domingo, 18 de março de 2012

Segundo parentes, Wanderson sempre andava pelo acostamento



Segundo parentes, Wanderson sempre andava pelo acostamentoFoto: Divulgação

TIA DO RAPAZ, ATROPELADO PELO FILHO DE EIKE BATISTA NA NOITE DO SÁBADO, DIZ QUE A MARCA DE SANGUE INDICA QUE ELE FOI PEGO FORA DA RODOVIA; O RAPAZ VOLTAVA DO SUPERMERCADO, ONDE FORA COMPRAR LEITE CONDENSADO E OVOS

18 de Março de 2012 às 23:25
247 – O ajudante de caminhoneiro Wanderson Pereira dos Santos, de 30 anos, voltava de bicicleta de um supermercado, onde fora comprar ovos e leite condensado para preparar pudim para um tio deficiente mental, na noite do sábado, quando foi atingido por uma Mercedes-Benz prata, placa EIK-0063, na BR-040, região da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. A Mercedes dirigida por Thor Batista, herdeiro da fortuna avaliada em US$ 30 bilhões pela revista Forbes, do homem mais rico do Brasil, Eike Batista. Quem descreveu o destino de Wanderson foi sua prima, Andrea Pereira da Silva, ao jornal carioca Extra.
A tia Maria Vicentina Pereira, considerada segunda mãe pelo ciclista, disse conhecer a rotina do sobrinho, que segundo ela, andava sempre pelo acostamento. “Ele fazia esse trajeto todos os dias durante 30 anos. Pelas manchas de sangue que ficaram marcadas no chão dava para ver que ele foi atingido quando andava pelo acostamento”, afirmou. Um vizinho de Wanderson, que disse ter presenciado o acidente, confirma que o rapaz estava no acostamento. "Quando corri para ver, já tinha acontecido. Ele (Santos) estava fora da estrada, foi atingido no acostamento da esquerda", disse o montador José da Silva. Segundo ele, Thor entrou no acostamento para desviar de um ônibus.
As versões contestam a nota oficial emitida pela EBX, empresa de Eike Batista, que acusou o rapaz de atravessar a rodovia no momento em que foi atingido pela Mercedes. Pelo Twitter, Eike também disse que a “imprudência não foi de Thor” e que Wanderson atravessava a rodovia. Além de disponibilizar auxílio psicológico, a família de Thor arcou com as despesas do funeral da vítima, que aconteceu neste domingo, às 17h, no cemitério de Xerém, em Duque de Caxias, e custou cerca de R$ 8 mil. O valor pagou também a reconstituição facial de Wanderson, que teria ficado irreconhecível, segundo seus familiares.
Segundo o jornal “Extra”, a prima Andrea contou que há um representante da família Batista em contanto com os parentes de Wanderson. Ela afirmou que o representante não concordou com o valor do sepultamento e teria pedido um enterro mais simples. A assessoria de imprensa da família Batista negou a afirmação feita pelos familiares e informou que as despesas já foram pagas sem nenhum questionamento. "Todas as despesas com o velório e o enterro do rapaz Wanderson Pereira dos Santos já foram pagas sem qualquer espécie de contestação e a família será acompanhada por assistentes sociais do grupo EBX”, afirma a nota.

No mundo de Huck, ricos sempre vão ser inocentes



E OS POBRES SÃO APENAS MATÉRIA-PRIMA PARA A CONSTRUÇÃO DO MITO QUE LUCIANO ALIMENTA: O DO BOM MOÇO. ARTIGO DE CLAUDIO TOGNOLLI SOBRE A MORTE DE WANDERSON PEREIRA DOS SANTOS, ATROPELADO POR THOR, FILHO DO BILIONÁRIO EIKE BATISTA

18 de Março de 2012 às 22:52
Claudio Tognolli _247 - Há pouco mais de uma semana, a Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou uma relação com 164 entidades privadas acusadas de cometer “irregularidades graves e insanáveis” na prestação de serviços a órgãos e entidades federais. Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos de parceria com órgãos da administração pública federal, como os vários ministérios e autarquias. Ou seja: as ONGS em defesa do populacho resolveram meter a mão na massa.
Sabem o que é isso? É que até o governo do PT, e até os seus sindicalistas mais radicais, se tocaram de que defender pobre é um bom negócio. Psicanalistas de plantão referem que gente bem de vida defende pobre como uma forma de excogitar, ou simplesmente vomitar, uma atávica culpa por terem dado certo na vida. Certamente a nossa gramática não concebe o “quadradamente certo”: mas os doutores da mente estão redondamente enganados: defender pobre é o melhor negócio desse começo de século XXI. Não há culpa na prática: é dinheiro vivo e ponto final…
Um dos arautos dessa defesa do pobre é Luciano Huck. Dono de sorriso perene, já mereceu capas das duas maiores revistas do país. “Veja” estampou-lhe o rosto com a epígrafe “A reinvenção do bom mocismo”. “’Época”, editada pela mesma corporação que gera o “cash cow” a Huck, focou o roubo de seu Rolex, caixa Oyster, de ouro, gritando a manchete “Ele merecia ser roubado ?”
Huck perfaz milhões em anúncios, lobbies comerciais, etc, recheando esse construto financeiro com um subproduto jornalístico voltado à defesa dos “frascos e comprimidos”. Mas Huck confecciona cocô achando que o cheiro poderia ser secundário ao artefato. O arranjo medieval que Huck vende em seus produtos volta e meia tem seu vazo rachado, e a água salobra vaza: na briga entre o rico e o pobre, como agora, Luciano Huck vai se postar, avant la letre, antes de mais nada, ao lado do rico.
“Fatalidade. Não tinha bebido e prestou socorro", tuitou o apresentador neste domingo, sobre o atropelamento cometido pelo filho de Eike Batista. Testemunhas dizem que o atropelado conhecia bem o local. E estaria andando no acostamento. Por que Luciano Huck saiu em defesa do milionário antes da realização de uma perícia? Porque o apresentador sabe que no Brasil todo mundo que dispõe de dinheiro costuma contratar peritos particulares para fazer o chamado contra-laudo. O estatuto do Direito, em que a deusa da Justiça, Artemis, aparece atavicamente com os olhos vendados, prevê a confecção de contra-laudos (para oxigenar a impacialidade do processo). Foi assim no caso de PC Farias, ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Collor. Foi assim no caso Eloá. Obviamente, Eike Batista vai contratar peritos particulares… e cabe a Luciano Huck simplesmente viciar o processo, pelo atalho da contaminação da opinião pública -- de onde costumam vir os jurados.
O Burguês Fidalgo
Veja você aghora: corria um 14 de outubro de 1670. Diante da corte do rei francês Luís XIV, no castelo de Chambord, estreia a peça “Le bourgeois gentil homme”, traduzida por aqui como “O burguês fidalgo”. Nela, Molière nivela os destinos de personagens metidos a alpinismo social, a pequenos vícios e vilanias da burguesia --e a demais subprodutos de uma classe que, por mais esforçada que fosse, não passava de um subproduto, uma meia-confecção. Molière pensou muito no título. Afinal era um oximoro: porque na França daquela época, veja você, a tradução de “gentil homme” (cavalheiro) dava a ideia de pessoa nascida nobre. Dai, portanto, não poderia ser, tecnicamente, cavalheiro e burguês ao mesmo tempo.
E olhe o seguinte: o cidadão de inteligência apoucada a protagonizar a historia, um burguês chamado Jourdain, está quase na meia idade (seu pai enriqueceu como comerciante). A meta de Jourdain é clara: ser um cavalheiro aristocrata. Jourdain leva de cambulhão a determinação de sorver de todas as artes cavalheirescas possíveis, que serviam de selo e lacre à burguesia mental: dança, música, filosofia, esgrima – e sempre afetando um bom-mocismo substantivo, ainda que sujeito a variações adjetivas.
Temos o nosso Jourdain. Nosso Jourdain é um ser inflável, um ursinho carinhoso. Cheira a bonomia e bons perfumes. Luciano Huck é o nosso “gentil homme” pós-moderno. Como diria Machado de Assis: é incapaz de odiar, talvez seja incapaz de amar. Huck é um ser Disney, é aquilo que nas escolas primárias se chama de inho. Seu mundo parece não ter fricções. Tudo é róseo, tudo está em calma suspensão. Afinal Huck subiu de colunista de festas da sub-burguesia paulistana, no Jornal da Tarde, nos anos 90, para o mais reluzente Global e o mais seguido no Twitter brazuca. Huck, como um ser Disney inflável, quer mais alturas. Afinal, se um operário que era o terror dos patrões chegou lá, afinal se uma nerd de metranca, que era o terror dos banqueiros, chegou lá, porque um bonzinho inho inho inho não poderá.
O bonzinho-inho profissional sabe fazer de sua bonomia um bom negócio: e o filho de Eike Batista surgiu como um negócio de ocasião.
A luta de classes costuma ocorrer quando o peão que vai pra fábrica, 4 da manhã de segunda-feira, encara numa treta, num ponto de ônibus, o milonário bêbado, voltando na boate. Não tenha dúvida que nessa cena, Huck defenderia o dono do carro e seu Rolex.

Marconi vai se livrar de secretários ligados a Cachoeira



Marconi vai se livrar de secretários ligados a CachoeiraFoto: Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL

GOVERNADOR DE GOIÁS DISSEMINA INFORMAÇÃO DE QUE ALGUNS DE SEUS ASSESSORES ESTARIAM ACOMODADOS; NA VERDADE, SE SAÍREM MESMO, TERÁ SIDO POR CONTA DA OPERAÇÃO MONTE CARLO

18 de Março de 2012 às 20:20
247 - A Operação Monte Carlo, que prendeu o bicheiro Carlos Cachoeira, começa a produzir impactos no governo de Goiás. O tucano Marconi Perillo estaria disposto a conter o estrago demitindo secretários que teriam alguma ligação com Cachoeira. O pretexto, no entanto, seria a "acomodação". Leia, abaixo, reportagem publicada no jornal Opção:
Marconi planeja trocar secretários acomodados
Quem convive de perto com o governador Marconi Perillo (PSDB) sustenta que ele alterna momentos de muito otimismo com a economia de Goiás — que cresce mais do que a média nacional — e momentos de profunda irritação com alguns secretários. O secretário da Infraestrutura, Wilder Pedro de Morais, só não foi trocado porque o cargo é do DEM, que, por enquanto, prefere mantê-lo. Segundo auxiliares de Marconi, Wilder estaria mais interessado em cuidar dos negócios de sua empresa, a Orca, do que dos interesses do Estado. O secretário da Indústria, Alexandre Baldy, começou bem, mas acomodou-se. Conta-se que está mais preocupado com os negócios do sogro, Marcelo Limírio. “É possível que o Elie Chediak, assessor para Assuntos Internacionais, seja mais útil para atrair empresas do que Baldy”, diz um auxiliar de Marconi.
Nas conversas reservadas, Marconi tem dito que o governo deve ser mais ágil para derrotar a burocracia. Ao mesmo tempo, constata que a burocracia só pode ser enfrentada por secretários arrojados e que não se preocupam com suscetibilidades. O governador tem dito que é preciso pôr o interesse público acima de tudo. Alguns secretários devem ser trocados, ou, se não for possível, serão pressionados para agir, para sair da toca.
Se há os que não trabalham, mas fingem até bem, há os que agem e, mesmo, os que surpreendem. O secretário de Cidades, Igo Montenegro, assumiu como “azarão”, mas tem sido apontado como um executivo atuante e produtivo. Jaime Rincon, embora presidente da Agetop, funciona como um curinga do governo. Giuseppe Vecci (Segplan), apesar do estilo intransigente, até arrogante, agrada Marconi porque não tem receio de enfrentar a burocracia e os políticos oportunistas. Simão Cirineu (Fazenda) tem o apoio do governador porque absorve calado as críticas dos secretários e dos prefeitos e diz “não” com facilidade, evitando o desgaste do governador. Está prestigiado.
O dirigente da cultura, Gilvane Felipe, tem o apreço pessoal de Marconi, porque é determinado e, mesmo sem dinheiro, vem gerindo com relativa desenvoltura uma área complicada. O governador quer apenas que seja mais “agregador”. Quem não conhece as relações de Marconi com o secretário da Educação, Thiago Peixoto, acredita que o tucano está insatisfeito com o pessedista. Não está. Pelo contrário, está satisfeito. Marconi tem dito a aliados que Thiago é ousado, que tem espírito público e teve coragem de enfrentar o vespeiro da educação, possivelmente o setor em que se fala mais em mudança com o objetivo explícito de não mudar. Marconi está negociando com os professores, mas em nenhum momento desautorizou Thiago, um dos poucos auxiliares do primeiro escalão que tem acesso direto ao governador — sem intermediários. Há, tudo indica, um projeto político para Thiago. “O secretário provou que é capaz de enfrentar grandes desafios”, frisa um auxiliar que trabalha quase ao lado do tucano-chefe.
Outro secretário que aos olhos do público parece desgastado é o de Segurança Pública, João Furtado. Na prática, pelo menos na avaliação de Marconi, Furtado está indo bem. Enfrentou a banda podre da polícia, que fez o impossível para derrubá-lo, plantando notas em jornais e articulando rebeliões na Polícia Civil e na Polícia Militar, e acabou dando a volta por cima. Com a desmoralização recente de integrantes da cúpula da PC e da PM, Furtado ficou ainda mais sólido, porque não está envolvido em nenhum escândalo e, pelo contrário, está trabalhando para modernizar e moralizar as polícias. Outra surpresa é o secretário da Agricultura, Antônio Flávio de Lima. Tímido no início, apresentando-se mais como técnico, Antônio Flávio deslanchou e tem o apoio do agronegócio e tem visão política do processo. É ágil e não aprecia burocracia.
O presidente da Agecom, José Luiz Bittencourt, fez milagres num governo praticamente sem dinheiro para investir em mídia. Aos poucos, e enfrentando a burocracia com competência e determinação, está conseguindo dar unidade à comunicação do governo. Há gerentes setoriais de comunicação que ainda não perceberam que as secretarias específicas fazem parte de um governo e não devem ser vistas isoladamente. Reuniões por área — por exemplo, secretarias da Educação, da Cultura e Ciência e Tecnologia poderiam ter pautas comuns — podem ser mais produtivas do que reuniões coletivas. Zé Luiz está conseguindo que o governo fale uma única língua, mas sem perder sua diversidade.
Vilmar Rocha é visto por Marconi como “hors-concours”, ou seja, como aquele secretário que resolve problemas políticos e institucionais do governo. Na crise do governo com o Poder Judiciário, a diplomacia do secretário-chefe da Casa Civil, que conversava diretamente com alguns desembargadores, como Leobino Valente, agora presidente do Tribunal de Justiça, foi decisiva para pôr as coisas nos eixos e dirimir o contencioso. Na articulação com prefeitos e, mesmo, nas conexões nacionais, sobretudo com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab — que ajudou na negociação da Celg —, Vilmar tem funcionado muito bem. “O líder do PSD é o homem certo no lugar certo”, afirma um auxiliar de Marconi.
O secretário de Relações Institucionais, Daniel Goulart, é um dos que mais cumprem missões do governador. Marconi o aprecia porque não tem preguiça e costuma ser o político das soluções e não cria problemas.
Resolvido o problema da Celg, o governo vai concentrar-se em resolver os problemas da Saneago, órgão fundamental para que Marconi possa fazer um amplo programa de saneamento básico em todo o Estado. Sob o comando do grupo político do prefeito de Itumbiara, José Gomes da Rocha, a Saneago não vem funcionando tecnicamente com desenvoltura. Teme-se, inclusive, que, se Gomes da Rocha assumir o comando, a Saneago se transforme em “gueto” político.
O fato é que Marconi quer mais energia e ação do que discurso. A cultura do gerúndio — a do “estou fazendo” — tende a ser abolida, pelo menos no primeiro escalão.

Sem elementos para julgar, Luciano Huck sai em defesa do filho de Eike



Sem elementos para julgar, Luciano Huck sai em defesa do filho de EikeFoto: Divulgação

"FATALIDADE. NÃO TINHA BEBIDO E PRESTOU SOCORRO", TUITOU O APRESENTADOR. BOM, MAS E SE THOR ESTIVESSE ACIMA DA VELOCIDADE PERMITIDA? E SE TIVER PEGO O CICLISTA NO ACOSTAMENTO?

18 de Março de 2012 às 20:27
247 - O apresentador Luciano Huck é um dos representantes do poder no Brasil. Garoto propaganda de diversas marcas, o "bom moço" da Rede Globo sempre emprestará seu prestígio ao poder. Com Eike Batista, não poderia ser diferente. Ele acaba de postar no Twitter que o acidente envolvendo Thor Batista, filho do bilionário, e o ciclista Wanderson Pereira dos Santos foi uma "fatalidade". Isso porque Thor não teria bebido e também prestado socorro.
Huck, evidentemente, não estava lá para julgar. Não viu o que aconteceu. Não testemunhou o atropelamento. Portanto, não tem elementos para assegurar que foi uma fatalidade. Eis algumas questões que o representante do bom-mocismo ignora:
- e se o carro, que não foi periciado, estivesse acima da velocidade permitida?
- e se o ciclista tiver sido atropelado no acostamento, como afirma uma testemunha?
- fosse outro o motorista, seria liberado antes de ir à delegacia?
Para julgar, Huck, seja para condenar ou inocentar, é preciso antes ter informações. Afinal, do outro lado, também havia uma pessoa. Não um bilionário, mas um brasileiro comum, como muitos daqueles que são ajudados nos seus programas e que ajudam a alimentar sua fama de bom rapaz.

Filho de Eike Batista é cercado de privilégios



Filho de Eike Batista é cercado de privilégiosFoto: Divulgação

THOR, QUE MATOU CICLISTA CONDUZINDO UMA MERCEDES DE R$ 2,7 MILHÕES, NÃO FOI SEQUER CONDUZIDO A DELEGACIA; CARRO FOI RETIRADO DO LOCAL ANTES DA PERÍCIA; ADVOGADO DA VÍTIMA JÁ FALA EM HOMICÍDIO DOLOSO; O TRATAMENTO SERIA O MESMO NÃO FOSSE ELE FILHO DO HOMEM MAIS RICO DO BRASIL?

18 de Março de 2012 às 19:51
247 – O acidente que envolve o filho do empresário mais rico do Brasil, Eike Batista, mostra um cenário de privilégios para o jovem herdeiro. Thor Batista, de 20 anos, não foi sequer conduzido a delegacia depois de bater em um ciclista com uma Mercedes-Benz no valor de R$ 2,7 milhões, liberada ao advogado do jovem antes mesmo de passar pela perícia. O acidente aconteceu na BR-040, na Baixada Fluminense, no Rio, por volta das 19h desse sábado.
Wanderson Pereira dos Santos, de 30 anos, morreu na hora e o estado que ficou o corpo leva o advogado da família da vítima a acreditar que o carro de Thor estava, sim, em alta velocidade, ao contrário do que defende o bilionário. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, Cleber Carvalho disse que irá na Justiça pedir indenização por danos morais e materiais e que, se for comprovada a alta velocidade, abrirá também um processo criminal. Nesse caso, o caso passaria de crime culposo – sem intenção de matar – para doloso – com a intenção.
Pelo Twitter, Eike Batista defende o filho, afirmando que a “imprudência não foi de Thor”, já que o ciclista, segundo ele, estaria atravessando a rodovia. A mesma informação foi divulgada oficialmente pela assessoria de imprensa do grupo EBX, empresa de Eike. A versão do advogado, porém, é outra: o ciclista estaria andando no acostamento, em um trajeto que conhecia bem e que fazia diariamente na volta para casa. O testemunho de um vizinho da vítima, que afirma ter presenciado o acidente, comprova a versão. "Quando corri para ver, já tinha acontecido. Ele (Santos) estava fora da estrada, foi atingido no acostamento da esquerda", disse o montador José da Silva. Segundo ele, Thor entrou no acostamento para desviar de um ônibus.
“Thor estava na velocidade permitida, fez teste do bafômetro e firmou declaração descrevendo o acidente, no posto da PRF”, defendeu Eike pela rede social. O empresário também falou, em nome do filho, que o jovem lamentava o ocorrido e que informou que prestou socorro à vítima. Os usuários do Twitter já criaram a hashtag #CastigoDoThor, ironizando as possíveis punições que o jovem rico poderia sofrer diante de tantos privilégios. "Parece que o filho da Eike atropelou um ciclista, né?! Se for preso vai poder cumprir prisão domiciliar na sua base espacial", escreveu Mateus Caniceiro (‏@MateusCaniceiro).

Doença com hora marcada



Novas pesquisas demonstram como o momento do dia pode 

melhorar ou agravar sintomas e ajudam a criar estratégias de 

tratamento mais eficazes

Mônica Tarantino
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As investigações sobre as relações entre os ritmos biológicos humanos e o agravamento ou melhora dos sintomas de doenças estão ganhando terreno na pesquisa médica. A razão é que as conclusões que vêm sendo obtidas – descobertas como as horas mais propícias para haver morte súbita ou para a intensificação da dor – começam a contribuir para o acompanhamento mais apropriado dos pacientes, ajudando na prevenção de possíveis complicações e também no alívio do sofrimento causado pelas enfermidades. A área da ciência responsável pelas pesquisas é a cronobiologia, ramo que estuda o ritmo biológico do organismo.

O agente por trás da associação entre as horas do dia e as doenças é o relógio biológico. Ele está localizado em uma estrutura do cérebro chamada hipotálamo, situada na base do crânio. Sua função é regular os processos biológicos e mudanças hormonais que ocorrem em intervalos de cerca de 24 horas. Funciona como um cronômetro. “Alterações nesse sistema podem facilitar o adoecimento”, diz o médico John Araújo, diretor do Laboratório de Neurociência e Ritmicidade Biológica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Uma das áreas nas quais há mais avanços na compreensão do vínculo relógio biológico-sintomas é a cardiologia. Recentemente, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve (EUA) constataram a maior incidência de morte súbita entre duas e seis da manhã, com um outro pico ocorrendo no início da noite. Os horários coincidem com variações na presença da proteína Klf15, envolvida nos mecanismos de controle do relógio biológico e também na regulação da atividade elétrica do coração (problemas nesse circuito podem levar a batimentos cardíacos anormais). “Nosso trabalho é o primeiro a identificar um mecanismo desconhecido da instabilidade elétrica no coração e a fornecer informações sobre as variações diurnas e noturnas associadas à arritmia”, explicou à ISTOÉ o cientista Mukesh Jain, um dos autores do estudo. “Agora estamos testando compostos naturais que equilibram os níveis dessa proteína ao longo do dia”, contou o pesquisador.
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No Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, parte dos pesquisadores volta sua atenção para descobrir a relação entre ritmo biológico, sono e doenças cardíacas. “Distúrbios do sono têm sério impacto no sistema cardiovascular”, atesta o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho, diretor do Laboratório do Sono do instituto. Um estudo feito por seu grupo revelou que apenas cinco noites de privação de sono (média de quatro horas e meia de sono por noite) são suficientes para prejudicar o funcionamento dos vasos sanguíneos e alterar a saúde cardíaca. “Jovens são os mais atingidos, pois a divisão entre trabalho, estudo e lazer não deixa muito espaço para o descanso”, diz o pneumologista. 

Em outro departamento do instituto, o foco é levantar informações que ajudem na prevenção e no tratamento da hipertensão. “Estamos avaliando a pressão alta e sua associação com as mudanças no organismo que ocorrem quando o corpo está se preparando para acordar”, conta o cardiologista Luiz Bortolotto, diretor da Unidade Clínica de Hipertensão e pós-doutorado em cronobiologia na França. “Uma delas é a elevação da atividade do sistema nervoso central. Uma das consequências é o aumento da contração dos vasos sanguíneos”, diz. Nas pessoas em risco, isso aumenta as chances de um ataque cardíaco. Não é à toa, portanto, que os estudos indicam que a partir das 6 até por volta das 11 horas há cerca de 40% mais chances de ocorrência de um ataque cardíaco e 49% mais de risco de acontecer um acidente vascular cerebral do que nos outros momentos do dia.

Mais uma porta aberta pela medicina é a constatação de que a hora do dia influencia na gravidade dos sintomas de infecções e no desempenho do sistema imunológico. Pesquisadores da Universidade de Yale (EUA) conseguiram mapear, em cobaias, o sobe e desce de uma substância chamada TLR9, que atua no processo de detecção de vírus e bactérias. Depois, correlacionaram essas mudanças aos momentos em que os sintomas de infecção se mostraram mais intensos. “Descobrimos que, quanto mais alta a TLR9 estiver, o que ocorre por volta das 2 horas, piores são as manifestações da infecção”, disse à ISTOÉ Adam Silver, autor do trabalho e cientista do Departamento de Medicina Interna, seção de doenças infecciosas. “Encontramos um link molecular direto entre os ritmos circadianos e o sistema imunológico que poderá ter implicações importantes para a prevenção e o tratamento de doenças infecciosas”, complementou o outro pesquisador, Erol Fikrig.

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A tolerância ao desconforto provocado pelas vacinas infantis foi outro ponto observado. Linda Franck, uma enfermeira pediátrica da Universidade da Califórnia (EUA), avaliou as reações de 70 crianças com cerca de dois meses de idade ao receberem sua primeira série de imunizantes. O trabalho revelou que os bebês que os tomaram após as 13 horas dormiram, em média, 70 minutos a mais no primeiro dia, independentemente de terem recebido ou não analgésicos. Isso significa que, depois das 13 horas, o sistema de alívio da dor das crianças funcionou melhor.

Um dos motivos para esse fenômeno é o fato de que, após esse horário, o corpo apresenta temperatura levemente mais quente do que pela manhã, segundo atestou um trabalho feito na Universidade de Washington (EUA). Isso ajuda a relaxar os músculos, diminuindo a tensão, e vasos sanguíneos, permitindo que substâncias fabricadas para atenuar a dor circulem com mais facilidade pelo organismo. Seria, portanto, a hora ideal para se submeter aos tratamentos contra a dor, como fisioterapia e massagem.

Nessa área, há também achados que podem ajudar na prevenção de crises. Pesquisadores da Cleveland Clinic (EUA), por exemplo, verificaram que ataques de enxaqueca são mais frequentes entre 8 e 10 horas e à noite. A informação possibilita que os pacientes se previnam melhor – nesses momentos do dia podem evitar a exposição a gatilhos tradicionais, como a ingestão de determinados alimentos ou ficar em ambientes com cheiros que despertem a dor.

Além das contribuições para mudanças como essa, de natureza comportamental, espera-se que as descobertas da cronobiologia resultem na fabricação de novos remédios, desenhados especialmente para respeitar as oscilações do relógio biológico e suas relações com a manifestação de doenças e sintomas. “A tendência é de que sejam desenvolvidos medicamentos a serem dados em diferentes momentos do dia porque isso os tornará mais eficazes”, disse à ISTOÉ Akhilesh Reddy, especialista em cronobiologia da Universidade de Cambridge. 

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Para não entregar a idade



Tratamentos para rejuvenescer pescoço, colo e mãos ganham 

cuidados que antes só eram reservados ao rosto

Cilene Pereira e Monique Oliveira
 Assista à entrevista com a dra. Daniela Landim e confira dois depoimentos de pacientes :
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DESGASTE
Em geral, essas regiões são bastante expostas ao sol sem proteção
Depois de muitos e eficazes esforços para melhorar a aparência do rosto, a medicina começa a aumentar a atenção para garantir um melhor aspecto às áreas do pescoço, colo e das mãos. Regiões tradicionalmente relegadas a um segundo plano nos cuidados de beleza, elas agora estão ganhando importância quase equivalente à dedicada à face. Afinal, está cada vez mais claro que de nada adianta estar com o rosto impecável se qualquer uma dessas outras áreas apresentar gordura, flacidez, rugas e manchas. Isso acaba entregando a idade de qualquer um. “Esse problema sempre foi motivo de queixa das pacientes”, diz a dermatologista Bruna Bravo, do Rio de Janeiro.

Hoje, nos consultórios, é cada vez maior a lista dos tratamentos oferecidos para essas áreas. A maioria se baseia nos mesmos recursos usados para o rosto. A diferença está na intensidade das aplicações de tecnologias, concentrações e textura de ativos e frequência de sessões, por exemplo. O cuidado é necessário porque a pele do pescoço, colo e das mãos manifesta características distintas da cútis presente na face. Em linhas gerais, ela é mais fina e apresenta maior tendência ao ressecamento (há menos glândulas sebáceas) e à flacidez (há menor quantidade de colágeno, fibra que dá sustentação à pele). Há também distinção em relação à própria resistência da pele. “No rosto, podemos ser mais agressivos com os tratamentos, pois a cicatrização e a recuperação são excelentes”, explica a dermatologista Daniela Landin, de São Paulo. “Já mãos, colo e pescoço são áreas de recuperação mais difícil”, diz.

Um dos tratamentos com melhor resultado é a aplicação de ácido hialurônico. O produto preenche sulcos e depressões na pele, padronizando sua superfície. Como é injetado diretamente na área a ser recuperada, o efeito é imediato. Por isso a paciente pode observar as mudanças na hora (ela só não pode se impressionar com o leve inchaço que costuma ocorrer logo após as injeções). Há uma versão – o gel linear de ácido hialurônico e glicerol – que apresenta um forte poder de hidratação. “O tratamento pode ser feito a cada 15 dias ou uma vez por mês”, diz Daniela Landin.

O uso de laser também começa a se difundir para além da face. O raio já teve sua eficácia comprovada cientificamente na melhora da textura da pele do rosto – ele provoca uma grande produção de colágeno, que se mantém por meses após as aplicações. Entre os tipos de laser que estão sendo utilizados está o fracionado. Ele atinge pontos específicos, deixando a pele ao redor intacta. “Dessa forma, a cicatrização ocorre de modo mais rápido e seguro”, diz o cirurgião plástico Miguel Sorrentino, do Rio de Janeiro. “O processo de cicatrização é estimulado para originar um tecido novo e saudável”, complementa.

A flacidez do contorno do rosto e as rugas horizontais do pescoço são alvos fundamentais a serem atacados – eles estão entre os sinais mais visíveis do envelhecimento. A correção pode ser feita principalmente com a aplicação da toxina botulínica. Injetada em locais precisos do pescoço e do contorno facial (um deles é um músculo responsável pelo rebaixamento dos cantos da boca), ela promove uma leve redefinição da linha da mandíbula e suaviza as rugas. Mas também há opções como os aparelhos de infravermelho ou radiofrequência, indicados para combater a flacidez.

Um dos principais problemas sofridos pela pele das mãos e do colo é o surgimento de manchas associadas à exposição solar sem proteção. Isso ocorre porque, em geral, as pessoas tendem a proteger apenas o rosto. Esquecem que as mãos, principalmente, estão ainda mais expostas aos raios solares. “Por isso as manchas nessas áreas são muito frequentes”, diz a dermatologista Ana Paula Meski, de São Paulo. Elas não são muito fáceis de serem tratadas, mas pode-se reduzir sua presença com o uso de peelings à base de ácidos e também de laser. E sempre sair ao sol com proteção.
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