sábado, 24 de março de 2012

Ministro do STF arquiva ação contra cotas para negros em universidades



24/03/2012 - 10h40
Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou nesta semana uma ação contra lei do Rio de Janeiro que instituía cotas para negros em universidades fluminenses. A ação não chegou a ser analisada no mérito e foi descartada por um critério técnico, já que a lei em questão, de 2003, foi substituída por uma mais recente, de 2008.
A ação foi ajuizada em 2004 pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen). A entidade discordava da lei que reservava 45% das vagas em universidades públicas estaduais do Rio para estudantes carentes, sendo 20% para negros, 20% para estudantes da rede pública de ensino estadual e 5% para pessoas com deficiências e integrantes de minorias étnicas.
Segundo a Confenen, a lei discriminava estudantes de colégios públicos de outros estados, assim como os candidatos carentes das escolas particulares e os candidatos pobres que não eram negros. Outro argumento usado para atacar a lei é que apenas a União pode legislar sobre diretrizes e bases para a educação nacional.
Para impedir o julgamento do caso, o Ministério Público sugeriu que as entidades interessadas se engajassem na aprovação de outra norma semelhante para substituí-la. A nova lei foi aprovada em 2008 sem a limitação das vagas para a rede pública do Rio de Janeiro.

Ao arquivar o processo nesta semana, Celso de Mello lembrou que o assunto das cotas não está encerrado, já que há pelo menos outras três ações sobre o mesmo tema no STF. Uma delas, de autoria do DEM, questiona o sistema de cotas aplicado em instituições do país, em especial na Universidade de Brasília (UnB).
Há também o recurso de um estudante do Rio Grande do Sul que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas de seu estado e uma ação de inconstitucionalidade que começou a ser julgada em 2008, mas que teve a análise interrompida por um pedido de vista. Neste processo, a Confenen e o DEM questionam a legalidade do programa Universidade para Todos, sistema de cotas implantado pelo governo federal.
A diversidade de opiniões sobre a efetividade do sistema de cotas no ensino motivou uma série de audiências públicas no STF em março de 2010. Durante três dias, cerca de 40 especialistas da área defenderam os prós e os contras da ação afirmativa.
 
Para o advogado Humberto Adami, que representou diversas entidades interessadas no processo arquivado nesta semana, a demora de quase uma década no julgamento no STF acabou promovendo o amadurecimento do sistema. “Isso permitiu a evolução da experiência da ação afirmativa para negros no país, sem qualquer interrupção de ordem judicial que paralisasse a experiência que hoje floresce com êxito em mais 150 instituições de ensino no país.”


Edição: Lílian Beraldo

Revelações complicam situação de Demóstenes


As novas revelações sobre as ligações do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira , devem  acelerar as investigações sobre o suposto esquema de contravenção do jogo do bicho apurado desde 2009 pela Procuradoria Geral da República.
Demóstenes Torres trocou quase 300 telefonemas com Cachoeira, quem deu uma cozinha de 27 mil dólares ao senador e foi preso pela Polícia Federal. A explicação de Torres virou piada na internet. Foto:José Cruz/ABr
Diante dos novos índicos, o órgão estuda pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para investigar o senador – que só pode responder ao STF.
Para terça-feira 27 está prevista uma reunião da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Segundo a Agência Brasil, deputados e senadores querem saber os motivos da lentidão do processo que investiga desde 2009 o bicheiro e vários políticos sob suspeita. O grupo de parlamentares quer ainda  saber quais outros nomes aparecem nas interceptações telefônicas.
Capitaneado pelos deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Protógenes Queiróz (PCdoB-SP), o grupo pedirá urgência nas apurações.
Na sexta 23, CartaCapital revelou que Demóstenes tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogo clandestino comandado pelo bicheiro – e que movimentou, em seis anos, 170 milhões de reais (Leia mais AQUI). A reportagem, assinada por Leandro Fortes, mostrou que a Polícia Federal tem conhecimento, desde 2006, das ligações do bicheiro com o senador e que o esquema jamais foi encerrado porque os policiais responsáveis pela investigação foram cooptados pelo esquema.
Horas após a reportagem, Demóstenes foi a público, por meio do Twitter, se defender das acusações. “De todos os absurdos publicados contra mim, os mais danosos estão no site daCarta Capital. Os informantes da revista estão enganados”, escreveu o senador.
“O sofrimento provocado pelos seguidos ataques a minha honra são difíceis de suportar, mas me amparo em Deus e na certeza de minha inocência”, completou.
Apesar da manifestada fé na inocência, a situação é cada vez mais delicada para o senador flagrado em telefonemas pedindo favores de Cachoeira, de quem já recebeu até presente de casamento. Antes mesmo das últimas revelações, os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) protocolaram, na terça-feira 20, uma representação cobrando que sejam investigadas as suspeitas sobre Demóstenes.
O PSOL protocolou também na Mesa da Câmara pedido para que a Corregedoria da Casa investigue as relações de outros parlamentares com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Ao longo da semana, o deputado Protógenes conseguiu 181 assinaturas de deputados em um requerimento para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com a finalidade de investigar, em 180 dias, as práticas criminosas desvendadas pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal. A ação, baseada em Goiás (estado do senador), levou à prisão integrantes de uma suposta quadrilha que operava com a contravenção do jogo do bicho, de caça-níqueis, corrupção em larga escala de autoridades civis, policiais e políticos.

Com informações da Agência Brasil

Precatório rendia 50% de propina em Tocantins



RICARDO BRITO, FELIPE RECONDO / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre desvios cometidos pela cúpula do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) revelaram uma série de irregularidades na distribuição, liberação e pagamento de precatórios. O esquema, segundo a apuração, quebrou ilegalmente a ordem de quitação das dívidas judiciais e cobrou de beneficiários um pedágio que alcançava quase 50% do valor do precatório para ser rateado entre servidores, advogados e dois desembargadores. Até o companheiro de uma magistrada teria recebido parte desses recursos.
A denúncia de 152 páginas do Ministério Público, encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), narra nove casos de desvios com precatórios. Diante das fortes suspeitas, a Corregedoria Nacional de Justiça realizou uma espécie de "intervenção branca" no setor de precatórios do tribunal. Enviou uma juíza da corregedoria para o TJ tocantinense e ainda pôs à disposição dos servidores o Tribunal de Justiça do Distrito Federal para auxiliar nos trabalhos.
Acordo ou nada. "Aos clientes, pressionados pelos advogados e pela demora no recebimento dos valores, restavam duas opções: entravam em acordo com o grupo e recebiam uma parte a que teriam direito, ou não concordavam e viam seus precatórios serem preteridos, enquanto aguardavam, impotentes", afirmou a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, na denúncia.
A servidora pública Marciley Leal de Araújo Barreto, da Divisão de Precatórios do TJ-TO, disse em depoimento que no tribunal não havia uma ordem média de duração para o pagamento das dívidas judiciais. Mas ela disse saber que havia precatórios com até 13 anos de existência sem ainda terem sido quitados. O esquema, segundo as investigações, conseguiu a liberação dos precatórios em menos de um ano.
Segundo o MP, a desembargadora Willamara Leila de Almeida é acusada de liderar um esquema de liberação indevida de precatórios após assumir a presidência do tribunal. A magistrada estaria envolvida em irregularidades em sete dívidas judiciais. Ela atuava, segundo a denúncia, com a ajuda do seu companheiro, João Batista de Moura Macedo, oferecendo a advogados o rápido pagamento das dívidas judiciais mediante divisão da verba.
Patrimônio. Logo após o rateio do dinheiro do esquema, os investigadores descobriram que Willamara e João Batista compraram imóveis, terrenos, gados e um automóvel de luxo.
O advogado de Willamara, Alberto Toron, negou que ela faça parte de uma quadrilha. A defesa disse que, dos sete precatórios em que ela é acusada de irregularidades, em apenas um, de 2009, a ordem de sequestro partiu da magistrada. E nele, frisou, não houve quebra ilegal de ordem dos pagamentos.
Para buscar a rejeição da denúncia contra ela no STJ, a defesa ainda argumentou que não há uma única ligação telefônica ou depósito bancário feito na conta dela. O advogado recusou a afirmação de que os recursos dos precatórios desviados por ela e pelo companheiro serviram para comprar bens. Ela disse que o salário dela e negócios e empréstimos feitos por João Batista serviram para bancar as aquisições.
Defesa. Toron, que chama a acusação contra sua cliente de "fantasiosa", culpa os advogados por terem indevidamente usado o nome de Willamara. "O fato de advogados terem, em tese, conseguido a contratação de clientes afirmando que conseguiriam, também em tese, 'tornar mais ágil' ilegalmente o pagamento de precatórios não pode arrastar automaticamente a defendente ao polo passivo da Ação!", criticou o advogado.
Outro caso envolve o desembargador Carlos Luiz de Souza, então vice-presidente do tribunal. Em uma decisão datada de 25 de novembro de 2010, Souza decidiu alterar a ordem da liberação dos precatórios com base no Estatuto do Idoso. Os investigadores, contudo, descobriram que a beneficiária com o pagamento da dívida judicial tinha apenas 42 anos.
À Justiça, Carlos Luiz de Souza disse que as decisões de dar preferência a processos se deram em razão de despachos da então presidente, Willamara de Almeida. "Então nenhum deles foi pago fora da ordem", afirmou o desembargador.

Senador Cachoeira



NO BRASIL, NADA É TÃO PREVISÍVEL QUANTO A QUEDA DE UM MORALISTA COMO DEMÓSTENES

23 de Março de 2012 às 21:00

Leonardo Attuch

Que Vossa Excelência perdoe o chiste, mas o apelido é inevitável: Senador Cachoeira! Primeiro, ficamos escandalizados com a revelação de que o senhor, Catão da República, e também moralista número 1 do Congresso Nacional, é um amigo do peito de um dos nossos maiores contraventores. Mais escandalizados ainda com a sua desculpa de que não sabia que Carlinhos Cachoeira se dedicava a atividades ilegais. Depois, novo espanto com a notícia de que essa amizade fraterna era de copa e cozinha, com direito a fogões trazidos dos Estados Unidos. Quando nada mais podia nos surpreender, surgiram as 298 ligações telefônicas, mais de uma por dia, trocadas com o “professor” no período monitorado pela Polícia Federal. Em seguida, a descoberta de que as conversas eram feitas num rádio Nextel trazido dos Estados Unidos – “esta é a minha vida, este é o meu clube”. E agora, de repente, descobrimos que o senhor, senador Demóstenes Torres, também pediu dinheiro ao bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Quer saber se isso nos surpreende? Não. De jeito nenhum. Suas desculpas esfarrapadas é que preparam o terreno para recebermos com naturalidade cada vez maior os fatos novos da Operação Monte Carlo. Se amanhã nos disserem que Cachoeira despachava no seu gabinete, que ele teria financiado sua campanha ao Senado ou que os senhores, além de amigos, eram também sócios, tudo parecerá ser natural. Previsível até. Tão previsível quanto a queda de um moralista no Brasil, terra-mãe de Dercy Gonçalves. Aqui, não há um que resista. E todos os justiceiros que fazem desse método de ação política uma escada para o poder, mais cedo ou mais tarde acabam caindo.
Ocorre que alguns são perdoados. Outros, não. Ensina a sabedoria popular que o povo perdoa o pecador; o pregador, jamais. Então, se vale um conselho, senador Demóstenes, assuma-se como Senador Cachoeira. Defenda a legalização do jogo, apresente bons argumentos (que até existem), mas não tente posar novamente como o único homem probo do Senado, assinando pedidos de CPIs e emparedando adversários com uma moralidade postiça. O povo brasileiro detesta a hipocrisia.
Quanta lama ainda terá que jorrar das cataratas goianas para que o senhor reconheça seus erros e peça desculpas à Nação? Basta dizer a verdade e se assumir como um pecador normal, assim como todos os seus inimigos. É a sua única chance.

Advogado de Demóstenes pede na Procuradoria acesso ao inquérito que liga o senador a bicheiro


Antônio Carlos de Almeida Castro, advogado do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), protocolou nesta sexta-feira (23) uma petição na Procuradoria Geral da República.
Na peça, Almeida Castro pede ao procurador-geral Roberto Gurgel que lhe forneça cópia do inquérito que vincula Demóstenes ao contraventor Carlinhos Cachoeira. O advogado se diz “perplexo” e “indignado”.
Por quê? “Por mais paradoxal que possa parecer, o primeiro direito do cidadão é o de ser bem acusado. Depois, é preciso que o acusado tenha acesso à acusação, para possa se defender”.
Kakay, como o advogado é conhecido em Brasília, queixa-se dos “vazamentos” que tisnam a imagem do político sem lhe facultar o direito de defesa. A última novidade ganhou asmanchetes nesta sexta.
Foram ao noticiário detalhes de um inquérito que aportou na Procuradoria-Geral em setembro de 2009. Curiosamente, decorridos dois anos e meio, Gurgel não tomou nenhuma providência.
O inquérito contém relatório no qual a Polícia Federal estabelece um vínculo monetário entre Demóstenes e Cachoeira. Transcreveram-se diálogos captados por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Num dos grampos, anota a PF, Demóstenes soa pedindo a Cachoeira que pague uma despesa de R$ 3 mil referente ao uso de um táxi aéreo. “Não posso nem comentar o assunto”, diz Kakay.
Ele acrescenta: “Não vou me manifestar sobre nenhuma conversa sem ver as transcrições. Toda conversa tem que ser contextualizada.” Kakay estivera com Gurgel há 12 dias.
Nessa conversa, o advogado de Demóstenes pedira para ter acesso a outro inquérito, o da Operação Monte Carlo. Deflagrada neste mês de março, a operação resultou na prisão de Cachoeira e de outras 81 pessoas.
No curso dessa investigação, detectaram-se diálogos de Cachoeira com políticos. Entre eles Demóstenes. Daí a visita do advogado ao procurador-geral. “Pedi ao doutor Gurgel a cópia do inquérito. Ele me disse que ia analisar, que não vazaria nada e que, depois, me daria cópia.”
Kakay reproduz o que disse ao procurador-geral: “Não sou político. Cabe-me analisar o caso juridicamente. E, do ponto de vista jurídico, existem duas hipóteses em relação ao Demóstenes nessa operação Monte Carlo”.
“Na primeira hipótese”, prossegue o advogado, “as conversas foram republicanas e, por isso, não foram enviadas ao STF. Na segunda, se existisse alguma conversa que justificasse a abertura de investigação, essa prova seria nula.”
Como assim? “Na hora que aparece um senador no inquérito, se a conversa não for republicana, o delegado tem que informar ao procurador responsável pelo caso. O procurador comunica ao juiz, que é obrigado a enviar o processo ao Supremo.”
Do contrário, diz Kakay, “desrespeita-se a Constituição, que confere aos parlamentares o foro do Supremo. Ou eram conversas que não mereciam investigação ou foi uma forma de burlar a Constituição e investigar um senador ilegalmente por nove meses, o que torna as provas nulas.”
Na visista a Gurgel, Kakay disse ter sido informado de que não havia até aquele momento nada que incriminasse Demóstenes. Na semana passada, o advogado disse ter sido procurado por uma emissora de TV.
Perguntaram-lhe sobre a existência de outro inquérito. Um processo que se referia a investigação realizada na cidade goiana de Anápolis. Coisa anterior à Operação Monte Carlo, que teria sido enviada à Procuradoria Geral em 2009.
“Liguei para o Demóstenes”, conta Kakay. “Ele disse que desconhecia esse inquérito. Fui à Procuradoria, que me informou que não existia o inquérito. Fiquei tranquilo. Há dois dias, a emissora veiculou reportagem dizendo que existe o inquérito, que é de 2009 e que o procurador não fez nada.”
“Daí, aparece o inquérito e começa a vazar o relatório”, prossegue Kakay. “Por isso decidi requisitar cópia. Na minha petição, alerto o procurador sobre a gravidade da situação. Quanto ao aspecto judicial, estou tranquilo. Mas digo ao doutor Gurgel que os vazamentos impõem sério prejuízo à imagem do senador. Preciamos saber do que ele é acusado. Como eu, meu cliente está perplexo com toda a situação.”

Agripino sobre Demóstenes: ‘Que se investigue’



Presidente do DEM federal, o senador José Agripino Maia (RN) falou ao blog sobre as denúncias que vinculam o colega e líder do partido no Senado Demóstenes Torres (GO) ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. Disse o seguinte:
“O senador Demóstenes foi à tribuna. Terminou o seu discurso dizendo que queria ser investigado. A posição do partido é de apoiar esse compromisso dele. Onde estão as denúncias? Dizem que há gravações na Procuradoria Geral da República. Que se se investigue.”
Agripino acrescentou: “O nosso incômodo é com a dúvida. Confiamos no Demóstenes. Achamos que deve ser feito o que ele pediu. É preciso investigar. A investigação não cabe a Conselho de Ética nem a CPI. Deve ser feita pelo Ministério Público. As denúncias não podem ficar sem conclusões. Essas dúvidas é que são o nosso incômodo.”

‘Não integro organização ilegal’, diz Demóstenes


Demóstenes Torres veiculou no seu twitter um lote de notas inusuais. Normalmente, ataca. Teve de defender-se. Habitualmente desconfia. Viu-se compelido a responder à desconfiança que passou a inspirar.
Alvejado por suspeições variadas, emanadas de grampos e relatórios atribuídos à Polícia Federal, Demóstenes concentrou-se na notícia que, como promotor licenciado, sabe ser a mais grave.
Anotou: “De todos os absurdos publicados contra mim, os mais danosos estão no site da CartaCapital. Os informantes da revista estão enganados.” Noticiou-se que Demóstenes seria beneficiário de 30% do faturamento dos negócios do mercador de jogos ilegais Carlinhos Cachoeira.
Não e não, Demóstenes escreveu: “Não faço parte nem compactuo com qualquer esquema ilícito, não integro organização ilegal nem componho algo do gênero.” Durante todo o dia, o senador preferira terceirizar a voz aoadvogado Antônio Carlos de Almeida Castro, seu defensor.
Para explicar o porquê de ter decidido quebrar o silêncio via internet, alegou: “Desminto essas inverdades em respeito a minha família, aos meus amigos, às minhas colegas e meus colegas senadores, a Goiás e ao Brasil.” Absteve-se de comentar notícia por notícia.
Silenciou sobre os R$ 3 mil que teria pedido a Cachoeira para pagar o uso de um táxi aéreo. Nada disse sobre os favores supostamente recebidos do bicheiro (um tablet novo, um avião no pátio). Esquivando-se do varejo, defendeu-se no atacado: “As injúrias, as calúnias e as difamações minam a resistência até de quem nada teme, mas permaneço firme na fé de que a verdade triunfará.”
Lamentou que a tempestade lhe chegue na velocidade de um alazão e estimou que a bonança virá montada numa tartaruga:  “Dói enfrentar o olhar sofrido de familiares torcendo para o tormento passar logo. Mas as inverdades chegam açodadas; a reparação, lentamente.”
Considera-se injustiçado: “Para tripudiar sobre mim e o mandato que o povo me confiou, desrespeitam os mais elementares princípios constitucionais.” Mas vê luz no final do seu túnelescuro: “A tudo suporto porque nada fiz para envergonhar meu partido, o Senado, Goiás e o Brasil. Essa é a verdade que, ao final, prevalecerá.”
Demóstenes escorou-se no divino: “O sofrimento provocado pelos seguidos ataques a minha honra é difícil de suportar, mas me amparo em Deus e na certeza de minha inocência.” A julgar pelo sentimento dos colegas de Senado, entre eles José Agripino Maia, presidente do DEM, a certeza depende agora de investigações que espanquem as dúvidas.

Folha vai julgar o mensalão. (O do PT. O de Minas, não.)


A palavra “mensalão”, como se sabe, é o login para o PiG (*)  abrir a página do Golpe contra Lula e, agora, contra Dilma.

O “mensalão” do PiG (*) não se refere à Privataria Tucana, nem ao “mensalão” de Minas, a Mãe de todos os Mensalões, que se inaugurou com o presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, e iniciou a parceria de Daniel Dantas com Marcos Valerio, no famoso “valerioduto”. 

De onde vinha o dinheiro do Marcos Valério ?

A CVM sabe.

Nada disso interessa ao PiG (*).

Nem à Folha (**), portanto.

Foi o Franklin Martins quem definou o PiG (*) muito bem: o PiG (*) é independente do Governo e dependente do Daniel Dantas.

Hoje, a Folha (**) avoca a si o julgamento do mensalão (o do PT).

Na página 2, colonista (***) “investigativo”, um especialista em Gregorio Marín Preciado, fixa 15 de maio como a data limite para o Supremo.

O Supremo tem que botar sebo nas canelas, julgar o mensalado (do PT) até 15 de maio, se não, se não, babau.

Não dá tempo de dar o Golpe e eleger o Cerra prefeito de São Paulo.

É que depois de 15 de maio fica tudo para 2013.

Numa página interna, a Folha decide considerar impedido o Ministro Toffoli, porque ele namora advogada que, no passado, defendeu um dos réus do mensalão.

A Folha (**) dedica boa parte de seu tempo a elocubrar sobre a natureza do namoro do Ministro Toffoli: será noivado, casamento consensual, namorico de beira-do-portão, “juntar os trapos”, com quem fica o Neruda que eu te dei ?  – uma questão fundamental !

Há muito tempo, a Folha resolveu fazer um cerco, por exemplo, ao Ministro Lewandowiski, revisor do processo.

Tem que ler tudo rapidinho, para dar tempo de pegar a eleição do Cerra, este ano !

Desde o julgamento do CNJ, que a Folha (*) passou a tratar o Lewandowiski como aluno relapso, que não faz o dever de casa.

E a Folha se transforma em bedel implacável. 

Daqui a pouco a Folha (*) vai descobrir que a Ministra Weber  não dá gorgeta à cabeleireira, em Porto Alegre. 

Se namorar ex-advogada de réu desse “impedimento”, Gilmar Dantas (*) e o Ministro Macabu não poderiam julgar ações de crimes do colarinho branco.

Gilmar Dantas, porque a mulher trabalha com Sergio Bermudes.

E Macabu, porque o filho trabalha com Bermudes.

E Bermudes – o segundo advogado mais poderoso do Brasil; o primeiro é o Marcio Thomaz Bastos – foi um dos mais conspícuos advogados de Dantas.

O amigo navegante deve ter percebido que a Folha decidiu, ela própria, julgar o mensalado (do PT), diante do obstáculo que Lula e Dilma criaram.

Lula indicou Toffoli e Lewandowski.

E Dilma, Weber.

E, segundo os critérios isentos e imaculados da Folha, os tres, por definição são inconfiáveis.

Tudo isso, amigo navegante, para eleger o Cerra, aquele do “em time que está perdendo não se mexe

Clique aqui para ler “As camionetes da Folha e  ‘papai não sabia’ ”

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**)Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é (http://www.conversaafiada.com.br/antigo/?p=23300),  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.


(***) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.

E se Serra perdesse as prévias do PSDB?



E se Serra perdesse as prévias do PSDB?Foto: Divulgação

SE ENXERGASSE ALGUMA POSSIBILIDADE DE SAIR DERROTADO, O EX-GOVERNADOR JOSÉ SERRA NÃO TERIA TOPADO PARTICIPAR DA DISPUTA COM JOSÉ ANÍBAL E RICARDO TRIPOLI; O TUCANO TEM O APOIO DO GOVERNADOR E DO PREFEITO DE SÃO PAULO, FORÇA NO PARTIDO E SE APRESENTA COMO ÚLTIMA TRINCHEIRA DIANTE DO PT, MAS E SE...

24 de Março de 2012 às 14:17
247 – Feita assim, a pergunta soa até ingênua: o ex-governador José Serra pode perder a disputa pela indicação do PSDB à Prefeitura de São Paulo? Serra, que aguardou até o último momento para se render aos pedidos de seus aliados para disputar a eleição municipal deste ano, se prestou a disputar as prévias tucanas para não contrariar ainda mais a militância do partido, que enxergava nas primárias uma possibilidade de participar das escolhas da legenda após anos de imposição de cima para baixo. E, se o ex-governador entrou na disputa, é porque não tem dúvidas de que sairá vencedor neste domingo.
Seu comportamento durante as horas que antecedem as primárias, contudo, revela um José Serra cauteloso, ligando para militantes pessoalmente, na esperança de mudar votos. Preocupação ou apenas mais jogo de cena? Se, por um lado, o ex-governador se livrou do desgaste de participar de um debate com os adversários José Aníbal e Ricardo Tripoli, por outro Serra não teve o mesmo tempo que os colegas para tentar convencer a militância do partido de que a melhor opção para o PSDB de São Paulo é ele, que conta, já de início, com 30% de rejeição.
O tempo perdido vai sendo recuperado via SMS: “Prezado filiado, domingo é dia de votar na prévia do PSDB. Conto com o seu voto. Um abraço, José Serra”. O pedido pessoal de um ex-candidato à Presidência realmente não tem o mesmo peso que o de um secretário estadual, como Aníbal, ou um deputado federal, como Tripoli. Além do mais, o argumento serrista de que apenas ele pode impedir o domínio total petista, mantendo de pé a última trincheira tucana, é muito forte... mas e se tudo isso, junto e misturado, não for o bastante?
Aí seria o fim da carreira política do ex-governador, pelo menos dentro do PSDB. O fato de Serra estar disputando as primárias do partido já soa para alguns como indício de seu enfraquecimento na legenda – até então, ele tinha passado por cima de quem quer que fosse, sem se prestar a dar satisfação a ninguém. A última vez em que impôs o próprio nome, contudo, Serra perdeu a Presidência da República para Dilma Rousseff, uma candidata que desempenhou o mesmo papel agora atribuído ao ex-ministro da Educação Fernando Haddad, pré-candidato do PT.
Se levar as prévias deste domingo, Serra não terá feito mais do que sua obrigação, e dificilmente sairá das primárias como teriam saído Tripoli, Aníbal, Andrea