segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lula: "Meu sentimento é de indignação"



Lula: Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

EX-PRESIDENTE EMITE NOTA EM QUE SE DIZ "INDIGNADO" COM VERSÃO DIVULGADA POR GILMAR MENDES À REVISTA VEJA, SEGUNDO A QUAL TERIA SUGERIDO A ELE TRABALHAR PELO ADIAMENTO DO JULGAMENTO DO MENSALÃO; LULA LEMBROU QUE RECONDUZIU PROCURADOR ANTONIO FERNANDO DE SOUZA MESMO APÓS ELE TER FEITO A DENÚNCIA DO CASO

28 de Maio de 2012 às 19:00
247 - O ex-presidente Lula publicou em sua página no Facebook e no site do Instituto da Cidadania a seguinte nota a respeito do encontro que manteve com o ministro Gilmar Mendes, do STF:
NOTA À IMPRENSA
São Paulo, 28 de maio de 2012
Sobre a reportagem da revista Veja publicada nesse final de semana, que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF, Gilmar Mendes, sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o seguinte:
1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica. "Meu sentimento é de indignação", disse o ex-presidente, sobre a reportagem.
2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria Geral da República em relação a ação penal do chamado Mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.
3. "O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público.
Assessoria de Imprensa do Instituto Lula

Humberto Costa sai em defesa de Lula



Humberto Costa sai em defesa de LulaFoto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

SENADOR PETISTA UTILIZOU O PLENÁRIO DO SENADO PARA DEFENDER O EX-PRESIDENTE LULA DE DENÚNCIA PUBLICADA PELA REVISTA VEJA DESTA SEMANA; PARA O PARLAMENTAR, O QUE HÁ É UMA “TENTATIVA DE PRODUÇÃO DE ESCÂNDALOS” POR PARTE DA PUBLICAÇÃO

28 de Maio de 2012 às 20:57
PE247 – A matéria publicada pela revista Veja em que denuncia um suposto lobby entre o ex-presidente Lula com o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, também foi condenada pelo senador Humberto Costa (PT-PE), no Plenário da Casa Alta, nesta segunda-feira (28). De acordo com o parlamentar, existe uma “tentativa de produção de escândalos” por parte da oposição.
O senador pernambucano lembrou que o encontro relatado reuniu três pessoas: Lula, Gilmar Mendes e o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim. Jobim negou qualquer pressão, constrangimento ou mal-estar entre os presentes. E ainda disse que, em momento algum se ausentou da sala. “Ainda bem que foi um encontro com testemunhas e que é a palavra de dois contra um”, resumiu Humberto. “Eu fico com a versão do ministro Nelson Jobim”.
 Ainda segundo Humberto, “o presidente Lula pela sua história, pela sua trajetória, pelo respeito que sempre manteve a independência entre os Poderes jamais seria porta-voz de proposta como essa que foi apresentada pelo ministro Gilmar Mendes”.
Para o ex-líder petista, o episódio não deve ter qualquer repercussão sobre o julgamento do caso conhecido como mensalão. “Os ministros do Supremo tem absoluta e total independência e autonomia e não vão se curvar a qualquer tipo de pressão. Nem para condenar nem para absolver as pessoas que estão nesse tipo de processo”, acredita.

A crise institucional aberta por Gilmar Mendes



A crise institucional aberta por Gilmar MendesFoto: Edição/247

QUEM ESTÁ MENTINDO?; O EX-PRESIDENTE LULA E O EX-PRESIDENTE DO STF, NELSON JOBIM, OU O TAMBÉM EX-PRESIDENTE DO STF E ATUAL MINISTRO DA CORTE, GILMAR MENDES?; AS VERSÕES DOS DOIS PRIMEIROS APONTAM PARA MENDES, MAS ELE, APOIADO PELA REVISTA VEJA, FOI O PRIMEIRO A ESTICAR O DEDO NA DIREÇÃO DE LULA, DIZENDO TER SOFRIDO PRESSÃO PARA ADIAR O JULGAMENTO DO MENSALÃO; OPINIÃO PÚBLICA FECHOU COM LULA E JOBIM, MAS A MÍDIA...

28 de Maio de 2012 às 21:03
247 – 'Habemus crisis!'
Dono de votos com justificativas empoladas, em estilo à beira do barroco e posicionamento francamente conservador, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, bem poderia estar comemorando seu mais recente feito em latim. Porque, sim, com sua entrevista à revista Veja, publicada na edição da presente semana, Mendes com a toga de integrante do STF que lhe foi conferida pelo então presidente Fernando Henrique, em 2002, abriu uma inédita crise institucional. Se era o que ele queria, e todos os indicadores apontam no sentido positivo da intenção, sem dúvida conseguiu. Nota 10, portanto, em matéria de criação de um escândalo.
Na crise nascida pela boca do ministro Mendes, só há duas alternativas: ou ele, um ex-presidente do STF está falando a verdade, e um ex-presidente da República e um também ex-presidente do STF, respectivamente Lula e Nelson Jobim, que diz ter testemunhado todo o diálogo, estão mentindo, ou é Mendes quem deturpa e falseia, e a verdade está com o presidente mais popular da história e um ex-ministro que não pode ser visto exatamente como um amigo da esquerda.
A opinião pública, na medição registrada empiricamente por manifestações via twitter e em e-mails para sites como o 247, se mostra bem mais inclinada a acreditar em Lula e Jobim. Mas a palavra de Mendes, mesmo em minoria de um contra dois, reverbera na mídia, entre ministros do próprio STF, juristas, advogados e, claro, políticos de oposição ao governo.
Com os poderes que a Constituição lhe confere, o ministro Mendes poderia teria feito o seguinte, assim que ouviu o que disse ter ouvido de Lula, repita-se, no mês passado, já lá se vão cerca de 30 dias:
1 - Ter feito a denúncia na Polícia Federal;
2 - Ter feito a denúncia no Ministério Público, o que seria o mais provável e recorrente. Ficaria por conta do MP abrir o inquérito policial; ou
3 – Ter ido à delegacia de polícia mais próxima, como qualquer brasileiro com número de R.G., e comunicar o fato ao delegado de plantão.
Uma advogada que milita em Brasília, ouvida por 247, que atua há 11 anos em torno do STF e, por isso, preferiu pedir anonimato, enumerou estas opções. Ao mesmo tempo, deu sua opinião fazendo uma pergunta. "Por que o ministro Gilmar Mendes ficou quieto até aqui? Ele é o ministro da maior corte do país e sabe exatamente o que tem que fazer. É no mínimo estranho surgir essa situação pela mídia. Parece manobra política"
Correu cerca de um mês desde o encontro, mas o silêncio do ministro Mendes sobre o caso só foi quebrado, pelas páginas da imparcial – rsrs... - Veja, na véspera de uma importante reunião da CPI do Cachoeira. Às alternativas constitucionais, certamente bem mais adequadas à expressão e importância de seu cargo, o ministro Mendes preferiu, como se diz em gíria, ligar o ventilador e falar a um veiculo famoso pela editorialização de seu noticiário.
Maior precisão, se o que se queria era uma crise sobre a crise, impossível. Com sua versão, o ministro Mendes, afinal, conseguiu dominar os debates no Senado Federal nesta segunda-feira 28 (leia aqui), incendiar o clima na reunião da CPI desta terça 29 e armar as condições até mesmo para uma reviravolta na até aqui modorrenta Comissão, com uma aventada convocação de Lula para dar explicações. O PSDB, agindo como Mendes poderia ter feito, fez representação junto à Procuradoria Geral da República, pedindo abertura de inquérito sobre o ocorrido.
Ao deixar no ar a hipótese de que teria sido pressionado pelo ex-presidente, Mendes assumiu a linha de frente dos que argumentam que Lula teria incentivado a criação da CPI como forma de evitar as condições políticas para a realização do julgamento do caso do mensalão pelo STF. No entanto, ao demorar um mês para contar o que diz ter escutado, Mendes pode até mesmo ser acusado de prevaricação, isto é, tomar parte num ato fora da lei. Afinal, por que toda a sua estupefação só foi divulgada após quatro semanas ou mais, e da maneira mais informal possível?
Registrou a revista Veja que Gilmar contou que o ex-presidente Lula, em encontro no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, no mês passado, teria lhe feito uma proposta para atuar pelo adiamento do julgamento do caso do mensalão, no Supremo, em troca de proteção na CPI do Cachoeira. Mas Jobim, que diz ter acompanhado todo o diálogo, desmente isso: "O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso. O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão; tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala (não na cozinha); o Lula saiu antes; durante todo o tempo nós ficamos juntos", desqualificou o ex-ministro Jobim, ele próprio surpreendido com a versão. Nesta segunda-feira, o ex-presidente Lula expediu nota para se dizer indignado com a veiculação de Veja e a divulgação feita por Mendes (leia aqui). Os dois desmentidos versus uma afirmativa, no entanto, não foram suficientes para segurar a formação de uma pesada bola de neve política: a partir de um leve movimento no alto de uma montanha da mídia, criou-se uma crise instituicional que se desenha como sendo de grandes proporções. Tem gente que realmente sabe como fazer isso.
Abaixo, entrevista do ministro Mendes à repórter Adriana Iron, republicada pelo blog do jornalista Josias de Souza, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo:
O ministro Gilmar Mendes, do STF, confirmou nesta segunda (28), o teor da conversa que manteve com Lula, em 26 de abril, no escritório do ex-ministro Nelson Jobim. Segundo ele, Lula disse que não seria "adequado" julgar o processo do mensalão em 2012. E insinuou que poderia proteger o interlocutor na CPI do Cachoeira.
"Foi uma conversa repassando assuntos variados", disse Gilmar. "Ele [Lula] manifestou preocupação com a história do mensalão e eu disse da dificuldade do tribunal de não julgar o mensalão [...]. Mas ele [Lula] entrava várias vezes no assunto da CPI, falando do controle, como não me diz respeito, não estou preocupado com a CPI."
Gilmar falou à repórter Adriana Irion. Revelou que o amigo Jobim, que vem negando a pressão exercida por Lula, não só testemunhou a conversa como interveio nos diálogos. A íntegra da entrevista, disponívelaqui, vai reproduzida abaixo:
Adriana Iron — Quando o senhor foi ao encontro do ex-presidente Lula não imaginou que poderia sofrer pressão envolvendo o mensalão?
Gilmar Mendes - Não. Tratava-se de uma conversa normal e inicialmente foi, de repassar assuntos. E eu me sentia devedor porque há algum tempo tentara visitá-lo e não conseguia. Em relação a minha jurisprudência em matéria criminal, pode fazer levantamento. Ninguém precisa me pedir para ser cuidadoso. Eu sou um dos mais rigorosos com essa matéria no Supremo. Eu não admito populismo judicial.
— Sua viagem a Berlim tem motivado uma série de boatos. O senhor encontrou o senador Demóstenes Torres lá? 
- Nos encontramos em Praga, eu tinha compromisso acadêmico em Granada, está no site do Tribunal. No fundo, isto é uma rede de intrigas, de fofoca e as pessoas ficam se alimentando disso. É esse modelo de estado policial. Dá-se para a polícia um poder enorme, ficam vazando coisas que escutam e não fazem o dever elementar de casa.
— O senhor acredita que os vazamentos são por parte da polícia, de quem investigou?
- Ou de quem tem domínio disso. E aí espíritos menos nobres ficam se aproveitando disso. Estamos vivendo no Supremo um momento delicado, nós estamos atrasados nesse julgamento do mensalão, podia já ter começado.
— Esse atraso não passa para a população uma ideia de que as pressões sobre o Supremo estão funcionando? 
- Pois é, tudo isso é delicado. Está acontecendo porque o processo ainda não foi colocado em pauta. E acontecendo num momento delicado pelo qual o tribunal está passando. Três dos componentes do tribunal são pessoas recém nomeadas. O presidente está com mandato para terminar em novembro. Dois ministros deixam o tribunal até o novembro. É momento de fragilidade da instituição.
— Quem pressiona o Supremo está se aproveitando dessa fragilidade? 
- Claro. E imaginou que pudesse misturar questões. Por outro lado não julgar isso agora significa passar para o ano que vem e trazer uma pressão enorme sobre os colegas que serão indicados. A questão é toda institucional. Como eu venho defendendo expressamente o julgamento o mais rápido possível é capaz que alguma mente tenha pensado: "vamos amedrontá-lo". E é capaz que o próprio presidente esteja sob pressão dessas pessoas.
— O senhor não pensou em relatar o teor da conversa antes? 
- Fui contando a  quem me procurava para contar alguma história. Eu só percebi que o fato era mais grave, porque além do episódio (do teor da conversa no encontro), depois, colegas de vocês [jornalistas], pessoas importantes em Brasília, vieram me falar que as notícias associavam meu nome a isso e que o próprio Lula estava fazendo isso.
— Jornalistas disseram ao senhor que o Lula estava associando seu nome ao esquema Cachoeira? 
- Isso. Alimentando isso.
— E o que o senhor fez? 
- Quando me contaram isso eu contei a elas [jornalistas] a conversa que tinha tido com ele [Lula].
— Como foi essa conversa? 
- Foi uma conversa repassando assuntos variados. Ele manifestou preocupação com a história do mensalão e eu disse da dificuldade do Tribunal de não julgar o mensalão este ano, porque vão sair dois, vão ter vários problemas dessa índole. Mas ele (Lula) entrava várias vezes no assunto da CPI, falando do controle, como não me diz respeito, não estou preocupado com a CPI.
— Como ele demonstrou preocupação com o mensalão, o que falou? 
- Lula falou que não era adequado julgar este ano, que haveria politização. E eu disse a ele que não tinha como não julgar este ano.
— Ele disse que o José Dirceu está desesperado? 
- Acho que fez comentário desse tipo.
— Lula lhe ofereceu proteção na CPI? 
- Quando a gente estava para finalizar, ele voltou ao assunto da CPMI e disse "que qualquer coisa que acontecesse, qualquer coisa, você me avisa", "qualquer coisa fala com a gente". Eu percebi que havia um tipo de insinuação. Eu disse: "Vou lhe dizer uma coisa, se o senhor está pensando que tenho algo a temer, o senhor está enganado, eu não tenho nada, minha relação com o Demóstenes era meramente institucional, como era com você". Aí ele levou um susto e disse: "E a viagem de Berlim?" Percebi que tinha outras intenções naquilo.
— O ex-ministro Nelson Jobim presenciou toda a conversa? 
- Tanto é que quando se falou da história de Berlim e eu disse que ele [Lula] estava desinformado porque era uma rotina eu ir a Berlim, pois tenho filha lá, que não tinha nada de irregular, e citei até que o embaixador nos tinha recebido e tudo, o Jobim tentou ajudar, disse assim: "Não, o que ele está querendo dizer é que o Protógenes está querendo envolvê-lo na CPI." Eu disse: "O Protógenes está precisando é de proteção, ele está aparecendo como quem estivesse extorquindo o Cachoeira." Então, o Jobim sabe de tudo.
— Jobim disse em entrevista a Zero Hora que Lula foi embora antes e o senhor ficou no escritório dele tratando de outros assuntos. 
- Não, saímos juntos.
— O senhor vê alternativa para tentar agilizar o julgamento do mensalão? 
- O tribunal tem que fazer todo o esforço. No núcleo dessa politização está essa questão, esse retardo. É esse o quadro que se desenha. E esse é um tipo de método de partido clandestino.
— Na conversa, Lula ele disse que falaria com outros ministros? 
- Citou outros contatos. O que me pareceu heterodoxo foi o tipo de ênfase que ele está dando na CPI e a pretensão de tentar me envolver nisso.
— O senhor acredita que possa existir gravação em que o senador Demóstenes e o Cachoeira conversam sobre o senhor, alguma coisa que esteja alimentando essa rede que tenta pressioná-lo? 
- Bom, eu não posso saber do que existe. Só posso dizer o que sei e o que faço.

"Se" Ophir fosse Faoro...



Autor: 
 
Depois da aula magna de Celso Melo, sobre o julgamento do "se", entra em cena o grande jurista Ophir Cavalcanti - homem que se tornou presidente da OAB nacional atuando sobre o fisiologismo da classe.
"Se" os fatos narrados por Veja realmente aconteceram... e leve julgamentos, juízos, condenações, sem ao menos se ter a confirmação do fato julgado.
É escandalosa a maneira como o corporativismo e o oportunismo afetam a imagem do meio jurídico. E o título ainda fala em defesa do Supremo, a esse crime continuado de expor a mais alta corte a uma pantomima desse nível.
A imagem que passa é que não existem lideranças jurídicas, nem entre Ministros do STF, nem entre baluartes dos advogados, capazes de colocar um fim a esse circo.
"Se" Ophir fosse Faoro, jamais submeteria a OAB ao ridículo da ópera do "se".
Da UOL
OAB defende Supremo e cobra explicação de Lula
PUBLICIDADE
DE SÃO PAULO
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) divulgou nota nesta segunda-feira (28) cobrando explicações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre uma possível pressão a ministros do Supremo Tribunal Federal para adiar o julgamento do processo do mensalão.
"A ser confirmado o teor das conversas mantidas com um ministro titular do Supremo, configura-se de extrema gravidade, devendo o ex-presidente, cuja autoridade e prestígio lhe confere responsabilidade pública, dar explicações para este gesto", diz a nota assinada pelo presidente da organização, Ophir Cavalcante.
Lula propôs ajuda em CPI para adiar mensalão, diz Gilmar Mendes
Nelson Jobim se recusa a falar sobre pedido de Lula a Gilmar Mendes
"O Supremo Tribunal Federal, como instância máxima da Justiça brasileira, deve se manter imune a qualquer tipo de pressão ou ingerência. Ainda que o processo de nomeação de seus membros decorra de uma escolha pessoal do presidente da República, não cabe a este tratá-los como sendo de sua cota pessoal, exigindo proteção ou tratamento privilegiado, o que, além de desonroso, vergonhoso e inaceitável, retiraria dos ministros a independência e impessoalidade na análise dos fatos que lhe são submetidos."

Tuiteiros tomam o partido de Lula e criticam Gilmar



Tuiteiros tomam o partido de Lula e criticam GilmarFoto: Edição/247

HASHTAGS #GILMARMENTES E #BRASILCONFIAEMLULA FICARAM NOS PRIMEIROS LUGARES DO TRENDING TOPIC; DENÚNCIA DE QUE O EX-PRESIDENTE TERIA TENTADO INFLUENCIAR O JULGAMENTO DO MENSALÃO NO STF GEROU CRÍTICAS E MENSAGENS IRÔNICAS

28 de Maio de 2012 às 16:51
247 – A denúncia publicada por Veja contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste fim de semana provocou revolta entre os tuiteiros. No início da tarde desta segunda-feira, figuravam nos dois primeiros lugares do Trending Topic do Twitter as hashtags (palavras-chave) #BrasilConfiaEmLula e #GilmarMentes.
Reportagem publicada pela revista traz declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, sobre um suposto lobby feito por Lula para que o julgamento do mensalão fosse adiado. A proposta do ex-presidente – que daria em troca blindagem ao ministro na CPI do Cachoeira – teria ocorrido em abril, durante conversa no apartamento do ex-ministro Nelson Jobim, em Brasília.
No Twitter, os usuários desmentem a versão de Gilmar Mendes: "Tá mais do que na hora de mostrar que o #BrasilConfiaEmLula #GilmarMentes pede pra sair... leva a Veja junto", escreveu a usuária Rachel (@kelfiori). "Ninguém foi tão perseguido como nosso ex-presidente, inclusive por esse #GilmarMentes Por isso #BrasilConfiaEmLula", postou Julio Cesar M Amorim (@juliocesaramor). Cléber Sérgio (@Cleber_sergio) tuitou: "#GilmarMentes agora tanto como no episódio dos grampos sem áudio! Não sabes que o #BrasilConfiaEmLula?".
O movimento virtual, criado para ser pró-Lula, no entanto, provocou também publicações irônicas ou mesmo contra o ex-presidente. "Hashtag #BrasilConfiaEmLula mostra claramente q maioria não confia em Lula...", publicou o perfil @BloOlhoNaMira. Já a conta @Frente1964 escreveu: "#BrasilConfiaEmLula mostra o que muitas pesquisas escondem. A maioria não acredita nele. Se segura, F. Haddad", em referência ao pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PT.
Como parte das ironias, foi criado o perfil @GilmarMentes na rede, que tuita mensagens como se fosse o ministro do STF. Entre elas, "Ah, quem é o Sepúlveda para me criticar? Um cara com um nome estranho. SÓ ISSO!" e "eu mandei DM para o Jobim, mas acho que o patife não leu TÔ f&&*", esta última direcionada ao ex-governador e candidato tucano em São Paulo, José Serra.

Caso Gilmar-Lula domina Senado e incendeia CPI



Caso Gilmar-Lula domina Senado e incendeia CPIFoto: Edição/247

CONVERSA ENTRE EX-PRESIDENTE E MINISTRO DO STF SOBE À TRIBUNA; "MOMENTO NEGRO NA NOSSA HISTÓRIA", DISSE CRISTOVAM BUARQUE (PDT); "JOBIM É O MELHOR PARA FALAR SOBRE ISSO”, DEFENDEU JORGE VIANNA (PT); OPOSIÇÃO REPRESENTARÁ NA PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA; REQUERIMENTO DE CONVOCAÇÃO DE LULA À CPI SERÁ FEITO; PT PODE RETALIAR CHAMANDO POLICARPO; REVIRAVOLTA?

28 de Maio de 2012 às 16:49
247 – O início da sessão desta segunda-feira no plenário do Senado deu uma pequena demonstração de como a denúncia de que o ex-presidente Lula teria tentado influenciar o julgamento do mensalão deve esquentar o clima no Congresso Nacional nesta semana. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) anunciou que os partidos de oposição vão encaminhar representação à Procuradoria-Geral da República, alegando que os fatos divulgados pela revista Veja apontam graves indícios da prática de crimes de corrupção ativa, coação e tráfico de influência.
"O fato é grave, inusitado, afrontoso e ofende a consciência democrática dos brasileiros. A atitude de Lula, entretanto, não surpreende, já que nos acostumamos a vê-lo durante oito anos como advogado de defesa dos desonestos, a passar a mão na cabeça dos corruptos e ditadores mundo afora", disse o senador, que foi acompanhado pelo colega de partido Aloizio Nunes nas críticas. "Essa notícia nos enche de tristeza, de consternação, e Lula devia pedir desculpas aos brasileiros por sua conduta" concluiu, disse Nunes.]
Coube ao senador Jorge Viana (PT-AC) defender o ex-presidente no plenário. "O presidente Lula tem a seu favor a sua história. Ele esteve por oito anos no governo e jamais mudou a Constituição a seu favor. Tem uma trajetória de respeito às instituições", disse Viana, segundo quem "a melhor pessoa" para falar sobre a reunião entre Lula e Gilmar Mendes é o ex-ministro Nelson Jobim – que negou a pressão de Lula sobre Gilmar.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), por sua vez, se limitou a constatar a gravidade do ocorrido. "Se o presidente Lula fez aquela proposta, temos uma situação de interferência na Justiça. Se não fez, temos um ministro do Supremo faltando com a verdade. É um momento negro da nossa história", disse.
CPI
O fato é que a denúncia de Mendes e o desmentido de Jobim jogam ainda mais lenha numa Comissão Parlamentar de Inquérito que revelou, em sua forma mais evidente até então, a polarização entre petistas e tucanos em sua última reunião, na quinta-feira da semana passada, quando o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) chegou a chamar o relator Odair Cunha (PT-MG) de "tchutchuca" por pegar leve com o governador do DF, Agnelo Queiroz.
Agora, enquanto a coluna Poder Online, do IG, informa que peemedebistas e petistas decidiram não admitir que sejam chamados os governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Agnelo Queiroz (PT-DF), mas exigem a convocação do governador tucano de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o PSDB ameaça trazer Lula para o centro das atenções. A movimentação, avisam os petistas, não ficará sem volta: eles devem discutir formas de desenterrar requerimentos contra a revista Veja e investigar o que Gilmar Mendes tanto teme para ter de se tornar objeto de blindagem.

A lógica Celso de Mello e o encontro Barbosa-Dirceu



A lógica Celso de Mello e o encontro Barbosa-DirceuFoto: Folhapress

FABIO BARBOSA, PRESIDENTE DA ABRIL, SE ENCONTROU COM JOSÉ DIRCEU NO APARTAMENTO DE ANTÔNIO PALOCCI E TENTOU CHANTAGEÁ-LO; DISSE QUE SE O PT ALIVIASSE NA CPI, QUE ESTARIA PROVOCANDO “DESESPERO” EM ROBERTO CIVITA, ELE O BLINDARIA EM VEJA E FARIA LOBBY JUNTO AO STF PARA POSTERGAR O MENSALÃO; SERÁ?

28 de Maio de 2012 às 12:56
247 – Fábio Barbosa, presidente da Abril, teve um encontro secreto com o ex-ministro José Dirceu há duas semanas. O encontro se deu no apartamento de Antônio Palocci, nos Jardins, em São Paulo. Lá pelas tantas, Barbosa, que foi do conselho da Petrobras no governo Lula e é amigo de Dirceu, soltou. “A CPI bem que podia evitar esse negócio de convocar jornalistas”, afirmou. “Seria totalmente inconveniente”. Barbosa disse ainda que Roberto Civita estaria “desesperado” com uma eventual convocação.
Dirceu estranhou o tom da proposta. Mas deixou que Barbosa prosseguisse. No meio da conversa, o presidente da Abril disse ainda que poderia pedir a vários ministros do Supremo Tribunal que adiassem o julgamento do mensalão. “Sabe como é, todos são loucos por uma amarela na Veja”, afirmou. Procurado pelo 247, Palocci disse que não se lembra do teor inteiro da conversa e que os dois estiveram sozinhos, durante trinta minutos, na cozinha do seu apartamento.
Um dia depois, ao ser procurado por outros veículos de comunicação, Palocci negou veemente o ocorrido. “Nada disso aconteceu”, disse. “Tudo mentira”. O 247, no entanto, sustenta que é verdade, uma vez que a palavra de Palocci não tem credibilidade. E o tom de voz dele denunciava certo duplo sentido no desmentido.
Nada disso, evidentemente, é verdade. Mas poderia ser, como não ser. E é uma história semelhante a essa que ameaça criar uma crise institucional seríssima no País. Gilmar Mendes se diz chantageado por Lula. Nelson Jobim, a testemunha, nega. E o decano do STF, Celso de Mello, diz: “Se fosse verdade e Lula fosse presidente, seria caso de impeachment”. E se fosse verdade a chantagem de Fábio Barbosa sobre José Dirceu?
Detalhe: os dois se encontraram. É o único elemento de verdade neste artigo.

Sepúlveda critica postura de Mendes frente a Lula



"LAMENTO QUE UM MINISTRO DO SUPREMO SE TENHA POSTO, SUPOSTAMENTE, A DAR DECLARAÇÃO SOBRE CONVERSAS, REAIS OU NÃO, QUE TENHA TIDO COM UM EX- PRESIDENTE DA REPÚBLICA"; FRASE É DO EX-MINISTRO DO STF SEPÚLVEDA PERTENCE, QUE NEGOU TER SIDO PROCURADO POR LULA PARA SUGESTIONAR MINISTRA CARMEN LÚCIA

28 de Maio de 2012 às 13:32
Fernando Porfírio _247 – O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Sepúlveda Pertence, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva jamais falou com ele sobre qualquer processo judicial, muito menos sobre o mensalão.
No sábado, a revista Veja publicou uma notícia gravíssima: a de que o ex-presidente Lula teria se encontrado com o ministro Gilmar Mendes em abril deste ano, no escritório do advogado Nelson Jobim, e pedido a ele que postergasse o julgamento do mensalão para não prejudicar o PT nas eleições municipais.
De acordo com a reportagem, Lula disse a Gilmar Mendes que iria pedir ao ministro Sepúlveda Pertence para "cuidar" da ministra Cármen Lúcia. Segundo o ministro aposentado, o ex-presidente da República jamais falou com ele sobre o chamado processo do "mensalão".
"Ele sabe que eu não me prestaria a fazer pedido à ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, nem ela aceitaria qualquer conversa minha a propósito. Por esse respeito mútuo, é que somos tão amigos", disse Pertence ao site Direito Global.
"Lamento que um ministro do Supremo se tenha posto, supostamente, a dar declaração sobre conversas, reais ou não, que tenha tido com um ex-presidente da República no escritório de um político e advogado", disse Pertence.
De acordo com Veja, Lula teria dito a Gilmar Mendes que é inconveniente que o mensalão seja julgado antes das eleições e afirmado que teria o controle político da CPI do Cachoeira. Ou seja, poderia proteger Gilmar Mendes.
Circulam na CPI informações sobre um encontro entre Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em Berlim, em viagem paga por Carlinhos Cachoeira. Mendes teria reagido: "Vou a Berlim como você vai a São Bernardo do Campo. Minha filha mora lá. Vá fundo na CPI". À revista Veja, Mendes confirmou o encontro com Demóstenes na Alemanha, mas disse que pagou as despesas da viagem de seu bolso.
Em entrevista ao jornal Zero Hora, o ministro Nelsin Jobim desmentiu a versão contada por Gilmar Mendes à revista Veja, de que Lula teria proposto um acordo para adiar a data de julgamento do mensalão no STF, em troca da blindagem de Mendes na CPI do Cachoeira, no Congresso.
Na entrevista, Jobim garante que presenciou toda a conversa, que ocorreu em seu apartamento, em Brasília, e que não houve proposta alguma de Lula sobre o tema. Ele também afirma que não negou o fato à Veja e que Gilmar Mendes não fez qualquer comentário sobre o teor da conversa de Lula – totalmente institucional, segundo ele – quando o ex-presidente deixou o local.

O verdadeiro crime são as pressões da mídia sobre o STF para julgar logo o mensalão



Este episódio nebuloso que envolve a mais execrável figura da república que volta a ser o catalisador de mais uma crise política no momento em que toda a blogosfera olha atentamente para o desfecho da CPMI do Cachoeira, estando a Veja sob o crivo da desconfiança geral em função de suas relações com uma organização criminosa que grampeou quase toda república, induz alguns questionamentos:

o que teria ido fazer Lula no escritório de Jobim para conversar com Gilmar Mendes, logo Mendes o ministro que fez esse mesmo Lula cometer uma das maiores injustiças de seu governo quando demitiu Paulo Lacerda numa armação criminosa de uma conversa grampeada que até hoje não apareceu o áudio? É muita ingenuidade.

E por que Lula não vem a público dizer que é mentira de Gilmar as informações repassadas para veja?

Por que Lula não entra com um processo criminal contra Gilmar arrolando Jobim como testemunha, uma vez que Jobim está a desmentir o teor da matéria publicada por Veja.

Os réus do famigerado processo do mensalão estão no patíbulo e de lá sairão enforcados. A imprensa os julgou e os condenou. Ao STF cabe somente ratificar a decisão tomada pela imprensa que arvora ser representante legítima da opinião pública, embora os fatos demonstrem o contrário.

Os ditos mensaleiros que concorreram a uma reeleição quase todos foram absolvidos pela verdadeira opinião pública, conseguiram um novo mandato eletivo.O chefe da suposta quadrilha, Luis Inácio Lula da Silva, foi reeleito presidente e elegeu um poste para presidência e contra todos prognósticos da imprensa golpista, uma mulher que nunca disputou uma eleição para síndica de condomínio.

Então senhores ministros por qual opinião pública dizem que são imunes a influência externa e indevida? Não haverá objetividade neste julgamento que ficou contaminado por uma disputa ideológica e os réus serão sumariamente condenados é o que se vislumbra.

A única pressão existente sobre os ministros do STF vem da mídia que obstrui a justiça forçando o revisor a marcar a data do julgamento contra todos os ritos da justiça e uma ministra se dá ao desplante de dizer compungidamente que está pronta para dá seu voto haja vista estudar todas as manhãs o processo.

Isto sim é crime. Um poder que se sobrepõe aos demais sem nenhuma legitimidade, lançando mão de práticas criminosas para alcançar seus objetivos.

“Não houve conversa nenhuma”


Do Zero Hora
ENTREVISTA

Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa 
Anfitrião do encontro entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim negou a Zero Hora que em algum momento o petista tenha pedido o adiamento do julgamento do mensalão. Segundo Jobim, a conversa entre eles durou cerca de uma hora, na manhã do dia 26 de abril, em seu escritório em Brasília. O ex-ministro foi enfático ao afirmar que o ex-presidente jamais fez qualquer proposta a Mendes envolvendo o mensalão e disse que negou à revista Veja que esse tenha sido o teor da conversa. Jobim falou com ZH ontem à tarde, por telefone, enquanto se dirigia ao aeroporto, no Rio, de onde regressaria a Brasília.
ZH – Lula pediu ao ministro Gilmar Mendes o adiamento do julgamento do mensalão?
Nelson Jobim – Não. Não houve nenhuma conversa nesse sentido. Eu estava junto, foi no meu escritório, e não houve nenhum diálogo nesse sentido.
ZH – Sobre o que foi a conversa?
Jobim – Foi uma conversa institucional. Lula queria me visitar porque eu havia saído do governo e ele queria conversar comigo. Ele também tem muita consideração com o Gilmar, pelo desempenho dele no Supremo. Foi uma conversa institucional, não teve nada nesses termos que a Veja está se referindo.
ZH – Por quanto tempo vocês conversaram?
Jobim – Em torno de uma hora. Ele (Lula) foi ao meu escritório, que fica perto do aeroporto.
ZH – Em algum momento, Lula e Mendes ficaram a sós?
Jobim – Não, não, não. Foi na minha sala, no meu escritório. Gilmar chegou antes, depois chegou Lula. Aí, saiu Lula e Gilmar continuou. Ficamos discutindo sobre uma pesquisa que está sendo feita pelo Instituto de Direito Público, do Gilmar. Foi isso.
ZH – Depois que Lula saiu, o ministro fez algum comentário com o senhor sobre o teor da conversa?
Jobim – Não. Não disse nada. Só conversamos sobre a pesquisa, para marcar as datas de uma pesquisa sobre a Constituinte.
ZH – Lula pediu para o senhor marcar um encontro com Mendes?
Jobim – Sim. Ele queria me visitar há muito tempo. E aí pediu que eu chamasse o Gilmar, porque gostava muito dele e porque o ministro sempre o havia tratado muito bem. Queria agradecer a gentileza do Gilmar. Aí, virou essa celeuma toda.
ZH – Há quanto tempo o encontro estava marcado?
Jobim - Foi Clara Ant, secretária do Lula, quem marcou. Lula tinha me dito que queria me visitar há um tempo atrás. Um dia me liga a secretária, dizendo que ele iria a Brasília numa quarta-feira (25 de abril) e que, na quinta, queria me visitar e ao ministro Gilmar. Ele apareceu lá por volta das 9h30min, 10h. Foi isso.
ZH – Se não houve esse pedido de Lula ao ministro, como se criou toda essa história?
Jobim – Isso você tem de perguntar a ele (Gilmar), e não a mim.
ZH – O senhor acha que Mendes pode estar mentindo?
Jobim – Não. Não tenho nenhum juízo sobre o assunto. Estou fora disso. Estou te dizendo o que eu assisti.
ZH – Veja disse que o senhor não negou o teor da suposta conversa. Por que o senhor não negou antes?
Jobim – Como não neguei? Me ligaram e eu disse que não. Eu disse para a Veja que não houve conversa nenhuma.
FÁBIO SCHAFFNER | BRASÍLIA

Mais um grito de Reinaldo: cadeia para Lula!



Mais um grito de Reinaldo: cadeia para Lula!Foto: Divulgação

BLOGUEIRO DA ABRIL EXIGE AINDA QUE OUTROS JORNALISTAS CONFIRMEM A REPORTAGEM DE VEJA, NEGADA POR NELSON JOBIM. AINDA HOJE

28 de Maio de 2012 às 07:16
247 – “Aux armes, citoyens!” Reinaldo Azevedo conclama uma revolução. Em novo grito, ele exige que o Supremo Tribunal Federal dê ainda hoje uma resposta à Nação sobre o crime cometido pelo ex-presidente Lula. O blogueiro exige ainda que jornalistas de outros meios de comunicação confirmem a reportagem de Veja, negada por Nelson Jobim, sobre a chantagem feita pelo ex-presidente Lula contra o ministro Gilmar Mendes, do STF. Afinal, argumenta Reinaldo, todo mundo sabia. “ E dá cadeia!”, diz ele. Leia seu post da última madrugada:
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem de fazer imediatamente uma reunião administrativa, dar consequência ao julgamento do mensalão, oferecer a ajuda que se fizer necessária ao ministro Ricardo Lewandowski — um dos que já foram assediados por Luiz Inácio Lula da Silva — e emitir um “Comunicado à Nação” rechaçando a tentativa do ex-presidente de chantagear, intimidar e constranger os ministros da corte suprema do país. Ou o tribunal se dá conta da gravidade do ato e do momento ou corre o risco de se desmoralizar.
Os jornalistas de política de Brasília não podem nem devem quebrar o sigilo de suas fontes, mas também eles têm uma obrigação institucional, com a democracia: revelar que sabiam, praticamente todos eles, do assédio que Lula fazia a ministros do STF. A história estava em rodas de conversa, em todos os cafezinhos, em todos os jantares, em todos os bares. O que não se tinha era a prova ou alguém que decidisse quebrar o silêncio, a exemplo de Gilmar Mendes. O ministro fez bem em comparecer ao encontro. Fez bem em ouvir o que ouviu. Fez bem em advertir o presidente do Supremo, o procurador-geral da República e o advogado-geral da União. Fez bem, finalmente, em confirmar a história que VEJA apurou e falar tudo às claras.
Ok, vá lá… Se Nelson Jobim nega que a história tenha acontecido, a imprensa tem de registrar. Mas há de buscar uma forma — como fez o repórter Jorge Moreno, de O Globo, de circunstanciar o desmentido — que, no seu texto, vale por uma confirmação. Afinal, se Jobim tivesse endossado a acusação de Mendes, ninguém menos do que o grande Lula estaria lascado. Aquilo a que se assistiu na sala do ex-ministro do STF e ex-ministro de Lula chama-se, entre outras coisas, “obstrução da justiça”, o que pode render, em caso de condenação, de uma a quatro anos de cadeia, segundo o que caracteriza e prevê o Artigo 344 do Código Penal, a saber:
“Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Única saída
Reflitam um pouco: a única saída que tem Lula é a negativa de Jobim. Sem ela, estaria obrigado, nesta segunda, a vir a público para, mais uma vez, pedir desculpas à nação — a exemplo do que fizera em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão. Lula, na sua ousadia tresloucada, ficou, se vocês perceberem, nas mãos de Jobim. Assim, vivemos essa realidade algo surrealista: Jobim nega, ninguém acredita, mas isso impede o agravamento da crise — ou, pensando bem, impede que a situação beire o insustentável. Não restaria outro caminho que não processar o ex-presidente da República.
O Supremo não pode se contentar com o que seria, então, uma mera guerra de versões e deixar tudo por isso mesmo. Até porque, reitero, É DE CONHECIMENTO DE CADA JORNALISTA DE BRASÍLIA A MOVIMENTAÇÃO DE LULA. Todos sabem que ele vem assediando os membros do STF. Nem mesmo o esconde. Os nomeados por ele próprio ou por Dilma, segundo seu discurso boquirroto, lhe deveriam obrigações — e não posso crer, escrevo sem cinismo nenhum, que ministros e ministras a tanto se prestem. Os que não nomeou estariam sujeitos a outra abordagem, como foi o caso de Gilmar, que assistiu àquilo que os dicionários definem como “chantagem”.
É chegada a hora de o Supremo Tribunal Federal deixar claro que não passarão. E tem de fazê-lo hoje.

John Pilger: Agora, todos são suspeitos…




Agora que os EUA estão em guerra permanente com o resto do mundo, todos estamos na linha de fogo. O que fazer então?

Por John Pilger*


Todos são potenciais terroristas. Não interessa que se viva na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos, na Austrália ou no Oriente Médio. Na verdade, a cidadania foi abolida. Ligue-se o computador e o centro de operações de segurança nacional do Departamento de Estado pode verificar se se está teclando não só “al-Qaeda”, mas também “exercício”, “furo”, “onda”, “iniciativa” ou “organização”, todas elas palavras proscritas.

O anúncio pelo governo britânico de que pretende espiar todos os emails e chamadas telefônicas é coisa velha. O satélite aspirador conhecido por Echelon tem estado a fazer isso há anos. O que há de novo é estado de guerra permanente desencadeado pelos EUA e o estado policial que está consumindo a democracia ocidental.

O que fazer?

Através do espelho

Na Grã-Bretanha, há tribunais secretos tratando de “suspeitos terroristas”, sob instruções da CIA. O habeas corpus está moribundo. O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos decidiu que cinco homens, incluindo três cidadãos britânicos, podem ser extraditados para os EUA, embora apenas um deles tenha sido acusado de um crime. Todos estão presos há anos ao abrigo do tratado de extradição 2003 EUA/RU, assinado um mês após a criminosa invasão do Iraque.
O Tribunal Europeu condenou este tratado como passível de conduzir a “castigos estranhos e cruéis”.

A um dos homens, Babar Ahmad, foram concedidas a título de compensação £63 mil por 73 ofensas registadas sofridas sob custódia da Polícia Metropolitana. Uma das mais notórias foi abuso sexual, típica do fascismo. Outro dos homens é um esquizofrénico que teve colapso mental total e se encontra no hospital Broadmoor. Outro é um que corre risco de suicídio. Vão para a “Terra da Liberdade”, junto com o jovem Richard O’Dwyer, que enfrenta dez anos algemado e de fato-macaco laranja (farda prisional americana – N.T.) porque alegadamente infringiu o copyright americano na internet.

Da forma como a lei está sendo politizada e americanizada, estas coisas estranhas não são raras. Na elaboração da acusação contra um estudante universitário de Londres de nome Mohammed Gul, por disseminar “terrorismo” na internet, os júris do Tribunal de Recurso estabeleceram que “atos… contra as forças armadas de um Estado em qualquer parte do mundo que procurem influenciar o governo e forem feitos com objetivos políticos” são agora crimes. É de chamar ao banco dos réus Thomas Paine, Aung San Suu Kyi e Nelson Mandela.

O que fazer?

O prognóstico é claro: a doença a que Norman Mailer chamou “pré-fascista” fez metástases. O procurador-geral dos EUA Eric Holder defende o “direito” do seu governo assassinar cidadãos americanos. Ao protegido Israel, permite-se que aponte as armas nucleares ao Irã, que não as tem. Neste mundo de espelhos, a mentira é generalizada. O massacre de 17 civis afegãos a 11 de março, incluindo pelo menos nove crianças e quatro mulheres, é atribuído a um soldado americano “canalha”.

A “autenticidade” deste ponto de vista é garantida pelo presidente Obama, que “viu um vídeo” e o considera “prova concludente”. Uma investigação parlamentar afegã independente conseguiu testemunhas oculares que deram provas evidentes de pelo menos 20 soldados, auxiliados por um helicóptero, terem arrasado as suas aldeias, matando e violando: ainda que acessoriamente mais mortífero, um normal “raide noturno” das forças especiais US.

Pegue-se a tecnologia de matar dos videogames – uma contribuição americana para a modernidade – e o comportamento é o mesmo. Mergulhadas nos valores da banda desenhada, fraca ou brutalmente treinadas, frequentemente racistas, obesas e chefiadas por uma classe de oficiais corrupta, as forças americanas transferem o homicídio doméstico para locais longínquos cujas desgraçadas lutas são incapazes de compreender. Uma nação que foi fundada com base no genocídio de uma população nativa dificilmente abandona o hábito. O Vietnã era “terra de índios” e os seus “ardis” e “chinesices” eram para serem “rebentados”.

O rebentar de centenas, sobretudo mulheres e crianças, na aldeia vietnamita de My Lai, em 1968, foi também um incidente “canalha” e, com alguma irreverência, uma “tragédia americana” (título de capa da Newsweek). Apenas um dos 26 acusados foi condenado e mesmo esse foi deixado ir por Richard Nixon. My Lai está na província de Quang Ngai onde, conforme soube como repórter, se calcula que 50 mil pessoas tenham sido mortas por tropas americanas sobretudo nas chamadas “zonas de fogo livre”.

Trata-se do modelo da guerra moderna. Tal como o Iraque e a Líbia, o Afeganistão é um parque temático para os beneficiários da nova guerra permanente da América: a Otan, as empresas de armamento e de alta tecnologia, os media e a indústria da “segurança” cuja contaminação lucrativa contagia a vida corrente. A conquista ou “pacificação” de território não interessa. O que interessa é a nossa pacificação, cultivar a nossa indiferença.

O que fazer?

Verdadeiros camaradas

A queda no totalitarismo tem marcos. Num dia destes, o Supremo Tribunal em Londres decidirá se o editor da WikiLeaks, Julian Assange, será extraditado para a Suécia. Caso este recurso final falhe, o facilitador do conhecimento da verdade a uma escala épica, sem acusação de qualquer crime, vai ter de enfrentar reclusão em isolamento e um interrogatório sobre alegações sexuais ridículas. Graças a um acordo secreto entre os EUA e a Suécia, pode ser “entregue” ao gulag americano em qualquer altura.

No seu próprio país, a Austrália, a primeiro-ministra Julia Gillard conspirou com aqueles de Washington a quem chama os seus “verdadeiros camaradas” para garantir que o seu concidadão seja vestido de fato-macaco laranja se se der o caso de voltar para casa. Em fevereiro, o seu governo escreveu uma “emenda WikiLeaks” ao tratado de extradição entre a Austrália e os EUA que torna mais fácil aos seus “camaradas” deitarem-lhe a mão. Deu-lhes inclusivamente o poder de aprovação sobre investigações de Liberdade de Informação, de forma a que o mundo exterior possa ser enganado, como é costume.

O que fazer?

*John Pilger é jornalista.

Fonte: Revista Fórum

A “vacina” do doutor Gilmar



Fiquei sabendo da última da dupla Veja/Gilmar Mendes na tarde de sábado, durante o 3º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorreu no fim de Semana em Salvador. O assunto foi muito discutido pelos blogueiros. E caso alguém esteja chegando agora de Marte e não saiba do que se trata, aí vai um breve relato.
Veja publicou mais uma daquelas “denúncias” baseadas em grampos sem áudio e declarações sem provas. Parece até surpreendente pela ousadia, mas não é. Para falar a verdade, é tudo até bem banal.
Segundo a revista, Gilmar Mendes teria encontrado Lula “casualmente” no escritório de Nelson Jobim e, então, o ex-presidente teria tentado chantagear o ministro do STF para que “aliviasse” para os envolvidos no inquérito do mensalão, que será julgado proximamente. Teria ameaçado o magistrado com os indícios de envolvimento seu com Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira.
O colunista de O Globo Jorge Moreno, no mesmo sábado da chegada de Veja às bancas, fez contato com Jobim, que negou tudo. E, claro, esse colunista que vive pedindo desculpas públicas aos chefes por matérias que os desagradam conclui o relato do desmentido de Jobim bem ao estilo de O Globo, insinuando que “sentiu”, pela voz do entrevistado, que ele mentiu para encobrir Lula.
Em conversas com outros blogueiros em Salvador, especulamos muito sobre o que pode ter levado  Veja a publicar matéria tão fraca, apesar do suposto endosso de Mendes à acusação da revista. Particularmente, fiquei com a pulga atrás da orelha. Seria Veja tão idiota? Estaria tão “desesperada”, como muitos acham que está? Desespero algum. Veja faz essas coisas como se estivesse escovando os dentes.
Primeiro, não nos esqueçamos de uma coisa: a história do grampo sem áudio, protagonizada por Mendes e Demóstenes Torres, derrubou Paulo Lacerda, um dos policiais mais respeitados do país. Ou seja: uma história sem pé nem cabeça, que jamais foi provada, produziu uma das maiores injustiças da era Lula e uma longa investigação (inútil, porque não encontrou nada) da Polícia Federal.
Diante de fatos assim, percebemos que uma empresa de comunicação conseguiu manipular a República sem maior esforço. E por que? Simplesmente porque tinha uma autoridade do porte de um ministro do Supremo a respaldá-la. Assim, a investigação mostrou que jamais existiu grampo algum e tudo ficou por isso mesmo.
Ou seja: não chega a ser surpreendente o que acaba de acontecer.
Diante do desabamento iminente da história de Mendes/Veja, decorrente do desmentido de Jobim, as forças que a produziram saíram logo com um boato que estão fazendo circular na internet, de que o ministro do STF teria gravado a suposta tentativa de Lula de chantageá-lo.
Se existisse isso, teríamos que concluir que Lula enlouqueceu com o tratamento contra o câncer. Com tantos ministros do STF que nomeou, por que iria se preocupar em cometer um crime chantageando um adversário? Estamos falando de Lula, do homem que nomeou procuradores-gerais da República que atacaram seu grupo político sem dó nem piedade.
Então vamos lá: o que direi agora não é uma opinião, mas um fato que logo irá se comprovar. As gravações da Polícia Federal que geraram a CPI do Cachoeira envolvem Mendes até o pescoço. E não só a ele. Envolvem Veja, envolvem Globo (como mostra reportagem de Leandro Fortes na Carta Capital deste fim de semana) e outros grandes veículos. E junho será o mês dessas revelações.
Para que se tenha uma idéia, há dezenas de gigabites de gravações, vídeos e áudios da PF que ainda não foram transcritos, que estão em estado bruto, e que agora chegam à CPI. Fontes fidedignas garantem que o que existe ali é dinamite pura. Tanto que a Globo, segundo a Carta Capital, teria procurado Michel Temer para mandar um recado a Dilma: a mídia não pode ser investigada. Senão…
Senão o quê? O que a mídia poderia fazer além do que fez em 2005 e 2006, durante o escândalo do mensalão? Forjaria uma gravação que, após periciada e considerada falsa pelos peritos, a mídia diria não poder endossar ou negar como fez com a ficha policial falsa de Dilma que a Folha de São Paulo publicou na primeira página? Faria, sim.
O que vem agora, pois, é que é apenas opinião do blogueiro: a iniciativa da mídia e de Gilmar Mendes foi tentativa de criar uma vacina contra o que virá à tona, para que possam dizer que tudo decorre de “vingança” de Lula pela denúncia do ministro do STF e da revista contra si.
Veja a manipulação, leitor: o site Consultor Jurídico pediu ao ministro Celso de Melo, do STF, que analisasse a hipótese de Lula ter realmente feito o que Veja e Mendes dizem que fez. O que se esperaria que ele dissesse, que não haveria nada demais? Claro que não. Diria que, sendo verdade, seria um crime. E o que faz a mídia? Divulga a entrevista como se Melo estivesse condenando Lula, apesar de só estar falando sobre mera hipótese.
Manipulação pura e simples dos fatos pela mídia não é novidade para ninguém. E essa de agora é só mais uma, que servirá como estratégia diversionista, ou seja, para tirar o foco da CPI e intimidar seus membros.
Todavia, podem escrever aí: essa jogada só tornará inevitável a convocação de Policarpo Júnior ou até de Roberto Civita pela CPI. E mais: irá quebrar resistências da base governista, notadamente no PMDB, que, agora, foi diretamente atacado com a tentativa de colocarem Jobim e Lula no mesmo balaio.
A matéria da Veja enterrou de vez uma possibilidade que jamais existiu, de ser produzido um arreglo entre governo e oposição para a CPI terminar em pizza. E essa matéria é a prova definitiva de que a mídia e Mendes concluíram que o PT e aliados estavam dispostos a levar o processo até o fim. Por isso fizeram ataque desse porte.