terça-feira, 15 de maio de 2012

Dilma dá forcinha à campanha de Haddad



Dilma dá forcinha à campanha de HaddadFoto: Reprodução

PRESIDENTE, QUE HAVIA PROMETIDO FICAR DE FORA DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DESTE ANO, APARECE EM PROPAGANDA DO PT DEPOIS DO EX-PRESIDENTE LULA E ANTES DO PRÉ-CANDIDATO DO PARTIDO À PREFEITURA DE SÃO PAULO, FERNANDO HADDAD; MOTE DO VÍDEO É O "NOVO", O MESMO DA CAMPANHA DE HADDAD

15 de May de 2012 às 20:57
247 - A presidente Dilma Rousseff havia avisado que não pretendia participar da eleição municipal deste ano. O processo eleitoral ainda não começou, mas a presidente fez, nesta terça-feira 15, sua primeira aparição em propaganda do PT ao lado do pré-candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. O vídeo, que passou a ser reproduzido na televisão a partir desta terça, foi adiantado pelo jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, em seu blog. Ela está disponível no site do PT (assista abaixo).
"Lançar o Brasil Sem Miséria, para acabar com a pobreza extrema no país, foi uma atitude nova", diz a presidente, que aparece depois do ex-presidente Lula no vídeo da campanha do partido pela inovação -- coincidentemente o mote da campanha de Fernando Haddad em São Paulo, onde seu maior concorrente, o ex-governador José Serra (PSDB), seria visto como o "velho", por ter um histórico político maior. “O PT veio para mudar”, diz Lula, e Dilma completa: “Inovar e renovar o Brasil”.
A propaganda, que associa as imagens de Dilma e Lula à de Haddad, é a aposta do PT para ver seu candidato evoluir para além dos 3% de intenção de voto que as últimas pesquisas apontam. O tucano José Serra atingiu 31% de intenções de voto, segundo a pesquisa Ibope mais recente.

Celso de Mello deve rever decisão sobre Cachoeira



Celso de Mello deve rever decisão sobre CachoeiraFoto: Nelson Jr./SCO/STF

SEGUNDO O MINISTRO DO STF, A LIMINAR QUE SUSPENDEU O DEPOIMENTO DO BICHEIRO PERDEU O OBJETO, JÁ QUE A CPI DECIDIU LIBERAR AS INFORMAÇÕES DO INQUÉRITO SOBRE CACHOEIRA PARA OS ADVOGADOS DO BICHEIRO; NOVO DEPOIMENTO FOI MARCADO PARA A PRÓXIMA TERÇA-FEIRA

15 de May de 2012 às 20:04
Agência Brasil – O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), admitiu hoje (15) que pode rever a decisão que suspendeu o depoimento do empresário Carlinhos Cachoeira na comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga a ligação de Cachoeira com empresários e políticos. O depoimento estava previsto para esta terça-feira.
Segundo o ministro, a liminar que suspendeu o depoimento perdeu o objeto já que a comissão liberou as informações sobre o inquérito sobre Cachoeira, que estão em poder dos parlamentares, para os advogados do empresário. Celso de Mello disse que, agora, o presidente da CPMI deve informar a decisão de liberação das informações sobre o inquérito formalmente ao STF para que sua liminar seja revista.
"Se, eventualmente, esse acesso se confirmar, isso resulta na prejudicialidade do processo de habeas corpus, porque haverá perda de objeto", disse, lembrando que a única reclamação dos advogados de Cachoeira no pedido de habeas corpus era a necessidade de ter acesso às provas documentais antes que o empresário prestasse o depoimento.
O ministro também indicou que o pedido dos advogados por mais tempo para analisar as provas contra Cachoeira pode ser diretamente negociado com os parlamentares. "Nada impede que o presidente da CPMI, deliberando sobre essa matéria, estabeleça um prazo razoável", ponderou. A CPMI reconvocou Cachoeira para depor na próxima terça-feira (22).
Celso de Mello também lembrou que, enquanto o acesso aos documentos não for informado oficialmente ao STF, a liminar que suspende o julgamento continua em vigor. "Hoje, estou assinando um ofício solicitando ao presidente da CPMI que preste informações, mas nada impede que ele se antecipe e exponha a deliberação."
O relator do inquérito que apura a relação de Cachoeira com parlamentares, ministro Ricardo Lewandowski, afirmou hoje que nunca negou aos advogados do empresário o acesso a informações que integram o inquérito, o que iria de encontro a uma das súmulas do STF. "A decretação do sigilo que eu determinei na CPI é em relação a terceiras pessoas, naturalmente não atinge os investigados", explicou Lewandowski.

O poder da generosidade



Livro de professor da Universidade de Harvard revoluciona a 

teoria da seleção natural de Darwin ao mostrar que o grupo pode 

alcançar muito mais sucesso quando atua de forma coletiva e em 

benefício dos outros

Rachel Costa
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Encontrar explicações convincentes para a origem e a evolução da vida sempre foi uma obsessão para os cientistas. Tanto que, quando Charles Darwin criou a teoria da seleção natural, na segunda metade do século XIX, parecia ter encontrado a solução para o intrincado quebra-cabeça da evolução da vida no planeta Terra. A competição constante, embora muitas vezes silenciosa, entre os indivíduos, teria preservado as melhores linhagens, afirmava o naturalista britânico. Assim, um ser vivo com uma mutação favorável para a sobrevivência da espécie teria mais chances de sobreviver e espalhar essa característica para as futuras gerações. Após consecutivas linhagens, a tendência seria de que todos os indivíduos fossem descendentes daquele com a boa mutação, e que quem não a possuísse desaparecesse. Ao fim, sobreviveriam os mais fortes, como interpretou o filósofo Herbert Spencer, no início do século XX – ideia erroneamente atribuída a Darwin. Um século e meio depois, um biólogo americano agita a comunidade científica internacional ao ousar complementar a teoria da seleção darwinista. Segundo Edward Wilson, da Universidade de Harvard, considerado o pai da sociobiologia, ganhador de dois prêmios Pulitzer na categoria de não ficção e um dos mais respeitados acadêmicos da atualidade, o processo evolutivo é mais bem-sucedido em sociedades nas quais os indivíduos colaboram uns com os outros para um objetivo comum. Assim, grupos de pessoas, empresas e até países que agem pensando em benefício dos outros e de forma coletiva alcançam mais sucesso, segundo o americano. 

Ao cravar essa tese, defendida no recém-lançado “A Conquista Social da Terra” (W.W. Norton & Company, 2012), uma compilação de pouco mais de 300 páginas, Wilson pôs à prova o benefício de agir em causa própria, presente na seleção individual de Darwin. O americano não contraria a teoria darwinista, mas afirma que ela é insuficiente para se entender a evolução, que aconteceria em múltiplos níveis – o individual, como proposto por Darwin, e o de grupo. Afinal, se o mais importante era fazer com que seus genes seguissem adiante, por que muitas vezes o indivíduo era capaz de se sacrificar pelo outro? A luta constante pela sobrevivência realmente explicou muita coisa, mas não foi capaz de lançar luz sobre uma característica intrigante, observada pelo próprio Darwin: o comportamento altruísta – chave da teoria de Wilson. “A seleção individual é importante, mas não explica tudo”, disse à ISTOÉ o diretor do centro de bem-estar da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, Robert Cloninger.
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A nova teoria da evolução de Wilson arrebatou não só a comunidade científica como as mais importantes publicações internacionais. Os jornais “The New York Times”, “The Wall Street Journal” e “The Washington Post” e as revistas “Newsweek” e “New Yorker” são apenas algumas das publicações que dedicaram páginas e páginas à chegada da nova obra às prateleiras – sem contar as prestigiadas revistas científicas “Nature” e “Scientific American”. O trabalho do acadêmico de Harvard foi baseado nas espécies sociais, tais quais vários tipos de abelhas, formigas e nós, humanos. As espécies sociais são 3% do total dos animais do planeta, mas representam 50% de sua biomassa. Para Wilson, só esse dado já seria suficiente para explicar o sucesso desses grupos e constatar que a colaboração entre os indivíduos conta pontos positivos na evolução. Algo semelhante já havia sido observado pelo próprio Darwin no livro “A Evolução das Espécies”. Tentando explicar o altruísmo, o naturalista britânico percebeu que, se esse comportamento aparentemente não oferecia vantagem direta para o indivíduo, parecia ser capaz de garantir um benefício ao grupo. Porém ainda não era claro por que ser altruísta se o egoísmo parecia mais benéfico. “Os animais não precisam competir sempre”, disse à ISTOÉ o professor de antropologia da Universidade de Washington Robert Sussman, autor do livro “Origens da Cooperação e do Altruísmo” (2009). “Quando a cooperação representa uma vantagem para o grupo, os genes que a promovem são lançados à próxima geração, favorecendo esse grupo em relação aos outros”, afirmou Wilson em uma entrevista ao ensaísta científico Carl Zimmer. “Assim, a seleção ocorre no nível do grupo, embora não deixe de acontecer no nível individual.” 

“A Conquista Social da Terra” surgiu para se fazer repensar a importância da cooperação, em especial entre os seres humanos. Afinal, se o sacrifício por um parente para a proteção dos genes, propalado pela seleção por parentesco, faz sentido em comunidades de abelhas e de formigas, falta-lhe complexidade para abarcar o ser humano, muitas vezes capaz de se sacrificar por razões bem mais subjetivas, como crenças e ideais. “Nos seres humanos há três aspectos que devem ser levados em conta para explicar a evolução: o corpo físico, os pensamentos e a psique”, afirma Robert Cloninger. “Darwin foca seu trabalho na evolução do corpo, por isso a explicação fica incompleta.” Por ter consciência, a pessoa é capaz de julgar se irá agir a favor ou contra o outro, podendo, inclusive, basear essa decisão em atos que esse mesmo sujeito praticou no passado. Alguém que sempre age de modo egoísta, por exemplo, pode ser rejeitado pelo restante do grupo. “As manifestações de generosidade nos seres humanos são diferentes e mais variadas que as observadas em outros animais”, disse à ISTOÉ o biólogo Michael Wade, que pesquisa evolução e comportamento na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. Wade publicou, no fim de abril, um estudo mostrando que, embora o altruísmo esteja presente em várias espécies, o mecanismo pelo qual ele se dá varia. “Existem diferentes tipos de altruísmo, para diferentes ambientes. É o ambiente que determina como ajudar seu vizinho.”
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Trabalhar em conjunto para um fim comum e, com isso, prosperar é também agir com altruísmo. Numa bucólica vila encravada em pleno centro da capital paulista, cerca de 100 pessoas colaboram umas com as outras no âmbito profissional. São produtores culturais, fotógrafos, jornalistas e programadores que formam a Casa da Cultura Digital, onde várias pequenas empresas promovem um intercâmbio de trabalho e cooperam mutuamente. Num ambiente em que não há espaço para a competição e as despesas são divididas, o negócio cresce. 

A Casa da Cultura Digital é um exemplo de modelo de sucesso para a organização de empresas tendo como base o altruísmo. Para o americano Steve Denning, autor de vários livros sobre liderança empresarial, a teoria da evolução em grupo defendida pelo cientista ajuda a entender essa e outras fórmulas vitoriosas. Outro exemplo seria o modo como a americana Apple organiza suas equipes de trabalho, mantidas em separado e muitas vezes proibidas de dialogar entre si. Para muitos, essa decisão representa uma perda, na medida em que dificulta o compartilhamento de ideias gestadas pelos times. Denning, porém, lança outro olhar a partir do livro de Wilson. Se a colaboração se dá entre o próprio grupo, mas não para outros grupos – que muitas vezes são entendidos como o inimigo contra o qual se deve lutar –, caberia refletir sobre o seguinte ponto: “Os ganhos ao se suprimir a concorrência interna entre as equipes não compensariam as perdas de não deixá-las dialogar?”, escreveu, em um artigo recém-publicado no site da revista americana “Forbes”.
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Na neurociência, por exemplo, especialistas tentam identificar os mecanismo cerebrais acionados quando se é generoso. “Seres humanos são capazes de se sacrificar por um desconhecido completo ou por um ideal. Isso não é visto em outras espécies”, afirma o neurocientista brasileiro Jorge Moll, do instituto D’Or, no Rio de Janeiro. O pesquisador é conhecido no meio acadêmico por seus estudos sobre a resposta cerebral às ações altruístas. Ele e sua equipe mostraram, por meio de exames de ressonância magnética, que ao se praticar ações altruístas são acionadas as mesmas áreas do cérebro ligadas à recompensa. Como se, ao se doar dinheiro, por exemplo, a sensação percebida fosse a mesma de quando se ganha dinheiro. “Para o cérebro, o que temos é um sentimento de recompensa, assim vale perder para ajudar o outro.” As amigas Flávia Constant, Paula Saldanha e Letícia Verona decidiram se unir e agir por pessoas que elas não conheciam diante da tragédia que matou mais de 900 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro. Elas não moravam no local nem perderam amigos ou parentes, mas, imbuídas de altruísmo, arregaçaram as mangas e financiaram a construção de quatro casas no distrito de Vieira, em Teresópolis, porque acharam que não podiam ficar alheias à catástrofe. “Não tinha como não ajudar”, diz Letícia.

A generosidade presente no ato das três amigas do Rio de Janeiro também pode ser explicada pela ação da ocitocina, um neurotransmissor muito comum durante a amamentação e que age sobre a capacidade de empatia do indivíduo. “Em experimentos, tem-se visto que os altos níveis de ocitocina durante a lactação deixam tanto a mãe mais cuidadosa com a prole quanto mais agressiva com quem é de fora”, diz Moll. Comportamento que em muito lembra aquele descrito por Wilson para explicar a colaboração entre o próprio grupo, mas não necessariamente com indivíduos de outras comunidades.
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Nos seres humanos, os modos como um grupo se relaciona com o outro estão ainda sujeitos a fortes influências culturais. “No plano das sociedades, temos características de individualismo e coletivismo e, no plano individual, temos indivíduos mais voltados para a autonomia ou mais interdependentes”, diz a pesquisadora Maria Lucia Seidl-de-Moura, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ela e seu grupo têm buscado compreender o modo como esses elementos são organizados para o desenvolvimento das sociedades. “Não se pode falar que as mais altruístas sejam mais evoluídas, mas é possível perceber que essa característica está mais presente em algumas organizações sociais que em outras”, diz, citando o exemplo do Japão, onde a estrutura social aposta no coletivo e os indivíduos se desenvolvem sob uma cultura de interdependência. Essa capacidade colaborativa se torna evidente em situações como a vivida na ilha após o terremoto de 11 de março de 2011, que exigiu a união do povo para a reconstrução do país. Outros países famosos pela capacidade de se organizar e agir coletivamente em prol da comunidade, quase de forma profissional, para assim alcançarem o bem comum e progredirem, são os Estados Unidos e as sociedades nórdicas, como a Noruega. 

Especificamente no exemplo japonês está outro entendimento para o altruísmo, distinto da biologia evolucionista, na qual o conceito é aplicado para explicar a capacidade de um indivíduo abdicar de se reproduzir em prol de outro. Aqui, o altruísmo é apreendido como uma capacidade intrínseca do ser humano de ajudar o próximo, e que pode ser desenvolvida. “Como se fosse uma bagagem dos bebês que pode ser estimulada ao longo da infância e depois”, diz Maria Lúcia. Por isso, muitos defendem a possibilidade de fortalecer esses laços entre as pessoas.
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Um exemplo é o trabalho “Ativando empatias”, iniciado no Canadá e que começa a ser implementado no Brasil pela organização internacional Ashoka. “Mapeamos no Brasil em torno de 15 empreendedores sociais para implementar a ação no País”, diz Mônica de Roure, diretora da Ashoka Brasil. A iniciativa, pensada para em um primeiro momento acontecer em escolas, entende o olhar para o outro como uma espécie de antídoto capaz de barrar um fenômeno cada vez mais comum: a violência perpetrada nos casos de bullying. E também como motor para o desenvolvimento comunitário. “Hoje temos claro que nosso sucesso depende do sucesso do outro. Não adianta, por exemplo, eu trabalhar em uma empresa saudável se ela está em uma comunidade doente. É preciso ter um olhar global para seguirmos adiante”, afirma Rogério Arns, superintendente do Instituto Camargo Corrêa e filho da criadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. 

A nova teoria de evolução colocou a comunidade científica em polvorosa, mas está longe de ser unanimidade. Wilson comprou uma briga ao contestar a validade das tentativas mais bem aceitas pelos cientistas contemporâneos para explicar a presença do altruísmo nas espécies, as teorias de seleção por parentesco e a do gene egoísta (leia quadro) – ambas fundadas na ideia de que o altruísmo, no fim, não passaria de uma estratégia egoísta para se passar adiante os genes do indivíduo. Em entrevista à ISTOÉ, Carl Zimmer diz que falta a Wilson testar a hipótese que apresenta. Nigel Barber, nome de peso na biopsicologia e autor de “Bondade em um Mundo Cruel: as Origens do Altruísmo” (tradução livre), também critica o trabalho. “Insistir na ideia de seleção de grupo é fazer pseudociência.” Para o cientista, ainda prevalece o conceito de seleção por parentesco. Ainda não se sabe se a teoria de Wilson entrará para a história como uma revolução à teoria da seleção natural. Mas ela combina muito mais com o conceito de humanidade.
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Tyson, o showman



O ex-campeão mundial de boxe troca os ringues pelos palcos de 

Las Vegas, onde canta, dança e conta sua história de vida

Flávio Costa

Assista ao resumo de sua carreira – dentro e fora dos ringues – e episódios polêmicos em vídeo preparados por ISTOÉ Online :
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O ex-campeão mundial de boxe troca os ringues pelos palcos de Las Vegas, 
onde canta, dança e conta sua conturbada história de vida
Iron” Mike, Garoto Dinamite, a Fera, o “Homem mais Malvado do Planeta”. Todos esses epítetos serviram nos anos 80 e 90 para identificar o mais jovem e furioso dos boxeadores que já tiveram a honra de envergar o título mundial dos pesos-pesados. Hoje, aos 45 anos, longe dos ringues e numa versão menos explosiva, Mike Tyson ensaia alguns passos de dança, soca inofensivamente o ar, canta um clássico do compositor Nat King Cole e revela a sua conturbada história em um monólogo que estreou no mês passado nos Estados Unidos. O ex-astro dos ringues tenta se vender como protagonista de um épico de redenção, mas o que se destaca no show de 75 minutos é muito xingamento, frases entrecortadas e relatos de orgias, violência e abuso de drogas. “Eu era um cheirador gordo”, revela, sobre seu vício em cocaína.

“Havia um menino/um menino muito estranho e encantado...”, Tyson começa a apresentação cantando desgraciosamente um clássico de Cole, “Nature Boy”. O show “Verdade Incontestável – Ao Vivo” ficou em cartaz durante uma semana no MGM Grand Hotel, em Las Vegas, onde o ex-lutador esmurrou dezenas de adversários – foram 44 nocautes em 51 vitórias. “Eu nocauteava os filhos da p... em 30 segundos”, afirma Tyson, em roupa de gala. “Eu realmente sou um animal, caras. Apenas me visto bem.” Na terra dos cassinos, o êxito foi garantido. Os ingressos da área VIP – US$ 117,49 cada um (R$ 230,57) – esgotaram-se rapidamente. “Muitos de vocês se perguntarão: ‘Meu Deus, o que ele está fazendo!?’ Para ser sincero, eu me pergunto a mesma coisa”, diz. A terapia no palco tem sido bastante lucrativa. Tanto que ele pretende levar o show para a Broadway, em Nova York, e para Londres (Inglaterra).

Mike Tyson foi o último grande astro da história do boxe, hoje um esporte cada vez mais relegado a segundo plano e com a popularidade ameaçada pela vertiginosa ascensão do MMA. A trajetória de miserável criminoso adolescente de Nova York a campeão mundial de boxe aos 20 anos, com 19 nocautes, atraiu holofotes, capas de revista, mulheres e lhe rendeu bolsas de luta que chegavam a US$ 30 milhões – a quantia que Tyson recebeu para morder a orelha de Evander Holyfield, na revanche pelo título dos pesados, na arena do MGM Grand Hotel, mesmo lugar onde ele procura se manter em evidência contando, entre outras coisas, como sua mãe, prostituta e alcoólatra, amava mais a garrafa do que o próprio filho.
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O monólogo para endinheirados fãs de lutas e turistas em Las Vegas é mais uma cartada para voltar à ribalta. Antes de subir ao palco, ele estrelou um estranho reality show sobre corrida de pombos, virou tema de um documentário e fez pontas em filmes, como a franquia “Se Beber, Não Case”. Uma reviravolta para quem, em 2003, no auge do ostracismo, havia decretado falência. Nenhum assunto controverso deixa de ser tocado no roteiro escrito pela terceira mulher, Kiki. O ex-pugilista, porém, está longe da total sinceridade, como atesta a revista “Time”: “O único personagem no drama também é um empecilho à narrativa. Como intérprete, Tyson força a mão e tem um hábito nervoso de dizer ‘merda’ no fim de praticamente todas as frases.” 

Tyson se mostra mais assertivo quando detona seu ex-promotor de lutas, o controverso Don King. “Quando eu encontrei Don, não sabia que estava me reunindo com o diabo.” O público vibra. “Você está indo muito bem, Mike”, ouve-se da plateia. O ex-boxeador sai-se ainda melhor ao contar as passagens polêmicas de sua carreira. Órfão de mãe aos 16 anos, ele foi adotado pelo lendário treinador Cus d’Amato, que assumiu sua tutela, lhe apresentou os livros e o poliu para o ringue. O tutor morreu antes de o pupilo se sagrar campeão. “Mas ele massageou a minha mente”, afirma Tyson. Com o título, sua roda-viva pessoal deu mais um giro. Orgias com 24 mulheres numa só noite, internações em clínicas para tratar do vício em cocaína e a ostentação da riqueza, pois Tyson esbanjava. Era capaz de gastar, em uma tarde, US$ 150 mil na loja da grife Versace e torrar US$ 4,5 milhões em carros e motos. Em 1992, dois anos após perder o cinturão pela primeira vez, veio a grande queda. Ele foi condenado pelo estupro de Desiree Washington, vencedora de um concurso de beleza. “Eu merecia ir para a cadeia por um monte de coisas. Mas eu não fiz isso, e nunca vou admitir que fiz.” Passou três anos em uma penitenciária, mas a prisão não aplacou sua voracidade sexual. Na mesma semana em que sapateava em Las Vegas, a imprensa americana revelou que ele engravidou uma guarda de penitenciária. “Na prisão as coisas acontecem. Mas ela não teve a criança”, declarou Tyson, pai de oito filhos. Em 2009, ele perdeu a filha Exodus, de 4 anos, vítima de um acidente doméstico.

Ao sair da cadeia, o ex-pugilista chegou a reconquistar o título, mas perdeu o cinturão para Evander Holyfield em 1996. No ano seguinte, durante a revanche, aconteceu a vergonhosa mordida, que ele tenta justificar como um revide a uma cabeçada de Holyfield cujo golpe havia ferido seu supercílio. Tyson põe a culpa no juiz da luta – “Ele me odiava.” Ainda hoje, a desculpa soa inconvincente. “Eu espero que você tenha conhecido um pouco mais sobre mim – Mike Tyson. Espero que você tome algo para si mesmo. Essa é a minha verdade incontestável, e isso é tudo o que eu ­tenho.” As luzes se apagam, mas Kid Dinamite, um pouco mais manso, continua em cena.

CPI reconvoca Cachoeira para depor na próxima semana



CPI reconvoca Cachoeira para depor na próxima semanaFoto: Lula Marques/Folhapress

PARLAMENTARES FORAM UNÂNIMES EM RECONVOCAR CONTRAVENTOR, CUJA IDA À SESSÃO FORA BARRADA PELO STF

15 de May de 2012 às 19:32
247 – A queda de braço está em pleno andamento. O habeas corpus obtido pelo contraventor Carlinhos Cachoeira no Supremo Tribunal Federal foi considerado, na sessão desta terça-feira 15 da CPI do Cachoeira, como interferência de um poder sobre outro. O resultado foi o de que, por unanimidade, os 32 integrantes da Comissão resolveram reconvocar o contraventor para a próxima semana, o que deverá desencadear outra batalha nos tribunais entre a defesa dele, representada pelo advogado Marcio Thomaz Bastos, e o desejo dos políticos. Quem vai levar a melhor?
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito do assunto:
Luciana Lima _ Repórter da Agência Brasil, Brasília – A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de conceder habeas corpus ao empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos soou como interferência de Poderes na avaliação de deputados e senadores que integram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira. Hoje (15), os integrantes da CPMI decidiram, de forma unânime, reconvocar o empresário para prestar depoimento na próxima terça-feira, dia 22.
O habeas corpus foi concedido ontem (14), em caráter liminar, pelo ministro Celso de Mello, e obrigou a comissão a suspender o depoimento do empresário conhecido como Carlinhos Cachoeira, que estava marcado para hoje.
"Essa decisão abre um precedente muito grave, caso o Supremo a confirme no julgamento do mérito. Ela desrespeita o poder da CPMI de investigar. Imaginem quantos pedidos de habeas curpus estarão lá [no STF] de pessoas que não querem comparecer à CPMI", considerou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL- AP). Há uma interferência clara do Poder Judiciário no Legislativo", considerou Rodrigues.
Com a ausência de Cachoeira, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), explicou sua decisão de negar acesso ao advogado de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, aos documentos da CPMI no início deste mês. Ele alegou que a CPMI é fonte "secundária" das informações que foram concedidas pelo Supremo.
"Como o relator do processo no STF, ministro Ricardo Lewandovsky, havia negado acesso a esses documentos, eu não poderia conceder [o acesso]. O material constitui de cópia do Inquérito 3.430, justamente o que o STF negou acesso ao pedido do requerente. A CPMI é detentora secundária de informações sigilosas. Se o Judiciário denegou o pedido do requerente, não pode a CPMI conceder", justificou o presidente da comissão.
Hoje, a CPMI também decidiu conceder acesso, aos advogados do empresário Carlinhos Cachoeira, aos documentos que estão em poder da comissão. O senador Pedro Taques (PDT-MT) defendeu ainda a necessidade de pedir ao ministro Celso de Mello que reconsidere a decisão de permitir que Cachoeira não comparece à comissão para depor. "Temos que indagar ao Supremo qual decisão devermos seguir", questionou o senador Pedro Taques, referindo-se ao fato de Lewandovsky ter negado o acesso aos dados e também ao habeas corpus concedido por Celso de Mello. "Decisão judicial se cumpre, mas, nas democracias, se debate também", destacou.