segunda-feira, 4 de junho de 2012

Com seus repórteres na Papuda, Veja apela e usa colcha de retalhos de textos de outros para montarreporcagem




A mais vendida do Brasil
atira no próprio pé
A revista mais vendida do Brasil (e põe vendida nisso), mostra a falta que estão fazendo seus "repórteres investigativos", quase todos presos na Papuda. O diretor deles, Policarpo Junior, que teria trocado 200 ligações com o chefe da quadrilha de "repórteres" de Veja, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, está mudo, continua mudo, e mudo vai ficar até o momento em que o teor dessas ligações vier à tona.

Enquanto isso, a revista bate cabeça e apela para seus colunistas, a fim de provar que ainda está viva. Mas, quando tenta fazer uma reportagem, tropeça feio, como flagrou a repórter Cynara Menezes, de CartaCapital.

Numa reportagem significativamente chamada de Control C + Control Veja, Cynara põe a Veja a nocaute, desmoraliza ainda mais (se ainda é possível) a revista do boimate (leia Veja cria o Boimate 2. É Reivaldo Azeprado, mistura de Reinaldo com Prof. Hariovaldo, que escreveu editorial sobre Twitter), e mostra que uma reportagem da revista foi feita a partir de textos copiados e colados da internet e vendidos como se fossem um documento do PT a que Veja teve acesso.

No centro do furacão desde que vieram à tona suas relações no mínimo pouco éticas com os bandidos da quadrilha de Carlinhos Cachoeira, a revista Veja parece ter perdido toda a noção de ridículo. Sua capa desta semana é uma farsa: o “documento” que a semanal da Abril alardeia ter sido produzido pelo PT como estratégia para a CPI de Cachoeira é, na verdade, um amontoado de recortes de reportagens de jornais, revistas e sites brasileiros.

Confira neste link (clique AQUI) os fac-símiles do suposto “documento” que a revista apresenta com “exclusividade” e compare com os outros links no decorrer deste texto.

Leia a reportagem completa aqui e acompanhe mais um passo na agonizante descida da revista Veja ao esgoto que ela desenhou para si.

Isto sim é um tiro no pé, manchete da revista reproduzida no alto.
http://blogdomello.blogspot.com.br/2012/06/com-seus-reporteres-na-papuda-veja.html

TT de Cynara Menezes revela a força do novo jornalismo



TT de Cynara Menezes revela a força do novo jornalismoFoto: Reprodução/Facebook

ELE É HORIZONTAL, COLABORATIVO E, UMA VEZ PUBLICADO, ESPALHA-SE COMO PÓLVORA PELA REDE

04 de Junho de 2012 às 20:13
247 – O primeiro TT a gente nunca esquece. Hoje, foi a vez de Cynara Menezes, brilhante jornalista da revista Carta Capital. Cynara trabalhava tranquilamente em seu escritório, quando recebeu o email de um leitor, com a seguinte questão: “manual do PT ou matéria do 247?” A dúvida dizia respeito ao documento publicado por Veja em sua reportagem de capa deste fim de semana que apontava uma sinistra conspiração urdida pelo PT para desmoralizar as instituições republicanas. No documento, estariam listados os alvos do partido na CPI do Cachoeira, como Gilmar Mendes, Roberto Gurgel e, é claro, a imprensa livre.
Com boa repórter, Cynara checou a informação e verificou que o leitor tinha razão. O “documento” que provaria a conspiração era apenas uma coleção de recortes de sites e jornais. Curiosamente, o que Veja publicou foi o trecho de uma reportagem do 247, de 5 de abril deste ano, que falava justamente da tentativa de intimidar Gilmar Mendes. Portanto, era mais a favor do que contra o ministro do Supremo Tribunal Federal.
De repente, a chama da inspiração fez brotar um título genial: Control C, Control Veja (leia mais aqui). Sim, o documento era apenas um “copy and paste”, aquilo que crianças malcriadas fazem em seus trabalhos de escola. E, de repente, a hashtag #CtrlCCTrlVeja se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter (já perdemos a conta de quantas vezes Veja levou um TT desde o início do caso Cachoeira).
O mais interessante do episódio é a força do novo jornalismo. Ele não é mais vertical, ditado de cima para baixo, do topo de um edifício na Marginal Pinheiros. É horizontal, colaborativo e o leitor tem participação decisiva. Aqui, no 247, quando publicamos o relatório da Operação Monte Carlo, leitores do Brasil inteiro nos ajudaram a garimpar informações relevantes.
O novo jornalismo é wiki.
E uma vez publicado ele se espalha como pólvora pela rede.
Parabéns, Cynara, pelo seu TT.
No velho jornalismo, Veja continua insistindo com seu documento forjado. Site da revista diz que o líder do PT patina ao justificar “manual aloprado”.
Mas quem são os aloprados dessa história?

Justiça concede liberdade a aliado de Carlinhos Cachoeira


FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

Em decisão unânime proferida nesta segunda-feira, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região (Brasília) concedeu habeas corpus ao sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá.

Ele é apontado como um dos arapongas que estariam a serviço do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

André Borges - 25.mai.2012/Folhapress
Idalberto Matias em reunião da CPI do Cachoeira
Idalberto Matias em reunião da CPI do Cachoeira
O tribunal determinou, no entanto, que Dadá terá de obedecer as seguintes condições para ele continuar em liberdade: comparecer a todos os atos do processo, não manter contato com as pessoas envolvidas e não poderá se ausentar da cidade onde reside, no caso Brasília, sem autorização judicial. Caso alguma delas seja descumpridas, ele deverá voltar à prisão.

Como Dadá também é investigado pela Polícia Civil do DF, na Operação Saint-Mitchel (sobre a ramificação do suposto esquema de Cachoeira em Brasília), o tribunal determinou que ele só poderia deixar a prisão caso não houvesse outra ordem de prisão contra ele, relacionada a esta outra investigação.

Dadá foi preso em meio à Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, deflagrada em fevereiro deste ano. A operação investiga a exploração de jogos ilegais em Goiás e no Distrito Federal.
O Ministério Público informou que não há outro pedido de prisão. Dadá, portanto, deverá ser solto ainda hoje. Seu advogado, Leonardo Gagno, informou à Folha que até as 16h15 o alvará de soltura ainda não havia sido expedido. Por ser ex-militar, Dadá está preso no 6º Comar (Comando Aéreo Regional), localizado no Lago Sul, bairro nobre de Brasília.
O TRF não analisou o habeas corpus de Cachoeira, o que pode ocorrer apenas na semana que vem. Enquanto isso, ele continua preso.

ARAPONGA

Terceiro sargento da Aeronáutica, Dadá já trabalhou na Abin (Agência Brasileira de Inteligência), sucessora do antigo SNI (Serviço Nacional de Informações).

O nome do ex-agente da Abin ganhou projeção nacional em 2008, por causa da Operação Satiagraha, que investigou negócios do banqueiro Daniel Dantas. Na época, Dadá foi apontado como uma das pessoas que teria participado de forma irregular na operação, levantando informações para o delegado e hoje deputado federal Protógenes Queiroz (PC do B-SP).

Em depoimento à CPI dos Grampos, Dadá disse não ter participado das investigações da Satiagraha.

Diálogos dele com Protógenes gravados na operação criaram desgaste para o deputado, um dos articuladores da CPI que investiga o caso.

Na Operação Monte Carlo ele aparece, segundo as investigações, como um dos principais agentes do grupo de Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de jogos ilegais e outros negócios em Goiás e no Distrito Federal.

Foi Dadá, por exemplo, quem entregou a aliados do empresário alguns dos rádios habilitados nos Estados Unidos, que o grupo acreditava serem imunes a grampos. Para a polícia, Dadá também era o elo do grupo de Cachoeira com um esquema de interceptação ilegal de e-mails.

Dadá também foi a ponte utilizada por Cachoeira, segundo a investigação da PF, para procurar um funcionário da Infraero que teria facilitado a entrada de contrabando no país.
Oficialmente, apresentava-se como presidente de uma associação de varredores da Delta Construções, mencionada na investigação como ligada ao grupo de Cachoeira. A empresa, que nega envolvimento com Cachoeira, diz que jamais contratou os serviços de Dadá.

Veja faz plágio do 247 e atribui documento ao PT



Veja faz plágio do 247 e atribui documento ao PTFoto: Edição/247

A REPORTAGEM DE CAPA DESTE FIM DE SEMANA DA REVISTA VEJA PRODUZIU ALGO INACREDITÁVEL: A REVISTA COPIOU TRECHOS DE UMA REPORTAGEM DE ABRIL DESTE ANO DO 247 E ATRIBUIU “DOCUMENTO” AO PT; SERIA A PROVA DE QUE O PARTIDO E O EX-PRESIDENTE LULA TERIAM COMO UM DOS SEUS ALVOS NA CPI O MINISTRO GILMAR MENDES

04 de Junho de 2012 às 16:31
247 – No início de abril deste ano, começaram a circular, na internet, vários rumores sobre uma viagem de Gilmar Mendes a Berlim. No dia 5 do mesmo mês, publicamos, no 247, uma reportagem intitulada “Movimento na web tenta intimidar Gilmar Mendes”. Primeira frase: “Uma ala poderosa da Polícia Federal, com diversos simpatizantes nos meios de comunicação, não engole há muito tempo o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal”.
Neste fim de semana, a mesma frase está reproduzida num “documento” que Veja atribui ao PT, como prova de que o partido tinha em Gilmar um de seus alvos preferenciais na CPI do Cachoeira. A legenda, chamada “Plano de ataque”, diz que , “depois da tentativa frustrada de intimidação patrocinada pelo ex-presidente Lula, o PT produziu um documento repleto de insinuações contra o ministro Gilmar Mendes e os alvos preferenciais do partido na CPI”.
Fica claro, portanto, que Veja plagiou reportagem do 247 e atribuiu um de seus trechos ao PT, no que seria um plano maligno para desmoralizar as instituições no Brasil. Curiosamente, era uma reportagem em que tratávamos Gilmar como alvo de uma tentativa de intimidação – e não como alguém que tivesse feito algo de errado em Berlim.
Veja reproduz ainda outro trecho da matéria do 247. Um que diz que “um possível encontro do ministro Gilmar Mendes, do STF, com o senador Demóstenes Torres, em Berlim, já vem sendo usado como instrumento pelos que pretendem ressuscitar a Satiagraha”.
Portanto, o que Veja atribui ao PT é apenas uma reportagem do 247. Repita-se: uma reportagem em que Gilmar aparece mais como vítima do que como vilão da história.
Deve-se a descoberta à jornalista Cynara Menezes, de Carta Capital, que publicou o textoControl C + Control Veja em seu blog. Leia:
Control C + Control Veja
No centro do furacão desde que vieram à tona suas relações no mínimo pouco éticas com os bandidos da quadrilha de Carlinhos Cachoeira, a revista Veja parece ter pedido toda a noção de ridículo. Sua capa desta semana é uma farsa: o “documento” que a semanal da Abril alardeia ter sido produzido pelo PT como estratégia para a CPI de Cachoeira é, na verdade, um amontoado de recortes de reportagens de jornais, revistas e sites brasileiros.
Confira neste link os fac-símiles do suposto “documento” que a revista apresenta com “exclusividade” e compare com os outros links no decorrer deste texto: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/o-manual-do-pt-para-instrumentalizar-a-cpi-do-cachoeira
Segundo a revista, os trechos que exibe fariam parte de um “documento preparado por petistas para guiar as ações dos companheiros que integram a CPI do Cachoeira”. Mas são na realidade pedaços copiados e colados diretamente (o manjado recurso Ctrl C+ Ctrl V dos computadores) de reportagens de terceiros, sem mudar nem uma vírgula. O primeiro deles: “Uma ala poderosa da Polícia Federal, com diversos simpatizantes nos meios de comunicação, não engole há muito tempo o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal” saiu de uma reportagem de 6 de abril do site Brasil 247, um dos portais de notícia, aliás, que os colunistas online de Veja vivem atacando com o apelido de “171″ (número do estelionato no código penal). Mas quem é que está praticando estelionato com os leitores, no caso?
Link: http://brasil247.com/pt/247/poder/52162/Movimento-na-web-tenta-intimidar-Gilmar-Mendes.htm
Outro trecho do “documento exclusivo” de Veja é um “copiar e colar” da coluna painel da Folha de S.Paulo do dia 14 de abril: “Gurgel optou por engavetar temporariamente o caso. Membros do próprio Ministério Público contestam essa decisão em privado. Acham que, com as informações em mãos, o procurador-geral tinha de arquivar, denunciar citados sem foro privilegiado ou pedir abertura de inquérito no STF”.
Link (para assinantes): http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/36999-painel.shtml
Mais um trecho do trabalho de jornalismo “investigativo” com que a Veja brinda seus leitores esta semana: “Em uma conversa entre o senador Demóstenes Torres e o contraventor Carlinhos Cachoeira, gravada pela Polícia Federal (…)”, é o lead de uma reportagem do jornalO Estado de S.Paulo do dia 28 de abril.
Link: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,demostenes-tratou-de-processo-da-celg-no-stf-segundo-pf,866526,0.htm
Pelo visto, os espiões da central Cachoeira de arapongagem, que grampeavam pessoas clandestinamente para fornecer “furos” à Veja, estão fazendo falta à semanal da editora Abril…

A sucessão em Fortaleza





Podia-se dizer até bem pouco tempo atrás que o PT era o partido que melhor praticava a democracia interna.  Não era retórica quando se apregoava que a militância ia debater e uma decisão seria tomada pelo voto da maioria. Não havia cooptação, senão pela força do argumento. As muitas correntes que existiam no partido se engalfinhavam, uma tentando se sobrepor a outra, mas era certo que prevaleceria a vontade da maioria esclarecida pelo convencimento da melhor opinião, nunca pelo conforto de um cargo de confiança na administração pública que embota as convicções e faz do indivíduo um rendido pelas circunstâncias do momento. 

Destes debates muitos militantes se destacaram, alguns dos quais foram depois contemplados com mandato eletivo e ficaram conhecidos do eleitor. Muitos ainda estão no partido, outros saíram. Alguns pelo desencanto, outros mais por não conseguirem conservar o mandato. O eleitor não lhes reconduziu ao parlamento ou a um cargo executivo. Voltaram para suas atividades seculares. Para universidade, para o sindicato, para as atividades que antes exerciam. No PT não havia caciques, havia lideranças forjadas pela militância que uma vez convencida por um projeto político de poder ia as ruas defender as posições tiradas nos diretórios.

Ainda permanece no partido a prática de se chamar a militância para referendar decisões. Mas quem é esta militância? Seguramente não é aquela militância que se filiou ao partido em nome de uma ideologia progressista, humanista e de esquerda que visava um projeto de nação, de inclusão social dos milhões de desassistido. A militância que se encontra hoje no partido é aquela que tem seu quinhão assegurado pelas centenas de cargos de livre provimento na administração pública. Cargos que estão em mãos do gestor de plantão, seja ele do Partido ou de um aliado.

É esta militância cooptada que comparece ao chamamento do partido para referendar decisões de cúpula. É esta militância que aparelha a máquina pública que vai dizer amém as vontades de quem está no poder para impor o nome que lhe aprouver para dá ares de democracia a decisões previamente tomadas e que nem de longe guarda semelhança com a militância de um passado recente que se movia ideologicamente, nunca por interesses mesquinhos de cargos e benesses.

Este tipo de militância em nada difere do eleitor que se vende, que troca o voto por telhas e tijolos. Na verdade é muito pior porque entregou-se ao comodismo e não vai cobrar do governante os compromissos partidários assumidos com o povo. Está lá primeiro para garantir a posição que ocupa, justificada por racionalizações que não mexem com os brios, embora possa estatutariamente posicionar-se para melhorar as práticas políticas do partido, fecha com o grupo no poder, massacrando um outro grupo, mesmo que neste último esteja quem melhor poderia dá ao partido um rosto. 

É assim que o PT caminha para o suicídio político em Fortaleza. A prefeita que tem as rédeas do partido nas mãos, a revelia do mais comezinho bom senso, resolveu bancar a candidatura de um neófito, Elmano de Freitas, em detrimento de outros nomes de peso como Artur Bruno que tem um passado irrepreensível na legenda, grandes serviços prestados, eleito deputado federal, foi secretário de governo, mas para os militantes petistas dos dias negros que correm não é o suficiente para ser o candidato do PT. Não levaram sequer em consideração os anos de filiação dedicados ao PT.

A prefeita na sua megalomania, imagina que conseguirá eleger Elmano, assim como Lula elegeu Dilma. Lula é Lula. O governador, um homem experimentado se melindrou com  a afronta da prefeita em lhe entregar um prato feito, sem discussão prévia nenhuma. Agiu corretamente o governador Cid Gomes e seu grupo político em rejeitar que Elmano de Freitas fosse o candidato das forças políticas hegemônicas no Estado, o PT de Luizianne e o PSB de Cid Gomes.

O governador demonstrou em todo momento vontade de que houvesse continuidade da aliança, mas somente se o PT apresentasse um candidato conhecido do povo e escolhido consensualmente entre os grupos de Cid e de Luizianne, não como a prefeita de Fortaleza queria que fosse: um nome de sua preferência, imposto pela vontade pessoal de afrontar a maior liderança executiva de nosso Estado. Nome este sem nehuma representatividade junto ao eleitorado da capital.

Cid deixou claro que se o PT o queria como aliado que indicasse um nome que tivesse respaldo na sociedade. Simplesmente não dava a prefeita tirar da manga um candidato completamente desconhecido do Fortalezense, quando o partido dispunha de tantos outros, apenas para atender os arroubos da prefeita que tem uma imagem irreal do que representa no momento atual para o povo de Fortaleza que está com a gestão da prefeita engasgada na garganta ante tanta incompetência demonstrada.

E não adiantou de nada  dizer que Elmano venceu as prévias do PT contra Artur Bruno. Isso não prova que o PT pratica democracia interna. Os militantes que lá compareceram são aqueles que estão lotados na prefeitura, dispondo das benesses de um cargo de confiança. Ter Elmano vencido Artur foi uma vergonha para o PT da capital. Massacraram aquele que é o melhor quadro que o partido poderia ter para disputar as próxima eleições. É triste dizer mas o PT em nada difere de qualquer outro partido nas práticas que utiliza seja para escolher um candidato que suceda outro que está no poder, seja para impedir legitimamente quem está no poder e é do partido candidatar-se a reeleição, como ocorreu no Recife com o prefeito João da Costa. Mas aí é outra história.

Agora estamos no limiar do horário eleitoral e Elmano patina em índices pífio de preferência, ostentanto um empate técnicos com os canidatos que estão na rabeira da preferência do eleitor de Fortaleza. E se não houver uma operação de salvamento da campanha de Elmano, uma operação tipo Lula entra de corpo e alma na campanha de Elmano, o que não ocorrerá, até porque os irmãos Gomes estão com o PT em outras cidades do interior do Estado e apoiam Dilma, Elmano já era. Um tiro no escuro dado por Luizianne que levará o PT a ser derrotado em Fortaleza. Não foi por falta de aviso. Muitas águas ainda correrão debaixo da ponte, o cenário que se vislumbra porém é este.

Marconi Perillo processa jornalistas. Velha prática



Marconi Perillo processa jornalistas. Velha práticaFoto: Mantovani Fernandes/Folhapress

GOVERNADOR DE GOIÁS REPETE UMA VELHA PRÁTICA: PROCESSAR JORNALISTAS; UM DELES, HENRIQUE MORGANTINI, É COLABORADOR DO 247; MARCONI DISCURSA A FAVOR DA LIBERDADE DE OPINIÃO E DE IMPRENSA, MAS A PRÁTICA É OUTRA; SEMPRE FOI

04 de Junho de 2012 às 11:05
Vassil Oliveira_Goiás 247 – Fora da zona de conforto – a de ser elogiado e exaltado pela imprensa goiana e, agora, investigado pela imprensa nacional (leia aqui) –, e em linha de ataque a aliados – como o jornalista Luiz Carlos Bordoni, que fez seu programa de rádio e a quem promete processar por revelações que o ligam a Carlinhos Cachoeira (leia aqui) –, agora o governador Marconi Perillo (PSDB) vai direto ao ponto: está processando jornalistas.
A bem da verdade, é preciso dizer que a prática não é nova. Processar jornalista é uma atitude recorrente de Marconi Perillo. Na campanha, os seus advogados eram orientados e estimulados a processar todo aquele que ousasse criticar o então candidato. Antes, na pré-campanha, ele também processou, baseando-se em algo do tipo “propaganda negativa antecipada”. Agora, voltou à carga.
O governador goiano tem dificuldade com o contraditório. Basta ver a reação de sua assessoria aos questionamentos sobre as suas ligações e as de seu governo com Cachoeira. Basta reparar na reação de sua polícia aos protestos de estudantes no movimento #ForaMarconi (leia aqui). Marconi Perillo discursa sempre defendendo a democracia e a liberdade de imprensa e de opinião. E o faz com sinceridade. Desde que não seja contra ele. Aí ele processa.
Um dos processados, Henrique Morgantini, é colaborador do 247. O detonador da fúria do governador foi seu artigo publicado no site.
Altair Tavares_Diário de Goiás – O governador Marconi Perillo adotou a estratégia de processar jornalistas, no meio da crise causada pela Operação Monte Carlo, e na iminência do depoimento à CPI do Cachoeira. Recentemente, duas ações buscam indenização por dano moral e uma interpelação estão na lista.
A jornalista de O Popular, Fabiana Pulcinelli, foi acionada por uma interpelação judicial no dia 22 de maio. Henrique Morgantini, do jornal O Anápolis, foi processado com pedido de indenização, no dia 29 de maio.
O jornalista Mino Pedrosa, do site www.quidnovi.com.br, que divulgou o áudio de negociações telefônicas entre Cachoeira e Garcez em uma suposta entrega de dinheiro numa caixa de computador na sede do governo do Estado, também recebeu processo de indenização, impetrado no dia sete de maio...
Para ver os documentos, clique aqui.

De volta ao passado


Extraído da Carta Capital:



“Mino Carta é um chato, se pudesse reescreveria os Evangelhos. Inimigo do regime, Geisel o detestava, mas não tinha rabo preso.” De um depoimento de João Baptista Figueiredo, gravado em 1988 durante um churrasco amigo e divulgado após a morte do último ditador da casta fardada.

No final de 1969, esta capa foi o maior desafio de Veja à ditadura, mas já a da primeira edição dera problemas


É do conhecimento até do mundo mineral que nunca escrevi uma única, escassa linha para louvar os torturadores da ditadura, estivessem eles a serviço da Operação Bandeirantes ou do DOI-Codi. Ou no Rio, na Barão de Mesquita. E nunca suspeitei que a esta altura da minha longa carreira jornalística me colheria a traçar as linhas acima. Meu desempenho é conhecido, meus comportamentos também. Mesmo assim, há quem se abale a inventar histórias a meu respeito. Alguém que, obviamente, fica abaixo do mundo mineral.

Não me faltaram detratores vida adentro, ninguém, contudo, conseguiu provar coisa alguma que me desabonasse. Os atuais superam-se. Um deles se diz jornalista, outro acadêmico. Pannunzio & Magnoli, binômio perfeito para uma dupla do picadeiro, na hipótese mais generosa de uma farsa cinematográfica. Esmeram-se para demonstrar exatamente o que soletro há tempo: a mídia nativa prima tanto por sua mediocridade técnica quanto por sua invejável capacidade de inventar, omitir e mentir.

Afirmam que no meu tempo de diretor de redação de Veja defendi a pena de morte contra “terrorristas”, além de enaltecer o excelente trabalho da Oban. Outro inquisidor se associa, colunista e blogueiro, de sobrenome Azevedo. E me aponta, além do já dito, como um singular profissional que não aceita interferência do patrão. Incrível: arrogo-me mandar mais do que o próprio. Normal que ele me escale para o seu auto de fé. O Brasil é o único país do meu conhecimento onde os profissionais chamam de colega o dono da casa.

Não há nas calúnias que me alvejam o mais pálido resquício de verdade factual. Os textos que me atribuem para baseá-las nascem de uma mistificação. Pinçados ao acaso e fora do contexto, um somente é de minha autoria e nada diz que me incrimine. E pouparei os leitores de disquisições sobre minha repulsa visceral, antes ainda que moral, à prisão sem mandado, à tortura e à pena de morte. Quando o Estadão foi pioneiro na publicação de um artigo assinado Magnoli, limitei-me a escrever um breve texto para o site de CartaCapital, destinado a contar a história de outra peça de humorismo, escrita em 1970 por um certo Lenildo Tabosa Pessoa, redator, vejam só, do Estadão, e intitulada O Senhor Demetrio. Ou seja, eu mesmo, marcado no batismo por nome tão pesado.


A bem de minha honra, Geisel me detestava. Foto: AE


Lenildo pretendia publicar seu texto no jornal, os patrões, Julio de Mesquita Neto e Ruy Mesquita, não deixaram. Surgiu em matéria paga o retrato de um hipócrita pretensamente refinado que, como Arlequim da política, servia ao mesmo tempo Máfia e Kremlin. O senhor Demetrio, de codinome Mino. Diga-se que Lenildo encontraria eco três anos depois no programa global de um facínora chamado Amaral Neto, também identificado como Amoral Nato, que repetia Lenildo no vídeo. Como se vê, tom e letra das calúnias estão sujeitos a mudanças ideológicas.

Ao negarem espaço nas páginas da sua responsabilidade à diatribe de Lenildo, os herdeiros do doutor Julinho quiseram respeitar a memória do meu pai, que trabalhou no Estadão por 16 anos, e meu honesto e leal desempenho na criação da Edição de Esporte e do Jornal da Tarde. O Estadão, evidentemente, não é mais o mesmo. Lenildo e Amaral Neto me tinham como perigoso subversivo de esquerda. Em compensação, hoje sou acusado de ter dirigido naquele mesmo 1970 uma Veja entregue “à bajulação, subserviência e propaganda da ditadura”. É espantoso, mas a semanal da Abril em 1970 era submetida à censura exercida na redação por militares. Eu gostaria de saber o que acham os senhores Pannunzio, Magnoli e Azevedo a respeito de quem na mídia brasileira se perfilava illo tempore ao lado da ditadura. Ou seja, quase todos.


E Arci, impávido, ofereceu a cabeça de Millôr Fernandes ao ministro Golbery. Fotos: Marcelo Carnaval e Manoel Amorim/Ag O Globo


Quem, de fato foi censurado? Os alternativos, então chamados nanicos, em peso, do Pasquim a Opinião, que depois se tornaria Movimento, sem exclusão de O São Paulo, o jornal da Cúria paulistana regida por dom Paulo Evaristo Arns. A Veja, primeiro por militares, depois por policiais civis no período Médici. Com Geisel, passou a ser censurada diariamente, de terça a sexta, nas dependências da Polícia Federal em São Paulo, e aos sábados, à época dia de fechamento, na própria residência de censores investidos do direito a um fim de semana aprazível. Enquanto isso, Geisel exigia que os alternativos submetessem seu material às tesouras censórias em Brasília, toda terça-feira.

Sim, o Estadão também foi censurado e com ele o Jornal da Tarde. A punição resultava de uma briga em família. O jornal apoiara o golpe, mas sonhava com a devolução do poder a um civil, desde que se chamasse Carlos Lacerda. Este não deixava por menos nas suas aventuras oníricas. O Estadão acabou sob censura, retirada contudo em janeiro de 1975, no quadro das celebrações do centenário do jornal. Carlos Lacerda foi cassado. Diga-se que ao Estadão permitia-se preencher os espaços vagos deixados pelos cortes com versos de Camões, em geral bem escolhidos, e ao Jornal da Tarde com receitas de bolo, às vezes discutíveis. O resto da mídia não sofreu censura. Não era preciso.


Julio Neto e Ruy Mesquita não dariam espaço às calúnias de um tal de Magnoli. Fotos: Alfredo Fiaschi/AE e AE


Quando me chamam para fazer palestras em cursos de jornalismo, sempre me surpreendo ao verificar que o enredo que acabo de alinhavar é ignorado pelos alunos e por muitos professores. Acham que a censura foi ampla, geral e irrestrita. Meus críticos botões observam que me surpreendo à toa. Pois não se trata de futuros Pannunzios, Magnolis e Azevedos? No caso deste senhor Reinaldo, vale acentuar uma nossa específica diferença. Não me refiro ao fato de que eu reputo Antonio Gramsci um grande pensador, enquanto ele o define como terrorista. A questão é outra.

Ocorre que, ao trabalhar e ao fazer estágios na Europa, entendi de vez que patrão é patrão e empregado é empregado, e que para dirigir redações o profissional é chamado por causa de sua exclusiva competência. Ao contrário do que se dá no Brasil, por lá não há diretores por direito divino. Por isso, ao deixar o Jornal da Tarde para tomar o comando dos preparativos do lançamento de Veja, me senti em condições de exigir certas garantias.

No Estadão tivera um excelente relacionamento com a família Mesquita, fortalecido pela lembrança que cultivavam de meu pai, iniciador da reforma do jornal que Claudio Abramo aprofundou e completou. Gozei na casa então ainda do doutor Julinho, filho do fundador, de grande autonomia, aquela que facilitou a criação de um diário de estilo muito próprio, arrojado na diagramação, em busca de qualidade literária no texto. Estava claro, porém, que a linha política seria a da família. Com os Mesquita me dei muito bem, foram de longe meus melhores patrões, talvez os remanescentes não percebam que por eles tenho afeto, embora, saído do Estadão, não me preocupasse em mostrar que minhas ideias não coincidiam com as deles.


E Golbery, gélido, disse: "Eu não pedi a cabeça de ninguém, senhor Civita". Foto: AE


Convidado finalmente pelos Civita para a empreitada de Veja, solicitei uma liberdade de ação diversa daquela de que gozara no Jornal da Tarde. Só aceitaria o convite se os donos da Abril, uma vez definida a fórmula da publicação, se portassem como leitores a cada edição, passível de discussão está claro, mas a posteriori, quer dizer, quando já nas bancas.

Pedido aceito. A primeira Veja, espécie de newsmagazine à brasileira, foi um fracasso. Além disso, já irritou os fardados por trazer na capa a foice e o martelo. A temperatura subiu com a segunda capa, a favor da Igreja politicamente engajada. A quinta, com a cobertura do congresso da UNE em Ibiúna, foi apreendida nas bancas. E também o foi aquela que celebrou a decretação do AI-5 no dia 13 de dezembro de 1968. Tempos difíceis. Mas a edição de mais nítido desafio aos algozes da ditadura é de mais ou menos um ano depois. A chamada de capa era simples e direta: “Torturas”, em letras de forma.

A história desta reportagem começou cerca de três meses antes, com uma investigação capilar conduzida por uma equipe de oito repórteres encabeçada por Raymundo Rodrigues Pereira. Foram levantados 150 casos, três deles nos detalhes mínimos. Emílio Garrastazu Médici acabava de ser escolhido para substituir a Junta Militar e pela pena do então coronel Octavio Costa acenava em discurso, pretensamente poético ao declinar a origem do novo ditador por dizê-lo vindo do Minuano, à necessidade do abrandamento da repressão. Raymundo e eu recorremos a um estratagema, e saímos com uma edição anódina para celebrar o vento gaúcho. Falávamos da posse, da composição do ministério, do discurso. Chamada de capa: “O Presidente Não Admite Torturas”.

Ofereço este número de Veja à aguda análise de Pannunzios, Magnolis, Azevedos e quejandos. (Nada a ver com queijo.) Bajulação e subserviência estão ali expostas da forma mais redonda. Naquele momento, a mídia foi atrás de Veja, e por três dias falou-se mais ou menos abertamente de tortura. Logo veio a proibição, que Veja ignorou. Na noite de sexta-feira a reportagem da equipe de Raymundo descia à gráfica para arrolar 150 irrefutáveis casos de tortura, dos quais três em detalhes. Ao mesmo tempo, eu mandava cortar os telefones da Abril para impedir ligações de quem pretendesse interferir, autoridades, patrões e intermediários. A edição foi apreendida nas bancas, e logo desembarcou na redação a censura dos militares.


Este sim, "nosso Trotski", a Arci pediu minha cabeça e conseguiu. Foto: AE


Quando ouvi falar em distensão pela primeira vez, meados de 1972, pela boca do general Golbery, à época presidente da Dow Chemical no Brasil, pareceu-me possível alguma mudança na sucessão de Médici. De fato, Golbery, que vinha de conhecer, articulava na sombra a candidatura de Ernesto Geisel, títere sob medida para as suas artes de titereiro. Meados de 1973, assenta-se a candidatura obrigatória de Geisel. Alguns meses após, ministério em gestação, Golbery, futuro chefe da Casa Civil à revelia de Médici, me sugere uma conversa com o recém-convocado para a pasta da Justiça, Armando Falcão. Assunto: fim da censura em clima de distensão.

Conversei duas vezes com Falcão enquanto Roberto Civita entre janeiro e fevereiro de 1974 apontava em Hugh Hefner um notável filósofo da modernidade. Mal assumiu a pasta, dia 19 de março de 1974, Falcão chamou-me a Brasília para comunicar que a censura se ia naquele instante. Sublinhei: “Sem compromisso algum de nossa parte”. “Claro, claro”, proclamou, e me deu de presente seu livro de recente publicação, intitulado A Revolução Permanente. Mais tarde Golbery comentaria: “Falcão é o nosso Trotski”.

Três semanas após, a censura voltou, mais feroz do que antes. Duas reportagens causaram a costumeira irritação, fatal foi uma charge de Millôr Fernandes. Em revide, decretava-se que a censura seria executada em Brasília às terças-feiras. Fui visitar Golbery no dia seguinte, eu estava de veneta rebelde, levei meus dois filhos meninotes, e andei pela capital federal de limusine. No meu livro de próxima publicação, O Brasil, a sair pela Editora Record como O Castelo de Âmbar, descrevo assim a visita ao chefe da Casa Civil.

“A secretária do ministro, dona Lurdinha, senhora de modos caseiros, redonda rola sobre o carpete sem perder o sorriso, chega-se ao meu ouvido, murmura: “Veio também o senhor Roberto Civita, quer ser recebido mas não tem hora marcada”. Não deixo que o tempo se estique inutilmente, tomo a visão panorâmica da antessala e vejo Arci, entalado em uma poltrona com expressão perdida na paisagem da savana descortinada além das vidraças. “Que faz aqui?” E ouço meu próprio latido.

“Vici me contou que você viria, e eu gostaria…”

“Você não pediu audiência, não tem hora”, proclamo.

Ele insiste, à beira da imploração. O meu tom chama a atenção de Manuela e Gianni, encaram a cena sem entender o assunto, percebem porém que o pai está muito irritado, enquanto o outro tem jeito de pedinte. Lurdinha traz uma laranjada para as crianças e avisa que o general está à espera. Admito: “Você entra comigo, mas se compromete a não abrir a boca”. Ele promete.

Na conversa que se segue no gabinete da Casa Civil, o meu argumento é óbvio, Veja é uma revista semanal que encerra o trabalho na noite de sábado e vai às bancas às segundas-feiras, obrigá-la a submeter textos e fotos aos censores na terça significa inviabilizá-la. Pergunto a Golbery: “Os senhores pretendem que Veja simplesmente acabe?” Não, nada disso. “Então é preciso pôr em prática outro sistema.”

O chefe da Casa Civil entende e concorda. Diz: “Vá até o Ministério da Justiça, fale com Falcão, a Lurdinha já vai avisá-lo, diga a ele que vamos procurar uma saída até amanhã no máximo, a próxima edição tem de sair regularmente”.

Golbery fica de pé, hora da despedida. O general não conhecia o patrãozinho que até aquele momento cumpriu a promessa feita na antessala. E de supetão abre a boca: “General, se o senhor acha que devemos tomar alguma providência em relação ao Millôr Fernandes…”

Golbery fulminou-o: “Senhor Civita, não pedi a cabeça de ninguém”.


Poucos entenderam que o Minuano poderia despertar ciclones. Foto: Reprodução


Vici e Arci, ou seja, Victor Civita e Roberto Civita, assim se chamavam no castelo envidraçado à beira do Tietê, esgoto paulistano ao ar livre. Esse entrecho já o desenrolei em O Castelo de Âmbar sem merecer desmentido e o próprio Millôr o colocou no ar do seu blog logo após a publicação no final de 2000. Ao sair do gabinete de Golbery, eu disse a Roberto Civita “você é mesmo cretino”, como depois o definiria na conversa de despedida com o pai Victor, mas poderia dizer coisa muito pior. Quanto à minha saída da direção de Veja e de conselheiro board abriliano, descrevi o evento em editorial de poucas semanas atrás. Faço questão de salientar, apenas e ainda, que não fui demitido, e sim me demiti para não receber um único centavo das mãos de um Civita, nem que fosse a comissão pelo empréstimo de 50 milhões de dólares recebidos pela Abril da Caixa Econômica Federal, juntamente com o fim da censura, em troca da minha cabeça. A revista prontamente caiu nos braços do regime.

A partir daí, tive de inventar meus empregos para viver. Ou por outra, para viver com um salário infinitamente menor (insisto, infinitamente) do que aquele dos importantes da imprensa, e nem se fale daqueles da televisão. Ganham mais que os europeus e de muitos americanos. Em outro país, um jornalista com o meu passado não sofreria as calúnias de Pannunzios, Magnolis e Azevedos, e de vários que os precederam. Muito representativos de uma mídia que manipula, inventa, omite e mente. Observem os fatos e as mentiras da atualidade imediata, o caso criado pelo protagonismo de Gilmar Mendes e pela ferocidade delirante dos chapa-branca da casa-grande. Além do mais, há em tudo isso um traço profundo de infantilidade, um rasgo abissal, a provar o estágio primitivo da sociedade do privilégio, certa de que a senzala aplaude Dilma e Lula e mesmo assim se conforma, resignada, dentro dos seus habituais limites.

Os caluniadores são, antes de mais nada, covardes. Sentem as costas protegidas pela falta generalizada de memória, ou pela pronta inclinação ao esquecimento. Pela impunidade tradicional garantida por uma Justiça que não pune o rico e poderoso. Pelo respaldo do patrão comprometido com a manutenção do atraso em um país onde somente 36% da população conta com saneamento básico, e 50 mil pessoas morrem assassinadas ano após outro. Confiam no naufrágio da verdade factual, pela enésima vez, e que tudo acabe em pizza, como outrora se dizia, a começar pela CPI do Cachoeira e pela pantomima encenada por Gilmar Mendes. E que o tempo, vertiginoso e fulminante como sempre, se feche sobre os fatos, sobre mais uma grande vergonha, como o mar sobre um barco furado.

Pressa de Ayres com o mensalão é barrada por colegas



Pressa de Ayres com o mensalão é barrada por colegasFoto: Sérgio Lima/Folhapress

O RELATOR DA AÇÃO, JOAQUIM BARBOSA, AFIRMOU NÃO TER CONDIÇÕES FÍSICAS DE PARTICIPAR DE SESSÕES DIÁRIAS E QUE DUREM O DIA INTEIRO. JÁ MARCO AURÉLIO SE NEGOU A TRABALHAR NO RECESSO DE JULHO POR CONTA DE UMA VIAGEM

04 de Junho de 2012 às 05:29
247 – O atual presidente do STF, Carlos Ayres Britto, tem enfrentado a resistência dos outros ministros para apressar o julgamento do mensalão. Sua proposta é separar um mês na agenda da corte para julgar o caso. Mas colegas alegaram problema de saúde e viagem de férias marcadas para escapar de sessões diárias no Supremo. Leia na matéria da Folha:
Pouco mais de um mês após assumir a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal), Carlos Ayres Britto já precisou entrar em campo duas vezes para apaziguar os ânimos de colegas e enfrentou resistências de alguns deles, principalmente relativas ao julgamento do mensalão.
Os ministros reagiram, por exemplo, à proposta feita por ele de separar um mês na agenda da corte para julgar o caso e decidiram que o julgamento não ocorrerá em todos os dias da semana. Assim, a análise da ação deve levar dois meses para terminar.
Para Ayres, o ideal seria o tribunal fazer uma força-tarefa e resolver a questão do mensalão em três ou quatro semanas, liberando mais tempo de seu curto mandato de sete meses para outros assuntos. Ele deixará a corte em novembro, quando completará 70 anos.
A maioria de seus colegas, porém, foi contra. O relator da ação, Joaquim Barbosa, afirmou não ter condições físicas de participar de sessões diárias e que durem o dia inteiro por conta de seus problemas de coluna.
Ayres também queria usar o recesso de julho para analisar o caso. Da mesma forma, ouviu dos colegas que isso seria inviável. Alguns deles, como Marco Aurélio e Barbosa, já avisaram que têm compromissos e até viagens marcadas para o período de férias.
Para que o julgamento seja marcado, Ricardo Lewandowski precisa apresentar sua revisão do relatório da ação feito por Barbosa, o que deve ocorrer até o fim do mês.
Ayres chegou a oferecer a convocação de até três juízes penalistas para auxiliá-lo. Lewandowski, contudo, não gostou e avaliou a proposta como uma "indevida pressão" sobre sua autonomia.
AGENDA INTENSA
Ministros ouvidos pela Folha também se queixam da vontade do novo presidente de julgar semanalmente um caso relevante. Um deles disse que não é prudente colocar na pauta "uma final de Copa por semana".
No primeiro mês de Ayres como presidente da corte, o STF julgou, por exemplo, a constitucionalidade das cotas raciais e resolveu conflito de décadas entre índios e fazendeiros no sul da Bahia.
Ayres, no entanto, tem enfrentado problemas de falta de quórum -é preciso ao menos oito ministros no plenário para julgamentos de questões constitucionais- e, em pelo menos três ocasiões, teve que interromper julgamentos já iniciados.
A principal razão para isso é o fato de a ministra Cármen Lúcia, nova presidente do TSE, ter decidido iniciar as sessões da corte eleitoral às 19h e, por isso, não tem ficado até o final dos julgamentos no Supremo. Saindo mais cedo, ela acaba obrigando outros dois ministros que também também são integrantes do TSE a acompanha-la.
Fora os problemas relacionados a julgamentos, Ayres também já teve de atuar como bombeiro em duas ocasiões. A primeira aconteceu no primeiro dia de sua presidência, quando os colegas Cezar Peluso e Joaquim Barbosa trocaram farpas públicas.
Na última semana, ele novamente teve de entrar em campo, desta vez pedindo que Gilmar Mendes baixasse o tom nas críticas ao ex-presidente Lula. Em um movimento de bastidor, combinou com os colegas que o tribunal não deveria entrar na polêmica, transformando o caso em um "entrevero pessoal".