domingo, 22 de abril de 2012

Datafolha: não é Lula ou Dilma; é Lula e Dilma



A matéria da Folha sobre a pesquisa que aponta recorde de popularidade da presidenta Dilma Rousseff aposta no delírio que anda tomando conta da nossa mídia.
A presidente Dilma Rousseff bateu mais um recorde de popularidade,mas seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, é o preferido dos brasileiros para ser o candidato do PT ao Planalto em 2014.Esse é o resultado principal da pesquisa Datafolha realizada nos dias 18 e 19 deste mês com 2.588 pessoas em todos os Estados e no Distrito Federal
Como assim,  “mas”?
Há alguma característica de disputa – aberta ou velada – entre ambos pela sucessão?
Como a curva de popularidade positiva de Dilma tem sido ascendente desde o início, o Datafolha incluiu desta vez uma nova pergunta no levantamento sobre a eleição de 2014 -quem deveria ser o candidato do PT a presidente: Dilma ou Lula?
As respostas foram bem mais favoráveis a Lula. Ele é o predileto de 57% dos brasileiros para disputar novamente o Planalto daqui a dois anos e meio. Outros 32% citam Dilma. Para 6%, nenhum dos dois deve concorrer. E 5% não souberam responder.
“A presidente Dilma vem tem tendo curva crescente de popularidade e pode reduzir essa desvantagem em relação a Lula se mantiver essa trajetória”, diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha.
Ficou claro?
Divide et impera é tão velho quanto a história. Só os tolos se deixam levar por ele, porque só os tolos crêem nos elogios do inimigo e se conduzem pela ambição e pela inveja.
Quando Lula escolheu Dilma como candidata a sua sucessão, não se pense que ele tenha feito isso como tolo.
Ao lado da capacidade administrativa, o que o conduziu à escolha foi a fidelidade de Dilma, mais que a ele, ao projeto de mudança que seu governo representou.
Sabia que Dilma iria ao poder  para exercê-lo numa direção e esta direção comum é a garantia de que a identidade de propósitos supera – e quase sempre supera -  pequenas vaidades ou ambições a que um ser humano está sujeito.
Por isso, o resultado mais importante da pesquisa, ao contrário de ser o de se tantos ou quantos por cento preferem Dilma ou preferem Lula como candidato, é outro.
É que Dilma e Lula seguem sendo – e com muito mais folga – imbatíveis na preferência popular.
Que só 5% dos brasileiros acham ruim o governo de Dilma, continuidade do Governo Lula.
O resultado mais importante está escondidinho, tanto que agora refaço o post para incluí-lo, pois escapou da primeira leitura da edição digital.
O segundo turno da eleição presidencial não foi assim um passeio para Dilma Rousseff. A candidata do PT teve 56,05% nas urnas contra 43,95% do adversário do PSDB, José Serra.
O Datafolha investigou o que ocorreria se a mesma disputa se desse agora. Aí sim Dilma venceria por larga margem, com 69% contra 21% de Serra.
Se esse hipotético embate se repetisse, 6% dos eleitores não votariam nem em Serra nem em Dilma. Outros 4% se declararam indecisos.
Ou seja, mais de dois terços dos brasileiros, agora que se reduziram as manipulações da imprensa pró-Serra que acenavam com um terror “abortista” e “corrupcionista” com Dilma, apoiam a linha de governo que o ex-presidente e a atual presidenta representam.
Porque, no essencial, agora como há um ano e meio, nas eleições, Lula é Dilma e Dilma é Lula.
E enquanto for assim – e nada autoriza a pensar que não é e será – a direita está num mato sem cachorro.

Datafolha envia oposição da enfermaria para UTI


Saiu mais uma pesquisa do Datafolha. Tomada pela fachada, faz reluzir o já sabido: a popularidade do governo Dilma sobe. Foi de 59% em janeiro para 64% agora. Tomada pelo miolo, acende uma luz no fim do túnel da oposição. Luz vermelha. São três os dados que piscam para os antagonistas do petismo:

1. Perguntou-se ao meio-fio quem deve disputar a Presidência em 2014: Dilma ou Lula? A maioria (57%) prefere Lula a Dilma (32%). Para 6%, nenhum dos dois deveria disputar. Outros 5% não souberam responder. Ficou entendido que, se quiser e a laringe deixar, o ex-soberano continua na pista.

2. Indagou-se ao asfalto como votaria se o segundo turno de 2010 se repetisse hoje. Descobriu-se que os 56,05% amealhados por Dilma há um ano e cinco meses viraram 69%. E os 43,95% obtidos por Serra murcharam para 21%. Quer dizer: se Lula não quiser ou não puder, a pista é de Dilma.

3. Entre os eleitores que dizem ter votado em Serra, 52% avaliam a gestão Dilma como ótima ou boa. Entre os que se apresentam como simpatizantes do PSDB, a taxa de aprovação da presidente do PT vai a 60%. Ou seja: no pedaço do eleitorado mais afeito ao tucanato, a maioria caiu de amores por Dilma.

Nos últimos tempos, a oposição mata o tempo perguntando a si mesma –e não respondendo— que diabo, afinal, está fazendo neste mundo. Considerando-se os dados da sondagem, a resposta é nada. Frequenta a cena como visita. Quem tenta dar-lhe ouvidos ou escuta o silêncio ou não entende o que ouve.

Já se sabia que falta discurso à oposição. Descobriu-se que não será fácil arranjar um. A idéia segundo a qual um candidato como Aécio Neves pode apresentar-se como melhor alternativa “a tudo isso que está aí” demanda uma pré-condição: a pregação não pode agredir a agredir a realidade.

Por exemplo: o Datafolha informa que 49% dos eleitores acham que a situação econômica do país vai melhorar. Outros 39% avaliam que a coisa ficará como está. Apenas 13% apostam que o cenário vai degringolar. Em junho do ano passado, 51% imaginavam que os preços subiriam. Hoje, esse contingente caiu para 41%.

Primeiro da fila do PSDB, Aécio prevê que a crise internacional reserva dias piores para o Brasil. Ainda que o tempo lhe dê razão, se disser em público o que rumina em privado será visto não como alternativa, mas como mais um membro do clube do ‘quanto pior melhor’.

Por ora, o que a maioria vê nas gôndolas é a carestia contida. No Banco Central, vê-se a faca dos juros. No Planalto, desponta uma presidente que ordena às casas bancárias estatais que ofereçam taxas menores à clientela e abre guerra contra a banca privada para forçá-la a fazer o mesmo.

Como se fosse pouco, o discurso da moralidade, que já fazia água, acaba de ser engolfado pelo Cachoeira. Demóstenes Torres, que se imaginava nascido para nadador, revelou-se um afogado. Há Agnelos com água pelo nariz. Mas também há Marconis. De uma correnteza assim, tão plural, pode emergir muita coisa, menos um discurso.

Em 2010, a oposição compensava a falta do que dizer superstimando a “ausência de candidato” do PT. Lula elegeu sua poste. A dois anos e meio de 2014, o tucanato e Cia. continuam sem saber o que dizer. A diferença é que o petismo agora tem dois candidatos: a pupila e seu patrono.

O Datafolha informa que a oposição brasileira foi transferida da enfermaria para a UTI. Vale repetir o velho bordão: pesquisa não é senão o retrato de um momento. Significa dizer que seria uma imprudência decretar em 2012 o resultado de 2014.

Algo, porém, é inegável: a oposição está diante de uma encrenca que lhe nega o papel que julga desempenhar melhor. O tucanato pode continuar dizendo que veio ao mundo como exemplo. Falta descobrir de quê.
O Plano Real é sonho velho. A estabilidade econômica foi como que apropriada por Lula. Ou a oposição coloca de pé uma utopia nova ou vai continuar arrastando a bola de ferro que torna os seus candidatos os mais cotados para fazer de um petista o próximo presidente da República.



http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2012/04/22/datafolha-envia-oposicao-da-enfermaria-para-uti/

José Serra contratou a Delta para obras da propaganda milionária da SABESP


http://www.consorciodelta-araguaia.com/programa.html


Quem não se lembra da propaganda milionária da SABESP na TV Globo, em rede nacional, apesar da empresa só abastecer água em São Paulo? Aconteceu quando José Serra (PSDB/SP) era governador e já candidato a presidente.

Pois grande parte daquelas obras da SABESP foram contratos com a Delta Construções.

O governo federal já fez (desde o governo Lula) e continua fazendo auditorias nos contrato com a empreiteira para sanar irregularidades e exigir dinheiro de volta aos cofres públicos, se e quando for o caso.

E o governador Geraldo Alckmin não vai fazer o mesmo em São Paulo? Ou vai ficar só abafando a corrupção tucana na gestão de Serra, fazendo campanha para eleger Serra prefeito?

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2012/04/jose-serra-contratou-delta-para-obras.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/Eemp+%28Os+Amigos+do+Presidente+Lula%29

MTB, que fez Tânia falar, quer silêncio de Cachoeira



MTB, que fez Tânia falar, quer silêncio de CachoeiraFoto: Montagem/247

ALVO DE OPERAÇÃO DA PF, A MILIONÁRIA TÂNIA BULHÕES CONTRATOU MARCIO THOMAZ BASTOS E CONSEGUIU ESCAPAR DA PRISÃO, AO JOGAR TODA A CULPA NO SEU CONTADOR; COM CACHOEIRA, O ADVOGADO FAZ DE TUDO PARA EVITAR A DELAÇÃO PREMIADA; A QUEM SE PROTEGE?

22 de Abril de 2012 às 14:29
247 – Cada caso é um caso e nem sempre a mesma estratégia é recomendável a todos os clientes. Eis o que Marcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, poderá alegar diante do caso Carlos Cachoeira. Numa das primeiras defesas que assumiu depois de reassumir a advocacia, Thomaz Bastos conseguiu evitar que sua cliente, a milionária Tânia Bulhões, mulher de Alexandre Grendene, fosse presa, ao propor a ela o benefício da delação premiada. Tânia atribuiu toda a culpa pelo esquema de sonegação em suas lojas de luxo ao contador e, desta maneira, foi condenada apenas a prestar serviços comunitários.
Com Carlos Cachoeira, porém, é diferente. Thomaz Bastos já fez circular entre a classe política a versão de que o contraventor não fará delação nem será um homem-bomba. E que ele não revelará os negócios ou doações que fez a políticos do PT, da base aliada e da oposição. É, cada caso é um caso.
Leia, abaixo, reportagem sobre a delação premiada de Tânia Bulhões, orientada por Thomaz Bastos:
SÃO PAULO - A empresária Tânia Bulhões Grendene Bartelle, alvo maior da Operação Porto Europa, aderiu à delação premiada no processo que responde por fraude em importação. Perante o juiz Fausto Martins De Sanctis, da 6.ª Vara Federal Criminal, ela assinou pacto em que se compromete a revelar "atividades ilegais exercidas pelos corréus e doleiros" que teriam participado do suposto esquema desvendado pela Polícia Federal em 2009.
O juiz fixou em R$ 1,7 milhão o valor da indenização que ela terá de desembolsar a título de reparação ao Tesouro. Parte desse montante já foi quitado – R$ 537 mil vieram das apreensões em moeda nacional feitas pela PF na residência e no escritório comercial de Tânia e R$ 340 mil do leilão de uma Mercedes-Benz. O restante, R$ 822 mil, será repassado a entidades beneficentes. Nos casos de delação, o magistrado tem por hábito destinar recursos a excluídos.
Diante da possibilidade de sofrer restrições de direitos ao final da ação penal, Tânia se dispõe a prestar serviços comunitários nas áreas em que diz ter "larga experiência" – artes plásticas, decoração e perfumaria. A defesa sugere que "essas áreas sejam focadas em forma de aulas de pintura em tela, em aquarelas, colagem, modelagem, bem como ainda de decoração".
Tânia é defendida por dois dos principais criminalistas do País, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e Arnaldo Malheiros Filho, cotado para assumir a vaga do ministro Eros Grau no Supremo Tribunal Federal.
A delação é um instituto que a legislação prevê nas investigações sobre crime organizado. Em troca do perdão judicial ou de redução drástica de pena, o réu aceita colaborar com a Justiça. É o caso de Tânia, proprietária de luxuosa loja de decoração nos Jardins, em São Paulo. Segundo a PF, empresas dirigidas por ela importavam mercadorias dos EUA e da Europa subfaturando os valores – em alguns casos, só 10% do valor do produto era declarado ao Fisco. A prática geraria "redução dolosa de tributos". O suposto esquema, que teria funcionado entre 2004 e 2006, é semelhante ao descoberto pela Operação Narciso, que atingiu a butique Daslu em 2005.
Fraude
O processo criminal contra Tânia e outras 13 pessoas foi aberto em junho deste ano. Os réus são acusados de fraude a importações, evasão de divisas, falsidade ideológica, fraude cambial e quadrilha organizada transnacional. A pedido da Procuradoria de República em São Paulo, De Sanctis determinou abertura de inquérito na PF para apurar lavagem de dinheiro e avaliação de evolução patrimonial porque suspeitava que a empresária possuía uma sociedade offshore.
O objetivo era saber se o crescimento patrimonial de Tânia é compatível com a renda obtida com as lojas e se houve conversão de valores ilícitos em suas atividades econômicas.
À folha 3 do termo de delação premiada, o juiz deixa em aberto a possibilidade de concessão de benefícios à empresária também na investigação sobre lavagem de dinheiro. Mas adverte que "a abrangência do procedimento dependerá do teor das afirmações por parte da acusada". De Sanctis determinou que a empresária submeta a sua análise qualquer viagem ao exterior, mudança de endereço ou ausência da residência por mais de 10 dias.

Ghost-writers produzem colunas políticas da grande imprensa


Os institutos de defesa do consumidor de todo país deveriam se debruçar sobre uma verdadeira trapaça de que são vítimas os leitores das colunas políticas da grande imprensa, já que boa parte dos leitorados desses veículos parece acreditar que são oriundas de alguma apuração dos jornalistas que supostamente as escreveriam.
Não são. Jornais como Folha de São Paulo, Estadão, O Globo ou revistas como Veja, Época e QuantoÉ… Digo, IstoÉ, reproduzem sempre o mesmo ponto de vista, usando sempre as mesmas expressões, as mesmas analogias e chegando, invariavelmente, às mesmas conclusões.
Em relação à recém-criada CPI do Cachoeira, por exemplo, esse fato fica absolutamente claro.  Pode-se escolher qualquer um dos veículos citados para comprovar o que está sendo dito. Salvo algumas raras exceções como a do jornalista Jânio de Freitas, da Folha, todos vêm dizendo exatamente a mesma coisa: a CPI seria contra o PT e o governo Dilma ou manobra destes para esconder o julgamento do mensalão.
Muitas vezes, as duas hipóteses estão na mesma coluna. Confiando na premissa de que escrevem para descerebrados, esses colunistas caras-de-pau apresentam as duas teses conflitantes sem se preocupar com que alguém note alguma coisa.
Além da mesmíssima teoria de que Lula, apresentado como autor intelectual da CPI, é um tolinho que nem desconfiava de que seus adversários e a mídia tentariam inverter o foco da investigação, esse colunismo despreza o fato de que alguém como o ex-presidente não chegou aonde chegou sendo ingênuo ou precipitado…
Abaixo, reproduzo um artigo que contém o pacote inteiro que você, leitor, pode encontrar nas colunas políticas de todos os veículos citados e em vários outros. Não direi já o nome do autor ou em que veículo foi publicado e proponho que você, caso não tenha lido o texto, tente descobrir quem escreveu, o que só será informado ao final do post.
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As CPIs desempenharam um importante papel no passado recente da história brasileira. Foi a partir das investigações promovidas por uma CPI, em junho de 1992, que o ex-presidente Fernando Collor acabou sofrendo o impeachment.
Um ano depois, coube ao Congresso Nacional instalar a CPI do Orçamento, que desbaratou um esquema de desvios do dinheiro público comandado por parlamentares e funcionários do legislativo. Seis parlamentares foram cassados, oito absolvidos e quatro preferiram renunciar para fugir da punição e da inelegibilidade.
Enquanto esteve na oposição, o PT se mostrou implacável nas CPIs. Pelo menos até o governo Lula enfrentar sua primeira CPI, criada em maio de 2005 com o objetivo específico de investigar denúncias de corrupção nos Correios.  
O estompim da crise que levou à instalação desta CPI foi a divulgação de uma fita de vídeo que mostrava o ex-funcionário da estatal Maurício Marinho aceitando propina de empresários.
Apesar de toda a precaução do governo Lula, que deixou a presidência da CPI nas mãos do senador petista Delcídio Amaral (MS) e relatoria com o deputado peemedebista Osmar Serraglio (PR), o foco da investigação acabou sendo o esquema de pagamento mensal direcionado a parlamentares da base aliada em troca de votos no Congresso Nacional, que ficou conhecido como mensalão.
Isso só foi possível porque, a cada sessão da CPI dos Correios – transmitida ao vivo para todo o país –, a sociedade brasileira se mobilizava e pressionava o Legislativo, exigindo a continuidade das investigações.
De lá para cá, as CPIs perderam sua força. Isso porque, diante do estrago político promovido pela CPI dos Correios, o PT e seus aliados mudaram de estratégia.
Nos últimos sete anos, as poucas CPIs que a oposição conseguiu emplacar não produziram efeitos práticos, como a das ONGs e dos cartões corporativos, graças à obstrução patrocinada pelo governo petista.
O Congresso tem agora nas mãos uma oportunidade de resgatar a função democrática das CPIs, investigando um novo esquema de corrupção desvendado pela Polícia Federal e comandado pelo contraventor Carlos Cachoeira.
Na expectativa de tirar o foco da sociedade em relação ao julgamento do mensalão, previsto para acontecer ainda este semestre, o PT errou no cálculo ao imaginar que poderia confundir a opinião pública ao anunciar apoio
Em vídeo conclamando os movimentos populares a cobrarem a instalação da nova CPI, o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, imaginou que poderia atingir a oposição. Em especial, o governador de Goiás, Marconi Perillo, que causou constrangimentos a Lula em 2005 ao declarar publicamente que o alertara para o mensalão.
Nada foi comprovado contra Perillo. A situação se complicou, de fato, para o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, e uma das principais empreiteiras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Construtora Delta.
Os indícios e provas de que Agnelo e a Delta mantinham uma estreita relação com Cachoeira evidenciam o arrependimento de setores do PT e do próprio governo na sua estratégia de desviar o foco do julgamento do mensalão.
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Vamos adivinhar. Ricardo Noblat, Merval Pereira, Eliane Cantanhêde, Fernando Rodrigues, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo ou Augusto Nunes? Poderia ser qualquer um destes ou vários outros colunistas de Folha, Globo, Estadão, Veja etc. Mas não. Apesar de o texto dizer, ipsis-litteris, o que esses vêm dizendo sem parar, é do presidente do PSDB, Sergio Guerra, e foi publicado neste domingo na Folha de São Paulo.
Fica difícil deixar de imaginar que todos os colunistas supracitados tiveram longas conversas com o tucano antes de escreverem, todo dia, cada premissa que ele apresentou nesse artigo. Esses colunistas também têm dito, aliás, que haveria mais elementos de prova ou indícios contra Agnelo Queiroz do que contra Marconi Perillo. Exatamente como seu ghost-writer.
Mais adiante, no mesmo jornal, bem escondidinha, matéria revela que não é bem assim. Sem chamada na primeira página, incrustada lá na página A14 (sim, onze páginas mais adiante e sem chamada na primeira página), uma bomba: “Perillo é citado como ‘irmão’ por aliado de Cachoeira”.
Eis o diálogo entre Carlinhos Cachoeira e Wladimir Garcez, ex-vereador pelo PSDB de Goiânia:
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Garcez – A conversa, para você ter uma idéia, foi uma hora lá, nós dois juntos. (…) Foi uma covnersa boa, sabe. Falando das dificuldades que tem, de umas coisas que ele [Perillo]… Até pediu para nós olharmos uma coisa para ele depois, um trem que aconteceu aí, tal. Ele chega na quarta-feira, [e ele disse]: “Não, então marca para quinta, eu, você e ele. Nós vamos sentar, bater um papo, quero conversar com ele, quero ter mais um conceito. Mas uma conversa assim mais pessoal, questão de confiança, tal”. (…) Achei uma conversa daquela de irmão. (…)
Cachoeira – Ô, foi bom para caralho, hein.
Garcez – Foi uma coisa assim, íntima mesmo, sabe. Ele levantou, deixou [a gente] na sala, “Vou ali tomar banho”. Fiquei esperando ele. Tomou banho, pôs o terno e voltou.
Cachoeira – Ele [Perillo] quer que eu olhe para ele o quê?
Garcez – É um negócio aí, [ele falou]: “Não, pode deixar ele [Cachoeira] voltar. Ele [Perillo] quer isso, você [Cachoeira], ele não quer outra o pessoa, o Cláudio [Abreu, da Delta]. Aí ele [Perillo]falou assim: “Não, é uma coisa que eu RO conversar com ele [Cachoeira], é porque confio nele [Cachoeira], tá, e em você [Garcez]”. Aí passou para mim (…) para quinta-feira a gente [Garcez, Cachoeira e Perillo] sentar e conversar.
Cachoeira – É o que que é?
Garcez – Não… É um trem duma coisa dele, sabe?
Cachoeira – Ah, não excelente. Coisa boa (…)
Garcez – Beleza.
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É um diálogo revelador e comprometedor, mas não é o pior. Outras gravações revelam doações em dinheiro de Cachoeira para Perillo, sociedade entre eles em empresas do bicheiro e muito, muito mais. O pior ainda está por aparecer, e aparecerá na CPI.
Aí a explicação sobre por que a oposição está cada vez mais raquítica. Essa gente continua achando que pode criar um universo paralelo e fazer todos viverem nele. Será que todo o leitorado de uma Folha, por exemplo, é incapaz de perceber que o discurso dos colunistas do jornal parece ter sido escrito pelo presidente do PSDB?
Foi um erro o jornal publicar esse artigo. Quem tem cérebro e não é militante demo-tucano descobriu quem é o escritor-fantasma de uma imprensa que vai perdendo cada vez mais a conexão com a realidade e acreditando que pode ajudar seus aliados a chegarem ao poder oferecendo moralismo de quinta em lugar de propostas para o país.
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PS: garanto que eu não sabia que a pesquisa Datafolha tinha ido a campo quando disse que a popularidade de Dilma iria disparar. Ah, sim: juro, também, que não tenho bola de cristal. Uso, apenas, a lógica.

Marco Maia quer cadeia também para corruptores



Marco Maia quer cadeia também para corruptoresFoto: Agência Câmara

PRESIDENTE DA CÂMARA PRETENDE APROVEITAR CPI PARA COLOCAR EM PAUTA PROJETO QUE MULTA E CRIMINALIZA QUEM PAGA PROPINA; UM DOS CANDIDATOS A INAUGURAR A LEI É CAVENDISH, DA DELTA

22 de Abril de 2012 às 11:56
247 – Presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Marco Maia (PT-RS) tem sido uma das principais lideranças em favor de uma CPI ampla, geral e irrestrita – inclusive, com um capítulo dedicado à mídia.
Maia pretende aproveitar a discussão no Congresso para reabrir dois debates importantes: o de um novo modelo de financiamento de campanhas políticas e também a votação de uma lei que pune corruptores, como o empresário Fernando Cavendish, o mesmo que, num grampo divulgado recentemente, disse que colocando R$ 30 milhões nas mãos de um político consegue “coisa pra c...”.
A proposta que Maia pretende colocar em votação provoca urticárias em alguns partidos políticos, especialmente o PMDB, que hoje está preocupado em arrecadar recursos para as campanhas municipais de seus candidatos. O projeto pune funcionários e dirigentes de empresas corruptoras e institui multas de até R$ 6 milhões.
De acordo com a Corregedoria-Geral da União, a medida seria decisiva para reduzir os índices altíssimos de corrupção no Brasil. Marco Maia, por sua vez, informou que o texto será votado entre 10 e 20 de junho.
Em entrevista recente publicada na Folha de S. Paulo, Cavendish explicitou as regras do jogo no Brasil: empreiteiros financiam campanhas políticas e, em retribuição, esperam receber contratos quando seus candidatos chegam ao poder. A CPI, agora, cria uma oportunidade para a mudança no Brasil.

Cachoeira tinha até posto de gasolina que dava notas frias a parlamentares



Cachoeira tinha até posto de gasolina que dava notas frias a parlamentaresFoto: REPRODUÇÃO

SENADORES E DEPUTADOS, COMO DEMÓSTENES TORRES (SEM PARTIDO/GO), SANDRO MABEL (PMDB/GO) E JOVAIR ARANTES (PTB-GO), DESVIAVAM VERBA INDENIZATÓRIA SIMULANDO GASTOS NUM POSTO DE GOIÂNIA

22 de Abril de 2012 às 11:42
247 – Carlos Cachoeira era um homem capaz de grandes e pequenos furtos. Seu esquema oceânico podia desviar recursos milionários do PAC, por meio da empreiteira Delta, mas também de operar na raia miúda. A revelação mais surpreendente deste domingo diz respeito a um posto de gasolina de Cachoeira em Goiânia: o T-10. Esta empresa minúscula se transformou numa das principais fornecedoras da Câmara e do Senado Federal.
Como assim? O posto T-10, de Cachoeira, dava notas fiscais frias a parlamentares goianos para que eles justificassem o uso da verba indenizatória concedida pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. A denúncia está em reportagem publicada no jornal O Globo e assinada pelos jornalistas Cassio Bruno, Thiago Herdy e Maiá Menezes.
Um dos campeões de gastos foi, adivinhem, o senador Demóstenes Torres (sem partido/GO). Seus “gastos” no T-10 somaram R$ 133 mil. Mas ele ficou atrás do deputado Jovair Arantes (PTB/GO), que apresentou notas de R$ 140,4 mil, enquanto Sandro Mabel (PMDB-GO) justificou “despesas” de R$ 103,8 mil.
Somando o que daria para comprar em gasolina com a fraude armada pelos três parlamentares goianos, em conluio com Cachoeira, seria possível percorrer 2,5 vezes o percurso do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS).

Agora o pau tora nos lombos de Veja parceira da organização criminosa de Cachoeira


Paulo Teixeira deve ser o relator da CPI

Paulo Teixeira deve ser o relator da CPIFoto: Divulgação

ANÚNCIO OFICIAL DEVE SER FEITO NA TERÇA-FEIRA; NOME DO DEPUTADO DO PT FOI CRITICADO POR VEJA PORQUE ELE TERIA COMO AGENDA OCULTA A “DESMORALIZAÇÃO DA MÍDIA”

22 de Abril de 2012 às 10:43
247 – Perdeu, Veja. Ao que tudo indica, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) será o relator da CPI sobre as atividades do bicheiro Carlos Cachoeira. Seu nome será anunciado na terça-feira, segundo informa a coluna Panorama Político, de Ilimar Franco, no Globo.
O nome de Teixeira surgiu como um tertius natural entre os deputados Cândido Vaccarezza (PT/SP), indicado por Lula, e Odair Cunha (PT/MG), o preferido de Dilma. Mas já foi criticado por Veja porque, segundo a revista da Abril, ele teria como agenda oculta a “desmoralização da mídia”.
Deputados do PT colocam pressão para que sejam convocados Roberto Civita, dono da Abril, e Policarpo Júnior, diretor da sucursal brasiliense da revista.
Leia, abaixo, reportagem do 247 sobre o lobby de Veja contra a indicação de Paulo Teixeira:

247 – Em uma matéria publicada na quinta-feira à noite em seu site, a Veja critica a possível indicação do deputado federal Paulo Teixeira (SP) pelo PT para a relatoria da CPI do Cachoeira. Segundo a publicação, a escolha de Teixeira casa com os interesses subterrâneos que os petistas têm na criação da comissão: desmoralizar adversários políticos e a imprensa. De fato, se for confirmado, Teixeira deverá estimular a convocação de jornalistas envolvidos no escândalo do Carlinhos Cachoeira, no caso, Roberto Civita, dono da Abril, que publica Veja, e Policarpo Júnior, diretor de Veja.
Ontem, o executivo Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander e atualmente presidente do grupo Abril, foi visto circulando em Brasília. Bem relacionado em todos os partidos, ele tentou convencer lideranças do Congresso Nacional a evitar a convocação, pela CPI, do empresário Roberto Civita, presidente do grupo Abril (Leia aqui).
Leia a matéria da Veja sobre Paulo Teixeira:
O PT deve indicar o deputado federal Paulo Teixeira (SP) para a relatoria da CPI do Cachoeira, que foi instalada nesta quinta-feira no Congresso Nacional. A escolha de Teixeira casa com os interesses subterrâneos que os petistas têm na criação da comissão: desmoralizar adversários políticos e a imprensa. Parte da bancada e integrantes da base aliada preferiam o nome de Cândido Vaccarezza (SP) para relator. Mas o deputado, de perfil moderado, impôs condições para assumir a relatoria: não estava disposto a atacar e constranger partidos de oposição ou jornalistas. Assim, a preferência da legenda se voltou para Teixeira, mais agressivo.
A intenção dos petistas de usar a CPI como ferramenta política foi mostrada em reportagem da edição desta semana de VEJA. O PT quer desviar o foco de debate do mensalão, que deve ser julgado ainda este ano pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB) deve ser o escolhido para presidir a comissão. Pouco entusiasmados com a CPI, os peemedebistas têm em Vital o único candidato a comandar os trabalhos. E mesmo o parlamentar paraibano não demonstra muita disposição com o cargo: no início da semana, ele disse torcer para que a investigação não fosse necessária. Na avaliação dele, a CPI só foi proposta porque o Supremo Tribunal Federal (STF) negou ao Conselho de Ética do Senado o acesso ao inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Vital tinha esperança de que o STF voltasse atrás, compartilhasse as informações e tornasse desnecessária.
Recém-instalada, a CPI também já traz uma notícia inusitada: um dos parlamentares indicados para compor a comissão está envolvido com o contraventor que pretende investigar, Carlinhos Cachoeira. Trata-se de Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), flagrado em pelo menos seis conversas suspeitas com um dos mais atuantes integrantes do esquema do bicheiro goiano: Idalberto Matias Araújo, o Dadá. O elo entre os dois foi revelado em grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
O nome de Protógenes foi apresentado na noite desta quinta-feira pela bancada do PCdoB para compor a lista de integrantes da comissão, que terá representantes da Câmara e do Senado. O suplente dele será Osmar Júnior (PI). Antes de ser pego pelo grampo, Protógenes foi o autor do requerimento de criação da CPI. As conversas gravadas revelam o empenho do deputado em orientar Dadá na investigação aberta contra ele próprio, no ano passado.
O PTB também apresentou, nesta quinta, os seus indicados pela Câmara: Silvio Costa (PE) e o suplente Arnaldo Faria de Sá (SP). “São os dois que se dispuseram. Alguns deputados não gostam de participar de CPI”, explicou o líder do partido na Casa, Jovair Arantes. O político minimizou o fato de também ter sido citado nas escutas da Operação Monte Carlo. “Fui citado muito en passant. Eu até estranho que continuem citando o meu nome como se eu estivesse envolvido.”
Ainda na Câmara, o PSB indicou Paulo Foleto (ES), titular e Glauber Braga (RJ), suplenjte. No PDT, a vaga principal é de Miro Teixeira (RJ), com Vieira da Cunha (RS) de substituto. O PSC terá Filipe Pereira (RJ) como titular e Hugo Leal (RJ) como suplente. O PDT indicou, pelo Senado, Pedro Taques (MT): ex-promotor de Justiça, ele tem se destacado pela atuação incisiva diante de casos de corrupção. Outros integrantes da comissão tiveram seus nomes apresentados nas últimas horas.
A CPI será composta por 15 deputados e 15 senadores titulares, com igual número de suplentes. A comissão concluirá os trabalhos em até 180 dias.
Repercussão - O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o primeiro atingido pelo escândalo de Carlinhos Cachoeira, reconheceu nesta quinta-feira que o Congresso tem razão em instalar a CPI. "Eu respeito o Congresso", afirmou o senador. Ele reiterou que fará sua defesa no Conselho de Ética "no momento oportuno". Demóstenes justificou o fato de não ter assinado o requerimento da comissão dizendo que não faz falso heroísmo. "A vida toda sempre fui assim, sou uma pessoa coerente, não tinha razão para assinar o requerimento.”
Enquanto isso, o governo federal esforçou-se para não demonstrar preocupação com a criação da CPI, a primeira da administração Dilma Rousseff. “A CPI começa com o foco fora do governo”, disse nesta quinta o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). “Qualquer um pode eventualmente aparecer nas investigações e, se aparecer, vai ter de responder. Quanto ao governo, podem ficar tranquilos, porque nós estamos tranquilos."
Interlocutor próximo da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que a CPI é assunto restrito ao Legislativo. “O governo não tem com o que se preocupar a não ser em cumprir o nosso papel, que é conduzir o país”, disse Carvalho, após evento no Palácio do Planalto. “O Legislativo cuida da pauta dele e nós cuidamos da nossa.”