terça-feira, 19 de novembro de 2013

Lula de fora é a prova de que o mensalão foi uma farsa



Marco Aurélio Mello declara que Lula sabia do esquema do mensalão e nas entrelinhas deixa subentendido que o ex presidente também deveria está preso, assim como Dirceu, José Genoino, Delúbio, Pizzolato e João Paulo Cunha.

Para dá coerência a esta monumental farsa não há como deixar de envolver o ex presidente Lula. Se Dirceu foi condenado com base numa distorção gritante dos fundamentos da teoria do domínio funcional dos fatos, a qual segundo seu maior expoente, a simples posição de comandar uma cadeia de pessoas não implica necessariamente em responsabilidade pelos atos cometidos por terceiros, a menos que haja claramente uma ordem emitida, como implicar José Dirceu e deixar Lula de fora se ele era o presidente da república à época dos fatos acontecidos e o mais beneficiado diretamente segundo esta lógica oblíqua?

Isso por si só demonstra que o julgamento da AP 470 se deu em cima de ilações e não de provas e o que prevaleceu foi o desejo de vingança da velha mídia que não se conforma com as seguidas derrotas nas urnas da oposição e sem perspectivas de ganhar as eleições presidenciais que estarão em disputa em 2014, partiu para criminalização do PT e de suas principais lideranças com o acumpliciamento de ministros despudorados do STF que podem ser tudo, menos juízes imparciais.

São um enclave da oposição golpista na maior corte brasileira de justiça, agindo como partido político em associação com a mídia criminosa que faz da corrupção uma bandeira pelo golpe. Que tragam Lula para o banco dos réus e aquilo de que eles mais temem aconteça: a venezuelização do Brasil, com o povo nas ruas lutando pela democracia.

Todavia o objetivo de envolver Lula nesse julgamento de cartas marcadas nada tem haver com justiça, punição, fazer pagar por um ou mais crimes cometidos. Tem haver com cassar os direitos políticos do ex presidente, impedí-lo de concorrer a qualquer eleição, enquadrá-lo na lei da ficha limpa, deixá-lo morimbundo politicamente em plena democracia, assim como os militares por meio de um ato de força e do arbítrio cassavam o mandato de parlamentares eleitos pelo povo, um estupro a soberania popular.

A ditadura judicial quer prevalecer ante a vontade do povo. Indivíduos que cobertos de privilégios que o mais reles homem do povo sequer sonha em tê-los, que vivem nababescamente em conluio com os poderosos, vergados para eles em acordos inomináveis, tentam avançar sobre a democracia e impor uma ditadura togada.

Não receberam mandato popular para tal. A casca de banana que é a tal da lei da ficha limpa e que foi aprovada para enquadrar políticos do PT e cassar seus direitos políticos mediante uma decisão condenatória colegiada, não tardará para que seus multíplos efeitos enfim sejam plenamente espraiados sobre a maior liderança política, depois de Getúlio Vargas, que este país já produziu. Aliás maior do que Getúlio pelo fato de ser um homem genuinamente do povo e não saído das entranhas das elites.

Lula é um esqueleto no armário do STF, um cadáver insepulto a incomodar os ministros daquela antes egrégia corte, ao provocar perguntas para as quais estão sem respostas. Se Dirceu era o chefe da quadrilha do mensalão, quem era o chefe de Dirceu? Se Dirceu ordenou a Genoino, a Delúbio Soares que comprassem votos em troca de apoio ao governo, quem autorizou Dirceu a dá tal ordem? Só poderia ser alguém que estivesse acima de Dirceu e este alguém ocupando um cargo de chefia maior, já que Dirceu era apenas um subordinado, o ministro chefe da casa civil que respondia ao presidente da república.

Diante disso o julgamento do mensalão ficou incompleto e a farsa montada para criminalizar o PT abertamente escancarada. A denúncia da PGR tinha somente o objetivo de fazer um jogo de cena para mídia. Deveria ter sido rejeitada em sua origem, se o principal expoente não figurava como denunciado. Contudo, o STF escolheu levar adiante até chegar aos episódios repulsivos dos dias que correm. Lula fora da denuncia, da condição de réu, de condenado e de cumprir pena de prisão é a prova maior de que o mensalão foi um julgamento político de um projeto, a demonstração clara da falta de uma peça no tabuleiro.

Agora não dá para emendar o julgamento depois de concluído e colocar o presidente no bojo das condenações, figurando também como réu. Teriam que reabrir tudo. Fazer um novo julgamento. O STF certamente não deseja isso. Trariam holofotes ainda maiores, despertando a nação, a opinião pública internacional. O ex presidente uma voz falante e ouvida em sua defesa, desmontaria essa torrencial injustiça. A fala de Marco Aurélio não passa de uma esparrela, uma maneira de afagar o ego dos idiotas despolitizados.

Se o mensalão de fato ocorreu e o julgamento se deu baseado em provas cabais como afirma Marco Aurélio Mello por que Lula ficou de fora? Exigimos do STF que explique essa imensa contradição. Se Lula sabia de tudo, por que os ministros do STF aceitaram a denúncia da PGR mesmo sabendo que o ex presidente não figurava como denunciado? Por que não a rejeitou e recomendou que a PGR colocasse também o ex presidente como denunciado? Não o fizeram porque sabiam que não havia substância na denúncia, que era tênue e que a sociedade não concordaria em condenar seu maior ícone político sem provas cabais.