
Jaciara Santos _Bahia 247 - Com prisão preventiva decretada e atualmente o foragido mais famoso do Estado da Bahia, o ex-soldado Marcos Prisco Caldas Machado, 43 anos, não parece ser aquele “inimigo público nº 1”, que se vê em filmes de bandidos e mocinhos. A fala rápida e a conversa entrecortada por telefonemas dão o tom do momento tenso que vive o homem que parou a Polícia Militar do Estado da Bahia, como líder de um movimento que alcançou repercussão internacional. Por telefone e entre ligações cortadas por mais de uma vez (o sinal da telefonia móvel caía a todo momento), de dentro do prédio da Assembleia Legislativa, o presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares da Bahia (Aspra), fala nesta entrevista do momento que está vivendo e exime a categoria de responsabilidade pelos atos de vandalismo que a cidade vive. E insiste: só quer negociar.
247 - Oito dias após o início da paralisação, como você analisa o cenário atual? O governador diz ter chegado ao limite do que poderia oferecer e aí?...
Prisco – A gente quer continuar negociando. Para a categoria, as negociações não se esgotaram. Agora tem que deixar claro uma coisa: está provado que os métodos usados, a repressão, a força não deram resultado. Pelo contrário: quanto mais aumentou a pressão só fez crescer o movimento. Hoje a gente avalia que a adesão é de 100% na capital e de quase isso no interior.
247 - Bom, não é essa a avaliação do governo, mas o que eu quero saber é: como resolver o impasse. Quem vai desfazer o nó?
Prisco – Está nas mãos do governo, que parece não querer resolver a situação.
247-Não é essa a impressão que o governo tem passado para a população. Desde que o governador voltou de viagem, tem falado o tempo todo em negociação...
Prisco – Como que o governo quer negociar se a mesa de negociações é feita com outras associações deixando a Aspra de fora?
247- Inclusive, desde ontem, uma publicidade oficial está mostrando a proposta do governo em relação ao pagamento da Gratificação de Atividade Policial -GAP-4 (novembro 2012) e 5 (a partir de 2014).
Prisco – 2015!
247- Está sendo falado a partir de 2014...
Prisco – Não. É abril de 2015 e a categoria já deixou claro que não aceita.
247- Pois é. Essa posição não pode ser interpretada como intransigência?
Prisco – Não. Porque a categoria só quer o cumprimento da lei (a Lei 7.145/1997, que instituiu a GAP). As GAPs 4 e 5 já deveriam ter sido pagas até o ano 2000, então não dá para esperar mais tanto tempo.
247 - E com relação à anistia? Aqui fora, já está circulando a informação de que você estaria disposto a abrir mão da anistia...
Prisco – Nada! Eu acho que esse é um ponto que não está sendo bem compreendido pelas pessoas. Uma coisa é a anistia para os policiais que estão participando do movimento. O que nós defendemos é que quem não praticou vandalismo, não cometeu crime, seja beneficiado pela Lei da Anistia (Lei Nº 12.191/2010, sancionada pelo então presidente Lula e que concede anistia a policiais militares que participam de greves entre 1997 e 2010). Quem cometeu crime tem que ser julgado e penalizado por seu crime, não defendo quem comete crimes. Agora, quem não cometeu, não pode ser tratado como bandido, com prisão em presídio de segurança máxima...
247- Mas o governo já flexibilizou esse ponto. Já se fala em recolhimento a prisões militares aqui mesmo no Estado...
Prisco - Mas esse é outro equívoco. O Executivo não pode interferir em uma decisão do Judiciário. Se a Justiça determinou a prisão em unidades de segurança máxima, só a Justiça pode alterar essa decisão.
247- E quanto ao seu caso? A sua luta é para reverter a exclusão...
Prisco - Isso! São duas situações diferentes. A anistia para os grevistas e a minha readmissão em cumprimento a decisões da Justiça. Já existem duas decisões do Pleno do Tribunal de Justiça da Bahia favoráveis ao meu pleito, que são ignoradas pelo governo da Bahia.
247 - E tem a lei sancionada pelo presidente Lula...
Prisco – São duas leis: a de Lula (a Lei 12.191/2010) e a de Dilma (a Lei nº 12.505/2011, que concede anistia aos policiais e bombeiros militares do Rio de Janeiro, de outros 12 estados e do Distrito Federal, punidos por participar de movimentos reivindicatório). Mas, nada, nada, esse governo parece respeitar.
247 - Então a questão das GAPs 4 e 5, a anistia aos grevistas e a sua reintegração são pontos inegociáveis?
Prisco – Não existem pontos inegociáveis. Estamos aguardando que o governo se disponha a negociar.
247 - É verdade mesmo que o PT e alguns partidos que hoje integram a base do governo Wagner teriam financiado a greve de 2001?
Prisco – Isso não é nenhum segredo. É só procurar o noticiário da época, tem vídeos, textos, tudo.
247 - Você diria que existe uma questão pessoal contra você para que não efetivem sua reintegração?
Prisco – (silêncio)
247 - Teria alguma relação com o fato de você ter gravado um depoimento contra o governo Wagner na campanha de Geddel?
Prisco – Não sei, pode ser. Mas eu não inventei nada.
247 - O que mais você teria a dizer à sociedade que tem vivido dias de angústia, de terror? Eu mesma, não vou negar, ando apavorada...
Prisco – O que tenho a dizer ao povo baiano é que nossa luta é uma luta legítima e que não concordamos com atos de violência, nem com o vandalismo que se alastrou. Também não deixa de ser uma violência ver o Exército cercando a Assembleia Legislativa, ver companheiros recebendo balas de borracha...
247 - Só pra encerrar: vocês já avaliaram o tamanho do estrago na imagem da tropa se o Carnaval 2012 for prejudicado?
Prisco – Se dependesse de nós, a greve já teria sido suspensa há muito tempo. O movimento foi deflagrado no dia 31 de janeiro e hoje já estamos no dia 8. São oito dias esperando uma solução e sempre abertos à negociação. Não é nosso interesse prejudicar o Carnaval.

PT terá 38 mil candidatos em todo o país nas eleições deste ano




CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

O PT estima em 38 mil o número de candidatos nas eleições deste ano. A conta leva em conta a disputa pelos cargos de de prefeito, vice e vereador em todo o país.

O secretário-geral do partido, Paulo Frateschi (SP), fez um prognóstico da disputa eleitoral nesta quarta-feira, durante reunião da chapa majoritária do PT.


Na reunião --que contou com a presença do ex-ministro José Dirceu-- Frateschi informou que 118 cidades serão consideradas prioritárias nas próximas eleições. E pediu, em nome do comando do partido, unidade nesses municípios.

Lembrando a eleição estadual da Paraíba e do Amazonas, onde o PT se dividiu no apoio a governo, Frateschi avisou que o partido irá até intervir se casos como esses se repetirem na corrida municipal.

O partido oferecerá um curso sobre o modo petista de governar a esses 38 mil candidatos, sendo presencial nas cidades com mais de 150 mil habitantes.

Ao falar sobre a eleição de São Paulo, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que ainda não há decisão sobre a aliança com o PSD, de Gilberto Kassab.

O coordenador da corrente Construindo um Novo Brasil, Francisco Rocha, o Rochinha, defendeu que o tema seja discutido formalmente no diretório nacional amanhã.

Grupo fura bloqueio do Exército e se junta a grevistas na Bahia


FÁBIO GUIBU
GRACILIANO ROCHA
DE SALVADOR

O reforço no bloqueio feito nesta quarta-feira pelas forças de segurança federais em torno da Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, não surtiu resultado.

Por volta das 20h, um grupo de 50 manifestantes, entre grevistas e apoiadores da paralisação da PM baiana, avançou em direção a uma barreira formada por soldados do Exército, numa tentativa de ficar na parte externa do prédio onde estão outros grevistas.

Usando o corpo, os soldados tentaram impedir que os manifestantes ultrapassassem o cordão de isolamento, mas uma parte do grupo conseguiu passar.

Não houve agressões nem tiros de balas de borracha. Mas foram lançados jatos de gás de pimenta nos manifestantes.

Quando os grevistas que estão acampados na porta da Assembleia viram o tumulto, correram em direção ao grupo que tentava ultrapassar a barreira, aos gritos de "Vem, vem", contra os soldados, que, em seguida, pediram reforço da Polícia do Exército.
O tumulto durou cerca de 20 minutos.

Antes do evento, o tenente-coronel Márcio Cunha, assessor de comunicação do Exército, negou os rumores de que o general Gonçalves Dias estivesse sendo retirado do comando da operação militar.

Os rumores aconteceram em razão de o general não ter aparecido durante o dia no local das operações, após ter autorizado, no dia anterior, a entrada de suprimentos e medicamentos aos grevistas que invadiram a Assembleia.

Outro motivo foi a comemoração que o militar fez ontem, de seu aniversário, quando recebeu um bolo de manifestantes.
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Policiais tentam entrar com sacos de gelo para abastecer os manifestantes que se encontram dentro da Assembleia Legislativa são barrados
Policiais tentam entrar para abastecer os manifestantes que estão na Assembleia Legislativa e são barrados

TUMULTO

O clima ficou tenso na manhã desta quarta na área do entorno da Assembleia Legislativa. O Exército mudou a estratégia de atuação e está bloqueando a entrada de mantimentos para os manifestantes que estão acampados no prédio desde a semana passada. O fornecimento de energia também foi cortado.

A comida havia sido liberada ontem devido ao avanço nas negociações. Desde a manhã de hoje, porém, as forças federais tentam impedir a entrada de alimentos também para as cerca de 300 pessoas que acampam, em apoio aos grevistas, do lado de fora da assembleia.

As tropas que cercam o terreno estão se movimentando, o que incomoda os manifestantes. O comando da operação também está guinchando carros dos acampados que estão no entorno da Assembleia e reforçou os bloqueios.

Baianos famosos sonegam solidariedade a Salvador



Baianos famosos sonegam solidariedade a SalvadorFoto: Edição/247

A GREVE DOS POLICIAS MILITARES ENSANGUENTOU SALVADOR, E OS FILHOS CÉLEBRES DA BAHIA SE CALAM; ONDE ESTÃO CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL, NIZAN GUANAES, JOÃO UBALDO RIBEIRO, IVETE SANGALO, MORAES MOREIRA, DUDA MENDONÇA? POR QUE SE ATOCAIARAM E NÃO SAÍRAM EM DEFESA DA CIDADE? POR CLAUDIO JULIO TOGNOLLI

08 de Fevereiro de 2012 às 19:39
Claudio Julio Tognolli _247 – “Onde estão, nessa altura do campeonato, a Caetana e o Bethanio?”, indagou-se, num restaurante baiano nos Jardins, zona sul de São Paulo, um consultor igualmente baiano. Trocas de gênero e maldades à parte, a indagação conduz a uma inevitável tragédia moral da brasilidade. Afinal, quem ama estrofes ama também catástrofes, notava o finado e refinado ensaísta José Guilherme Melchior. Face a crise da PM e vilanias específicas. Onde estão os epígonos que a Bahia deu de barato nos últimos trinta anos como grandes brasileiros, donos de modelos de vida a serem imitados? Onde estão Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nizan Guanaes, Claudia Leitte, João Ubaldo Ribeiro, Ivete Sangalo, Moraes Moreira, Duda Mendonça? Por que se atocaiaram e não saíram em defesa da terrinha?
No caso dos baianos que gostam de cantar na televisão, como referia Paulo Francis, a explicação é muito clara: quando, no fim da ditadura, a metáfora deixou de ter representatividade na cultura brazuca, lenta e armagedonicamente as letras dos baianos foram perdendo a força – afinal, notou Freud, toda boa arte nasce da repressão. Os baianos que gostam de tocar na televisão se sofisticaram em outras tarefas: na criação de um lobby que defendesse cegamente o desbunde e a confusão de que brasilidade significava, tão somente, baianidade.
O que sobrou disso foi um lobby que este colunista batizou nos anos 90 de “a máfia do dendê”. Em que apaniguados específicos, circunscritos no íntimo da máfia do dendê, deveriam ser protegidos a todo custo. O lobby dos baianos que gostam de cantar na televisão sempre confeccionou cocô achando que o cheiro era secundário ao artefato. Até que começou a vazar pelo ladrão, no final dos anos 90, a lista com os nomes de hordas e hordas de jornalistas demitidos das redações por intervenção dissuasiva e direta de Caetano Veloso, Gilberto Gil et caterva.
Caetano Veloso chegou a se referir a um repórter cuja demissão ele comandou como “um branquinho da Folha de S.Paulo”. Esse lobby chegou ao seu paroxismo de posse do poder quando Gilberto Gil, obviamente, virou ministro da Cultura. A partir dessa época, por exemplo, todo latino que quisesse se apresentar no festival de Montreaux, na Suiça, deveria ser indicado pessoalmente por Gilberto Gil ao organizador Claude Nobbs. Nenhum repórter, nenhuma corregedoria, nenhuma advocacia-geral, nenhum ministério público investigaram a contento a rede de advogados que tinham seus projetos aprovados pela Lei Rouanet e que tinham ligações com o Gilberto Gil ministro e agora com a sua sucedânea, a Ana Hollanda ministra. Paga a pena investigar o assunto. Mas não, obviamente, sem levar sobras.
Diabeticamente verde e amarela, a máfia do dendê e seus vibrantes entusiasmos pela defesa da “baiano-brasilidade” vai se calar, sim, diante da tragédia baiana. Sabem por quê? Por uma questão pura de consciência de classe, como notava o marxista magiar Gyorgy Lukacs. A consciência de classe da máfia do dendê desliza, tecnicamente, para uma espécie de voduísmo, cujos passos são bem conhecidos por quem minimamente conhece como essa gente opera. As práticas dessa classe baiana, incivilizadas ou semicivilizadas, constituem-se das seguintes práticas: repórter que lhes faz oposição não pode mais indicar blogueiro para receber mamatas e sinecuras pecuniárias do Estado; repórter-crítico pode perder atávica e sempiternamente o seu emprego na área de cultura; já repórter que lhes chupa as galhetas (lembrando que em Machado de Assis “chupa galhetas” é ajudante de padre, e só isso), tem passaporte ilimitado junto a grandes artistas da MPB, e por aí vai...
A cultura brasileira sempre foi geograficamente sazonada. Concretista paulistano, artista baiano, contista mineiro, roqueiro de Brasília, roqueiro gaúcho...assim se fez. E os baianos que gostam de cantar na televisão assumiram o lugar, na cultura autóctone, outrora ocupado pelos paulistas de 1922. “São Paulo tem a virtude de descobrir um mel do qual em ninho de coruja, de quando em quando, São Paulo nos manda umas novidades velhas de quarenta anos. Agora, por intermédio do meu simpático amigo Sergio Buarque de Hollanda, São Paulo quer nos impingir como descoberta dela São Paulo o tal futurismo”, notou Lima Barreto.
Lá se vão quase quarenta anos, a baianidade passou a nos legar a tropicália, ora convertida num bando de tropicanalhados silentes, inclusive com os males da própria Bahia. A “baianidad” se cala simplesmente ante as vilanias da greve da PM porque “não para de se comprazer em tomar porres civilizatórios”, como notava Jacinto em As cidades e as serras, de Eça de Queirós. Os baianos que gostam de cantar na televisão não se comprazem mais com os males de sua terrinha graças a sentimentos inextirpáveis, facilmente explicados: que a terrinha se dane. Logo vem à memória, por exemplo, o ex-presidente americano Dwight Eisenhower – que, caipira vindo do interior dos EUA, foi para a Inglaterra pela primeira vez, depois de velho, e jamais voltou a falar “gasoline” – passando a afetar o vocábulo “petrol” ( porque era o jeito chique com que os bretões se referiam ao combustível...) Outro deslumbrado pela civilização era o filósofo Martin Heidegger: um pobre coitado nascido em Meskirch, e que aderiu cegamente ao nazismo porque aquilo era “a civilização novidadeira” que negava, em sua plenitude, as origens humildes de sua terrinha. Definitivamente não temos um gênio como o mexicano Octavio Paz, prêmio Nobel que diante do massacre estudantil da Praça de Tlatelolco, tocado pelo seu governo, (num dia 2 de outubro, mesmo dia do massacre do Carandiru) protestou abandonando o cargo de embaixador na Índia. A Bahia não merece a baianidade que legou a este Brasil – em cujo mapa Stefan Sweig via uma harpa e Lima Barreto via um presunto tresnoitado...A “baianidad” que fez sucesso na vida agora aderiu não só à calcinha –como também ao bloco dos emergentes: a todo o custo.

Em PE, Dilma ‘visita’ problema criado por Dilma


Dilma Rousseff voou para Pernambuco nesta quarta (8). Foi vistoriar trechos da obra da transposição do rio São Francisco. Um empreendimento que ela gerenciara como chefe da Casa Civil de Lula e que, no primeiro ano de sua presidência, apresentou graves problemas gerenciais.
Sob Lula, a obra fora vendida como prova da competência da ex-gerente. Sob Dilma, tornou-se evidência de incúria administrativa. Por mal dos pecados, a presidente visitou em território pernambucano um problema que a ex-ministra não foi capaz de antever.
Estava acompanhada do ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) e do padrinho político dele, Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB federal. Vale a pena ouvir Dilma:
“Estou aqui para concluir com o ministro Fernando Bezerra uma etapa. Nós recompusemos e reconfiguramos. O ministro está aqui. Neste ano de 2011, ele conseguiu fazer toda uma reconfiguração da obra, recontratar porque muitos lotes foram feitos só com o projeto básico.”
Onde se lê “projeto básico”, leia-se planejamento precário. Que levou a licitações mal feitas. Que desaguaram em choradeira das empreiteiras. Que resultou em pedidos de aditivos contratuais. Que resultou na paralisação das obras. Que forçou Brasília a repactuar valores.
Feitos os novos cálculos, o orçamento da obra foi à casa dos R$ 6,8 bilhões. Uma cifra que excede os valores originais em notáveis 36%. A paralisia de 2011 resultou na revisão do cronograma de execução do empreendimento.
Em outubro de 2009, numa das inúmeras visitas que fez à obra, Lula previra: “Uma parte dela ficará pronta até 2010, outra parte ficará pronta até 2012. O dado concreto é que alguém tinha que fazer, e nós estamos fazendo.” Dilma continua “fazendo”. Mas 2012 virou 2014 no novo calendário da obra.
O ex-soberano estava acompanhado da ex-gerente. Nessa época, Dilma ensaiava a candidatura que a levaria posição de sucessora. Agora, precedida pelas pegadas da ex-ministra, a presidente cobra pressa: “Nós negociamos, nós resolvemos os problemas técnicos que havia, e agora nós queremos resultados.”
Presidente, Dilma como que reconhece que o trabalho que coordenou como chefe da Casa Civil teve de passar por um profundo processo de reengenharia para ficar em pé:
“Nós escutamos os pleitos. Aqueles que nós consideramos que eram eram tecnicamente justificados, o ministro aceitou e fez um processo de renegociação – que é quase uma reengenharia. A partir de agora, nós vamos cobrar metas e resultados concretos.”
Ao ser empossado como ministro da Educação, o petê Aloizio Mercadante disse, em discurso, que Dilma é gestora implacável. Ela “espanca” os projetos novos, disse, em discurso. No caso das obras do São Francisco, Dilma lida com os problemas de um projeto que Dilma se absteve de espancar.