domingo, 26 de fevereiro de 2012

Matarazzo diz apoiar Serra contra "hegemonia do PT"



Matarazzo diz apoiar Serra contra Foto: Divulgação

SECRETÁRIO ESTADUAL DA CULTURA DE SÃO PAULO ANUNCIOU DESISTÊNCIA DE SUA PRÉ-CANDIDATURA À PREFEITURA E PEDIU À MILITÂNCIA TUCANA QUE APOIE O NOME DO EX-GOVERNADOR PARA A DISPUTA MUNICIPAL: "JOSÉ SERRA FOI MELHOR PREFEITO QUE SÃO PAULO JÁ TEVE E TEM CONDIÇÕES DE DERROTAR O PROJETO DO PT"

Por Agência Estado
26 de Fevereiro de 2012 às 21:12Agência Estado
O secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo, anunciou hoje a desistência de sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo e pediu à militância tucana que apoie o nome do ex-governador José Serra para a disputa municipal. Em entrevista coletiva na capital paulista, o secretário ressaltou que não poderia disputar uma mesma eleição contra um amigo e membro de seu grupo político. Ele destacou ainda que Serra tem maiores chances de enfrentar o PT na sucessão à prefeitura de São Paulo. "José Serra foi melhor prefeito que São Paulo já teve e tem condições de derrotar o projeto do PT, que é um adversário que temos de enfrentar", afirmou. Matarazzo era um dos quatro nomes do PSDB que iriam disputar as prévias do partido, marcadas para o dia 4 de março.
Matarazzo contou que foi comunicado da disposição do ex-governador de disputar a eleição municipal na última quinta-feira. Ele negou, contudo, que o governador Geraldo Alckmin tenha pedido para que ele abandonasse a disputa municipal. "Em nenhum momento o governador pediu que eu desistisse", frisou. Alckmin reuniu-se na noite de sábado com os secretários estaduais Andrea Matarazzo e Bruno Covas (do Meio Ambiente) no Palácio dos Bandeirantes. Covas, que também é pré-candidato à Prefeitura, convocou uma reunião com militantes para a noite deste domingo e a expectativa é de que também anuncie sua desistência.
Mesmo com sua saída e o pedido de apoio a Serra, Andrea Matarazzo defendeu o processo de prévias do parido. Ele disse não ver empecilhos para que a data da eleição interna seja adiada, o que daria mais tempo para que o ex-governador possa conversar com a militância e arregimentar apoios para a disputa. Hoje pela manhã, Alckmin reuniu-se com os outros dois pré-candidatos tucanos, o secretário estadual da Energia, José Aníbal, e o deputado federal Ricardo Trípoli, que não teriam colocado obstáculos à participação de Serra na eleição interna. No entanto, ele teriam se colocado contra o adiamento das prévias.
Alckmin deve se reunir ainda hoje com caciques tucanos para definir o procedimento para a entrada de José Serra nas prévias do partido. O comando do PSDB tem defendido que a disputa marcada para 4 de março seja adiada para o dia 18 ou 25 do mesmo mês. Uma resolução do diretório estadual do partido, que define o processo de prévias no estado, aponta que a disputa interna deve ser realizada até 31 de março.
Projeto hegemônico
Segundo Matarazzo, o ex-governador decidiu entrar na disputa eleitoral ao refletir sobre a possibilidade de o PT voltar à Prefeitura de São Paulo. Ele não acredita que o fato de Serra ter deixado a prefeitura de São Paulo para disputar a sucessão ao Palácio dos Bandeirantes em 2006 possa prejudicá-lo neste ano. "Serra tem todas as credenciais para disputar a prefeitura e ficará, provavelmente, quatro anos ou até oito anos à frente da administração municipal", previu. Ele avaliou que a demora na decisão do ex-governador de entrar na disputa deveu-se ao fato de que ele precisava refletir sobre sua participação. Para o secretário, a entrada de Serra na disputa interna não representa um golpe na democracia partidária. "Ao contrário. O processo democrático é aquele no qual qualquer candidato possa se inscrever em uma eleição interna", afirmou.
Na entrevista coletiva, o secretário da Cultura disse que não postula o cargo de vice-prefeito em uma eventual chapa "puro-sangue" tucana e fez questão, em mais de uma oportunidade, de criticar o PT, que considerou o principal adversário do PSDB em São Paulo. "Não podemos repetir a gestão nefasta e destruidora que foi feita antes de o PSDB assumir a Prefeitura de São Paulo", criticou, em referência à administração da senadora petista Marta Suplicy. Segundo ele, se o PT conquistar a prefeitura de São Paulo será o passo final do processo hegemônico do partido em todo o País. "Não será em São Paulo que o PT concluirá seu projeto de hegemonia".

Ex-guerrilheiro abre o baú da ditadura na internet



Ex-guerrilheiro abre o baú da ditadura na internetFoto: ARQUIVO/AGÊNCIA ESTADO

SITE "DOCUMENTOS REVELADOS", DE ALUÍZIO PALMAR, EX-MR8 E VPR, APRESENTA DIARIAMENTE DOSSIÊS QUE OS MILITARES ESCONDERAM NOS ANOS DE CHUMBO; REPORTAGEM DE CLAUDIO JULIO TOGNOLLI

26 de Fevereiro de 2012 às 21:10
Claudio Julio Tognolli _247 - Um novo site contribui para a transparência dos documentos dos anos de chumbo: Documentos Revelados foi criado por Aluízio Palmar. Nascido em maio de 1943, em São Fidélis, Estado do Rio de Janeiro, Palmar estudou Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense. Em decorrência de sua militância revolucionária, não terminou o curso, foi preso e banido do país.
O site é atualizado diariamente. Confira em Documentos Revelados.
Palmar militou no MR8 velho (o primeiro, que surgiu em Niterói) e na VPR. Foi preso em 1969 e em 1971, e libertado juntamente com outros 69 presos políticos, em troca do Embaixador da Suiça no Brasil.
Em 1979, trabalhou na revista "Atenção" e no jornal "Correio de Notícias", de Curitiba. Em 1980 trabalhou no jornal Hoje Foz e em dezembro desse mesmo ano fundou o jornal Nosso Tempo, conhecido por sua linha editorial de constestação à ditadura.
Com a anistia política de 1979 voltou ao Brasil e deu início em Foz do Iguaçu a carreira de jornalista.
Aluizio Palmar explica seus motivos ao 247: “Documentos Revelados é resultado de anos de garimpagem nos arquivos estaduais e arquivo da Delegacia da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, de vasculhar caixas e pastas AZ, repletas de mandados de prisão, informes, radiogramas, ofícios recebidos e expedidos, dossiês, relatórios e outros tipos de documentos produzidos pela burocracia policial. Reconheço que esta busca é tardia, pois no Brasil, ao contrário do Chile, Argentina e Paraguai, os arquivos da repressão estão sendo abertos fora do tempo apropriado. A nossa Lei da Anistia, além de ter permitido a devolução dos direitos civis e políticos aos perseguidos pela ditadura, beneficiou os torturadores e serviu também ao propósito do esquecimento do passado. O resultado desta dubiedade é o fato de que enquanto as vítimas precisam remexer nos arquivos para que histórias sejam reconstruídas, os algozes e seus cúmplices fazem de tudo para que o passado permaneça intacto e possam, assim, terminar em paz os seus dias. Estão normalmente dispostos a pagar a intocabilidade do passado, com o seu próprio esquecimento pela História”.
Aluízio Palmar ainda sustenta que “o sítio foi criado para atender a busca de documentos sobre o período da ditadura. Passados 24 anos desde a promulgação da Constituição, boa parte dos documentos produzidos pelos órgãos de repressão continuam fechados. Os arquivos públicos receberam e continuam recebendo documentos que são indexados para consultas. Porém, alguns obstáculos, como as distâncias e a fragmentação dos acervos, tem dificultado o acesso para o grosso da população. Eu pretendo com o site Documentos Revelados facilitar o acesso, popularizar, incentivar a discussão sobre o tema ditadura. Para que não se esqueçam, para que nunca aconteça. Com este site, pretendo expor alguns documentos emitidos pela chamada 'comunidade de informações' da ditadura civil militar que tiranizou nosso País de 1964 à 1985, além de outros fundos documentais”.
O autor salienta que "os documentos dos arquivos da ditadura devem ser vistos com o olho crítico da dúvida, pois foram escritos por pessoas treinadas para mentir, contra-informar, caluniar, prender, torturar e matar.
Espero que Documentos Revelados contribua para a compreensão dos acontecimentos das décadas passadas, dos métodos de controle usados pelo Estado Policial e estimule os visitantes a ter um compromisso ativo com a democracia”.

Covas faz reunião, mas deve anunciar que deixa prévias só amanhã


VERA MAGALHÃES
EDITORA DO PAINEL


Na reunião que fará hoje à noite com seus apoiadores, no bairro da Liberdade, o secretário Bruno Covas (Meio Ambiente) vai comunicar sua decisão de não mais disputar as prévias do PSDB, marcadas para 4 de março.

Mas o anúncio oficial de sua retirada do processo será só na segunda-feira.

Ele foi aconselhado a anunciar a saída ainda hoje, mas decidiu não fazer seu anúncio no mesmo dia em que Andrea Matarazzo também anunciou que não concorrerá.

Folhapress
Os pré-candidatos do PSDB à prefeitura, em sentido horário: Andrea Matarazzo, Bruno Covas, Ricardo Tripoli e José Aníbal
Os ainda pré-candidatos do PSDB, em sentido horário: Andrea Matarazzo, Bruno Covas, Ricardo Tripoli e José Aníbal
Covas transferiu seu domicílio eleitoral de Santos para São Paulo no ano passado para disputar a postulação a prefeito.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, conversou ontem com Covas e pediu que desistisse das prévias. Hoje os dois voltaram a se falar depois que ficou claro que o também pré-candidato Andrea Matarazzo sairia do páreo. Covas disse que sua candidatura era do partido e de lealdade a Alckmin, e, portanto, não faria sentido mantê-la à revelia do governador.

O neto do ex-governador Mario Covas ainda acalenta a possibilidade de pleitear a vice caso Serra vença as prévias --que, por ora, ainda acontecerão, já que José Anibal e Ricardo Tripoli recusaram apelos para desistir.

MATARAZZO

No ínicio desta tarde, a Folha informou que o secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo, concederá uma entrevista coletiva hoje às 17h para anunciar sua desistência de disputar as prévias do PSDB.

O anúncio oficial de Matarazzo será feito no Circolo Italiano, na Praça da República, centro de São Paulo. Em seguida, o secretário fará uma manifestação de apoio a Serra como o candidato capaz de unificar o partido e vencer as eleições.

Matarazzo anuncia desistência nas prévias tucanas em SP




MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

O secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo, comunicou oficialmente na tarde deste domingo sua desistência de disputar as prévias do PSDB que definirá o candidato tucano à Prefeitura de São Paulo.

Matarazzo disse que está deixando o páreo em nome da candidatura de José Serra, e que tomou a decisão na quinta-feira, quando Serra manifestou o interesse de se candidatar

"Vocês nunca verão eu disputar uma eleição com o Serra, somos do mesmo grupo político, somos amigos há muito tempo. Não faria sentido", explicou.

Segundo Matarazzo, Serra decidiu entrar na eleição quando viu que "a ameaça da volta do PT podia ser realidade". "Ele (Serra) viu e viveu a tragédia que foi o governo do PT em São Paulo", disse. "O PT é o adversário e é ele que devemos enfrentar."

Para o secretário de Cultura, a permanência de Serra na Prefeitura de São Paulo, se eleito, é praticamente certa, rejeitando assim a possibilidade dele concorrer a outro cargo em 2014, nos mesmos moldes de sua primeira passagem como prefeito, entre 2005 e 2006. "Tenho certeza que ele (Serra) voltará e que ficará provavelmente quatro anos ou, quem sabe, oito anos na Prefeitura", disse.

Bruno Covas, outro pré-candidato tucano à Prefeitura, também deverá deixar a disputa até amanhã. Ele deve comunicar internamente a desistência na noite de hoje, durante um encontro com a juventude do PSDB.

Apesar do esvaziamento, as prévias tucanas, marcadas para o domingo que vem, ainda deverão ocorrer devido à resistência dos outros postulantes: o deputado federal Ricardo Tripoli e o secretário estadual de Energia, José Aníbal.

Matarazzo defendeu o adiamento da consulta. "Não vejo problema, não vai adiar mais do que 10 dias", disse o secretário, mas ressaltou que a decisão será da Executiva do partido.

Em mensagem aos aliados, Matarazzo disse que trabalhará por Serra nas prévias. "As prévias continuam, o que muda é apenas o nome", disse. "Meu grupo vai substituir meu nome pelo de José Serra".

Kassab diz que Serra desistiu de ser presidente


O político é mais ou menos como o ator. Todos os outros morrem apenas uma vez. O político e o ator são reincidentes. Podem morrer várias vezes. Ressuscitam noutros papéis, novinhos em folha.
Neste final de semana, José Serra morreu e renasceu em poucas horas. Foi à cova o Serra avesso à ideia de voltar à prefeitura de São Paulo depois de ter amealhado 44 milhões de votos numa disputa presidencial.
Veio à luz o Serra devotado à sua cidade. Arde-lhe na alma o desejo de voltar a ser prefeito. Para concretizar o sonho, manda às favas o projeto de governar o país. O novo Serra foi traduzido por Gilberto Kassab.
“Essa questão [de Presidência] está encerrada na vida do Serra”, disse Kassab. “Ele abandona esse projeto. Ele deixou isso muito claro. […] Ele entendeu que deveria abandonar esse projeto. E ele abandonou.”
Segundo Kassab, todas as “preocupações”, os “projetos” e os “estudos” de Serra estão agora 100% concetrados em São Paulo. “A cidade ganha com um grande pré-candidato, depois um grande candidato e prefeito. Os próximos cinco anos dele serão voltados para a cidade.”
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A referência temporal não é gratutita. “Cinco anos”, trombeteou Kassab, como a enfatizar que Serra, uma vez eleito, não cairá na tentação de trair de novo a confiança dos eleitores.
Não vai trocar a prefeitura por uma nova candidatura ao Planalto, eis o que Serra terá de realçar. O petismo de Fernando Haddad afia o discurso. Vai ressuscitar um compromisso assumido por Serra em 2004.
Em campanha, apôs o jamegão num documento (cópia abaixo). Em sabatina promovida pela Folha, comprometeu-se a cumprir os quatro anos de mandato. Eleito, rasgou o comprimisso em 2006. Foi à cadeira de governador.
O primeiro desafio do novo Serra será o de convencer o eleitorado de que o velho Serra, aquele político obcecado pelo Planalto e decidido a não virar a página para trás, morreu neste final de semana.
O PT dirá: é óbvia a impossibilidade. Ou o eleitor é inteligente ou é crédulo. Se é crédulo, não pode ser inteligente. E o PSDB: a inteligência está no exercício de renovar a credulidade.

Dilma: Brasil vai ‘reconstruir’ a base da Antártida


Dilma Rousseff mandou divulgar uma nota sobre o incêndio que destruiu a Estação Comandante Ferraz, base do Brasil na Antártida. A presidente declarou-se “consternada”, solidarizou-se com as vítimas e anunciou a reconstrução das instalações. Diz a nota:
“A presidenta reafirma a importância do programa de pesquisas desenvolvido na Estação e elogia a abnegação e o desprendimento dos brasileiros que lá trabalham. A Presidente manifesta, ainda, a firme disposição do país de reconstruir a Estação Antártica Comandante Ferraz.”
Em conversa com o ministro Celso Amorim (Defesa), Dilma determinou “a adoção de todas as medidas necessárias para salvaguardar a segurança dos cientistas, militares e visitantes que se encontravam na base.”
Dilma telefonou na tarde deste sábado (25) para o presidente do Chile, Sebastián Piñera. Agradeceu o apoio no socorro e no resgate dos sobreviventes do incêndio, alojados numa base chilena na Antártida.
Na nota, Dilma agredece também “o apoio e a solidariedade prestados pelos governos da Argentina e da Polônia”, que também mantém instalações próximas à base brasileira. Aqui, a íntegra do texto divulgado pelo Planalto. Mais informações sobre o incêndio aquiaqui e aqui. Abaixo, dados sobre as instalações atingidas pelo incêndio:

PSDB nacional buscará agora unidade pró Aécio


A cúpula do PSDB federal enxerga na decisão de José Serra de disputar a prefeitura de São Paulo a perspectiva de obter algo que o partido persegue há anos sem sucesso: a unidade em torno de um projeto nacional.
Planeja-se agora apressar a consolidação da candidatura presidencial de Aécio Neves. Na expressão de um dirigente tucano, deseja-se converter Aécio de opção “óbvia” –como o definiu FHC— em “fato consumado”.
Sob críticas, Aécio já vinha sendo instado a assumir-se como candidato a 2014. As cobranças para que ele se apresente mais claramente como contraponto ao governo petista serão intensificadas.
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Os tucanos que operam as engrenagens do PSDB nacional receberam o último movimento de Serra com alívio. Receava-se que ele continuasse a fazer ouvidos moucos para os recados enviados pelo partido.
Traduzindo um sentimento que alega ser generalizado na legenda, a direção do PSDB sinalizava para Serra que seu projeto presidencial esgotara-se. Assumida a contragosto, a opção municipal foi entendida como uma “caída em si” de Serra.
Para viabilizar-se em São Paulo, Serra terá de se esforçar para convencer o eleitor paulistano de que, eleito, não arredará o pé da prefeitura até 2016. Um discurso que o aliado Gilberto Kassab já começou a esgrimir neste sábado (26).
Assim, Aécio fica como que liberado para mover-se como única alternativa presidencial já neste ano eleitoral de 2012. O partido quer que ele desfile seus pendores de candidato nos principais palanques municipais de oposição.
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Unificando-se, o PSDB obterá algo jamais alcançado desde que Fernando Henrique Cardoso concluiu seu segundo mandato na Presidência, em 2002. O partido converteu-se numa espécie de agremiação de amigos 100% feita de inimigos.
O tucanato compareceu a todas as sucessões presidenciais trincado. Em 2002, Serra tornou-se candidato do PSDB após travar renhida disputa com Tasso Jereissati. Prevaleceu no partido. E perdeu para Lula.
Em 2006, Serra mediu forças com Geraldo Alckmin. Na última hora, recuou. Convertido em candidato num conciliábulo de cúpula, Alckmin foi derrotado, em segundo turno, por Lula.
Em 2010, Serra disputou a vaga de candidato com Aécio Neves. Depois de passar meses exigindo a realização de prévias, Aécio se deu por vencido. E Serra foi à sorte dos votos pela segunda vez. Perdeu para Dilma Rousseff, o poste de Lula.
Assim, mantido o cenário idílico projetado pelo PSDB federal, será a primeira vez desde a saída de FHC do poder que o partido construirá uma candidatura ao Planalto sem ter José Serra num dos cantos do ringue.
É grande no tucanato a torcida para que Serra obtenha as condições políticas para pavimentar internamente sua candidatura a prefeito. É maior ainda a torcida para que ele consiga se eleger.

E se o Corinthians fosse fiel à Gaviões?



Imagem: France Press
Detesto Carnaval. Provavelmente porque desde que eu deixei de frequentar os bailes de salão da adolescência e passei a não ter dia e hora marcados pra entrar numa folia, só vi Carnaval na TV, nas madrugadas insones dos intermináveis 5 dias da jornada, quando a outra opção era pastor evangélico. E não tem coisa mais chata no mundo que assistir o Carnaval na TV. Para meu alívio e de muitos, hoje temos a Internet e a TV por assinatura que, embora seja dominada pela Globo, vende alivio nestes dias. Então, como não assisti, ouvi dizer e li algumas coisas sobre o Carnaval deste ano.
Antes de mais nada vou logo admitindo: tenho pré-conceitos a respeito da Globo. Na minha opinião, a emissora sempre será culpada, até provar sua inocência. Tudo que apresenta em sua grade de programação envenena a mente e o corpo do telespectador. A leitura dos fatos que escolhe veicular em seus telejornais é distorcida, serve a interesses de uma elite decadente. A Globo tem as mãos sujas de sangue por ter apoiado todos os golpes militares na América do Sul – a começar pelo nosso que, em troca, deu-lhe concessão e financiamento. Resumindo: as vezes a emissora manipula a opinião pública, noutras também.
Qualquer brasileiro minimamente antenado percebe que a Globo odeia o PT de cabo a rabo, desde a sua fundação até os dias de hoje. E neste ódio, há muito mais preconceito que diferenças ideológicas. Portanto, mesmo que seu público mais rentável na programação esportiva, seja o torcedor corintiano, era de se esperar que a emissora boicotasse a Gaviões da Fiel este ano, por conta da homenagem que a escola anunciou que faria ao torcedor mais ilustre do Corinthians.
A troca de última hora de dois dos jurados que avaliam o desempenho das escolas, foi tão obviamente suspeita e por isso mesmo teoricamente improvável, que até passaria batida, não fosse o fato de que, justamente Mary Dana, introduzida de última hora no grupo, desse à escola a menor nota (8,9) entre todas no tal quesito “evolução” – o que foi aritmeticamente determinante para que a Gaviões despencasse para o sétimo lugar na classificação geral. Assim, a escola não participou do desfile das campeãs de ontem, quando Lula teria 99% de chances de ser liberado pelos médicos para subir ao carro a ele reservado para o desfile. Impedir mais essa consagração do presidente mais popular da história do Brasil foi uma questão de honra para a Globo.
Por curiosidade, pesquisei e encontrei um número impressionante: segundo o IBOPE, o Corinthians coleciona 25,8 milhões de torcedores no Brasil – o equivalente à soma das populações de Portugal, Suécia e Suíça! 14,4 milhões desses loucos – como eles mesmos se denominam, no bom sentido, é claro – vivem no estado de São Paulo. Significa dizer que um em cada três torcedores paulistas, é corintiano.
Sei o quanto é duro, caro e sacrificante para uma escola de samba e seus componentes montar o desfile e imagino o quanto doeu terem sido trapaceados. Então, viajei na maionese: a chamada “nação corintiana” é capaz de eleger um prefeito sozinha! Talvez tenham sido determinantes nas vitórias eleitorais de Lula e Dilma – já que ambos receberam algo em torno de 40% dos votos válidos do estado de São Paulo. (Este potencial, claro, é tão fenomenal quanto perigoso…) Mas será que essa nação tem noção de que corintiano unido pode jamais ser vencido? Será que a Globo tem noção de que a trapaça que armou não foi só contra a Gaviões, mas contra o Corinthians como um todo e contra o próprio Carnaval paulista? Será que os dirigentes do Corinthians tem noção do quanto a Globo depende do Corinthians para se equilibrar no Ibope de sua programação esportiva? Mais fundo na maionese: e se depois dessa injustiça com a Gaviões, o Corinthians resolvesse desfazer o acordo de venda de direitos de imagem com a Globo e fechasse com a Record? O que a emissora faria além de exigir o pagamento da multa por rescisão de contrato? E se a Record resolvesse bancar a multa rescisória? A Globo iria paralisar o campeonato Brasileiro no tapetão e perder os contratos com seus patrocinadores?
Bem que diretoria, jogadores e torcedores do Corinthians podiam dar uma espiadinha no seu passado não tão longínquo, quando um tal de Sócrates comandou a famosa Democracia Corintiana bem debaixo do nariz do general-ditador João Figueiredo, e dessa vez, peitar a ditadura do plin-plin…
Ops! Plin-plin: acordei da viagem na maionese: vivemos na selvageria do oligopólio midiático, terra sem lei. A ausência do Marco Regulatório das Comunicações nos mantém reféns de uma emissora de TV que nos tiraniza há quase 50 anos. A Globo manda no futebol. Os clubes ajoelham e rezam a cartilha da emissora. Todos comem na mão da Globo. Inclusive o Corinthians.
Não sou corintiano, mas assim como a Gaviões, tenho grande admiração pelo presidente Lula e sua história. Torci para que eles ganhassem. Porque eu teria o maior prazer em ir até o Sambódromo para assistir o desfile da escola, ver o Lula com aquele chapéu engraçado que anda usando e sentir aquela tempestade de emoções que sempre acontece quando ele e a platéia se encontram ao vivo.
Depois, dentro das quatro linhas do campo, é claro que o texto seria outro…

Contra adiamento de prévias, Aníbal grava vídeo



Submetido ao noticiário que apresenta José Serra como virtual candidato do PSDB à prefeitura paulistana, José Anibal decidiu reagir. Pendurou na internet um vídeo. A peça foi gravada neste sábado (25).
Contrário à idéia de adiamento das prévias agendadas para 4 de março, Aníbal trata o encontro como fato consumado. “Hoje é 25 de fevereiro. Estamos a oito dias das prévias que vão eleger o candidato tucano a prefeito de São Paulo”, diz ele.
Embora Serra já admita participar da disputa interna, ele tenta adiar o embate por pelo menos 15 dias. Ajuda-o na empreitada o governador tucano Geraldo Alckmin, de cujo governo José Aníbal é secretário de Energia.
Aníbal é um dos quatro tucanos que se inscreveram para as prévias no prazo regulamentar. Além dele, há o deputado Ricardo Tripoli e outros dois secretários de Alckmin: Bruno Covas (Meio Ambiente) e Andrea Matarazzo (Cultura).
Bruno e Andrea são apresentados nos subterrâneos do tucanato como quase ex-postulantes. Estariam na bica de abdicar de suas pretensões em favor de Serra. Aníbal e Tripoli, ao contrário, frequentam a cena como ossos duros de roer.
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Há dois dias, em entrevista ao blog, Tripoli dissera que não cogita retirar-se da disputa nem mesmo na hipótese de sobrar apenas ele de um lado e Serra do outro. No vídeo veiculado neste sábado, Aníbal também ergue a lança.
Numa crítica indireta a Serra, que passou os últimos meses refugando a candidatura municipal, Aníbal afirma ter feito “inúmeras reuniões com a militância e com os filiados”. Qualifica os encontros de “entusiasmantes”.
Na campanha municipal de 2004, Aníbal também se apresentara como opção do PSDB para a prefeitura. Espremido, abriu mão em favor de Serra, que se elegeu. Agora, parece decidido a vestir outro figurino.
Contra a tradição do tucanato de escolher candidatos em articulações de cúpula, Aníbal diz no vídeo que, em 2012, os filiados do PSDB desejam participar da escolha do candidato. No final da fita, ele pede votos.
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Espera-se para esta segunda-feira (27) uma manifestação pública de Serra apresentando-se, finalmente, como postulante à vaga. Neste sábado (25), o aliado Gilberto Kassab cuidou de aplainar o terreno. Apresentou Serra como um “grande pré-candidato”, fadado a virar “candidato” e, depois, “prefeito”.
Em nota veiculada o twitter, sem mencionar o nome de Kassab, Aníbal criticou o fato de Serra ter terceirizado o anúncio ao mandachuva do PSD. Escreveu: “Vamos intensificar a movimentação para vencer as prévias. Pelo PSDB fala o PSDB!”
Noutra nota, Aníbal cutucou os que operam para protelar as prévias: “A mobilização dos filiados do PSDB de Sampa incomoda os que ‘sabem tudo’. De um modo ou outro tentam ignorar a legítima vontade de participação.”
Como se vê, Alckmin terá mais dificuldades do que gostaria para ajeitar o palco de modo a facilitar a entrada tardia de Serra em cena. Com a peça pelo meio, parte do elenco parece relutar em assumir o papel de escada.
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Atualização feita às 12h21 deste domingo (26): Alckmin reuniu-se com José Aníbal e Ricardo Tripoli na manhã desde domingo.
Pediu-lhes que aceitem a inscrição tardia de José Serra nas prévias. Ambos concordaram. Rogou para que topem também adiar a disputa em duas semanas. Os dois disseram não.
Alckmin  disse à dupla que Bruno Covas e Andrea Matarazzo vão se retirar da disputa em favor de Serra.