quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sem-teto ganha benefício para apoiar Serra em São Paulo

PAULO GAMA
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO




Uma associação que ajuda sem-teto a ter acesso a programas habitacionais da Prefeitura de São Paulo dá preferência a militantes que participam da campanha do candidato do PSDB, José Serra.

Os integrantes do Movimento dos Sem-Teto do Ipiranga (MSTI) que vão a eventos do tucano ganham pontos em um ranking interno que define quem será indicado pelo grupo a programas de moradia popular.
O MSTI atua para firmar convênios com a prefeitura para construção de moradias. O movimento busca terrenos para sugerir parcerias em regiões carentes da cidade. Quando a negociação dá certo, o grupo tem direito a indicar possíveis mutuários.

Os nomes são submetidos pelo grupo à prefeitura e avaliados segundo os critérios de cada programa, como renda e vulnerabilidade social.

Com 11 mil filiados, o MSTI usa os pontos para ordenar essa lista de indicações. O critério também é adotado por outros movimentos de moradia popular sob o argumento de que é a única forma de beneficiar quem atua em prol do grupo. Nesses casos, são pontuadas desde participações em reuniões internas a invasões e protestos.

Ontem, Serra teve a companhia de militantes do MSTI ao visitar um conjunto habitacional em Heliópolis, na zona sul da cidade. Eles usavam adesivos da campanha e empunhavam bandeiras com o nome de Serra.
Moradores relataram que os participantes receberam 300 pontos pela presença. A informação foi confirmada à Folha por uma funcionária do MSTI na sede do grupo.

O presidente do grupo, Maksuel José da Costa, no entanto, negou que a atividade fosse valer pontos.

AGRADECIMENTO
 
Após Costa ser entrevistado pela reportagem, sua funcionária mudou de versão e disse não saber se o evento de ontem seria pontuado.

Embora insista que não houve benefício aos militantes que acompanharam Serra ontem, Costa admitiu que o expediente já foi utilizado em outro ato da campanha do tucano.

Em setembro, Serra foi a um evento do grupo em uma quadra de escola de samba do Ipiranga, usada para reuniões do MSTI. Na ocasião, prometeu a construção de cinco mil moradias, caso eleito. Segundo Costa, os militantes que lotaram a quadra receberam 300 pontos cada um para participar do ato.
"[Ontem] Não foi pontuado porque era um ato de agradecimento ao Serra pelo que ele fez. Tomei o cuidado de não dar os pontos porque ele está na reta final da campanha e podem distorcer as coisas", disse Costa.

Questionado sobre por que utilizou outro critério no ato de setembro, disse que a direção do movimento considerou aquela reunião um ato organizado pelo grupo. "Hoje [ontem] a gente só foi acompanhar. Não teve reunião para organizar, não teve nada."

Diretora da Habi-Social, órgão da Secretaria Municipal de Habitação responsável pela negociação com os movimentos populares, Nancy Cavallete diz que, mesmo quando a prefeitura firma convênios com associações, a indicação de nomes dos movimentos não basta para garantir acesso aos programas.
"Os nomes da lista também tem de estar dentro dos critérios dos programas", afirmou. "Muitos são indicados e rejeitados."

Procurada, a campanha de Serra não respondeu.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/1171063-sem-teto-ganha-beneficio-para-apoiar-serra-em-sao-paulo.shtml

STF já tem provas para condenar, Azeredo, Clesio e Mares Guia



Novojornal teve acesso à declaração da tesoureira do "Mensalão do PSDB" confessando o crime. Ministro Joaquim Barbosa avisa: Agora é o PSDB

Sempre que questionado a respeito do “Mensalão Mineiro do PSDB”, o ministro Joaquim Barbosa informa apenas que ainda faltam algumas provas. Novojornal teve acesso ao inquérito nº 2280 que apurou os crimes praticados por Eduardo Azeredo, Walfrido dos Mares Guia e Clesio Andrade, denunciados pelo Procurador Geral da República, perante o Supremo Tribunal Federal.

“As provas são contundentes e inquestionáveis”, afirma um procurador da República de Minas Gerais, que acompanhou todas as investigações.

Concluindo afirmou:

“Ao contrário do que alegam alguns críticos do processo do Mensalão do PT, nestes autos existem provas documentais do crime de caixa dois e desvio de dinheiro público, praticados pelo candidato ao Governo de Minas pelo PSDB”.

Ao folhear os 50 volumes do inquérito verifica-se que o procurador tem razão.

Assusta a quantidade de provas colhidas no inquérito fundamentadas em documentos e perícias, confirmadas através de depoimentos dos envolvidos. O documento mais “guardado” encontra-se no volume distribuído posteriormente por dependência pelo então Procurado Geral da República, Antonio Fernando de Souza, contendo a declaração de próprio punho da tesoureira da campanha de Eduardo Azeredo, Vera Lucia Mourão de Carvalho Veloso, relatando como operou o esquema criminoso montado, acompanhado das prestações de contas.

O famoso manuscrito de Mares Guia descrevendo as fontes e destinação dos recursos arrecadados, que até agora havia sido divulgado apenas em parte, encontra-se na íntegra. Provas e documentos constantes neste volume do inquérito esclarecem o motivo do desinteresse da grande imprensa em não noticiar o “Mensalão Tucano”. Em diversos relatórios constam os jornalistas e os principais veículos nacionais e regionais que foram beneficiados com quantia milionária pelo esquema.

A documentação foi encaminhada pela Procuradoria da República de Minas Gerais ao Procurador Geral da República que a remeteu ao Ministro Joaquim Barbosa. Desde então, segundo fontes do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal vinha tentando ouvir Vera Mourão. Embora não confirmado pela mesma fonte, a versão existente é que a mesma teria sido ouvida e seu depoimento desmonta o PSDB mineiro e nacional.

Não por outro motivo que o atual deputado federal Eduardo Azeredo tem mandado recado pela imprensa para alta direção do PSDB, avisando que o esquema montado por ele de arrecadação e operação através do caixa dois apurada no inquérito financiou além de sua campanha a de outros figurões do PSDB, dentre eles a de Fernando Henrique Cardoso a presidência da República em 1998.

A mesma fonte do Supremo informa que ao contrário do que vem sendo divulgado, até o final do ano o Ministro Joaquim Barbosa apresentará seu parecer, tomando em relação ao “Mensalão do PSDB” a mesma linha adotada no julgamento do Mensalão do PT.

Documentos que fundamentam a matéria, constantes do inquérito  2280 que apura o Mensalão Mineiro do PSDB, que tramita no Supremo Tribunal Federal- STF, contendo a declaração de Vera Mourão, sua prestação de contas e a íntegra do planejamento financeiro feito por Walrido dos Mares Guia

Serra faz 'juízo equivocado' sobre preparo, diz Haddad

Petista responde às críticas de tucano de que não estaria pronto para assumir a Prefeitura




Daiene Cardoso, da Agência Estado 

SÃO PAULO - O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, reagiu nesta quinta-feira, 18, às críticas da campanha do candidato tucano José Serra que ressaltam a "inexperiência" do petista como administrador e o "despreparo" para assumir a administração municipal.

 

 
Haddad em visita à AACD, acompanhado do superintendente da instituição, João Octaviano Machado Neto 
 
"O Serra acha que o (Gilberto) Kassab (atual prefeito, do PSD) está preparado para ser prefeito. Então, nós temos uma divergência a respeito do assunto. Ele acha que o Kassab está preparado e eu acho que ele não está", disse. "O juízo que ele faz, uma vez que ele acha que a administração atual vai bem e 80% (dos paulistanos) acham que não vai, é um juízo equivocado sobre esse tema sobre quem está ou não preparado", emendou.

Em visita às instalações da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), na zona sul da capital paulista, Haddad também disse que seu antigo secretário executivo no Ministério da Educação (MEC), José Henrique Paim Fernandes, foi inocentado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) após suspeitas de irregularidades em convênio firmado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) quando presidia o órgão.

Embora ressalte que a questão "está superada", Fernandes ainda responde a ação civil pública na Justiça Federal por improbidade. "Ele já foi inocentado, unanimemente, pelo Tribunal de Contas", afirmou. "Olha, um Henrique Paim vale por uma dúzia de Alexandre Schneider", disse, referindo-se ao candidato a vice-prefeito na chapa de Serra.

Ironizando o tom crítico do tucano na campanha, Haddad afirmou que não vê desespero no adversário, que está em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto. "Acho que não, quem está desesperada é a população há oito anos", disse. Durante a visita, o petista ressaltou que pretende manter as parcerias com as organizações sociais (OSs) na área de saúde, mas que atender à recomendação do Tribunal de Contas do Município (TCM) para melhorar a transparência no controle de gastos destas entidades. "Isso é uma recomendação do Tribunal de Contas que não vou me furtar a fazer", afirmou. Apesar de ser favorável às parcerias, ele admitiu que, num primeiro momento, não pretende ampliar os contratos se for eleito.

Haddad voltou a criticar o oponente por, de acordo com ele, não ter um plano de governo com metas. Para o candidato do PT, o tucano não quer compromissos com a capital e, por isso, ele não se compromete "nem em permanecer no cargo". "Nem esse compromisso ele firmou na (rádio) CBN anteontem (nesta terça-feira, 16), se recusou a isso. Agora, ele saiu de uma linha de assinar qualquer coisa para não assinar nada. Antes, ele assinava qualquer documento que aparecesse pela frente, agora ele não assina nenhum, nem um plano de governo", provocou. "Isso é competência? Isso é esperteza, mas competência para governar a cidade não é", completou.

O candidato Serra e as 'pautas petistas' -



EUGÊNIO BUCCI

Na terça-feira o candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, José Serra, agastado com perguntas de dois jornalistas, acusou-os de defenderem "pautas petistas" e tentou desqualificá-los como profissionais. As ofensas mereceram destaque na primeira página do jornal Folha de S.Paulo de ontem. A "pauta petista", na opinião de Serra, é a comparação entre o famigerado "kit gay", preparado pelo Ministério da Educação (MEC) no ano passado, quando Fernando Haddad, hoje candidato a prefeito pelo PT, ainda era o titular dessa pasta, e uma cartilha distribuída às escolas pelo governo paulista em 2009, tempo em que Serra ainda morava no Palácio dos Bandeirantes.

O ex-governador de São Paulo repudiou a revelação feita na segunda-feira pela colunista Mônica Bergamo, da própria Folha, de que o kit do MEC e a cartilha paulista tinham conteúdos parecidos (é verdade que o material do MEC, depois de pronto, nunca foi distribuído, pois a presidente Dilma Rousseff, pressionada pelas reações ruidosas de congressistas católicos e evangélicos, mandou engavetá-lo). Serra entendeu que a analogia entre uma coisa e a outra constitui mau jornalismo, ou, nas palavras dele mesmo, "a Folha entrou numa roubada (...) e fez uma má reportagem".

O tucano atacou pessoalmente os dois profissionais em dois episódios diferentes. Na terça de manhã, ao ser indagado sobre o assunto pelo jornalista Kennedy Alencar, da rádio CBN, disparou: "Eu sei que você tem preferências políticas, mas modere, você não pode fazer campanha eleitoral aqui". Parecia falar em nome dos acionistas da CBN. Depois, à tarde, tentou humilhar uma repórter do UOL, portal do Grupo Folha, propondo que ela fosse "trabalhar com o Haddad". A repórter, como Kennedy Alencar, não tinha injuriado ou agravado o candidato. Ela simplesmente solicitara que ele esclarecesse sua posição sobre o debate da homofobia em escolas. Foi o que bastou para Serra subir o tom.

Como se viu, o "kit gay" desencadeia um tique nervoso no candidato tucano: bater boca com a imprensa. Na campanha que disputou para a Presidência da República, em 2010, por motivos outros, que nada tinham que ver com homofobia, o mesmo tique apareceu em mais de uma ocasião. Aqui e ali, Serra tratou repórteres com uma rispidez inadmissível para alguém que pleiteava nada menos que o emprego de presidente do Brasil.

Quando um governante - ou candidato a - dirige a um repórter insinuações ou acusações com o objetivo de macular sua dignidade profissional, estamos no pior dos mundos. Se exacerbada, essa conduta desestabiliza as instituições. Rafael Correa, presidente do Equador, levou às últimas consequências a política de fustigar jornalistas: ele os ataca nominalmente em discursos transmitidos em cadeia nacional de rádio e televisiva. A consequência é que hoje as condições da imprensa livre no Equador inspiram preocupações das mais sérias.

Serra não é Correa, evidentemente, mas agiu mal. Um candidato pode reprovar uma manchete, uma legenda, uma pergunta que lhe façam. Pode discordar. O que não pode é investir contra a pessoa do jornalista. Interrogações adversas fazem parte do clima eleitoral. Se ele agride um repórter acusando-o de não observar as regras da independência editorial (um cânone da nossa profissão) e de fazer proselitismo partidário disfarçado de noticiário, dá indícios de que talvez não esteja assim tão preparado para conviver serenamente com a pluralidade de opiniões.

Por certo, a conduta arrivista de José Serra nesta semana não constitui, em si mesma, uma ameaça à democracia. O problema, porém, não é o que essa impaciência toda destrói ou deixa de destruir, mas o que ela não constrói. Atitudes assim não ajudam a sustentar o ambiente democrático e de um candidato a prefeito de São Paulo não se exige apenas que não ameace a liberdade de imprensa, mas se exige dele que ajude a fortalecê-la. Candidato que se arvora a passar pito em repórter sai de sua função e não constrói nada de bom.

Nesse ponto, um gesto de desrespeito dirigido contra jornalistas pode ser lido, sim, como falta de zelo pela própria instituição da imprensa. Se o destempero de Serra não corrói a liberdade, ainda que fira a imagem de profissionais de imprensa, não constrói a convivência entre jornalistas, eleitores e autoridades.

Não é só isso. Um candidato que preza, mais que a instituição da imprensa, a autonomia e a dignidade do eleitorado tem o dever moral de responder a todas as perguntas que lhe fazem, venham elas dos veículos jornalísticos que ele aprecia ou venham diretamente dos partidos adversários. Do ponto de vista do eleitor, tanto faz. As dúvidas da sociedade, tenham a origem que tiverem, devem ser todas esclarecidas. Pense bem o leitor: o que seria do debate público se todos os candidatos petistas, quando indagados sobre o mensalão, dissessem simplesmente que isso é uma "pauta tucana" e não respondessem nada? O debate público ficaria inviável.

É fato que centenas de petistas - inclusive alguns dirigentes da máquina partidária - vivem a jogar nas costas da imprensa a responsabilidade pelas misérias morais do PT, mas existem candidatos responsáveis da legenda que se prestam a responder com sobriedade e urbanidade a todas as perguntas. Eles sabem que o cidadão tem o direito de saber dos assuntos de interesse público e isso inclui o direito de saber sobre mensalão e... sobre o "kit gay" também. Portanto, mesmo que a cartilha do governo paulista sobre homofobia fosse uma "pauta petista" (o que não é), isso não o desobrigaria de responder ao que lhe é perguntado. Ao descartar o questionamento como se fosse uma bobagem, o candidato chamou de bobos todos os interessados no tema.

Um jornalista, seja da Folha, da rádio CBN, do UOL, de onde for, representa o seu veículo e o seu público. Quem agride um jornalista agride o público.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-candidato-serra-e-as-pautas-petistas-,947187,0.htm

"New York Times" convida Lula para ser articulista e aguarda resposta do ex-presidente

Antes do diagnóstico de câncer na laringe, o jornal The New York Times convidou o ex-presidente Lula para ser articulista do jornal, aponta matéria da revista Istoé.


Crédito:Divulgação
Ex-presidente pode ser articulista do "New York Times"

De acordo com a revista, Lula teria adiado a proposta para depois das eleições municipais. "Ele vem conversando, não bateu o martelo ainda, mas deve acontecer. Teremos algo concreto ainda este ano”, disse um auxiliar do ex-presidente

Caso Lula aceite a proposta, ainda não está definido quem poderá escrever os textos em inglês. A projeção que o ex-presidente e o Brasil conquistaram no cenário internacional contribuiram para que o jornal o queira entre seus articulistas.

http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/internacional/54332/new+york+times+convida+lula+para+ser+articulista+e+aguarda+resposta+do+ex+presidente

Mídia se deixa manipular e apanha




Por Mauro Malin  


No Observatorio da Imprensa


José Serra usou novamente o ataque à imprensa (já o fizera em outras campanhas) como arma para se defender de estocadas adversárias. Em entrevistas à rádio CBN e ao portal UOL, acusou os repórteres de facciosismo ao ser questionado a respeito da distribuição pela Secretaria Municipal de Educação, quando era prefeito, de material orientador para discussões sobre preconceito, entre eles a homofobia.
Esse tópico emergiu por iniciativa de seus adversários petistas, como antídoto contra os ataques que a campanha de Serra fizera ao “kit gay” produzido, mas não distribuído, na gestão de Fernando Haddad no Ministério da Educação.

O assunto foi comentado por Renato Janine Ribeiro no Facebook:

“Ninguém pode me acusar, salvo se for mentiroso, de prevenção contra José Serra. Defendi antes do 1º turno o voto nele, caso fosse o finalista contra Russomanno. Mas sua entrevista à CBN é espantosa. Não responde às perguntas. Desqualifica o jornalista, chamando-o de petista, quando quem lê a Folha sabe que não pode chamar assim a Kennedy Alencar. Com isso, foge da pergunta. Usa a palavra ‘PT’ como palavrão, o que não é argumento. Provavelmente, com isso, perde eleitores que estejam indecisos e que vejam méritos e deméritos dos dois lados. Mas não importa, na discussão ética, se assim ele ganha ou perde votos. Importa que nada justifica lidar com a res publica com tanto desrespeito ao outro. (...)”
Pelo menos três aspectos merecem atenção, nesse caso.

Primeiro,  pessoas que lutaram pela redemocratização, como tucanos (não todos) e petistas (idem), hoje não hesitam em atacar de modo não republicano a mídia jornalística.

Todo assunto comporta discussão. A veemência é uma escolha do debatedor. Mas apontar ou insinuar segundas intenções é golpe baixo. Se o assunto está na mesa, cabe ao jornalista suscitá-lo. Questionar esse direito é questionar o exercício do papel da imprensa em regime democrático. É um ataque, mesmo sem recurso a leis de exceção, intimidações, perseguições, assassinatos.

Manipulações

Segundo, jornais e jornalistas precisam lutar o tempo todo contra manipulações. O modo de funcionamento da imprensa, a cada etapa de sua trajetória, é deslindado por pessoas suficientemente espertas – ou inteligentes, vá lá – para usar esse conhecimento a seu favor, mas contra a verdade (cognoscível) dos fatos. Quando estava ainda em seu primeiro mandato, Fernando Henrique Cardoso explicou em livro-entrevista a Roberto Pompeu de Toledo o modus operandi dos plantadores de notas. Pouca coisa mudou desde então.

Terceiro,  jornal tem posição, sim, em cada centímetro do que publica. Admita-se que a preocupação com o “kit gay” reflita o modo de pensar de uma parcela da população. (A denominação deveria ser rejeitada, mas oferece a jornalistas a conveniência de ser curta, o que talvez tenha sido malandramente percebido por seus criadores.) Isso pode justificar que se pondere a validade da pauta (não necessariamente que essa pauta se imponha). Mas não é disso que se trata.

A rejeição ao material anti-homofóbico do Ministério da Educação (sem entrar no mérito de sua concepção e de sua qualidade editorial) foi feita para desqualificar o tema, a necessidade de combater, no terreno educativo, discriminações e preconceitos. Essa foi a démarche de igrejas protestantes e da igreja católica.

Trevas ou luzes
É uma pregação reacionária, embora congruente com o papel que as igrejas têm. A mídia, em relação a essa faceta, precisa decidir se cede espaço a trevas ou se se pretende filha das luzes.

Muito pior, entretanto, é a exploração eleitoral do tema, mediante a qual os partidos (melhor dito, as coligações) praticam a mais deslavada manipulação, que só prospera porque a mídia lhe dá espaço.
Se as redações tivessem um pouco mais de juízo, pensando no presente e no futuro do país, e não tanto em “vender jornal”, desqualificariam a pauta, ou a reduziriam ao ridículo, bastando para isso ouvir pessoas capazes de desmontar argumentações medievalescas (e hipócritas, em tantos casos).

Padres e pastores continuariam usando seus púlpitos e sua mídia para pregar o atraso, mas ele não entraria na corrente sanguínea do “grande debate público”, instância por excelência das repúblicas democráticas.

Serra em campanha: Confrontos com cinco jornalistas em apenas 19 dias


Perguntas desagradáveis fazem parte da vida de candidatos. Uma resposta agressiva também é parte do jogo. Porém, o tucano se comporta como se fosse blindado pelo patronato midiático e intimida os perguntadores. Já que os chefões da SIP ainda estão por aqui, eis um levantamento de incidentes de José Serra com jornalistas brasileiros, que representam intimidação ao livre exercício da nossa profissão. O artigo é de Conceição Lemes.




O tucano José Serra, candidato à Prefeitura de São Paulo, comporta-se como se fosse um político blindado pelos patrões midiáticos. Do contrário não seria tão deselegante com jornalistas. Basta um repórter perguntar algo que não lhe agrade ou não tenha interesse em responder, para Serra tratar o perguntador de forma ríspida.

O candidato tucano é, sem dúvida, um homem poderoso. Foi deputado, senador, ministro, prefeito e governador. Duas vezes candidato a presidente da República. É uma das lideranças mais importantes do PSDB. Os repórteres que fazem perguntas a ele são assalariados. Ao ousar, correm o risco de desagradar os patrões e perder o emprego.

Perguntas desagradáveis fazem parte da vida de candidatos. Uma resposta agressiva também é parte do jogo. Porém, o tucano se comporta como se fosse blindado pelo patronato midiático e, na prática, intimida os perguntadores.

Serra pede a cabeça de jornalistas?
Em 2010, Heródoto Barbeiro, que na época comandava o Programa Roda Viva, da TV Cultura, fez uma pergunta “desagradável” a Serra sobre pedágios. Coincidentemente, não durou muito na emissora. Hoje está na Record News.

Já imaginou o que os barões da mídia fariam se Fernando Haddad, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, chamasse um repórter de “sem-vergonha”, como Serra fez em 28 de setembro deste ano durante campanha no bairro da Moóca?

Ou se o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma tachassem um jornalista de disseminar propaganda do adversário, como Serra fez hoje com o jornalista Kennedy Alencar, na CBN, a quem acusou de espalhar “trololó petista”?

Não é preciso bola de cristal para saber que isso seria denunciado ao mundo pelos patrões. A mídia global se encarregaria de tornar o caso um escândalo internacional.

Já que os chefões da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) ainda estão por aqui, resolvemos fazer um levantamento de incidentes de José Serra com jornalistas brasileiros, que, na prática, representam intimidação ao livre exercício da nossa profissão.

Na campanha de 2010, por exemplo, colegas da RBS, Heródoto Barbeiro, Márcia Peltier e até Miriam Leitão foram alvo do seu desrepeito profissional:



Também em 2010, Serra se irritou com a pergunta de um repórter em São Luís, no Maranhão. O Blog do Décio registrou:

Durante entrevista coletiva em São Luís nesta terça-feira 13 de julho, o tucano José Serra se chateou com pergunta do jornalista Mário Carvalho sobre sua rejeição no Nordeste. As fotos do vídeo são de Biaman Prado.



Ao longo da campanha à Prefeitura de São Paulo, em 2012, levantamos cinco episódios.

No desta terça-feira 16, o mais recente, Serra se superou. Acusou Kennedy Alencar, comentarista político da rádio CBN de espalhar “trololó petista”.

Alencar perguntou sobre um kit gay semelhante ao que esteve em estudos no Ministério da Educação e que o tucano havia implementado na sua gestão enquanto governador. Queria saber se o tucano tinha dado uma guinada conservadora, já que em 2010 Serra baseou parte de sua campanha na questão do aborto. O tucano não respondeu à pergunta.

Em vez disso, bateu boca, disse que o jornalista estava mentindo e o acusou de fazer campanha para “outro candidato”. ”Kennedy, você não pode fazer campanha eleitoral na CBN”, incriminou.

A acusação de que um jornalista está usando o emprego para fazer campanha para um partido é gravíssima: pode causar demissão.

O primeiro ataque de Serra a jornalista na eleição de 2012 aconteceu em 28 de setembro.

Em campanha no bairro da Moóca, Serra, ao ser questionado por repórter da Rede Brasil Atual, sobre onde os eleitores poderiam encontrar o seu plano de governo, disparou: “Eu não respondo pergunta de sem-vergonha”.

No dia 11 de outubro, a vítima foi a repórter da TVT. Serra ignorou a pergunta dela e deu as costas à equipe da TV dos Trabalhadores. Foi durante coletiva para anunciar o apoio do PDT paulista à candidatura tucana no segundo turno.



No 12 de outubro, Serra repetiu a “dose” contra a TVT.

O tucano tem a mania de, antes de responder, querer saber o veículo representado pelo entrevistador.

Aparentemente, é assim que decide entre “amigos” e “inimigos”.

Praticado por um petista, tal comportamento seria denunciado como tentativa de “controlar” a mídia.

Ontem, 15 de outubro, Serra destratou a repórter do UOL, do Grupo Folha. Após caminhada no bairro Cidade Ademar, no extremo da Zona Sul da capital, ela perguntou-lhe se o tom agressivo do primeiro programa eleitoral do segundo turno, que recorreu ao mensalão, seria uma estratégia da campanha tucana para diminuir a vantagem de Haddad nas pesquisas de intenção de voto.

Serra não gostou e reagiu: “Não sei, eu não vi. Vai lá para o Haddad. É a pauta dele. Não precisa ter uma assessora a mais para ele. Vai lá direto”.

Para quem diz defender a liberdade de imprensa e de expressão, são cinco episódios de agressividade com profissionais da imprensa em apenas 19 dias.

Não encontramos críticas do candidato aos patrões midiáticos no mesmo período.


Serra sabota o próprio passado e afunda




Em meio ao contravapor das pesquisas (o Ibope desta 4ª feira amplia a vantagem de Haddad para 16 pontos, ou 20 pontos no cômputo dos votos válidos), o tucano José Serra enfrenta um desgaste de fundo. 

Quanto mais se expõe, mais se configura uma trajetória em que as dissimulações caem, como cascas de uma cebola. Serra diz e se desdiz com desenvoltura vertiginosa. O acúmulo consolida a imagem de um político que sabota o próprio passado na busca desastrada pelo poder. 

Resta saber se ainda há espaço para acionar o freio de arrumação numa candidatura que imbicou no plano inclinado e se ressente do essencial para mudar, a credibilidade. Parece difícil. 

O tucano poderia ter feito uma correção de rumos no lançamento tardio de seu programa de governo esta semana. Mas o que se viu foi mais uma encenação filmada para o horário eleitoral, de pouca serventia para retificar a percepção crescente de um blefe, cuja única cartada agora é dobrar a aposta no vale tudo, enquanto torce por um tropeço de Haddad nos debates.

Essa é a grande dificuldade dos seus marqueteiros para reverter a humilhante derrota que se anuncia: hoje o tucano compõe aos olhos da população um personagem cada vez mais definido e desconectado de sua fala; as atitudes ecoam mais alto do que a voz e desautorizam as promessas.

O acúmulo tende a consolidar uma imagem que se move de forma autônoma.À revelia do arsenal publicitário calcifica-se o perfil de um político que sabota até o próprio passado na busca sôfrega --descontrolada agora, depois do Ibope-- pelo poder.

Mudar isso é como enxugar o chão com a torneira aberta.

Carrega-se na maquiagem aqui, arruma-se um beijo inverossímil ali. Lista-se um prohgrama mal-ajambrado de última hora desprovido de metas, cronogramas e estimativas de custo.Em seguida, a realidade irrompe como um vento inoportuno a sabotar o controle do incêndio. 

Qual Serra o eleitor ainda estaria disposto a 'comprar'?

O 'progressista' teve atuação regressiva nas votações relativas ao direito do trabalhador, segundo levantamento do DIAP.

O 'desenvolvimentista', soube-se de fonte insuspeita, foi um dos mais empenhados defensores das grandes privatizações do ciclo tucano, caso da Vale do Rio Doce, por exemplo. Testemunho de FHC nas eleições de 2010.

O propalado 'arrojo administrativo' reduz-se ao cacarejar de galinha velha: faz barulho mas não bota. Juntos, Serra/Kassab completaram oito anos de um condomínio administrativo que objetivamente destratou SP; agora recolhe o saldo de uma rejeição estrondosa: 45% da cidade reprova a gestão consorciada. 

No episódio mais recente, do 'kit anti-homofóbico, cairam as cascas da cebola que ostentavam as credenciais do liberal. Emergiu por debaixo o oportunista da intolerância, abraçado a um savonarola dos 'bons costumes'. Um intercurso explícito entre o obscurantismo e o o vale tudo que constrange até círculos intelectuais mais esclarecidos do tucanato.

Depois de alvejar a iniciativa do MEC, Serra foi desmascarado mais uma vez: em 2009, quando governador, distribuiu material semelhante em muitos aspectos ao professorado estadual de SP.

A semelhança é compreensível: o material nos dois casos foi produzido pela mesma instituição, a ONG Ecos.

Palavras de um dos integrantes da equipe que participou do projeto: "A Ecos sempre trabalhou na gestão do Serra; ele está cuspindo no pote que comeu. O material que fizemos para o MEC tem 80% do material do Estado de São Paulo. É um absurdo se utilizar do preconceito para ganhar voto" (Toni Reis, presidente da ABGLT).

Avulta nesse episódio a caricatural disposição de alguém disposto a dilapidar o próprio currículo. No desespero eleitoral, Serra atacar o programa do próprio Serra. 

Compare o tucano de agora, agarrado ao pastor Malafaia, com esse outro, que tomou as seguintes medidas, lembradas por Antonio Lassance, colunista de Carta Maior: 

a) em 2005, ele criou a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual em São Paulo; depois, instituiu a Comissão a Comissão Processante Especial para apuração de atos Discriminatórios a que se refere a Lei n° 10.948/2001, destinada a receber, analisar e mandar punir atos anti-homofóbicos; 

b) também em 2005, Serra criou o Conselho Municipal em Atenção à Diversidade Sexual e o Centro de Referência e Combate à Homofobia;

c) em 2006, criou o GRADI – Grupo de Repressão a Delitos de Intolerância a DECRADI – Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, para o controle e repressão dos grupos homofóbicos. 


Em resumo, quando o interesse era disputar o espaço LGBT com a petista Marta Suplicy, Serra não criou apenas um kit anti-homofobia, mas armou um elogiável rede da tolerância em SP. Agora, dá guinada na direção oposta e salta para os braços dos malafaias, supostamente puxadores do voto evangélico.

O evento tardio desta 2ª feira em torno do 'programa' para a cidade ressente-se desse vício congênito à natureza política de Serra: a simulação, irmã gêmea da falta de escrúpulo. 

O que se divulgou foi um adereço de mão de fantasia eleitoral, no qual nem o candidato acredita, como deixou claro no discurso que proferiu no evento.

Passa-se ao largo da oportunidade preciosa de discutir São Paulo para valer, estendendo a seu moradores o direito elementar de escrutinar os problemas da cidade e tomar onsciência dos requisitos políticos para equacioná-los. 

Não há rigor técnico algum na rudimentar listagem tardia das propostas mal-ajambradas pelo tucano. O que é feito para não valer pode elidir metas, omitir cronogramas e abstrair custos.

Em resumo, prescindir dos requisitos que lhe dariam veracidade e transparência compatível com a eventual fiscalização pela cidadania. 

O simulacro do conjunto foi resumido na descrição de um item por insuspeita fonte: "Em um dos poucos momentos em que dedicou sua fala às próprias propostas, Serra lembrou a promessa de construir 30 AMAs (Assistência Médica Ambulatorial)". (...) "Mas não a ponto de detalhar onde vamos fazer..." (ressalvou o tucano). "Isso seria impossível" (UOL, 16-10).

O modelar descompromisso se repete em outros tiros a esmo, como a promessa de implantar '30 parques' na cidade (onde? como?com que verba?); ou instalar mais cinco mil novos pontos de luz ou ainda a etérea menção uma deficiência escandalosa da gestão de seu apadrinhado, que não dedicou a ela um centímetro adicional de asfalto: 'expandir a rede de corredores de ônibus'. Assim, em quatro palavras, desincumbe-se o tucano da grave distopia do transporte em São Paulo, como se fosse algo tangencial, passível de tratamento genérico e ligeiro. Vai por aí o seu crepuscular 'programa de governo'.

O conjunto exala o peso e a contundência de uma bolinha de papel eleitoral. Mais que isso, reforça uma percepção que se calcifica: Serra é o principal testemunho contra ele mesmo. 

A postura professoral ancorada em boutades é quase ofensiva; a soberba incontrolável das sobrancelhas em pinça denuncia a impaciência de quem ouve por obrigação.

Quando tenta transparecer humildade, o tucano exala condescendência; o tom do discurso é sempre o mais revelador: ao tentar ser simpático é notório que está sendo falso.

O anti-sindicalismo udenista de Serra explode ao primeiro conflito social, assim como o recorte antidemocrático irrompe à primeira pergunta embaraçosa de jornalista não embarcado na vassalagem midiática.

O higienismo social que arremata o conjunto sequer é dissimulado --e olha que estamos falando de um dissimulador experimentado. 

É difícil demover as consequências eleitorais dessa sedimentação ancorada na percepção intuitiva da população, saturada de dissimulações rotas, convicções esfarrapadas e do recorrente vale tudo das conveniências.

São Paulo é o grande bunker logístico do conservadorismo brasileiro. 

A rejeição a um dos principais quadros desse aparato precisa acumular muito vapor na fornalha para romper uma blindagem arrematada com a solda dupla do jornalismo cúmplice.

O maior trunfo de Haddad hoje é esse discernimento em curso na opinião pública.

Trata-se de iluminar cuidadosamente o cerne da questão: Serra é impermeável a qualquer valor ou compromisso que não atenda ao seu exclusivo interesse pessoal. No seu arquivo biográfico, o interesse pela cidade ocupa o lugar da prateleira subalterna. E essa hierarquia se adensa nos episódios caricaturais desta campanha de 2012.
Postado por Saul Leblon às 15:10




O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), criticou nesta quarta-feira (17) o debate em torno de questões religiosas na disputa pela prefeitura de São Paulo.

Crítico do material anti-homofobia produzido pelo MEC (Ministério da Educação) durante a gestão de Fernando Haddad (PT), José Serra (PSDB) distribuiu cartilha com conteúdo semelhante a escolas de ensino médio de todo o Estado, em 2009.

Os dois disputam uma vaga para o comando da Prefeitura de São Paulo no próximo dia 28. Em meio à busca de votos de representantes dos setores da Igreja, o tema do kit é alvo de constantes trocas de acusações entre os dois candidatos.

"Engraçado como as pessoas discutem inutilmente esse tipo de questão. Aqui a gente tomou a decisão de que esse negócio de igreja a gente não discute", disse o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, ao avaliar o desempenho do partido no primeiro turno das eleições municipais.

"A campanha resvala sobre elementos que não são os mais relevantes. Vai ter 'kit gay', foi a mamãe que fez ou vovó que receitou. Não é esse o problema. Se Serra tiver que ser prefeito de São Paulo, ele será porque é o melhor candidato. Ninguém provou até agora que o Haddad tem competência", acrescentou o tucano sobre o debate da autoria do kit.

Ao ser questionado sobre o impacto do julgamento do mensalão nas eleições municipais, Guerra subiu o tom das críticas contra o PT.

"Todas as vezes que esse assunto volta, essa marca se entranha mais ainda no ambiente do PT. Com agravante de que desta vez não é Sérgio Guerra que está colocando no PT essa marca. Quem está fazendo isso objetivamente é o Poder Judiciário. A gente tem a noção de que, todas as vezes que a palavra mensalão for pronunciada, o PT será lembrado", disse o tucano.

Questionado sobre o mensalão mineiro, ele disse que o partido não teme o julgamento, que é relativo à campanha de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas em 1998. O processo ainda não foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal.

"Se tivesse mensalão em Minas, que se faça o julgamento. Não temos o menor receio quanto a isso", disse.

RESULTADOS

Nos cálculos da cúpula do PSDB, os resultados do primeiro turno das eleições não demonstraram a hegemonia de nenhum partido.

A maior concentração de perdas de prefeitos tucanos, no entanto, se concentrou na Bahia, Ceará e no interior de São Paulo. Por outro lado, segundo a avaliação dos tucanos, houve crescimento em áreas em que o partido tinha dificuldades, como as regiões Norte e Nordeste.

Um dos destaques lembrados foi a candidatura de Arthur Virgilio em Manaus. Ele disputa o segundo turno contra a senadora Vanessa Grazziottin (PC do B). O partido também tem candidato no segundo turno em Belém, Rio Branco, João Pessoa, Teresina, São Luís e Vitória.

Lula é especialista em ataques pessoais, diz Serra




O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, afirmou nesta quarta-feira (17) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "especialista" em ataques pessoais. "Não tem ninguém que faz mais do que ele", afirmou após visitar um conjunto habitacional em Heliópolis, zona sul da cidade.

Serra deu a declaração após ser questionado sobre a participação de Lula no programa de TV seu rival, Fernando Haddad (PT).

O ex-presidente deu depoimento dizendo que o candidato é atacado "com um monte de mentiras" pelo PSDB, que critica a gestão à frente do Ministério da Educação. "Isso não é acusação, é constatação", afirmou Serra.

O tucano ainda chamou Haddad de "mentiroso". Mais cedo, o petista tinha dito a jornalistas que, quando era ministro, recebeu um telefonema de Serra em que o tucano teria criticado a aprovação do piso nacional do magistério.

"É mentira dele. Mentiroso. Aliás, o Haddad propõe o piso nacional para a cidade de São Paulo. É porque ele ignora que o piso em São Paulo é muito mais alto que o nacional", afirmou.

O tucano se recusou ainda a responder a pergunta de um jornalista sobre sua política de combate à homofobia.

Na terça-feira, Serra criticou o modo como a imprensa tratou as cartilhas que abordam o combate a homofobia produzidas pelo governo de São Paulo e pelo Ministério da Educação. O projeto do ministério foi apelidado de "kit gay" pela comunidade evangélica.

O jornalista disse que não faria a pergunta "sobre o kit gay em si" e afirmou que "São Paulo é a cidade que recebe a maior parada gay do país" e que há agressões contra homossexuais na região da rua Augusta.

Serra interrompeu: "Vamos adiante, vamos adiante". O jornalista insistiu: "Existe uma política?".

"Não vou entrar nesse tema agora, se não vira pauta permanente, posta pela imprensa, mas ainda depois os adversários dizem que fui eu que botei na pauta", concluiu.

MORADIA

O tucano visitou um conjunto habitacional chamado Redondinho, com 390 apartamentos, e disse que, se eleito, vai ampliar o condomínio para uma área próxima.
Prometeu também entregar mais 2.200 apartamentos em Heliópolis em parceria com o governo do Estado até 2016.

"Não é só o apartamento. O importante é que aqui tem escola técnica, escola infantil, ensino fundamental, ambulatório médico de especialidades, enfim todos os benefícios da vida urbana. [...] Você proporciona uma integração total do que era uma favela na comunidade, como se fosse um bairro."

Serra se recusa a responder pergunta sobre propostas de combate à homofobia





Débora Melo
Do UOL, em São Paulo
O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, se recusou a responder a pergunta de um jornalista sobre suas propostas de combate à homofobia na cidade.
O repórter lembrou casos de agressão a homossexuais na região da avenida Paulista e tentou perguntar se havia alguma política para o tema no programa de governo do tucano --Serra, no entanto, interrompeu o jornalista antes que ele concluísse a pergunta.
“Eu não vou entrar nesse tema agora, senão vira pauta permanente, imposta pela imprensa. E depois os adversários dizem que fui eu que botei na pauta”, disse Serra após visita a conjunto habitacional em Heliópolis, na zona sul da capital.

Veja vídeos da disputa eleitoral em São Paulo - 5 vídeos

Imprensa é que colocou homofobia na pauta, diz Serra
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A irritação de Serra ocorre por conta da discussão em torno do “kit-gay”. O tucano, que já criticou o material de combate à homofobia produzido pelo MEC (Ministério da Educação) na época em que Fernando Haddad (PT) --seu adversário no segundo turno-- estava à frente da pasta, distribuiu material semelhante aos professores da rede estadual de São Paulo em 2009, quando era governador.

Além disso, depois que o material tucano foi revelado pela imprensa, na última segunda-feira, Serra passou a adotar um discurso em que o foco das críticas são os “R$ 800 mil pagos [pelo material do MEC] sem nenhum retorno”--o material do MEC não chegou a ser distribuído porque, após pressão da bancada evangélica do Congresso, a presidente Dilma Rousseff suspendeu o projeto.Serra argumenta que o conteúdo dos materiais é diferente e que aquele produzido em sua gestão era voltado apenas aos professores, “e não aos alunos acima de 11 anos”.
O tucano também se calou quando foi questionado se seu programa de governo previa continuidade da gestão do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD).

Promessa

Serra prometeu que, se for eleito, vai construir 4.000 apartamentos na região de Heliópolis.
"O essencial do nosso programa de moradia é transformar favelas em bairros. Só nesse conjunto [Residencial Heliópolis] foram feitos 390 apartamentos. E em Heliópolis, que era a maior favela de São Paulo, já foram feitos 1.700 apartamentos. No ano que vem dá para fazer mais 500. Até o final da gestão, mais 1.700. No total, chegaremos a 4.000 apartamentos."

Serra critica gestão de hospitais universitários e petista defende Enem


Campanha do PSDB apontou falhas na gestão de hospitais.


Haddad disse que exame enfrentou 'atos criminosos e isolados'.


O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, criticou no horário eleitoral gratuito desta quarta-feira (17) a gestão de seu adversário, Fernando Haddad (PT), à frente do Ministério da Educação apontando falhas em hospitais universitários. 
Em seu programa, Haddad defendeu o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), dizendo que ele sofreu “atos criminosos e isolados”, mas que hoje é referência entre processos seletivos para universidade. 
Ele afirmou que, quando governador, dobrou o número de Faculdades de Tecnologia e a quantidade de vagas nas escolas técnicas. 
“Agora eu quero dar um passo adiante. Vou fazer o sistema municipal de ensino técnico e profissional para oferecer novas vagas.” Ele acrescentou que pretende criar o Protec. 
“Uma bolsa em dinheiro para os alunos que quiserem fazer cursos técnicos, mas não conseguem vagas nas escolas públicas. Quem quiser estudar vai encontrar no prefeito Serra um incentivador e um apoio.”
Nos dez minutos reservados ao PSDB, o programa de Serra citou feitos no governo, principalmente na educação. 
O programa cita a criação de 27 Etecs e 23 Fatecs, que beneficiaram milhares de estudantes. “Pela lei, ensino técnico nem é obrigação do prefeito. Mas, para mim, vai ser. Quando eu fui ministro, nós fiemos cursos para formar 250 mil técnicos e auxiliares de enfermagem”, disse o tucano.
No fim do programa, foram apontados problemas surgidos na gestão de Haddad no Ministério da Educação. “Vai somando: abandono dos hospitais universitários, crise no Enem três anos seguidos, greve e falta de condições nas universidades federais, aumento de jovens fora da escola no ensino médio”, afirma o locutor.

Entre os hospitais universitários, a primeira crítica foi dirigida ao Hospital do Fundão, apontando salas abandonadas, banheiros imundos, teto desabando e móveis quebrados. Outro hospital alvo de críticas é o da Universidade Federal de Minas Gerais. O programa ainda citou a greve de servidores que fez com que o hospital da Universidade de Pernambuco limitasse o atendimento apenas a casos de emergência.
Haddad
O programa do PT concentrou-se no Enem. “O presidente Lula me propôs os maiores desafios que um presidente já havia colocado para um ministro da Educação. Trabalhei duro. E Graças a Deus respondi a altura”, disse Haddad. “Sem Fernando Haddad eu não conseguiria ser o presidente que mais implantou universidades e escolas técnicas no Brasil. Que triplicou a verba da educação e o que mais colocou estudantes pobres nas universidades”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O candidato petista diz que não teve medo de “transformar o Enem, que antes era um teste de avaliação sem grande utilidade em um dos maiores exames do mundo de ingresso na universidade.” Com base em números do Censo da educação, o programa afirma que as matriculas das universidades federais cresceram 10% de 2010 para 2011 e que o número de jovens negros matriculados, que era de apenas 1,8% em 1997 e de 5% em 2004, agora chega a 8,8%.
Haddad cita os “atos criminosos e isolados” enfrentados pelo Enem nos últimos anos, mas ressalta que “os culpados foram prontamente identificados e respondem a processos na Justiça, inclusive com condenação”.
“O curioso disso tudo é que esses críticos do Enem nunca questionaram o elitismo do velho vestibular, que aliás sempre foi muito mais vulnerável a todos os tipos de falhas. Será que esses críticos estão incomodados com o fato do Enem aumentar as chances de um jovem de baixa renda entrar na universidade? Será que eles estão criticando apenas para tirar um proveito eleitoral? Ou as duas coisas?”, acrescentou Haddad.

Hostilidade de Serra vira tradição em campanha. Relembre episódios




Nesta semana, o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, se irritou três vezes com dois jornalistas durante entrevistas. Nas três oportunidades, o tucano acusou os repórteres de serem ligados ao PT e ao candidato petista à prefeitura, Fernando Haddad.

Os episódios desta semana foram três dos muitos momentos da campanha eleitoral em que Serra não respondeu perguntas e hostilizou jornalistas que cumpriam seu ofício. Abaixo, relembre os casos que ocorreram ao longo da eleição:

1) Serra chama repórter de “sem vergonha”

O tucano chamou um repórter da Rede Brasil Atual, veículo ligado ao movimento sindical, de “sem vergonha”, no dia 28 de setembro. Abaixo, a transcrição do diálogo:

Serra: Vamos aumentar em dezenas de milhares o número de alunos em parceria com o governador do estado, Geraldo Alckmin. É uma chance para crianças de famílias mais humildes subirem na vida. Isso me veio agora à cabeça lembrando de minha infância e juventude aqui.

Jornalista: A ideia veio agora à cabeça ou é seu projeto de governo?

Serra: De onde você é?

Jornalista: Não interessa. O senhor vai responder à minha pergunta ou não?

Serra: Eu quero saber de onde.

Jornalista: Da Rede Brasil Atual.

Serra ignorou a pergunta. O jornalista voltou a abordá-lo quando o tucano estava indo embora.

Jornalista: Por que você só responde perguntas favoráveis?

Serra: Não, eu não respondo pergunta de sem vergonha.

2) Serra não responde pergunta do Portal Aprendiz

O portal Aprendiz perguntou a todos os candidatos no primeiro turno as suas propostas para o Plano Municipal de Educação. Serra foi o único a não responder. Posteriormente, a assessoria do candidato enviou novas respostas por e-mail. Abaixo, o relato do portal publicado no dia 3 de outubro.

Serra: Você é de onde?

Jornalista: Portal Aprendiz.

Serra: Quem é o portal Aprendiz?

[Jornalista repete pergunta sobre o plano]

Serra: Tem um, eu vou olhar, vou olhar.

3) Serra não responde TV dos Trabalhadores

O tucano não quis responder uma pergunta sobre o uso do “mensalão” em sua campanha feita por uma jornalista da TVT no dia 11 de outubro (aqui, o vídeo). Abaixo, o diálogo entre os dois:

Jornalista: O assunto do mensalão vai ser bastante explorado pelo senhor no segundo turno?

Serra: Perdão, o que é a TVT?

Jornalista: O assunto do mensalão vai ser bastante explorado pelo senhor no segundo turno?

Serra: O que é TVT? Que é TVT?

Jornalista: TV dos Trabalhadores

Serra: De onde?

Jornalista: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Serra: Tá bom.

Em seguida, Serra virou de costas para a repórter e encerrou a entrevista.

4) Serra diz que jornalista é assessora de Haddad

Serra não quis responder pergunta sobre o tom agressivo que adotou em sua campanha eleitoral em 15 de outubro. No dia em que levou o “mensalão” ao horário eleitoral, ele foi questionado por uma repórter do portal UOL se isso era uma estratégia por estar atrás nas pesquisas de intenção de voto.

Serra: Esse tom mais agressivo que o senhor coloca no primeiro programa é por que o senhor está dez pontos abaixo nas pesquisas?

Jornalista: Vai lá para o Haddad, é a pauta dele, você não precisa trabalhar para ele. Ele já tem bastante assessores, não precisa ter umas assessoras a mais para ele. Vai lá direto.

5) No dia seguinte, Serra voltou a hostilizar a mesma repórter após uma pergunta sobre o kit anti-homofobia feito quando ele era governador de São Paulo em 2009.

Jornalista: Sobre o kit gay, está faltando esclarecer se o senhor concorda com a distribuição nas escolas desse tipo de material.

Serra: Eu acho que não está faltando esclarecer nada. Você leu?

Jornalista: Eu li.

Serra: Se você leu, acho que está tudo clarinho.

Jornalista: Mas o senhor concorda com a distribuição do material?

Serra: Que material?

Jornalista: De orientação sexual nas escolas…

Jornalista: Foi feito em 2009, no meu governo, o resto é brincadeira.

Ao final da entrevista, Serra voltou a se dirigir à repórter:

Serra: Vai lá com o Haddad e trabalha com ele, é mais eficiente.

Serra insinua que jornalista mente e vota em Haddad

6) Serra se irritou na manhã de 16 de outubro em entrevista à rádio CBN após ser questionado sobre o apoio que recebe do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus.

A pergunta foi feita pelo jornalista Kennedy Alencar. Ele falou da semelhança entre um material feito pelo governo de São Paulo em 2009, quando Serra era governador, e o kit anti-homofobia que seria distribuído pelo Ministério da Educação durante a gestão de Haddad.

O jornalista falou que Serra teria apoio da “direita intolerante, como o pastor Silas Malafaia, que diz que a homossexualidade é doença e não orientação”. Ao final, Alencar perguntou: “é uma contradição por uma conveniência eleitoral ou o senhor se tornou um político conservador e mudou de ideia?”

Serra não respondeu a pergunta e repetiu diversas vezes: “você leu a cartilha do estado?”.

Depois, disse “de duas uma: se você viu está mentindo. Se você não leu, eu até aceito, porque o que está falando é mentira.”

Serra ainda insinuou que o jornalista votasse em Fernando Haddad. “Mais modéstia, você está na CBN, não pode fazer campanha eleitoral aqui na CBN”, disse o candidato.

“Eu sei que você tem um candidato. Modere. Você que é um jornalista tem que ser mais comportado.”

http://www.cartacapital.com.br/politica/hostilidade-de-serra-vira-tradicao-em-campanha-relembre-episodios/