quarta-feira, 17 de outubro de 2012

KKKKKK. Me engana que eu gosto! Ayres Britto diz que julgamento do mensalão é "rigorosamente jurídico"

Camila Campanerut*
Do UOL, em Brasília


O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Ayres Britto, disse que o julgamento do mensalão está sendo "rigorosamente jurídico". A afirmação foi feita durante a sessão desta quarta-feira (17) do julgamento, no Supremo, em Brasília, quando Britto apresentava seu voto sobre os réus acusados de lavagem de dinheiro.

Clique na imagem e veja como cada ministro já votou no mensalão

  • Arte UOL
“O que estamos fazendo aqui é um julgamento rigorosamente jurídico. Agora, tem consequências políticas porque é o sistema jurídico que estamos aplicando que excomunga um certo modo de fazer alianças politicas à base de propina”, afirmou o presidente da Corte.

Setores ligados ao PT (Partido dos Trabalhadores) chegaram a afirmar, inclusive em nota, que o julgamento do mensalão tem conotação política por ocorrer durante as eleições municipais. Outro argumento é que casos de corrupção relacionados a outros partidos, como o mensalão mineiro, com suposto envolvimento do PSDB, ainda não foram julgados pela Corte.

José Genoino, ex-presidente do PT e condenado no julgamento, afirmou que julgamento acontece em meio a uma "sistemática campanha de ódio contra o meu partido" e em meio às eleições municipais.

O presidente condenou os ex-deputados federais Paulo Rocha (PT-PA) e João Magno (PT-MG) e o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto (ex-PL). Agora, cinco ministros votaram pela condenação dos três e outros cinco pela absolvição. Com isso, a decisão se eles serão condenados ou absolvidos só será decidida ao final do julgamento.

"Junto meu voto por escrito detalhando o comportamento de cada um dos réus e proclamo que, na sessão de hoje à tarde, os votos restantes convergiram no sentido da condenação de Paulo Rocha, João Magno e Anderson Adauto pelo crime de lavagem de dinheiro", disse. "O dolo, para mim, é direto. Os fatos estão com as vísceras expostas", acrescetou Britto.

O magistrado votou pela absolvição de Anita Leocádia, apontada como intermediária dos saques feitos a mando de Paulo Rocha, José Luiz Alves, gabinete de Anderson Adauto, e do ex-deputado federal Professor Luizinho (PT-SP), que já haviam sido absolvidos pela maioria da Corte.

Empate

Joaquim Barbosa, relator do processo, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Ayres Britto votaram pela condenação de Paulo Rocha, João Magno e Adauto, enquanto Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Dias Toffoli os absolveram.

Este é o segundo empate no julgamento do mensalão, o STF também se dividiu quanto à condenação do ex-deputado do PMDB-PR José Borba também por lavagem de dinheiro.

O advogado criminalista Alexandre Daiuto Leão Noal, que acompanha o julgamento na redação do UOL, explica que em caso de empate no julgamento, os ministros tem de decidir se irá prevalecer o voto do presidente da Corte, ministro Ayres Brito, como voto de minerva, ou se o empate beneficiará os réus, pelo princípio do "in dubio pro reo", segundo qual a dúvida deve ser interpretada a favor do acusado.

Entendimentos

Para Barbosa, Adauto recebeu por meio de assessores propina do publicitário Marcos Valério (apontado como o operador do mensalão) e também intermediou repasses de recursos para o PTB. A defesa do réu admite que Adauto recebeu dinheiro do PT, mas argumenta que seria para saldar dívidas de campanha, sem saber que o dinheiro tinha origem ilícita.

“As empresas de publicidade existem para prestar serviços a terceiros e ser remunerados. Aqui acontecia o contrário: as empresas é que abasteciam e que pagavam”, afirmou o ministro Ayres Britto sobre as empresas de publicidade de Marcos Valério denunciadas no processo.

Celso de Mello concorda com a condenação: "a fim de não deixar qualquer rastro de sua participação, os reais beneficiários adicionavam mais uma etapa a esse mecanismo de lavagem de dinheiro. E com esse esquema os reais beneficiários eram ocultados".

Um dos saques feitos para Adauto foi no valor de R$ 650 mil, montante que o Banco Rural precisou entregar a ex-funcionária de Valério na agência SMP&B Simone Vasconcelos por meio de um carro-forte.


A PGR (Procuradoria Geral da República) acusa os seis réus, juntos, de receberam R$ 2,3 milhões do valerioduto. Adauto teria recebido R$ 1 milhão, sob intermédio de José Luiz Alves; Rocha, R$ 920 mil, com ajuda de Leocádia; Moura teria recebido R$ 350 mil; e Luizinho, R$ 20 mil, por meio de um intermediário que não foi denunciado.

Em sua defesa, Paulo Rocha afirmou que o dinheiro foi repassado para pagamento de dívidas de campanha, não tendo havido, portanto, sua ocultação.

O julgamento do mensalão em frases - parte 2


Foto 46 de 58 - 11.out.2012 - "Não podemos condenar com base em suposições e deduções. Só podemos condenar com base em provas", disse o ministro Dias Toffoli ao absolver seis réus do crime de lavagem de dinheiro Mais Carlos Humberto / STF

Última fatia


Em seguida, a Corte deve iniciar o julgamento de formação de quadrilha por 13 réus, a última fatia antes da dosimetria, definição das penas.



De acordo com a PGR, as provas obtidas durante o inquérito demonstram que houve uma associação entre os réus, incluindo parlamentares, dirigentes de bancos e intermediários ligados ao publicitário Marcos Valério, que constituiu o que chamou de “sofisticada organização criminosa dividida em áreas de atuação.”

 Procuradoria aponta ainda que o núcleo principal da organização, composto pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu; o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente da legenda José Genoino, negociou apoio político em troca de pagamentos a partidos políticos, que ficou conhecido como mensalão.

Os pagamentos, no entanto, foram realizados com a intermediação do publicitário Marcos Valério e seus ex-sócios Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, Rogério Tolentino e suas ex-funcionárias Simone Vasconcelos e Geiza Dias – chamados de núcleo publicitário pela PGR.




O núcleo publicitário contou com a ajuda de dirigentes do Banco Rural – José Roberto Salgado, Kátia Rabello, Ayanna Tenório e Vinicius Samarane – que ingressou na organização criminosa “com aporte de recursos milionários, mediante empréstimos simulados, além de montar uma estrutura sofisticada de lavagem de capitais para o repasse dos valores pagos aos destinatários finais.”




Ao final deste item, os ministros discutirão a chamada dosimetria, a definição sobre as punições aos réus condenados.

Inversão de item

 

Na sessão de segunda-feira (15), o ministro relator Joaquim Barbosa começou o julgamento do item 8 em vez de terminar a votação do item 7 porque o ministro Gilmar Mendes não estava presente. Assim, Duda Mendonça e sua ex-sócia foram absolvidos das acusações de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
No início da sessão desta quarta, Mendes alterou seu voto, condenando ambos por evasão de divisas e foi seguido por Barbosa. Entretanto, as mudanças não mudaram o resultado pela absolvição por 7 votos a 3. 
*Colaboraram Guilherme Balza e Janaina Garcia, em São Paulo.

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2012/10/17/ayres-britto-diz-que-julgamento-do-mensalao-e-rigorosamente-juridico.htm

'O PSDB está acabando, o DEM acabou', diz ator José de Abreu






Da Folha

ALBERTO PEREIRA JR.
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

José de Abreu, 66, acompanha com a mesma intensidade o desfecho de "Avenida Brasil" e a conclusão do julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal).

No caso do folhetim da Globo, que termina na sexta-feira, a morte de seu personagem, Nilo, que começaria a ser exibida no capítulo de terça (16), não o elimina da lista de suspeitos do assassinato de Max (Marcello Novaes), seu próprio filho.

Em conversa com a Folha, o ator fala da novela e de política. Confira a íntegra da entrevista abaixo:

"AVENIDA BRASIL"

"O fim de de um trabalho dá uma certa dor, porque você sabe que não consegue manter a amizade e o contato com essa família que se forma. Foi um privilégio trabalhar com a Vera Holtz. Que mulher! Que atriz!. A Adriana Esteves também, o Juca de Oliveira, a Débora Falabella, que está indo gravar doentinha, que vontade de pegar no colo."

"Ator é um ser privilegiado. Em cada personagem, a gente encarna de novo. Como se fosse uma nova vida. E a impressão que a gente tem é que isso nos faz ficar melhor, entender o outro melhor. O Nilo, por exemplo, me faz entender um mundo que eu nunca vivi, que eu nunca tive. Costumo brincar que o bom de fazer vilão é que não precisarei fazer maldade na vida real [risos]."

"Costumo brincar que estou na Globo há 32 anos e os diretores sempre pediam menos, Zé, menos. Nesse personagem eles disseram para eu fazer mais, que eles iam atrás. Fizemos algo incrível nessa novela, um lixão bonito e lúdico. A casa do Tufão [Murilo Benício] como uma Torre de Babel, onde todos falavam ao mesmo tempo. O João Emanuel Carneiro foi buscar inspiração em Charles Dickens [1812-1870]. Viajei a Londres, durante um intervalo na novela, com minha mulher e meu filho, para pedir a bênção ao escritor na casa que foi dele. Fiz um um Nilo meio inspirado naquele judeu Fagin, do livro 'Oliver Twist'. Uma obra de arte quando dá certo, o Boni[ex-diretor da Globo] falava de química, quando a soma dos componentes funciona e dá a química é impressionante. Acho que deu certo."

"A risada. O hihihi do Nilo fui eu quem trouxe. Tinha a necessidade de mostrar o trabalho das maquiadores da Globo, que conseguiram deixar meu dente apodrecido para o personagem. Depois, o autor começou a colocar a risada no texto."

"Estou bastante feliz com o Nilo, é sem dúvida um dos meus melhores personagens e sabia que iria ouvir as piadinhas da direita. Até coloquei no meu perfil do Twitter 'piadinhas sobre o Nilo e o Zé de Abreu é muito fácil de fazer". Recentemente, um cara escreveu: 'revelada a verdadeira personalidade de Zé de Abreu: um lixão'". Eles me atacam demais. Eu me envolvo. Não é sempre que você está a fim de ser xingado."
*
"SALVE JORGE" (nova novela das nove da Globo)

"Certamente, se não estivesse em 'Avenida Brasil', eu participaria de 'Salve Jorge', da Gloria Perez, com quem trabalhei em 'Amazônia, de Galvez a Chico Mendes' [2007] e 'Caminho das Índias' [2009]. Essa novela será o contrário da atual. Deve vir muita dança, cor e alegria. Mas também o lado negro do tráfico de mulheres. Acho que tem que ser isso mesmo. A Globo investe nessas mudanças. Você vê a diferença de na novela das sete atual ['Guerra dos Sexos'], com a anterior. Não sou muito consumidor de novela, mas por acaso eu assisti 'Cheias de Charme' bastante, porque gostei muito."
*
O MENSALÃO E O PT

"Eu nunca conversei com o Zé [José Dirceu] a respeito das denúncias. Acho que o PT fez o que sempre se fez. É errado? Sim! Mas fez o que sempre se fez".

"Por que o PPS apoia o Serra em São Paulo e o Paes/Lula/Dilma no Rio? Qual o sentido disso? Roberto Freire [presidente do PPS] passa 24 horas por dia no Twitter metendo o pau no Lula, chamando de ladrão e de corrupto, e fecha com o Paes aqui, com um vice-candidato a prefeito do PT? É venda de espaço, venda de horário, venda da sigla. Vou ser processado. Já estou sendo processado pelo Gilmar Mendes [ministro do STF, por chamá-lo de corrupto no Twitter]]. Agora, talvez seja processado pelo Freire." --procurado pela reportagem, Roberto Freire declarou: "Esse ator tem uma ética política que orbitava ao redor do PCB [Partido Comunista Brasileiro]. Agora, ele não tem mais nada disso. Não merece meu respeito nem a minha resposta."

"O Supremo quer mudar a maneira de fazer política no Brasil. Ótimo, maravilha! Óbvio que tinha que começar com o PT. Então, agora para ser condenado no Brasil basta ser preto, puta, pobre e petista."
"O grande organizador da base foi o Zé Dirceu. Eu não tenho informação de cocheira para falar. Lendo a imprensa, deu para notar o seguinte. Antes do Lula ser eleito, houve uma reunião dele com o Zé Dirceu dizendo que ele não queria mais concorrer, né? E o Zé o convenceu com a ideia do José de Alencar [ex-vice-presidente] ser vice, de abrir um pouco mais o PT, de fazer coligação etc. Isso tudo foi o Dirceu quem fez não o Lula. Mas se for a história do domínio do fato, tem que prender o Fernando Henrique por comprar a eleição dele, porque tem provas. Agora se fala, eu sei que houve, mas não sei quem fez. O deputado Ronnie Von Santiago [que era do PFL-AC] falou eu ganhou R$ 200 mil para votar a favor da reeleição do Fernando Henrique. Ah, o FHC não sabia? Mas pelo domínio do fato, não saber é como saber. Então se pode enquadrar qualquer um, até o Lula, que sem dúvida nenhuma é o grande objetivo..."
"O PT está virando o Brasil de cabeça para baixo, está colocando uma mulher na presidência, um negro na presidência do STF, tirando 40 milhões da pobreza, fazendo um cara que sai do Bolsa Família, do ProUni, fazer mestrado em Harvard, ter os primeiros lugares do Enem."

"Como é que um operário sem dedo, semianalfabeto faz isso que nunca fizeram? O nosso querido Fernando Henrique Cardoso, que era a minha literatura de axila na faculdade, que era meu ídolo. Não o Lula. O Lula era da minha geração, o FHC de uma anterior. Fernando Henrique, Florestan Fernandes eram os caras que queria mudar o Brasil. Aí o Fernando Henrique tem a oportunidade e não faz? Vai para a direita? É uma coisa louca. O que aconteceu? O PT e o PSDB nasceram da mesma vértebra. Era para ser um partido só. O que acontece é que chegam ao poder e vendem a alma ao diabo. Fica igual ao que foi feito nos 500 anos. O PT teve o peito de tentar romper, rompeu e está pagando por isso."

"Eu votei no Fernando Henrique na primeira vez [na eleição de 1993]. Achava que ele era melhor do que o Lula naquela oportunidade. E foi mesmo. O Lula foi melhor depois."
*
JOSÉ DIRCEU E A DITADURA

"Conheci o Dirceu quando entrei na faculdade [no curso de direito da PUC-SP], na década de 1960. Eu entrei na faculdade já no pau, tem uma piadinha que eu faço, que quem não era de esquerda não comia ninguém. Porque ser de direita naquela época era ou ser extremamente mau-caráter ou alienado. Alienado era bobão, não sabia nem que existia a ditadura. Eu fui um dos representantes da faculdade na UNE [União Nacional dos Estudantes]. Foi nessa época que eu fiquei mais próximo do Dirceu."

"Não fui torturado durante a ditadura. Fui preso junto com o Zé Dirceu em Ibiúna, no congresso da UNE,e m 1968. Eu fiquei preso uns dois meses, levei uns tapas na cabeça, quando ia para o Dops [Departamento de Ordem Política e Social] prestar depoimento."

"A coisa ficou pesada depois do AI-5 [ato institucional que restringiu mais as liberdades civis], eu fui solto dois dias antes, foi a maior sorte. No dia 13 de dezembro, fui na faculdade, no Tuca e o porteiro disse que a polícia tinha ido atrás de mim, de armas. Nunca peguei em armas, fui embora para o Rio, e fiquei prestando apoio logístico para uma organização de esquerda. A única ação que eu fiquei sabendo depois e eu participei foi transportar o dinheiro tirado de um cofre do governador Adhemar de Barros [1901-1969]."
"O meu contato com a organização era um concunhado que foi preso junto com a Dilma, na rua da Consolação. Só tinha duas atitudes, ou entrar na luta armada ou deixar a organização. Minha companheira estava grávida do meu primeiro filho. Conversamos. Eu nunca pensei que poderíamos derrotar as forças armadas. Éramos 500 mil, 600 mil estudantes, tinha operário e militar, mas a grande maioria era estudante classe média."

"Foi quando eu fui para a Europa, em 1972, para Londres, Amsterdã. Virei místico, fui estudar hinduísmo, filosofia oriental. Fiz ioga, meditação, macrobiótica, fui vegetariano, meditava quatro vezes por dia, vivia numa ilha grega, comendo frugal. Lá tomei ácidos. Muitos com orientação, para fazer pesquisa. Tinha um livro que ensinava. Tinha uma pessoa que brincava com o incenso. O contato foi maravilhoso. Era algo cósmico. No Brasil, enquanto a gente estava gritando paz no Vietnã, nos EUA eles gritavam 'make love' [faça amor]. Era a mesma coisa, mas um tinha um lado hippie, lisérgico. A minha geração, alguns amigos ficaram na esquerda, outros fizeram a revolução já hippie. Eu tive o privilégio de fazer parte dos dois lados."
"Quando voltei ao Brasil anos depois, fui dar aulas em Pelotas, me desliguei dessa parte política e me foquei na arte. Me meti na profissão, fui ter filho e cuidar deles como o John Lennon fez. Limpando a bunda, acordando de madrugada para dar de mamar. Sendo um pai e mãe. Dividindo igualmente tudo e foi lindo.Depois fui para Porto Alegre, comecei a produzir música, levei Gilberto Gil, Rita Lee, Novos Baianos. Montei uma peça do Chico Buarque, 'Saltimbancos'. Acabei fazendo um filme muito louco, 'A Intrusa', ganhei um prêmio em Gramado e a Globo estava lá e me chamou."
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INTERNET

"Na segunda eleição do Lula, eu tinha um blog e fui muito atacado. Eu estava no Acre, fazendo a minissérie 'Amazônia'. Aquela eleição já foi muito radicalizada. Eu sou viciado em internet há muito tempo. Fui um dos primeiros atores a ter uma senha do Ministérios da Comunicação. Em 1994, 1995, já usava internet num provedor que o Betinho [Hebert de Souza] tinha por causa do Ibase [Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas]. Eu, o Paulo Betti, o Pedro Paulo Rangel fomos os primeiros atores a usar internet. Eu fiz muito ator comprar computador e ter internet. O mais comum era ouvir 'não gosto de internet'. Mas no futuro ia ser algo como não gostar de telefone, de liquidificador. O José Mayer me apelidou de Zé Windows."

"Sou geminiano, gosto de comunicação e cai no Twitter com a história da campanha da Dilma, que foi a primeira campanha em que as redes sociais foram muito usadas."
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DILMA ROUSSEFF

"Não tive contato com a Dilma durante a ditadura. A gente era da mesma organização [VAR-Palmares]. Só se for fazer muita ilação. Não vou dar uma de Joaquim Barbosa..."

"Lula é Dilma e Dilma é Lula. Isso é um mantra, a cumplicidade dos dois é total. Quando o Lula começou com essa história de ter Dilma como candidato, todo mundo assustou. O pessoal do PT mesmo, o Lula pirou, como faz? Nunca tinha acontecido isso, uma pessoa que não tinha ganhado nenhuma eleição ser candidata a presidente."
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MINISTÉRIO DA CULTURA E A POLÍTICAS DE COTAS

"Eu não sei o que foi aquilo [Ana de Hollanda]. Um dia a gente ainda vai saber o que aconteceu. Depois ferrou, a Dilma é teimosa, não ia tirá-la na pressão. Ela esperou acabar tudo para trocar o ministério. A Ana é esquisita, uma pessoa difícil. Eu fui falar com ela uma vez, foi muito difícil. Quando entrou, batia de frente com o PT inteiro, com os deputados todos que cuidavam da cultura. Achei uma desfaçatez com o ministério da Cultura."

"Agora precisa um levantamento para saber o deve ser feito. Mas a chegada da Marta [Suplicy] foi muito boa."

"Sou a favorzaço de cota em tudo. Nós temos uma dívida. Há quantos anos um negro não podia entrar na faculdade? Podia pela lei, mas não entrava. Não tinha oportunidade igual. Na minha classe, tinha um negro em 50 alunos. Os ricos têm a impressão de que vão roubar deles. Mas o Lula conseguiu mostrar que dá para dividir e eles ganharam mais dinheiro ainda porque entrou muita gente no mercado para comprar coisas. Por mais que a Dilma dê porrada nas montadoras, elas estão amando a presidente."

"Foi uma surpresa [cota para negros em edital do MinC], eu não li o projeto, mas a rigor, eu acho que o Brasil tem um débito muito grande e se for contar a escravatura, o débito não se paga nunca."

"Não esperava que o Brasil fosse dar esse salto de assumir que é racista, de o governo assumir que existe racismo, de que existem problemas sérios, de que o brasileiro não é cordial com os seus. O brasileiro sabe explorar seus empregados. Hoje em dia, ter empregada doméstica está cada vez mais difícil. É claro! Quem quer lavar a cueca de um marido que não seja seu. É degradante."
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FUTURO DO PT E PRESIDÊNCIA EM 2014 e 2018

"Vou chutar aqui. Se o Eduardo Paes [prefeito do Rio] fizer um puta governo, agora com a Olimpíada, com a Copa, vai ganhar uma visibilidade absurda, pode enlouquecer e querer ser presidente pelo PMDB, sem ter sido governador. Obviamente, o Eduardo Campos [governador de Pernambuco, pelo PSB] é uma coisa natural, neto do Miguel Arraes."

"O PSDB está acabando, o DEM acabou, o partido do Kassab [PSD] conseguiu algumas coisas, mas ele tomou o partido e agora está perdendo força. Kassab quis ser o Lula. Se o Haddad fizer um bom governo, se for eleito prefeito e ficar quatro, depois mais quatro pode ser um candidato em 2018. Daqui a seis anos o Lula ainda tem idade para tentar a presidência, mas se eu fosse ele, ia ser governador de São Paulo, só para acabar com a brincadeira [do PSDB]. Aí ficava Lula, Dilma e Haddad. São Paulo ia ser capital do mundo."
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PUBLICIDADE

"Os publicitários acham que o público não sabe diferenciar ficção e vida real, mas ele sabe. Talvez tenha acontecido com a Odete Roitman [Beatriz Segall, em 'Vale Tudo (1989)], agressões e tal, mas é um negócio tão antigo. Nunca apanhei de telespectador. Os caras falam 'oh, cuidado com a Nina, para de fazer maldades com as crianças'. Mas não tem essa de xingarem. Sabem que não sou eu, é o Nilo."

"A Adriana Esteves não fez nenhum comercial. Ela é uma mulher que para o Brasil. Ela pode vender qualquer coisa, mas ninguém chama porque ela é vilã."

'O PSDB está acabando, o DEM acabou', diz ator José de Abreu

O obscuro quarto poder da imprensa

Do Observatório da Imprensa



Por José Cleves 

Há hoje em dia vários questionamentos sobre o verdadeiro papel da imprensa brasileira na vida política e social do país. Alguns jornalistas renomados a têm como o Quarto Poder. Outros, como o decano Alberto Dines, o mais crítico dos críticos da imprensa brasileira, acham que não. “Pode ser o quinto ou o sexto poder, mas nunca o quarto”, disse o criador do Observatório da Imprensa, numa entrevista que li tempos atrás aqui mesmo neste site. Dines justificou o seu posicionamento comparando a imprensa norte-americana com a nossa e dizendo que nos EUA a imprensa se posiciona nos editoriais e aqui, no noticiário, de forma a reproduzir fatos tendenciosos e inconvincentes.

A mistura de opinião com notícia faz deste alho com bugalho algo tão primitivo que nos faz refletir sobre esse atraso da nossa imprensa a caminho do terceiro milênio. Penso que a primeira coisa que o dono de um veículo de comunicação tem que fazer para dar credibilidade à sua empresa é separar a opinião, que é dele, do noticiário, que não tem dono. Somente assim, o veículo será objetivo e imparcial, ainda que o seu corpo editorial se declare partidário. A redação deve ser comparável a uma figura geométrica de vários lados, inclusive o do patrão, mas apenas um merece a preferência – o do interesse público.

O polêmico Augusto Nunes, editor da autobiografia de Samuel Wainer Minha Razão de Viver (o mesmo que em certa ocasião disse que não é função de jornalista investigar, embora seja ele um jornalista investigativo da melhor qualidade), tem a mesma opinião. Nunes tira o poder da imprensa brasileira dando como exemplo o fracasso dos veículos de comunicação em três episódios históricos: a volta de Getúlio Vargas ao poder, em 1951; a eleição de Leonel Brizola para o governo do Rio (1982) e de Lula para presidente (2002), todos eles eleitos a contragosto da grande imprensa. “Se ela (a imprensa) tivesse todo esse poder, nenhum desses políticos seria eleito”, espetou Nunes em uma de suas observações sobre o assunto.

Programas sociais

Outros jornalistas afirmam que a imprensa fracassou também no Estado Novo de Getúlio (1937-1945) e na consolidação da ditadura pelo governo militar, em 1968 (quatro anos após o golpe militar que durou até 1985), com a edição do AI-5 (1969-1979), e em tantos outros episódios históricos e antidemocráticos, pelo simples fatos de não conseguir mobilizar a opinião pública. E diante do fracasso iminente, uma parte bandeou para o lado mais forte – o do poder político. Ou seja, para os céticos, se os veículos de comunicação de massa fossem realmente o Quarto Poder, eles conduziriam o país conforme o seu desejo porque teriam força suficiente para isso.

Vejo essa polêmica traçando o oposto da imprensa ideal, aquela que age com subjetividade e parcialidade a serviço de grupos políticos e não do interesse público. Quando a imprensa deixa de prestar contas à opinião pública para atender outros interesses, ela perde força e credibilidade. A volta de Getúlio ao poder, em 1951, por exemplo, contrariava os barões do café (que mandavam na imprensa da época) devido ao trabalhismo getulista que, na opinião destes, trocava agricultores por operários. Já nas eleições de Brizola e Lula, os banqueiros, também donos da imprensa contemporânea, se diziam preocupados com a elevação do “risco Brasil” caso a esquerda tomasse o poder. Injetaram dinheiro nos donos da opinião pública, mas não puderam valer a sua vontade por total falta de credibilidade da imprensa bandida.

A verdade é que Getúlio venceu nas urnas em 1950 por causa do que ele fez para o trabalhador, como a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), e até hoje é lembrado por esse legado. Algo tão relevante nos seus 18 anos de poder (1930-1945 e 1951-1954) que pouco importa a muitos historiadores e formadores de opinião a sua veia de ditador implacável. Já o então “perigoso” Lula derrotou a elite em 2002 por causa das medidas impopulares de Fernando Henrique Cardoso, como a venda da Vale, por exemplo. E deixou o governo, após dois mandatos, com uma aceitação recorde por causa de seus programas sociais. Brizola somente não fez tanto sucesso por conta da campanha difamatória movida contra o seu governo, principalmente pela Rede Globo.

Chateaubriand sempre usufruiu do poder

Quanto ao AI-5, este foi editado e vigorado pela linha dura do Exército em pleno regime de exceção. A sua instalação fugiu ao controle da imprensa e ainda ficou barato, porque o texto original redigido pelo ministro da justiça, Gama e Silva, era bem pior. O documento sugeria o fechamento do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), o Congresso, os poderes legislativos estaduais e municipais e deporia até os prefeitos de todas as cidades brasileiras. Seria a ditadura nazifascista mais cruel da América Latina. Até o truculento presidente Costa e Silva (1967-1969) se opôs a essa “dose cavalar”, assinando algo, digamos, menos letal, na palavra de seu ex-chefe da Casa Civil, Rondon Pacheco.

A verdade é que a imprensa pode muito e não pode nada ao mesmo tempo porque é movida pelo dinheiro. Quando colocamos em confronto o capital e o trabalho, a grande imprensa fica com a primeira opção e o povo com a segunda. Será sempre assim. O trabalhador é a parte menos favorecida nas decisões políticas e isso está provado pela história recente do Brasil, a partir da revolução de 1930, quando da revolta dos cafeicultores de São Paulo e a guerra travada entre Getúlio e Carlos Lacerda, batalha essa que se acirrou com a criação do jornal Última Hora, uma doação de Getúlio a Samuel Wainer, seu amigo, fato esse que Lacerda, concorrente direto da Wainer, não aceitou.

Essa briga acabou com o suicídio de Getúlio, que deu um passo para a eternidade e outro para a história, como ele escreveu na sua carta-testamento, mas as divergências continuaram em outros patamares. Assis Chateaubriand (1892-1968), por exemplo, que comandava o maior império jornalístico do país em meados do século passado, sempre usufruiu do poder. Apoiou as coisas erradas e certas de Getúlio, enquanto isso lhe interessou. O jornal Estado de Minas, do Grupo Associados – o chamado “grande jornal dos mineiros”, um dos poucos remanescentes do império de Chatô – sempre esteve com o governo onde o governo estiver porque herdou essa vocação do pai dos associados.

Um Quarto Poder conveniente

O único entrevero que o jornal teve com o governo do estado foi durante o mandato de Newton Cardoso (1987-1991) e a razão disso todos sabem. Newtão vetou a derrama de verbas publicitárias para o jornal que, em represália, partiu para cima do governador que sofreu uma das maiores perseguições feitas a um político neste país. Justas ou injustas, as denúncias foram motivadas pelo vil metal. Aliás, o rei da retórica política brasileira, Carlos Lacerda (1914-1978), ex-governador do antigo estado da Guanabara, sublinhou assim um comportamento nada ético do então famoso Jornal do Brasil, sobre a relação do diário com o então governador Negrão de Lima, que governou o mesmo estado de 1965 a 1970, em pleno regime militar. “OJornal do Brasil pediu intervenção no Rio alegando que o governo de Negrão de Lima não prestava; 24h após restabelecer o recebimento da verba publicitária para o jornal, o governador passou a ser coberto de elogios pela mesma emissora; essa é a incoerência da imprensa nacional”, criticou Lacerda à ocasião, em entrevista à extinta TV Tupi, da Rede de Emissoras Associadas de Chateaubriand.

Dentro desse quadro de interesses, podemos dizer que a imprensa é um Quarto Poder conveniente. Quando o dono não interfere na redação – e essa é competente – empareda os poderes constituídos, mas quando age por interesses obscuros no noticiário, é inconveniente e nefasta para o interesse público e generoso com o poder dominante. Atualmente, podemos afirmar, com absoluta certeza, que a imprensa convencional já não tem o mesmo poder de antigamente. Perdeu no mínimo uma posição para a internet, onde o povo é quem forma a sua própria opinião. Ao invés do controle remoto da televisão ou do seletor do rádio e/ou do papel da mídia imprensa, essa nova geração de editores-leitores usa o teclado do computador para opinar, apagar ou salvar opiniões e fatos, conforme a sua crença.

O obscuro quarto poder da imprensa