sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

PIG tenta se vingar do blogueiro PHA



 
Por Altamiro Borges

O jornalista Paulo Henrique Amorim tinha tudo para ser como inúmeras outras “celebridades midiáticas” – acomodadas, bajuladoras dos patrões e paparicadas pelas elites. Ele tem vasta experiência profissional, já trabalhou em vários veículos da chamada grande imprensa, comanda hoje um programa na TV Record que abocanha a audiência da Rede Globo e é respeitadíssimo pela sociedade – já presenciei enormes filas para tirar fotos com ele e para colher seu autógrafo.

Mas ele não abdicou do seu compromisso com a ética no jornalismo – como muitos mercenários fizeram. Com seu espírito crítico aguçado e irreverente, com sua “conversa afiada”, ele é hoje um dos maiores adversários dos barões da mídia, que monopolizam o setor e manipulam a informação. Através do seu blog, um dos mais acessados do país, PHA desmascara e incomoda o chamado PIG (Partido da Imprensa Golpista). Globo, Veja, Estadão e Folha temem os seus comentários ácidos e sempre bem-humorados.

Militante da democratização da comunicação

Além de escrever seus petardos, numa atividade frenética, Paulo Henrique Amorim é um militante da luta pela democratização da comunicação. Tornou-se uma referência nacional, viajando todo o país para defender a urgência da Ley de Medios. Nada recebe em troca, além do carinho de milhares de brasileiros cansados da ditadura midiática. Ele é um dos principais responsáveis pela organização do movimento dos blogueiros progressistas (BlogProg) e pela criação do Centro de Estudos Barão de Itararé.

Esta trajetória – que não anula as divergências que existem neste amplo campo da luta pela democratização da comunicação – é que explica o escarcéu que o PIG, seus “calunistas” de plantão e alguns “aloprados” tem feito nos dois últimos dias. Diante de um acordo firmado na Justiça com o jornalista Heraldo Pereira, da TV Globo, a mídia vende a imagem de que PHA “foi condenado por racismo”. O golpe é baixo, mentiroso e rasteiro, bem típico dos mercenários da mídia.

O PIG tenta se vingar do “blogueiro ansioso” que tanto o incomoda. Mas o movimento negro sabe que PHA sempre utilizou o seu blog para combater o racismo e os racistas – como Ali Kamel, o poderoso mentor da TV Globo. Os que lutam, com espírito unitário, pela democratização da comunicação no Brasil sabem os reais motivos desta campanha asquerosa. Toda a solidariedade ao jornalista, blogueiro e guerreiro Paulo Henrique Amorim! Abaixo os mercenários da mídia!

Juíza de Caravelas é espancada por promotor de Justiça de Porto Seguro



por David Mendes
Juíza de Caravelas é espancada por promotor de Justiça de Porto Seguro
Motivação ainda não está esclarecida
A juíza da comarca de Caravelas, no sul baiano, Nemora de Lima Jannsen dos Santos, de 35 anos, foi espancada na madrugada desta sexta-feira (24) pelo promotor da Vara Única Criminal de Porto Seguro, Dioneles Leones Santana Filho, quando participava do Carnaporto, o carnaval indoor do município da Costa do Descobrimento. 

Segundo consta no boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Proteção ao Turista de Porto Seguro (Deltur), a magistrada estava em companhia do namorado, o advogado Leonardo Wishart, de 27 anos, em um camarote da Arena Axé Moi, quando o agressor se aproximou por trás e deferiu um soco que atingiu a sua nuca. Com o impacto, Nemora caiu no chão, mas a agressão não parou por aí. Caída, a juíza recebeu diversos chutes na cabeça e em outras partes do corpo. 

O companheiro dela, que estava ao lado, chegou a entrar em luta corporal com Dioneles, e também foi agredido com socos. “Enfurecido, (Dioneles) agredia cuja intenção era a de matar a comunicante. É o registro”, diz a certidão emitida pela Deltur. Procurada pela reportagem do Bahia Notícias, a magistrada não quis se pronunciar sobre o caso. O seu parceiro, contatado pelo site, informou apenas que a juíza, que já atuou na comarca de Porto Seguro, está bastante abalada e assustada com o episódio, e diz desconhecer os motivos que levaram o promotor a cometer o ato violento. 

Ainda segundo Wishart, os organizadores do evento chegaram a ser procurados, mas se recusaram a informar quais seguranças estavam no local no momento da agressão. “Por conta disso, estamos nos sentindo ameaçados”, revelou. 

A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) afirmou que só se pronunciará sobre o caso, após a conclusão do inquérito que estaria a cargo da Polícia Civil. Ainda segundo os interlocutores da corte baiana, Nemora não solicitou escolta pessoal para garantir a sua integridade. 

“Caso um magistrado se sinta ameaçado, ele pode contatar imediatamente a Comissão de Segurança, que acionará a guarda militar a qualquer momento”, explicou. Já a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que o inquérito já teria sido entregue pelo delegado responsável, Ricardo Feitosa, à 23ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin) de Eunápolis, que ficou de entregar o relatório, ainda nesta sexta, às Corregedorias do Ministério Público Estadual (MP-BA) e do TJ-BA. 

"Reza uma orientação legal que casos envolvendo representante desses dois órgãos, a polícia, no máximo, registra a ocorrência, expede guias de exames periciais, junta tudo em um documento e encaminha ao presidente do Tribunal de Justiça e ao Ministério Público", explicou. O casal realizou exame de corpo de delito na manhã desta sexta no Complexo Policial de Porto Seguro. Já o promotor Dioneles não foi localizado pela reportagem.

Papa Bento XVI ataca carreiristas que tramam sua sucessão. Bertone fala em abutres


Papa Bento XVI e padre Cataldo, colocador oficial do solidéu.
Papa Bento XVI e padre Cataldo, colocador oficial do solidéu.
Raramente um papa fala na primeira pessoa. Na abertura da Quaresma o papa Bento XVI resolveu, estomagado, criticar abertamente os carreiristas que já tramam, com ele vivo e a gozar de boa saúde, para ocupar o trono de São Pedro.
Ratzinger estava irado com as fugas de notícias. Fugas que os jornalistas italianos, recipiendários dos documentos secretos, chamam de “santíssimos vazamentos”.
São notícias vindas da outra margem do rio Tevere, onde não está incrustado o Vaticano, o menor dos estados e a única monarquia teocrática.
Essas “futricas” internas coincidem com um momento delicado para a Santa Fé. O papa Ratzinger encontra dificuldade para adequar o IOR — Instituto para as Obras Religiosas — chamado de Banco do Vaticano, às normas internacionais sobre lavagem de dinheiro sem causa e reciclagem dos capitais lavados em atividades formalmente lícitas.
Com efeito, o papa Ratzinger, em plena abertura da Quaresma, mandou recado duro para os membros da hierarquia da Igreja. E falou na primeira pessoa.
“A soberba está na raiz de todos os pecados”, frisou Ratzinger ao mencionar a “busca pelo poder”. Pelo que informa a mídia europeia, existe internamente, desde o final de 2011, uma luta intestina pela sucessão de Ratzinger. A saúde de Ratzinger está boa, mas a idade avança.
Na mensagem, o papa alerta os fiéis para não confundirem a fé na Igreja com as falhas humanas dos seus integrantes. Algo duro e que procurou atingir os que tramam, nos bastidores e vazamentos, pelo enfraquecimento do poder central e da missão papal.
O certo é que documentos comprometedores chegam à imprensa italiana com frequência. Para se ter ideia deles e do teor conspiratório, o cardeal colombiano Dario Catrillon, um tradicionalista, alertou a Cúria sobre um complô para matar o papa Ratzinger.
Outro “santíssimo documento” é atribuído ao arcebispo de Palermo. Em viagem à China, o cardeal de Palermo, Paolo Romeo, deixou escapar que Bento XVI, apesar do forte esquema de segurança, seria assassinado nos próximos 12 meses. O cardeal desmente, mas sua revelação foi parar em documento enviado diretamente ao papa Ratzinger.
Para uma ala de futriqueiros de saia, quem estaria por trás da manobra seria o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado. Bertone, há anos, acompanha Ratzinger e foi seu vice na Doutrina da Fé, órgão que substituiu o antigo Santo Ofício. Bertone recebeu críticas porque teria sido complacente e imprudente com relação a apurações sobre clérigos pedófilos.
Hoje pela manhã, na inauguração de um centro pediátrico na cidade italiana de Potenza, o cardeal Bertone usou de uma imagem para atacar os integrantes da Igreja que vazam documentos para a imprensa sobre fatos que dizem respeito a interesses internos da instituição. Para Bertone, eles são os corvos (abutres) inconformados com o vôo de paz e elevado das pombas.
Os esvaziamentos de duas polpudas contas-correntes vaticanas em dois bancos italianos gerou suspeitas das autoridades italianas, no final de 2011. As suspeitas decorreram porque as operações foram realizadas contra as normas internacionais mínimas a respeito de lavagem de capitais.
O esvaziamento das contas-correntes, frise-se, estavam em desacordo com as leis italianas que seguem as regras impostas pela União Europeia. A respeito, o Vaticano informou tratar-se de movimentações simples e voltadas a cobrir despesas com obras de caridade, como  poderia comprovar.
Logo depois do esvaziamento das contas em bancos italianos, o papa Ratzinger determinou, mas parece não conseguir, ou pelo menos com a velocidade desejada, a adequação do Vaticano às normas internacionais protetivas da União Europeia: o Vaticano, como se sabe, não integra a ONU nem a União Europeia.
Ratzinger, na cerimônia que abriu a Quaresma, mostrou disposição de cortar as asas dos que se movimentam para fechar um nome para a sua sucessão. Evidentemente, sem fumaça branca e sem a inspiração do Espírito Santo, como reza a tradição: o Espírito Santo é quem escolhe o novo papa e conduz os votantes, que são meros instrumentos.
Pano rápido. O papa Ratzinger faz de tudo para recolocar os clérigos nos trilhos. Ele advertiu para que coloquem fim “às ambições pessoais e ao carreirismo na Igreja”.
Wálter Fanganiello Maierovitch

Repórter da Carta Capital chama Reinaldo Azevedo de “Exu da Veja”



Citado em post do blog de Reinaldo Azevedo, da Veja, o repórter da revista Carta Capital, Leandro Fortes, se referiu ao colega de profissão como “Exu da Veja”.  O blogueiro do site da revista da Editora Abril criticou, em texto publicado na tarde desta sexta-feira, 24, a postura de Fortes em relação ao acordo judicial dos jornalistas Heraldo Pereira (TV Globo) e Paulo Henrique Amorim (TV Record).

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Fortes avalia que Amorim não foi racista.
(Imagem: Arquivo Pessoal)
Demonstrando não conhecer o trabalho do repórter da Carta Capital – que tem passagens pelos jornais Correio Braziliense, Estadão, Zero Hora, Jornal do Brasil e O Globo, na revista Época e na TV Globo -, Azevedo discordou da afirmação de Fortes. O jornalista da Carta Capital avaliou que Amorim não foi racista ao se referir a Pereira como “negro de alma branca”. “Que graça! Fortes acredita que o ‘anti-racismo’ pode recorrer, às vezes, a ‘expressões cruéis’ e ‘pejorativas’, publicou o colunista da Veja.

Após o post de Azevedo, Fortes ironizou a crítica do jornalista da Veja.com. “O Exu da Veja fez um post só pra mim! Eu queria agradecer a todos que me ajudaram, direta e indiretamente, a chegar até esse momento máximo da minha carreira de jornalista”, comentou. “No fundo, o meu mestre, o Exu da Veja, tem razão. Eu sou apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, repórter da Carta Capital, e, pasmem, branco”, complementou o repórter.

Em texto publicado no blog ‘Brasília, eu vi’ na tarde dessa quinta-feira, 22, Fortes analisa que o termo usado pelo jornalista da Record é pejorativo, mas que não tem conotação racista. “Paulo Henrique Amorim, assim como eu e muitos blogueiros e jornalistas brasileiros, nos empenhamos há muito tempo numa guerra sem trégua a combater o racismo, a homofobia e a injustiça social no Brasil”, afirmou no artigo intitulado “Racista é a PQP, não PHA!”.


http://portal.comunique-se.com.br/index.php/editorias/17-destaque-home/68046-reporter-da-carta-capital-chama-reinaldo-azevedo-de-exu-da-veja.html

Detenta aprovada no Enem é autorizada a frequentar UFC

Cynthia Corvello poderá frequentar a universidade e concluir o curso de licenciatura em História sob monitoramento eletrônico ou escolta policial




A detenta Cynthia Corvello foi autorizada pela Justiça do Ceará a frequentar a universidade. A decisão foi concedida na manhã desta sexta-feira, 24.Ela cumpre regime fechado no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa e poderá frequentar as aulas do curso superior em História, na Universidade Federal do Ceará (UFC), considerando que ela foi aprovada no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), em outubro passado.

De acordo com a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), a decisão é inédita no Ceará e o parecer aponta que a concessão tomou por base o princípio da individualização da pena. Ou seja, a garantia de o preso ter oportunidades e os elementos necessários para ser reinserido na sociedade.

No caso de Cynthia, foi considerada a execução de atividades de trabalho dentro da Unidade, onde ela é responsável pela biblioteca e por projetos de leitura e atividades culturais. A Sejus também considera que ela apresenta bom padrão de comportamento e de relacionamento carcerário.

Cynthya foi condenada a 25 anos e quatro meses pela co-autoria de um duplo homicídio praticado em Fortaleza, no ano 1993. Ela foi aprovada no Enem, chegando a obter 900 pontos na prova de redação, cujo total é de 1000. A detenta poderá frequentar a universidade e concluir o curso de licenciatura em História sob monitoramento eletrônico ou escolta policial. 

A Justiça concedeu a decisão após pedido ajuizado pela Defensoria Pública do Estado do Ceará, por meio do Núcleo Especializado em Execução Penal.

Redação O POVO Online
 

Detenta é liberada pela Justiça para frequentar a universidade



A Juíza da 2ª Vara de Execuções Criminais, Luciana Teixeira de Sousa, concedeu na manhã desta sexta-feira (24), a autorização para que a detenta Cynthia Corvello, que cumpre regime fechado no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa, frequente as aulas do curso de História na Universidade Federal do Ceará. Cynthia foi uma das aprovadas no Sistema de Seleção Unificado (Sisu) para aquela universidade. 
 
A decisão da Juíza é inédita no Estado e, segundo a secretária da Justiça e Cidadania, Mariana Lobo, já pode ser considerada uma vitória para o Sistema Penitenciário não só do Ceará mas de todo o país. "Temos em mente que o objetivo maior do sistema penitenciário é garantir a reinserção social dos apenados e conceder o direito ao estudo ainda durante o cumprimento da pena abre novas oportunidades para a detenta e serve de exemplo a ser seguido", afirma. Ainda para a Sejus o resultado traduz os investimentos feitos na educação prisional que teve 17 aprovações no Enem 2012.
 
Segundo o parecer, a concessão tomou por base o princípio da individualização da pena, que garante que na execução de cada caso seja dado ao preso as oportunidades e os elementos necessários para lograr sua reinserção social e, no caso de Cynthia Corvello, foi considerada execução de atividades de trabalho dentro da Unidade, sendo responsável pela biblioteca e  projetos de leitura e atividades culturais, além de apresentar excelente padrão de comportamento e bom relacionamento carcerário.
 
Cynthya foi condenada a 25 anos e quatro meses pela co-autoria de um duplo homicídio praticado em Fortaleza, em 1993. A detenta poderá frequentar a universidade e concluir o curso de licenciatura em História sob monitoramento eletrônico ou escolta policial. 


Tripoli, um dos 4 pré-candidatos tucanos em SP, afirma que não desiste por Serra nem se ficar só


Uma das imposições fixadas por José Serra para tornar-se candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo é a ausência de oponentes internos. A julgar pelo que diz o deputado federal Ricardo Tripoli essa pré-condição não será alcançada.
“Não vou me retirar da disputa”, disse Tripoli em entrevista ao blog. O deputado é um dos pré-candidatos que se registraram para disputar a preferência do PSDB nas prévias marcadas para 4 de março. Os outros três são José Aníbal, Bruno Covas e Andrea Matarazzo.
O repórter indagou: mesmo se todos os outros renunciarem, se ficar Serra de um lado e Tripoli de outro, ainda assim não vai abdicar da candidatura? E o deputado, em timbre peremptório: “Pode me cobrar depois. Não retiro.”
Tripoli afirma que consultou Fernando Henrique Cardoso e o próprio Serra antes de recolher assinaturas para se credenciar às prévias. Ouviu de ambos palabras de estímulo. Declara que o cancelamento das prévias seria “um desastre”.
Esteve com o governador Geraldo Alckmin na terça-feira de Carnaval. “O que ele me disse é que, se o Serra tiver interesse, vai ter que procurar os quatro pré-candidatos. A mim o Serra não procurou.” Vai abaixo a entrevista:
- Por que as prévias do PSDB viraram um drama? Só será um drama se eu não vencer as prévias.
- Não receia que o drama vire comédia? A comédia só vai acontecer se nós retroagirmos. Algo que não creio que vá ocorrer. O processo está consolidado.
- Está mesmo convencido de que as prévias estão consolidadas? Hoje mais do que nunca. Fui o primeiro a protocolar o pedido. Foi há sete meses, em 3 de julho, no diretório estadual. O documento tem 220 assinaturas de delegados à convenção, de um total de 1.200 que temos na capital. Desde então, visitei 58 diretórios zonais do partido.
- Sente que há boa recepção? Eu tinha dito ao presidente Fernando Henrique: ou a gente tira o pó do PSDB ou ele não vai andar. A distância entre a cúpula do partido e a militância se tornou tão grande que se abriu um fosso. A gente precisa preencher esse espaço. Ele me estimulou. Disse: ‘vá em frente, você tem toda razão.’ Fui ao Serra e ouvi dele as mesmas palavras de estímulo.
- Essa conversa com o Serra é recente? Já tem uns quatro meses. Mas depois disso já me encontrei com ele.
- Como foi? Nós sofremos de um mesmo problema crônico. Somos palmeirenses convictos. Encontrei com ele num desses jogos do Palmeiras. Ele me perguntou como estava indo o processo das prévias. Respondi que caminhava bem. E ele: ‘que bom, Trípoli, vai firme’. Nunca me disse nada em contrário. Não tenho razões para desconfiar da palavra dele.
- E se ele tiver mudado de ideia? Acho que seria muito frustrante, a essa altura, chegar para o militante e dizer: olha, as prévias não vão mais ocorrer. Não tem clima pra isso. O Serra, que é uma das maiores lideranças que temos no partido, jamais tomaria a atitude de pedir para interromper as prévias. Não faz sentido.
- Mantidas as prévias, será escolhido um candidato em 4 de março. O indicado pode renunciar em favor do Serra? Posso falar por mim. Se vencer, eu não me retiro. Assumi compromisso com muita gente. Não posso frustrar todo mundo.
- Não o sensibiliza o fato de o Serra estar mais bem posto nas pesquisas? Se fôssemos pensar assim, não haveria sentido em existir o partido. O Geraldo Alckmin, quando foi candidato a prefeito pela primeira vez, eu estava com ele, não ganhou as eleições. Mas ele se projetou para vitórias futuras. Vamos falar francamente. Se fosse para raciocinar assim, então teríamos de pegar o Fernando Henrique, que é o professor de todos nós. Isso não faz sentido. A dinâmica do partido tem de ser outra. É preciso buscar a pluralidade.
- Permita-me insistir, fazendo o papel de advogado do diabo: o Serra teria mais chances de êxito, não? Não se pode trabalhar com a tese de que, numa cidade como São Paulo, o PSDB só tenha um ou dois nomes que possam disputar eleições majoritárias. Veja o caso dos EUA. Se o Partido Democrata pensasse assim, o Barack Obama não seria presidente. Na comparação do Obama com a Hillary Clinton, teria prevalecido o argumento de que a Hillary tinha muito mais densidade e maior taxa de conhecimento. O Obama, até então, ninguém sabia quem era. Nem por isso deixou de virar presidente dos EUA.
- Acha que pode sair um Obama das prévias do PSDB? Não quero me comparar ao Obama, não tenho essa pretensão. O que digo é que o PSDB precisa modificar seus métodos. As prévias prestam um grande serviço nessa direção.
- O noticiário sobre a possibilidade de Serra tornar-se candidato o incomoda? Desde o início que eu ouço essa mesma história. Nunca vi uma declaração do Serra dizendo que seria candidato. O que há é especulação. Uns atribuem à mídia, outros ao PT. Há quem atribua ao próprio PSDB. Até em respeito às pessoas que assinaram o documento em meu nome, não posso me retirar. A candidatura nem me pertence mais. Pertence às pessoas que subscreveram o documento.
- Não lhe parece que a mídia e o PT são meros expectadores de um movimento que ocorre dentro do PSDB? Veja o caso do [José Henrique Reis] Lobo, que escreveu artigo na Folha [defendendo a opção por Serra]. Qual é o peso do Lobo hoje no partido? Nenhum. É um ex-presidente do diretório municipal que não tem peso nenhum.
E quanto ao governador Alckmin? Ele já declarou em público que o Serra, se quiser ser candidato, é um nome importante e será considerado. Estive com o governador na terça-feira. O que ele me disse é que, se o Serra tiver interesse, vai ter que procurar os quatro pré-candidatos. A mim o Serra não procurou. Portanto, não posso levar essa hipótese em consideração. Conosco vai acontecer o contrário do que ocorreu com o PT. Eles contavam com as prévias e não fizeram. As nossas prévias, que ninguém esperava que fossem acontecer, vão ser realizadas. Será um susto ao contrário. Nem o PSDB acreditava que essas prévias pudessem acontecer. Isso deu vida ao partido.
- Como assim? Se o processo for até o final –e estou convencido de que irá— ele dará novo alento ao partido. Não estou desmerecendo a figura do Serra. É meu amigo, considero uma das melhores figuras do partido. O importante é que, presenvando-se o processo de São Paulo, vai ficar demonstrado que o PSDB passa a ter uma conduta diferente.
- Refere-se à conduta em que prevalecem as decisões de cúpula? Exatamente. São Paulo sinalizará uma mudança para o partido em nível nacional. Essas encrencas como a disputa entre Serra e Aécio [Neves pela vaga de presideinciável], que infernizam a vida do partido, passam a ter um tratamento diferente. Outro dia tivemos uma reunião da bancada federal. E um deputado do Rio Grande do Sul estava irado. Ele dizia: por que tenho que optar entre um e outro? Creio que esse processo de São Paulo vai acabar se alastrando para o Brasil inteiro. Onde houver mais de um candidato –para o Senado, para os governos, para as prefeituras e até para presidente— deve-se ouvir o partido para tomar uma decisão. É preciso valorizar os filiados militantes.
- Que efeitos imagina que o eventual cancelamento das prévias produziria? Seria um desastre. Haveria uma reação muito forte. Teremos 58 locais de votação. Cada diretório vai ter uma urna eletrônica. Isso sinaliza para o militante que estamos valorizando a opinião dele. Um recuo levaria à frustração. Em entrevistas que deu há muitos anos, Fernando Henrique já dizia que nós tínhamos que nos reaproximar da militância, dos filiados. O partido só agora está acordando para isso. Não faz sentido recuar.
- Não receia que, sem o Serra, os partidos olhem para as pesquisas e fujam de formar uma coligação com o PSDB? Pesquisa é fotografia de momento. Seja qual for o candidato do PSDB, na hora em que o nome estiver escolhido, arranca com 10%, 12%. Isso com base apenas na força do partido. O resto virá com o desempenho do candidato. Não creio que isso afugente os alidos. Em São Paulo, teremos uma polarização entre PT e PSDB. Não há espaço para outras candidaturas. Há três máquinas: a do governo federal, a do governo estadual e a da prefeitura, que pode ir para um lado ou para o outro. Boa parte das pessoas que estão na máquina da prefeitura é do PSDB. Os partidos vão acabar se aglutinando, no primeiro ou no segundo turno, em torno desses dois partidos.
- A pesquisa, de fato, é retrato do momento. Mas, considerando-se esse retrato, fica evidente que, optando por um dos quatro pré-candidatos às prévias, o PSDB dependerá de uma coligação que assegure tempo de tevê, não? Sem dúvida nenhuma. Mas é preciso considerar que o [Fernando] Haddad enfrenta a mesma dificuldade. Com toda a exposição que teve no Ministério da Educação, nos mandatos do Lula e da Dilma, ele aparece na pesquisa com 5%, 6%. É um caminhão pesado para carregar. Nós teremos tempo de televisão, não tenho dúvida. Somado-se a isso o desempenho do candidato e a estrutura do partido, daremos uma arrancada.
- O caminhão de Fernando Haddad, ‘pesado’ segundo suas palavras, será puxado pelo Lula. Não acha que pode ganhar velocidade? São Paulo é diferente. Aqui não tem esse coisa de dizer que o meu candidato é fulano de tal e está eleito. O Fernando Henrique derrotou o Lula duas vezes no primeiro turno. O PT sempre teve dificuldades em São Paulo. Aqui, essa coisa de transferir prestígio não é algo automático. E esse tipo de fenômeno não costuma se repetir várias vezes. Não é porque deu certo com a Dilma que vai funcionar aqui em São Paulo com o Haddad. Isso não me assusta nem um pouco.
- Há favoritos às previas? Todos vão te dizer que estão bem e que vão ganhar. Isso faz parte do processo. Mas não há nenhuma pesquisa. É a primeira vez que a gente faz esse tipo de disputa. De um total de 18 mil filiados na capital, creio que vão votar entre 5 mil e 6 mil.
- Quanto o partido já gastou na organização das prévias? Nós acabamos investindo dinheiro do próprio bolso, algo em torno de R$ 120 mil no total.
- Não tem verba do fundo partidário? Ainda não. Parece que vão liberar agora a primeira parcela: R$ 25 mil para cada um dos quatro pré-candidatos. O que vai dar um total de R$ 100 mil. Até por essa razão o processo não pode ser interrompido.
- Suponha que todo mundo resolva se retirar da disputa e que sobre apenas Ricardo Tripoli. Se lhe pedirem para abrir mão da candidatura em favor do Serra sua resposta será não? Meu nome será mantido até o final. Não vou me retirar da disputa.
- Mesmo se ficar Serra de um lado e Tripoli do outro? Pode me cobrar depois. Não retiro. O Serra não se inscreveu para as prévias. Mas seria uma disputa saudável. Dois palmeirenses. Outro dia encontrei o Aldo Rebelo [deputado licenciado, hoje Ministro dos Esportes]. Ele foi relator do Código Florestal na Câmara. Eu disse pra ele: Aldo, entre nós, de verde só sobrou o Palmeiras.
- Na sua relação com o Serra, de verde também só sobrou o Palmeiras? Não, não. Eu me dou muito bem com ele. Embora o Andrea Matarazzo seja mais próximo do Serra, eu não tenho nenhum problema com ele. A gente sempre se deu muito bem. Ele sempre me liga. Liga às duas da manhã, três da manhã. Mas liga.
- Ele tem lhe telefonado ultimamente? Não, agora ele está quietinho. Faz uns dois meses que não falo com ele. Está em processo de imersão. É bom deixar ele quietinho. Não creio que ele seja candidato.