quarta-feira, 11 de julho de 2012

Suplente que levou chifre de Cachoeira assume mandato de Demóstenes


Wilder Pedro de Morais, de Taquaral para o mundo

Wilder Pedro de Morais, de Taquaral para o mundoFoto: Divulgação

SUPLENTE DE DEMÓSTENES, QUE ASSUME EM SEU LUGAR APÓS A CASSAÇÃO, É DONO DE CONSTRUTORA COM SEDE EM APARECIDA DE GOIÂNIA E FILIAL NA ÍNDIA; FILHO DE LAVRADOR, TEVE INFÂNCIA POBRE E ERGUEU IMPÉRIO DO NADA; É EX-MARIDO DA ATUAL MULHER DE CACHOEIRA, ANDRESSA MENDONÇA, COM QUEM TEM DOIS FILHOS

11 de Julho de 2012 às 14:43
Goiás247 - Com a cassação de Demóstenes Torres, o mais novo senador da República é o empresário Wilder Pedro de Morais (DEM), o primeiro suplente. Sua construtora, a Orca, está sediada em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da Capital goiana. Um escritório, ligado diretamente à matriz, fica em São Paulo. Outra empresa do grupo, a Orca Engineering & Construction Company Private Limited, fica em Mumbai, na Índia. Entre seus clientes figuram os governos federal e de Goiás, a Infraero, Carrefour, Correios, grupos Champion, Pão de Açucar e Panarello. Entre vários empreendimentos, a empresa possui cinco shopping centers, um deles em Medellín, na Colômbia.
A suplência de Demóstenes foi a primeira aventura política de Wilder. Vitorioso, logo assumiu a Secretaria de Infra Estrutura (Seinfra) do Governo de Goiás, seu primeiro cargo público, onde permanece até hoje. O empresário figura na prestação de contas de Demóstenes com uma doação inscrita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de R$ 700 mil, ou 7,6% do total declarado, de R$ 9,2 milhões.
Atualmente com 43 anos, o nome de Wilder apareceu pela primeira vez no noticiário nacional quando Demóstenes, para justificar as quase 300 conversas telefônicas com Carlinhos Cachoeira, alegou que atuava como conselheiro amoroso do contraventor, uma vez que os dois amigos se digladiavam por Andressa Mendonça, atual mulher de Cachoeira e ex do empreiteiro. “O Wilder ofereceu um jantar uma vez. E alguém levou o Carlinhos até esse jantar. Depois, me separei, e fiquei muito próxima ao Carlinhos”, disse Andressa, ao relatar como cconheceu o atual companheiro. Diálogos gravados pela Operação Monte Carlo sugerem, no entanto, que Andressa e Cachoeira já se encontravam antes do rompimento oficial com Wilder. Da união do empreiteiro com Andressa, que durou seis anos, nasceram dois filhos, um de três e outro de quatro anos.
Trajetória
Logo que assumiu a Seinfra, em 2010, Wilder concedeu uma longa entrevista ao Jornal Opção, de Goiânia, onde relatou sua infância pobre no interior de Goiás e a ambição de se tornar “doutor”: “Nasci em 1968, de uma família de cinco irmãos. Morávamos numa fazenda no interior. Meu pai era funcionário dessa fazenda. Mudamos para Taquaral (6 mil habitantes, distante 80 quilômetros de Goiânia), meu pai foi trabalhar como vigilante e depois taxista. Sempre observador, eu vi que as pessoas que tinham sucesso na cidade eram os "doutores", o doutor Davi e o doutor Sidney. Desde pequeno, então, eu percebi que para ter sucesso teria de ser doutor também, estudar.”
Wilder chegou à Capital goiana em 1984 incentivado por um amigo, Zezinho. “Em Taquaral eu estudei com um amigo, o José Alves, dono da escola de datilografia, onde fui aluno, talvez o melhor aluno. Meus pais fizeram um sacrifício grande para pagar o curso. Estudamos juntos, depois ele foi para Itauçu. Eu fui também. Ele sempre com a escola de datilografia. Depois o Zé foi para Goiânia, para estudar, e me chamou para ir, argumentando que eu poderia ajudá-lo tanto nos estudos quanto na escola de datilografia. Convenci meus pais e viemos para Goiânia. Pusemos as camas velhas num caminhão e baixamos no Jardim América, em 1984, quando o setor era um dos mais perigosos da cidade. Zezinho alugou um barraco pequeno e nós dormíamos na escola para vigiar as quatro máquinas de escrever. A escola era nosso sustento. Passávamos muitas dificuldades. A gente comia uma vez por dia. Quando estava gordo eu pesava 56 quilos; magro, ficava com 54.”
Formou-se em Contabilidade, ainda segundo seu relato ao Jornal Opção, e fez cursinho pré-vestibular no Colégio Objetivo, à época um dos mais caros de Goiânia: “Minha mãe mandou um dinheiro, eu consegui me matricular e paguei uns três meses. Depois, eu frequentava as aulas com cartão de colegas.” Wilder conta que estudava em bibliotecas públicas até por volta das 22 horas: “Eu nem podia chegar antes dessa hora na escola de datilografia, porque tinha aula. Depois que os alunos iam embora, eu arrumava o colchão no chão para dormir.”
Fez os vestibulares para engenharia nas universidades Federal de Goiás (pública) e Católica de Goiás (particular). Passou na Católica. Se inscreveu ao crédito estudantil e comia clandestinamente no restaurante universitário da Federal, com carteirinha de colegas. Wilder conta que no segundo dia de aula viu uma placa de "procura-se estagiário". “Fui lá, na empresa Construsan Engenharia, do engenheiro Alexandre Lemos Barros. Comecei como estagiário, fiquei 11 anos, e sai como presidente do grupo, com o dono sendo meu assessor.
Hoje a Orca tem obras espalhadas por Goiás, São Paulo e outros estados. Outro ramo do empresário é o de mineração, com investimentos em Goiás e perspectivas no Pará. Na área de locação, possui o Shopping Bougainville, em Goiânia; o Brasil Park Shopping, em Anápolis; outros dois em Valparaíso de Goiás e Uberaba (MG). A empresa implanta seu quinto shopping Medellín, na Colômbia, em parceria com o Carrefour. A Orca tem 80% e o Carrefour, 20% do empreendimento.

'Estávamos diante de um ídolo de pés de barro'



'Estávamos diante de um ídolo de pés de barro'Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

EM DISCURSO, SENADOR RANDOLFE RODRIGUES (PSOL-AP) DIZ QUE PARLAMENTARES TÊM QUE DAR EXEMPLO; ANTES DELE, MARIO COUTO (PSDB-PA) AFIRMOU QUE A "CASA ESTÁ DESMORALIZADA"; PEDRO TAQUES SENTENCIOU: "O SENHOR FERIU DE MORTE A DIGNIDADE DO MANDATO"; ASSISTA PROCESSO CONTRA DEMÓSTENES TORRES

11 de Julho de 2012 às 12:44
247 – Está em curso a sessão do Senado que deve cassar o mandato do senador Demóstenes Torres, por quebra de decoro parlamentar. Presidida pelo senador José Sarney, a sessão tem as galerias lotadas pelo público. O relator da Comissão de Ética, Humberto Costa, será o primeiro a falar. Em seguida, o relator da Comissão de Constituição e Justiça, Pedro Taques. Cada senador poderá se pronunciar por dez minutos. A defesa a ser feita pelo próprio Demóstenes tera vinte minutos. Mesmo pelo sistema de votação secreta, ele deve ser o segundo senador da história cassado por seus pares.
"Como alguém da intimidade desse cidadão (Carlinhos Cachoeira) poderia não saber das atividades criminosas dele, que fora indiciado por seis crimes em Goiás, onde o senhor foi procurador de Justiça por dois mandatos?", perguntou o senador Humberto Costa, da tribuna, na direção de Demóstenes Torres, em seu discurso de acusação. "O senhor procurou constranger o governo federal, por meio da Caixa Econômica Federal, em 2003, por um acordo com a Getec", acusou.
"Em seguida, participou da acusação de Valdomiro Diniz, como se tivesse uma antevisão, mas poupou seu amigo Cachoeira". O senador lembrou que Demóstenes chegou a visar Cachoeira sobre operações da Polícia Federal. "Isso poderia ter custado a vida de agentes públicos", frisou Costa. Não é aceitável que um senador tenha contas pagas por alguém, quanto mais um contraventor. Costa enumerou que Demóstenes ganhou, entre outros bens, uma geladeira e um fogão que custaram 25 mil dólares a Cachoeira. "Eram encomendas", frisou o senador que presidiu a Comissão de Ética.
Terceiro parlamentar a falar, o senador Mario Couto (PSDB-PA) também condenou as atitudes de Demóstenes e afirmou que a "Casa está desmoralizada". O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), em seu discurso, destacou que não seria possível o senador desconhecer as atividades ilegais de Carlos Cachoeira. "O que está em jogo não é apenas o mandato de um parlamentar, mas a reputação de todo o Senado federal", afirmou.
João Capiberibe (PSB-AP) cravou não ser possível que um político conviva tanto tempo com uma pessoa sem saber de suas atividades, em referência a Cachoeira. E brincou com as palavras "impunidade" e "imunidade", que rimam e, segundo ele, "são muito similares". O senador disse concordar com os votos dos relatores Pedro Taques, da Comissão de Constituição e Justiça, e Humberto Costa, do Conselho de Ética do Senado. "[Ele] engabelou a todos nós e a nação", concluiu.
Em discurso contundente, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) alogiou as investigações da Polícia Federal e disse que é em nome dos agentes da corporação e dos procuradores do Minitério Público que o julgamento contra Demóstenes deve ser inspirado. "Estávamos diante de um ídolo de ideias de barro", disse. Segundo ele, o que está em jogo neste processo não é apenas a punição à conduta errônea por parte de um parlamentar, mas um sinal para milhões de brasileiros sobre a credibilidade de uma instituição centenária.
Assista a sessão ao vivo pelo link da TV Senado:http://www.senado.gov.br/noticias/tv/

"Não acabem com a minha vida", apela Demóstenes



Foto: Antônio Cruz/ABr

DA TRIBUNA, SENADOR SE DEFENDEU POR 35 MINUTOS; "AS PROVAS CONTRA MIM NÃO PROVARAM NADA", DISSE TORRES, ANTES DE SE COMPARAR A CRISTO; "EU FUI BRAÇO POLÍTICO DAS CRIANÇAS DO BRASIL"; RELATOR HUMBERTO COSTA PEDIU DIREITO DE RESPOSTA; SENADORES COMEÇARÃO A VOTAR, SECRETAMENTE, A SUA CASSAÇÃO; LINK

11 de Julho de 2012 às 12:45
247 – Com 35 minutos para sua defesa, o senador Demóstenes Torres iniciou de forma agressiva. "Chamar uma mulher de vagabunda é algo que prejudica a vida dessa mulher para o resto da vida", comparou ele. "Aqui foi ofendido com uma série de qualificativos, como bandido, pilantra, psicopata, desonesto, braço político, que tem dupla personalidade e despachante de luxo", enumerou. "Eu vim aqui me defender dos fatos, não dos boatos".Após dez minutos, Demóstenes atacou diretamente o senador Humberto Costa, relator da Comissão de Ética, lembrando que ele fora acusado de corrupção passiva no tempo em que foi ministro da Saúde. "Ele hoje é um homem honrado, que pode se defender. Por que eu não posso ter o mesmo direito? Por que a minha cabeça tem de rolar?", perguntou. "Todos os procuradores disseram que Demóstenes não é membro da quadrilha". Ele chegou a citar Cristo e sua crucifixação como exemplo de julgamento feito em meio ao clamor público, o que criticou. "Eu não posso ser julgado porque seis governadores se relacionaram com Carlinhos Cachoeira", comparou. "Quero um direito isonômico, quero fazer a minha defesa".
Demóstenes enveredou por uma seara filosófica. "Protágoras é o pai do relativismo", iniciou. "Todo fato tem diversas versões. Provei que o senador Humberto Costa errou no relatório que fez sobre mim, mas nem por isso ele tem de ser cassado. Ele fez deduções, o que é legítimo a um parlamentar, mas errou contra mim".
"Todos os ministros do Supremo me procuravam para resolver os problemas, mas pergunte a qualquer ministro se alguma vez eu pedi algo de errado", afirmou. "Eu sou pai do Ministério Público". Ele acrescentou ter sido injustiçado pela mídia. "A imprensa do Brasil me deve um pedido de desculpas", demarcou. "Sou um senador com um patrimônio ridículo depois de tudo o que fiz na vida, com um imóvel financiado e vinte por cento de uma faculdade em Minas que nunca me deu um centavo na vida", disse.

“É ético cassar um senador sobre prova ilegal?”



“É ético cassar um senador sobre prova ilegal?”Foto: Edição/247

EM SEU DISCURSO DE DEFESA, O ADVOGADO DE DEMÓSTENES TORRES, KAKAY, QUESTIONA O PROCESSO QUE PEDE A CASSAÇÃO DE SEU CLIENTE: "É ÉTICO CASSAR UM SENADOR DA REPÚBLICA ELEITO COM MAIS DE DOIS MILHÕES DE VOTOS?"

11 de Julho de 2012 às 12:46
247 – Durante o discurso de defesa ao senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, questionou o processo que pede a cassação de seu cliente: "É ético cassar um senador da república eleito com mais de dois milhões de votos?". Em sua fala, Kakay condenou o "pré-julgamento" dos parlamentares e disse que o "voto é da consciência de vossas excelências". O Senado vota hoje, secretamente, a cassação do senador goiano devido a suas relações com o contraventor Carlos Cachoeira.
Kakay chamou o processo de cassação do senador Demóstenes Torres de "midiático". Ele apelou para que não ocorra um "pré-julgamento' e centrou seu pronunciamento no argumento de que as escutas que registraram ligações entre o senador e o contraventor Demóstenes Torres foram feitas pela Polícia Federal de maneira "ilegal". "Vou ganhar no Supremo", manifestou, deixando claro que manterá o processo pela derrubada da Operação Monte Carlo. "Ficou claro que o senador não fazia parte da organização criminosa", defendeu Kakay. "É aqui que se permite um olhar não apenas ao que está dito nas interpretações da Polícia Federal, mas um olhor posto nos dois milhões de eleitores que trouxeram o senador Demóstenes Torres até aqui", sustentou. "É óbvio que a decisão será totalmente política".

Demóstenes é cassado e escorraçado: 56 a 19



Demóstenes é cassado e escorraçado: 56 a 19Foto: Edição/247

CHEGA AO FIM UMA DAS MAIORES FRAUDES POLÍTICAS QUE O BRASIL JÁ CONHECEU; NUMA VOTAÇÃO HISTÓRICA, SENADO CASSA DEMÓSTENES TORRES, QUE EMPRESTOU SEU MANDATO AO CONTRAVENTOR CARLOS CACHOEIRA; PECADO MAIOR DO POLÍTICO GOIANO, "MOSQUETEIRO DA ÉTICA", FOI A HIPOCRISIA NA VIDA PÚBLICA

11 de Julho de 2012 às 14:47
247 – Acabou.
Por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, numa sessão histórica, o Senado cassou, pela segunda vez, um de seus membros – o único antecedente histórico era o do senador Luiz Estevão.
O goiano Demóstenes Torres, eleito pelo DEM, em 2002, e reeleito em 2010,  não foi apenas cassado. Foi também escorraçado por seus pares.
“O senhor feriu de morte a dignidade do mandato”, disse o senador Pedro Taques (PDT/MT), que relatou o processo na Comissão de Constituição e Justiça. Seu relatório foi aprovado por unanimidade.
“Quem lhe condena é o seu passado”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE), que relatou o processo no Conselho de Ética. Seu relatório foi também aprovado por unanimidade.
Tivesse sido aberta a votação da cassação no plenário, Demóstenes Torres teria sido escorraçado da vida pública também por uma votação unânime.
Demóstenes não fará falta ao Senado.
Enquanto exerceu seu mandato, ele foi um dos maiores inimigos da liberdade e do direito de defesa, sempre pronto a atirar pedras em quem quer que fosse, em troca de alguns instantes a mais de fama.
Demóstenes já vai tarde.
Adeus.

Fundador do Megaupload propõe acordo para ser julgado nos EUA


  •  Zealand Herald, Brett Phibbs
    Kim Dotcom propôs ir voluntariamente aos EUA para ser julgado por suposta pirataria na internet
    Kim Dotcom propôs ir voluntariamente aos EUA para ser julgado por suposta pirataria na internet
O fundador do portal Megaupload, Kim Dotcom, propôs nesta terça-feira (10) ir voluntariamente aos Estados Unidos para ser julgado por suposta pirataria na internet e outros delitos em troca do desbloqueio de suas contas e de que receba liberdade condicional em território americano.

"Nós iremos aos Estados Unidos. Não há necessidade de uma extradição. Queremos liberdade condicional e que descongelem as contas para os advogados e os custos de vida", comentou Dotcom no Twitter.

O fundador do Megaupload também disse que ele e os três executivos do site, que aguardam o processo de extradição em liberdade condicional na Nova Zelândia, estão dispostos a ir aos EUA caso tenham garantido, além de acesso às contas correntes, um julgamento justo. "Mas eles nunca aceitarão isso porque já sabem que não podem ganhar este caso", ponderou Dotcom em declarações publicadas pelo jornal "New Zealand Herald".

A proposta foi feita um dia depois do adiamento para 25 de março de 2013 do início do processo sobre o pedido de extradição aos EUA, que estava programado para o próximo mês.

Dotcom confessou ao "New Zealand Herald" que as batalhas e a demora no caso prejudicaram sua capacidade para pagar as faturas dos 22 advogados que defendem sua inocência em diversos casos em vários países. "Eles sabem que por cada movimento que eles fazem eu tenho que acionar meus advogados. Fazem isso para que eu não tenha a oportunidade de me defender a longo prazo", criticou.
Os EUA querem julgar um total de sete diretores do Megaupload, entre eles quatro que foram detidos na Nova Zelândia por supostos delitos relacionados com pirataria na internet, crime organizado e lavagem de dinheiro.

Confira fatos curiosos sobre o site de compartilhamento Megaupload e seu (excêntrico) fundador

Foto 45 de 46 - Kim Dotcom saiu da prisão na noite de 21 de fevereiro (horário de Brasília), um mês após sua prisão, pagando fiança -- o valor não foi divulgado. Ele tem diversas proibições em sua liberdade condicional, principalmente para que não fuja enquanto aguarda o julgamento, que deve ser realizado em seis meses. Dotcom não pode ter helicóptero, não viajar a locais mais distantes que 80 km de sua casa na Nova Zel

As dez horas de hoje senado cassará Demóstenes.


População poderá acompanhar processo contra Demóstenes

População poderá acompanhar processo contra Demóstenes Foto: Andre Correa/Divulgação

HAVERÁ DISTRIBUIÇÃO DE SENHAS PARA A SESSÃO EM QUE SERÁ VOTADO O PEDIDO DE CASSAÇÃO DO MANDATO DO SENADOR, PREVISTA PARA AS 10H DESTA QUARTA-FEIRA

11 de Julho de 2012 às 07:18
Agência Brasil – A sessão em que será votado o pedido de cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) está marcada para as 10h de hoje (11), no plenário do Senado. Em decisão tomada ontem (10) pelos líderes dos partidos na Casa, todos os senadores poderão falar.
As galerias do plenário do Senado estarão abertas para a população e haverá distribuição de senhas, que serão partilhadas entre os partidos políticos com representação na Casa.
O primeiro orador será o relator do processo no Conselho de Ética do Senado, Humberto Costa (PT-PE), que fará a leitura do parecer aprovado pelo colegiado. Depois dele, vai falar Pedro Taques (PDT-MA), que relatou a matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Os dois pareceres foram aprovados por unanimidade no conselho e na CCJ. Tanto Costa quanto Taques terão 20 minutos para leitura do relatório, tempo que poderá ser prorrogado por mais dez minutos.
Em seguida, começa a discussão do processo e a palavra será dada aos líderes de bancada, de partido político ou a qualquer senador que deseje se manifestar pelo tempo máximo de dez minutos. Após essa fase de discussão, falará por 20 minutos, prorrogáveis por mais dez, o senador Randolfe Rodrigues (AP), líder do PSOL, partido que apresentou a denúncia contra Demóstenes por quebra de decoro parlamentar ao Conselho de Ética.
Então, Demóstenes terá oportunidade de se defender, com direito ao mesmo tempo reservado a Randolfe Rodrigues. O senador poderá ser representado pelo seu advogado, mas, se ambos decidirem usar a palavra, o tempo será duplicado, 20 minutos para cada, também prorrogáveis por mais dez minutos.
Só depois da fala dos dois, é que terá início o processo de votação secreta.
O processo que pede a cassação do mandato de Demóstenes teve início após a divulgação de denúncias sobre as estreitas relações do senador com o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro sob a acusação de liderar uma rede criminosa de jogos ilegais e corrupção. Demóstenes, flagrado em várias gravações feitas pela pela Polícia Federal em conversas com Cachoeira, é acusado de ter colocado seu mandato a serviço do empresário.
Até hoje, o único senador cassado pelo Senado foi Luiz Estevão, do Distrito Federal, em 2000. Ele foi acusado de envolvimento no desvio de verbas públicas na construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.
Em 2007, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) chegou a ser julgado, mas foi absolvido.

Demóstenes foi aquilo que Veja quis que fosse



Demóstenes foi aquilo que Veja quis que fosseFoto: Edição/247

O SENADOR GOIANO NÃO SE TRANSFORMOU EM “MOSQUETEIRO DA ÉTICA” POR VOCAÇÃO; ELE EXERCEU O PAPEL PORQUE ISSO INTERESSAVA A DETERMINADA IMPRENSA, QUE SE LEVANTOU CONTRA UM PROJETO POLÍTICO, COM UM DISCURSO HIPÓCRITA E DE VIÉS NEOUDENISTA, CONSTRUÍDO EM TORNO DO FALSO MORALISMO

11 de Julho de 2012 às 07:36
247 – Chegou o grande dia. O senador Demóstenes Torres (sem partido/GO) será finalmente cassado nesta quarta-feira. Com sua queda, cairá também a hipocrisia da sociedade brasileira que, nos últimos anos, foi alimentada por um discurso político e ideológico, de linhagem udenista, construído por falsos moralistas – no Congresso, e fora dele.
Neste jogo, papel de destaque deve ser atribuído à revista Veja. De certa maneira, foi a publicação da Editora Abril que moldou o comportamento do senador goiano. Demóstenes não se transformou em “mosqueteiro da ética” por vocação. Apenas exerceu esse papel porque, rapidamente, percebeu que era o que lhe rendia mais citações nas páginas da revista e alguns segundos no Jornal Nacional.
Ex-secretário de Segurança de Goiás, ele poderia ter sido um “xerifão”, por exemplo, na linha do “bandido bom é bandido morto”. Vestiu um papel mais civilizado, porque havia uma avenida aberta.
Em julho de 2007, quando Veja movia uma campanha contra o senador Renan Calheiros – não por razões éticas, mas porque o político alagoano liderava a ala do PMDB que se aliaria ao PT, e não ao PSDB nas eleições seguintes –, a revista elegeu os “mosqueteiros da ética”. E, claro, Demóstenes estava lá.
“O outro (mosqueteiro da ética) é o incansável senador Demostenes Torres, do DEM de Goiás. No Conselho de, digamos assim, Ética do Senado, ele é uma das únicas vozes a exigir investigações sérias e denunciar as manobras para absolver sem apurar. Demostenes Torres entende o que muitos senadores fazem questão de não ver: o Senado está se desmoralizando numa velocidade avassaladora. A esperança que resta é que esse pequeno conselho de mosqueteiros da ética consiga derrotar as malandragens do grande Conselho de, digamos assim, Ética do Senado”, dizia o texto da revista.
Chega a ser risível, portanto, ver Demóstenes protestar diante de um plenário vazio contra os julgamentos sumários da mídia. Ora, justamente ele que era sempre o primeiro a se apresentar ao batalhão de fuzilamento?
Mais recentemente, Demóstenes concedeu entrevista de páginas amarelas à revista Veja. Posou vestindo a roupa que lhe foi costurada pela Abril e disse: “Só nos sobrou o Supremo”. Segundo ele, até mesmo o Senado havia passado a reagir bovinamente diante dos escândalos sucessivos de corrupção (denunciados, é claro, por Veja). “Antes do mensalão, ainda havia certo pudor dos parlamentares em abrir investigações, quebrar sigilos e dar uma satisfação ao eleitor”, disse o (ainda) senador goiano.
Pois, se é assim, nesta quarta-feira, o Senado se reconciliará com a opinião pública cassando o Senador Cachoeira.