quinta-feira, 5 de abril de 2012

Cachoeira recebia e-mails interceptados por ex-PF



A EMPRESA FOI CONTRATADA PELO SARGENTO APOSENTADO DA AERONÁUTICA IDALBERTO MATIAS, O DADÁ, INFORMANTE DO EMPRESÁRIO, PARA VIOLAR MESAGENS ELETRÔNICAS - POLÍTICOS E JORNALISTAS PODEM ESTAR ENTRE AS VÍTIMAS

05 de Abril de 2012 às 03:59
247 - Relatórios da Polícia Federal revelaram que Carlinhos Cachoeira contratou serviços de interceptação ilegal de e-mails de uma empresa comandada pelo agente aposentado da Polícia Federal Joaquim Gomes Thomé Neto. Há suspeitas de que políticos e jornalistas estejam entre as vítimas dos grampos.
De acordo com a Folha, o responsável pela contratação do esquema ilegal foi o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá. Ele foi preso na operação da Polícia Federal.
Leia na matéria da Folha:
Relatórios da Polícia Federal e do Ministério Público Federal afirmam que o grupo do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, contratou serviços de interceptação ilegal de e-mails.
Segundo a investigação, uma empresa de um agente aposentado da Polícia Federal, Joaquim Gomes Thomé Neto, entregava relatórios com e-mails interceptados.
Trata-se da Etesp (Escola Técnica de Segurança Privada), com sede no bairro de Ramos, no Rio de Janeiro.
Essa empresa foi um dos alvos de busca e apreensão durante a Operação Monte Carlo, deflagrada pela PF no mês passado e que aponta Cachoeira como líder de um grupo que explorava jogo ilegal e pagava propinas a agentes públicos.
Foi nessa operação que a PF flagrou conversas de Cachoeira com o senador Demóstenes Torres (GO). Conhecido por seu discurso de defesa da ética, Demóstenes deixou o seu partido, o DEM, e está sob o risco de cassação.
No mandado de busca e apreensão na sede da Etesp, a Justiça pediu que fossem recolhidos agendas, documentos, computadores e mídias como CDs, DVDs e pen drives, para apurar possíveis crimes, entre eles violação de sigilo e formação de quadrilha.
Na documentação, o Ministério Público e a PF ressaltam que ainda não haviam descoberto os nomes de todas as vítimas. Há suspeitas de que políticos e jornalistas estejam entre os que tiveram seus e-mails interceptados ilegalmente pelo grupo.
De acordo com os documentos obtidos pela Folha, o responsável pela contratação dos grampos cibernéticos foi o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá -apontado pelo Ministério Público Federal como o membro do grupo que levantava informações sigilosas para Cachoeira. Ele permanece preso.
"As investigações descobriram a contratação de Thomé por Dadá para realização de interceptação ilegal de e-mail", diz um dos relatórios do inquérito.
'TEM NOTÍCIA?'
Para a polícia, Dadá e Thomé conversavam apenas por meio de códigos, "mas no contexto das conversas resta claro que falam de correios eletrônicos interceptados ilegalmente".
Em diálogo gravado com autorização judicial às 12h23 do dia 1º de fevereiro deste ano, Dadá quer saber de Thomé: "Você tem notícia aí?". O policial aposentado pergunta qual notícia e Dadá responde "a notícia que você manda todo dia". Segundo Thomé, ele só enviaria no fim do dia ou à noite.
A Polícia Federal informou ao juiz da 11ª Vara Federal de Goiás e ao Ministério Público Federal: "O modus operandi é Thomé passar o conteúdo dos e-mails somente uma vez por dia".
Em outro diálogo, do dia 31 de janeiro, Thomé informa a Dadá que "o negócio parece ser importante". Ele ouve como resposta: "Não, agora, daqui pra frente, só vem coisa importante".
No mesmo diálogo, eles conversam sobre "aquela história do pen drive". Thomé avisa a Dadá que "está se repetindo aí" o conteúdo de uma conversa já captada e repassada ao grupo.

Filme do Hotel Naoum pode ser obra de Cachoeira



Filme do Hotel Naoum pode ser obra de CachoeiraFoto: Divulgação

HÁ INDÍCIOS DE QUE A GRAVAÇÃO DE AUTORIDADES DO GOVERNO NUM HOTEL FREQUENTADO PELO EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU, EM BRASÍLIA, TERIA SIDO PRODUZIDA PELA GANGUE DO BICHEIRO CARLINHOS CACHOEIRA; REVELAÇÃO FOI FEITA PELO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE

04 de Abril de 2012 às 23:39
247 – As relações perigosas entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e alguns órgãos de imprensa, especialmente a revista Veja, ainda prometem dar muito pano pra manga. Já se sabia que Cachoeira produziu diversos grampos e vídeos clandestinos utilizados pela revista nos últimos anos, como a fita em que Maurício Marinho, ex-funcionário dos Correios, aparecia recebendo uma propina de R$ 5 mil – denúncia que desencadeou o processo do Mensalão. Agora, segundo o jornalista Luiz Carlos Azedo, principal colunista político do Correio Braziliense, surgem indícios de que Cachoeira também esteve por trás da gravação de imagens no hotel Naoum, no fim do ano passado, que captaram encontros do ex-ministro José Dirceu com autoridades do governo federal, como o ministro Fernando Pimentel e o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
À época, um repórter da revista Veja, Gustavo Ribeiro, foi acusado de tentar invadir o apartamento do ex-ministro para demonstrar que ele estaria atuando como lobista no governo federal. Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil do Distrito Federal, mas o jornalista não foi indiciado porque a invasão, impedida pela camareira do hotel, não se consumou. Veja, no entanto, publicou imagens do corredor do hotel, que não foram captadas pelo circuito interno de imagens do Naoum. Segundo Azedo, do Correio Braziliense, o vídeo pode ter sido produzido pela gangue de Carlinhos Cachoeira, que foi fonte contumaz da revista nos últimos anos. A reportagem de Veja, que terminou nas páginas policiais, também contribuiu para a queda do ex-redator-chefe da publicação, Mario Sabino.
Caso a informação se confirme, será mais um problema para a Editora Abril, que ainda não se explicou de forma convincente sobre a parceria editorial com um dos maiores contraventores do País. Leia, abaixo, a nota que Azedo publicou no Correio Braziliense:
Há rumores de que Cachoeira estaria na iminência de se tornar réu colaborador, passando às autoridades mais informações do que as obtidas nas investigações, o que fecharia o cerco a políticos e empresas envolvidas em ilícitos. Até magistrados estariam enrolados nos seus grampos, alguns dos quais serviram de base para denúncias da imprensa, como as imagens (sem áudio) dos encontros do ex-ministro José Dirceu num hotel de Brasília.