Do Facebook de Lula, uma grande sacada para traduzir a ascensão do povo brasileiro desde 2003, produzida pelo site Muda Mais.
É a mudança na vida dos personagem da série A Grande Família, uma recriação brasileiríssima de Oduvaldo Vianna Filho, o , e de Armando Costa, em cima da ideia de um seriado americano (Tudo em Família)com a qual - segundo o biógrafo de Vianinha, Denis de Moraes ” - driblava as duas censuras (a do regime e a da própria emissora, a TV Globo)” traduzindo ” a partir do cotidiano de uma família da classe média remediada” as ” aspirações dos dilemas de boa parte da sociedade brasileira em meio ao chamado milagre econômico”.
Com a final da série, depois de 13 anos do retorno de sua segunda versão, o pessoal do “Muda Mais” pegou de exemplo o que aconteceu com cada personagem do seriado para mostrar a ascensão experimentada pela classe “C”.
A Dona Nenê, antes uma simples dona de casa, agora tem uma loja de roupas.
Lineu, antes o responsável por tudo, aposentou-se e foi construir um barco, seu grande desejo.
Bebel, dependente dos pais e do terrível Agostinho Carrara, se mete com o marido trambiqueiro em uma série de confusões, mas acaba ficando próspera com seu trabalho dirigindo a muito confusa empresa dos dois.
Tuco, o outro filho, volta a estudar e faz vestibular para ser, como o pai, veterinário.
A ficção, quase sempre, termina mesmo por imitar a vida.
Num tempo em que a criação televisiva anda mais para Big Brother que para Grande Família, acho que Vianinha – que morreu em 1974 – ficaria feliz com o progresso dos seus geniais personagens.
Num gesto de transparência, Petrobras publicou , nesta segunda-feira, duas notas nos principais jornais brasileiros, que reproduzo ao final do post.
Nelas, informa que a Comissão Interna de Apuração constituída para averiguar as denúncias de supostos pagamentos de suborno a empregados da companhia, envolvendo a empresa SBM Offshore, não encontrou fatos ou documentos que evidenciem pagamento de propina a empregados da Petrobras. Essa comissão foi, inclusive, recolher na Europa os documentos que estariam em poder do Ministério Público da Holanda, com denúncias contra a empresa. E foi informada pelas autoridades daquele país, embora se tenha feito uma onda imensa no Brasil , de que “não há investigação aberta sobre o caso de propina envolvendo a empresa SBM Offshore e a Petrobras. ”
A segunda informa da abertura de investigação interna sobre a compra da refinaria de Pasadena.
A empresa está cumprindo seu dever de apurar, e ninguém pode achar que quadros de carreira da Petrobras pudessem colocar suas reputações e empregos em jogo para proteger quem quer que seja por razões políticas, ainda mais em um trabalho que será enviado ao Ministério Público, ao TCU e, claro, à CPI que querem instalar sobre o caso.
Falta, agora, cumprir o segundo dever, tão importante quanto o da transparência.
O de assumir a defesa política da empresa, de seu papel na libertação do Brasil, da denúncia das ambições e apetites que cercam a maior empresa do Brasil, a mais capaz e a mais importante para o imenso tesouro do pré-sal.
A família do sargento da Polícia Militar Mozar Soares da Cunha, de 36 anos - morto, na tarde desta sexta-feira, ao reagir a um suposto assalto na Rua Bertin, próximo à saída para a Avenida Brasil, em Coelho Neto, na Zona Norte - já tinha alertado para os perigos da vida de luxo que exibia. A mulher e a sogra do PM pediram por diversas vezes para que ele trocasse o Camaro amarelo que dirigia ao ser alvejado por um veículo “mais discreto”.
Nas redes sociais, o PM ostentava ainda fotos de passeios de lancha e joias. Quando foi morto, ele estava com R$ 100 mil em dinheiro. A quantia foi levada pelos criminosos, assim como a arma, o cordão, a pulseira, o anel e a aliança de ouro do militar.
- Minha mãe já alertou ele algumas vezes. Ela perguntava: “Pra que isso?” O Camaro é um carro que chama atenção, poderia mesmo ser muito perigoso. Existem tantos carros por aí bons, bonitos e mais comuns, como um Astra por exemplo - disse o genro do PM, Marcos Paulo.
A viúva de Mozar e gerente da loja "O crack da cesta" - empresa que comercializa cestas básicas de propriedade do PM, em Cosmos, na Zona Oeste - também contou que pedia para ele “chamar menos atenção”. No carro, havia um adesivo do estabelecimento.
- Mas não adiantava. Ele gostava desse Camaro amarelo, que tinha comprado por R$ 170 mil há 15 dias. Ele era o terceiro que ele tinha desse modelo - lamentou Nilva Carla.
De acordo com a mulher, o marido tinha acabado de sacar dinheiro, em um banco na Pavuna, e ia fazer compras com uma vendedora, na Ceasa, em Irajá. Esse era o terceiro Camaro que o sargento teve.
No Facebook, amigos e familiares lamentam a morte de Mozar. Na manhã deste domingo, pelo menos seis dos 393 perfis de amigos do PM estavam com a mensagem: “Luto”. “Amigão, fica com Deus. Você sempre vai estar no coração de todos”, escreveu Anderson Souza. Já Allan Santos postou: “Não acredito até agora”. “Estou muito triste, ele era amigo do seu pai. Eles se encontram hoje na casa do senhor”, publicou Deila Maria.
O roteiro do deboche judiciário – sim, esse é o tipo de delinquência que estamos tratando aqui – é simples em sua forma, complexo em seu conteúdo e patético em seu desfecho
Deboche é um adjetivo frequentemente usado pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa. É uma palavra daquelas que trazem consigo o mal estar de antigamente. Deboche tem aquele jeitão de vocábulo que conjuga esperteza com inocência, a meio passo da ingenuidade atrevidas. Mas deboche ao fazer as pazes com o dicionário é bem mais que isso e soa pesado, desaforado mesmo.
Classificado como substantivo masculino, significa "ausência de regras, má conduta, devassidão, libertinagem". O dicionário lhe assegura a compreensão como "zombaria insistente, escárnio, desconsideração, desprezo de algo ou alguém através da ironia". Tudo isso é deboche, que mesmo sendo tudo isso surge etimologicamente nas letras francesas de seu avô débauche.
Se em alguma distante hipótese fosse o ministro Joaquim Barbosa mais afeito ao uso de variações vocabulares em seu repertório linguístico, ao menos quando atuando em sessão plenária da nossa Suprema Corte, certamente teria que se dar ao luxo de substituir o uso do "deboche" por seus sinônimos dicionarizáveis, esses sim, mais pesados e possivelmente mais apropriados ao conteúdo formal de suas falas. E quais os sinônimos para deboche? "Crápula, desregramento, devassidão, libertinagem, tripúdio".
E deboche foi o que ocorreu nesta quinta-feira (27/3/2014) na sessão do STF em que se julgou se o processo do mensalão tucano deveria retornar à primeira instância para ter seu julgamento segundo novo arremedo de ritos jurídicos e novas facetas de casuísmos jurídicos, um retorno breve após longuíssima viagem, cheia de engavetamentos, comodidades muitas.
A fama infame e fugaz dos holofotes midiáticos
O roteiro do deboche judiciário – sim, esse é o tipo de delinquência que estamos tratando aqui – é simples em sua forma, complexo em seu conteúdo e patético em seu desfecho:
Em 1998, Marcos Valério se envolve com o PSDB, cinco anos depois em 2003 se envolve com o PT. Desses dois envolvimentos nascem dois filhos gêmeos e bastardos de pais diferentes, mas com o mesmíssimo DNA, a delinquência clara, explícita. Os filhos bastardos são por seus pais chamados de caixa dois de campanhas eleitorais.
O primeiro gêmeo bastardo, nascido em 1998 passa a ser conhecido como "gêmeo tucano", o segundo bastardo, nascido em 2003, passa a ser referido como "gêmeo petista".
Encrencados em desvios de conduta, pois a matriz da delinquência é uma só, única e indivisível, eis que o segundo gêmeo bastardo – o alcunhado de petista - logo é pinçado cirurgicamente para ser julgado pela Suprema Corte do país, levado com estardalhaço a um pelourinho midiático nunca antes visto, contando com um canal de tevê próprio para transformar um julgamento que deveria se pautar pela discrição, serenidade, urbanidade e lhaneza de trato em verdadeiro 'reality show judiciário', onde milhões de espectadores da TV Justiça puderam testemunhar a troca de insultos pesados, as grosserias encenadas, as altercações cada vez mais previsíveis e o desrespeito contumaz demonstrado entre ministros que se julgavam infalíveis ao optar por condenações a penas draconianas em contraponto àqueles que desejavam se ater aos autos do processo, dar às costas à fama infame dos holofotes midiáticos e embasar o julgamento com o que julgavam ser a melhor forma de proceder na aplicação da justiça.
Foi assim que o Brasil entronizou na história de seu Poder Judiciário o deboche judiciário: com direito a centenas de horas em telejornais e quilômetros de matérias jornalísticas impressas em jornais e revistas de grande circulação diária e semanal. Muitas teses de mestrado e doutorado deverão vir a lume nos próximos anos para tentar entender como foi que o STF deu guinada tão abrupta e impactante rumo a um julgamento desvairado, em que juízes pareciam dublês de comentaristas políticos, assemelhavam-se a dublês de porta-vozes partidários – um ministro escandia desaforos contra um partido e dia seguinte o assunto era objeto de representação política junto ao Ministério Público ou ao Tribunal Superior Eleitoral e, enfim, dublês de cidadãos comuns a defender nada mais que o próprio senso comum.
Dois pesos, duas medidas... decisão do STF flerta com a prescrição do mensalão tucano
Na sessão mencionada os ainda existentes escrúpulos de nossa Corte Suprema foram às favas.
Os petistas são julgados na frente das câmaras de televisão, mediante o empenho midiático e condenados mesmo sem provas, usando-se teorias controversas como a do domínio do fato; os condenados ao regime de prisão semi-aberto são trancafiados em regime fechado, após passar por videoclipe de execração pública, com direito a que a data escolhida seja uma data cívica nacional (15 de novembro), embarquem em avião de São Paulo com destino a Brasília, acompanhados em horário nobre por emissoras de tevê. Nenhum dos réus da AP-470 pode recorrer a uma segunda instância de julgamento, mesmo que a maioria dos implicados jamais tivessem direito a foro privilegiado.
Os tucanos tiveram tratamento inteiramente diferenciado e favorável por parte dos ministros do STF. Esses mesmos ministros estavam bem cônscios que a renúncia do lépido governador mineiro Eduardo Azeredo ao mandato de deputado federal nada mais era que uma mal-dissimulada jogada para fazer o processo em que figura como principal réu – e maior beneficiário dos atos ilícitos elencados no processo - regressar à estaca zero, saindo da alçada máxima do Supremo Tribunal Federal para a a alçada de Primeira Instância. Portanto, à justiça mineira, estado em que foi governador, senador e deputado federal, estado em que o PSDB, seu partido e do qual foi presidente, estado em que o PSDB mantêm o governo estadual em sua alçada há mais de década; estado em que o PSDB parece contar com total controle da imprensa estadual e e desfruta de pesada influência nas lides judiciárias locais, tanto que nunca prosperou, desde os albores do século XXI qualquer representação de adversários políticos do PSDB no Ministério Público Estadual de Minas Gerais em que se faziam acusações de atos de improbidade administrativa envolvendo o senador Aécio Neves e tucanos de alto coturno. Todos os réus do pouco divulgado mensalão tucano, a começar pelo ex-governador Azeredo, com essa decisão quentinha e casuística até a medula, poderão recorrer a todas as instâncias que se fizerem necessárias.
Na prática, a decisão do STF alivia tremendamente a situação do ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo. Contando 65 anos neste ano, com o processo seguindo para a primeira instância, aumentam as chances de Azeredo se beneficiar da prescrição de crimes.
A matemática não deixa margem a dúvidas:
- Se Eduardo Azeredo for condenado antes dos 70 anos e o mensalão tucano for julgado antes de 1º de setembro de 2018, os crimes prescreverão em 31 de dezembro de 2015;
- Se Eduardo Azeredo for condenado após os 70 anos e se o mensalão tucano não tiver sido julgado até 30 de setembro de 2018, todos os crimes terão prescrito.
Mas será que os ministros de nossa Corte são tão bons em matemática como são bons em produzir polêmicas em torno de temas como processo e execução penal?
Em terra de cego... saci vem de voadora
Em resumo, o fato é que em 2012, o STF rejeitou veementemente pedido dos réus do chamado mensalão do PT, para que o processo fosse desmembrado e e eles fossem julgados na primeira instância, mantendo no STF apenas os réus deputados; e em 2014, o STF aprovou também com veemência – 8 votos a 1 – enviar o processo tucano, o mesmo que originou os desvios julgados no processo petista para a primeira instância.
Estranhíssimo é que o arrazoado apresentado pelo ministro Luis Roberto Barroso, relator da ação se embasava na necessidade de se criar um regra clara quanto ao uso de foro privilegiado por políticos: somente detentores de mandatos eletivos etc seriam julgados no STF e os demais desceriam a julgamento na primeira instância.. Muito bem, na teoria é inatacável, na prática é um consumado horror político, uma vez que o STF acatou o palavrório de Barroso apenas no concernente a livrar o tucano Azeredo do julgamento no STF e quanto ao estabelecimento de regras claras e objetivas o assunto resvalou para as calendas de futuro, nada ficando decidido e abrindo-se não mais que uma brecha para que o assunto seja algum dia decidido.
Se o ministro Luis Roberto Barroso imaginava com sua ação elevar o STF acima dos casuísmos políticos e das circunstâncias jurídicas, trazendo de volta alguma forma de equilíbrio a uma Corte useira e vezeira na arte de em tudo se posicionar, sem qualquer pudor, discrição ou senso de equilíbrio, o fato é que o tiro saiu literalmente pela culatra – tachou no STF a pecha que estava ainda em fase de consolidação de ter promovido na AP-470 um julgamento profundamente político-partidário e de ter sido usado pela oposição ao governo petista para fazer sangrar o partido aos olhos da sociedade brasileira, ao mesmo tempo em que pavimentou o mensalão tucano rumo à procrastinação, às chicanas jurídicas, ao compadrio de conterrâneos, ao desinteresse da mídia conservadora e igualmente aparelhada para fazer oposição aos governos petistas – afinal que emissora de tevê dará destaque a um julgamento local, que terá como protagonistas uma juiz de primeira instância, advogados de renomes no máximo regional, e um julgamento que deixará de contar com o strip tease da TV Justiça que levou a todo o Brasil as polêmicas e sempre com jeito de barracos sessões do STF enquanto julgava o chamado mensalão petista, e pior ainda, que não poderá abastecer o noticiário com o loquaz protagonismo dos sempre cheios de opinião ministros do STF?
Somos imbatíveis na arte e na prática do deboche
Equivocou-se também o novato ministro Barroso ao propor o que terminou sendo voto vencedor no plenário do STF e, de quebra, oferecer um escada ao ministro Joaquim Barbosa que, ao ser o único a não acompanhar seu voto, tripudiou em cima do colega: mostrou que não se dobra às teses defendidas pelo colega novato não importa quão certas estas estejam, e segundo, que teria o supremo prazer de açoitar um pouco o PSDB, açoitando em seus irritadiços votos o ex-governador tucano Eduardo Azeredo e demnsteando um apartidarismo político inexistente.
Melhor sorte teve o ministro Ricardo Lewandowski: foi a mais sentida ausência dos últimos tempos. Sua estatura moral paira sobre um recinto que se apequenou, uma Corte que foi encolhendo a ser o que é atualmente – um espaço cada vez mais dominado pela mediocridade, a baixa política de bastidor, a arena de egos inflamáveis. Sorte porque não precisou compactuar com uma pantomima marcada pelo mau odor exalado de uma justiça claudicante e metida a espertezas e que, qual biruta de aeroporto, ora declara o injusto justo e ora o justo injusto.
Uma coisa ficou evidente: somos imbatíveis na prática do deboche como a arte do ofício de julgar. Para saber o que significa deboche, voltemos a ler o que está inscrito nos §§ 1º, 2º e 3º do presente artigo.
Jornal GGN – A advogada Marianna Fux, 32, ganhou espaço cativo no noticiário há alguns meses, quando se iniciou uma movimentação silenciosa para que a filha do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, seja a favorita na sucessão de Adilson Macabu, aposentado compulsoriamente do cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 2013.
O TJ-RJ ainda não notificou a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Estado sobre a vacância da vaga e tampouco intimou a instituição a compor uma lista com seis nomes, que será remetida ao Tribunal, para dar início ao processo de sucessão. Logo, a empreitada de Marianna via Quinto Constitucional ainda não é oficial. Mas certamente já coleciona comentários ácidos e uma série de saias justas.
Quem tem boa memória lembrará que os fatos relacionados a essa disputa não são responsáveis pela primeira aparição da doutora na mídia. Há quase cinco anos, Marianna Fux esteve na mira da imprensa tupiniquim por conta de um esquema de viagens internacionais recheado de regalias conquistadas de maneira questionável por membros do Judiciário. A revista IstoÉ divulgou o caso com exclusividade em abril de 2009.
Tudo começou quando a Câmara Federal se viu pressionada a acabar com a farra das passagens aéreas – situação em que membros do Legislativo estendiam privilégios a familiares e amigos sem fundamentos legais. Depois, veio à tona os esquemas montados em nome do então ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Alberto Menezes Direito, recém-nomeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na sequência, a revista revelou documentos que apontam as benesses destinadas a Marianna e Débora Blaishman, juíza federal e amiga da filha do ministro Fux. Este, à época, estava lotado no Superior Tribunal de Justiça.
Em novembro de 2008, segundo a publicação, Marianna e a amiga desembarcaram do voo 8085, procedente de Paris. Um dia antes, ofícios do STJ foram encaminhados à Receita Federal, à Polícia Federal, à Infraero e à TAM, solicitando que ambas tivessem "atendimento especial" no desembarque. Em casos que conservam certo grau de semelhança, "atendimento especial" quer dizer viajar em classe superior à passagem aérea adquirida, não passar pelas revistas da Polícia Federal, evitar filas e ter acesso a salas VIP.
Os pedidos de “atendimento especial” contrariam a legislação da Receita Federal e o próprio regimento do STJ, que sustenta que os "serviços relativos ao embarque e desembarque são privativos dos ministros em atividade, dos aposentados e dos respectivos cônjuges. Nenhuma referência é feita a autoridades de outros tribunais ou a filhos, parentes e amigos dos ministros.” Apesar disso, o STF descartou qualquer possibilidade de emplacar uma investigação sobre privilégios em aeroportos.
Bermudes, Fux e a candidatura de Marianna
Após o episódio conturbado do "esquema VIP do Judiciário", os holofotes sobre Marianna Fux passaram a revelar a intenção de ocupar o cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio e, consequentemente, a relação do advogado Sérgio Bermudes, que comanda o escritório onde ela trabalha no Rio, com Luiz Fux. O ministro, inclusive, chegou bem perto de ter uma festança de 60 anos patrocinada por Bermudes, no ano passado, mas recuou para não prejudicar a candidatura de Marianna.
Fux também recuou da própria decisão de não julgar ações impetradas por Bermudes. Ele havia assinado um documento se declarando incapaz da função, mas não cumpriu a diretriz. O ministro não só participou de processos da empresa de advocacia que emprega a filha como colocou na gaveta, recentemente, uma ação de abono salarial da ordem de R$ 100 milhões que deve beneficiar o governador do Rio, Sergio Cabral. Este, aliás, será responsável por bater o martelo sobre quem ocupará a vaga que Marianna está de olho.
Estratégia rumo ao TJ
A filha do ministro já tem meio caminho andado em direção ao Tribunal do Rio. Afinal, por conta do sobrenome, Marianna teve oportunidade de transitar em meio aos desembargadores que serão responsáveis por reduzir a lista sêxtupla formulada pela OAB do Rio para a vaga em questão a apenas três nomes. Isso porque boa parte deles marcou presença em sua festa de casamento com o advogado e conselheiro efetivo da OAB, Hercílio José Binato, em outubro do ano passado, no Copacabana Palace. Até o ministro Joaquim Barbosa deu o ar da graça.
Os convites foram disparados com base na relação do ministro Fux com os desembargadores. Ele foi juiz eleitoral do Tribunal de Justiça do Rio entre 1983 e 1997, e desembargador do mesmo órgão entre 1997 e 2001, quando então ascendeu a ministro do STJ. Por conta disso, a votação no TJ, que será aberta, deve causar certo constrangimento. Que ex-colega de Corte vai se opor à filha do ministro publicamente?
Formação vs. requisitos
Formada há 10 anos em Direito pela Universidade Cândido Mendes, Marianna Fux tem pós-graduação em Teoria das Obrigações e Prática Contratual pela Fundação Getúlio Vargas (que, de acordo com a FGV, é um curso de extensão universitária de quatro meses, sem valor de doutorado) e acumula meia dúzia de processos julgados na segunda instância, a maioria ligada a Direito Administrativo e Civil. Apesar do currículo enxuto, Marianna se considera apta a conquistar o cargo de desembargadora e, com ele, salário superior a R$ 25 mil, carro oficial e outras regalias.
O mecanismo do Quinto Constitucional, previsto no artigo 94 da Constituição, prevê que 20% das vagas em determinados tribunais sejam compostas por advogados e membros do Ministério Público indicados por representantes da categoria. Como requisitos, os advogados interessados em um cargo na segunda instância sem concurso público precisam ter, no mínimo, mais de 10 anos de exercício profissional, notório saber jurídico e reputação ilibada.
O caso Letícia Mello
Assim como pode acontecer com a filha do ministro Luiz Fux, o peso do sobrenome também foi fator determinante à nomeação de Letícia Mello, filha do também ministro do STF Marco Aurélio Mello. Ela assume, no dia 4 de abril, o cargo de desembargadora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo).
Letícia tem menos tempo de diploma, mas seu currículo é mais consistente que o de Marianna Fux. Apesar de ser considerada uma advogada promissora, dizem os críticos ao Quinto Constitucional que ela é exemplo consolidado de que os tribunais brasileiros são formados por dinastias. Sem o sobrenome de um ministro do Supremo, teria Letícia chegado onde chegou com apenas 37 anos?
O Brasil vive um momento de reorganização social. A classe média cresce como resultado de uma mobilidade induzida por políticas sociais compensatórias, criação de empregos e manutenção da estabilidade econômica. A notícia é velha, mas boa.
Com a ampliação da classe média, o consumo do varejo aumenta, o dinheiro circula mais, a venda de imóveis, veículos e bens duráveis sobe. Em resumo, parece ser bom para todo mundo. Mas só parece. Tem aí um segmento que está muito incomodado. Trata-se da velha classe média – aquela que já era classe média desde o período da ditadura.
Para identificar essa classe social não é difícil. Na década de 70, esse segmento social já tinha casa própria, o que era uma raridade, já que o financiamento público era muito restrito e somente quem tinha uma renda razoável tinha condição de acesso. Os filhos dessa classe estudavam em escolas públicas. A educação pública era de boa qualidade, mas só atendia quem passava em exames de seleção, ou seja, quem tinha condições financeiras de estudar (comprar livros, uniformes, custear um curso de inglês etc). Os pobres ficavam fora da escola, e os ricos estudavam em escolas particulares. Essa família tinha um carro e, nos fins de semana, frequentava clubes de lazer e podia ir ao cinema. Essas famílias também tinham telefone – que era muito caro na época.
De lá para cá, com a redemocratização do país, essa classe viu o ensino público ser universalizado e perder qualidade, o que a obrigou transferir seus filhos para a rede particular. Também presenciou a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o que retirou dos trabalhadores com carteira assinada a exclusividade do atendimento médico público. Em outras palavras, todo e qualquer cidadão passou a ter direito à saúde pública – mesmo sendo de qualidade questionável.
Mais recentemente, a estabilidade econômica desencadeou estratégias governamentais que expandiram a telefonia fixa e a móvel, permitiram financiamentos da casa própria e para compra de automóvel mais acessíveis. Além de tudo isso, a classe mais carente teve sua renda ampliada com a criação de mais empregos formais.
SEM PRIVILÉGIOS
A velha classe média perdeu seus privilégios e, por outro lado, não conseguiu a mesma mobilidade que os mais pobres obtiveram. Ela não se transformou em rica e viu os pobres se aproximarem. A empregada doméstica, que antes era marca da classe média, virou diarista ou conseguiu um emprego melhor e, agora, tem celular e uma TV de 42” em casa – os mesmo aparelhos que sua patroa. Ela também pode comprar uma passagem aérea e pagar em dez vezes.
O que restou para a velha classe média? Fazer uma marcha pela família e saudar a ditadura. Ela se agarra ao passado, desconhece a democracia, pisa nos valores que adquiriu na universidade pública, portanto paga por toda a sociedade.
A velha classe média se incomoda com um homem de bermuda em um aeroporto, com os negros nas escolas e universidades e em postos profissionais de destaque. Ela perdeu os anéis e não se contenta com os dedos. Ela está desesperada. É assim que pretende ir às urnas, em outubro deste ano, com o rancor do poder perdido.
O Harry Potter do PSOL contra a “farsa da direita”
Por Malu Delgado
Os fãs tentam entender por que diabos Harry Potter não recorre a seus poderes para curar o problema na visão e abandonar os óculos. Por que ele é o único aprendiz de feiticeiros que porta o acessório em Hogwarts? Independentemente das explicações nas fanpages, tão imaginosas quanto a saga da britânica
J. K. Rowling, o fato é que aqueles óculos são a marca registrada do bruxinho. E é por causa deles que o senador pelo Amapá Randolfe Rodrigues, candidato do PSOL à Presidência da República, é conhecido pelo nome do protagonista da série.
“Não é, Harry Potter?”, brincava o senador Magno Malta (PR-ES) numa manhã de fevereiro, num dos corredores do Senado, enquanto defendia em entrevista a redução da maioridade penal. “Hoje não é um bom dia para isso, senador. Senão conto quem é Voldemort”, revidou Randolfe.
Os óculos de Randolfe causam tanto frisson aos marqueteiros do PSOL quanto os de Harry Potter aos fãs. Há catorze anos o senador foi diagnosticado com um leve astigmatismo e comprometimento da convergência ocular. “Há duas semanas o oftalmologista me disse que não tenho mais nada.” Mas o programa do partido veiculado no início de fevereiro trazia cenas do senador com os indefectíveis óculos. O candidato não sabe o que fazer com a imagem forjada por ocasião da disputa de 2011 à presidência do Senado, da qual José Sarney (PMDB-AP) saiu vencedor por setenta votos a oito.
Além da dúvida sobre manter ou não o figurino Harry Potter no candidato, há outra mágica a ser feita pelo PSOL: rejuvenescer ainda mais o jovem Randolfe, de meros 41 anos. O marqueteiro – “Luiz Arnaldo Campos, um cineasta militante que não visa ao lucro” – vetou o uso de terno e gravata na tevê. E será preciso muito feitiço para tornar sedutor o discurso do candidato: não bastasse a voz estridente e a retórica professoral, Randolfe é, segundo um correligionário, “gongórico”, ou seja, abusa de imagens rebuscadas e muitas vezes herméticas.
Januário Martins, pai do senador e petista histórico, não aprovou o programa do PSOL: “Parecia aquelas coisas do PT de antigamente.” Randolfe admite que não vai ser fácil encantar os eleitores falando da “auditoria da dívida externa” na tevê, com as ruas em ebulição. Ele se anima, porém, com a liberdade com que o partido poderá tratar da pauta “dos costumes”, como direitos homoafetivos e a descriminalização do aborto e da maconha. A agenda das mobilizações de junho também será encampada pelo PSOL: “Tarifa zero é exequível e realizável.”
"Até que enfim ganhamos uma aqui dentro”, celebrava Randolfe ao final da votação em que a Proposta de Emenda Constitucional na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre a redução da maioridade penal foi derrotada por 11 a 8. O senador repetia a piadinha que circulava nos corredores do Senado: “Passagem do meu estado até Brasília: 650 reais. Abastecer o carro do Senado: 400 reais. Ver a cara do Magno Malta depois da derrota da proposta: não tem preço.”
Num lapso de descontração durante o almoço em Brasília, Randolfe admitiu que é “meio sério mesmo”. Foi enfático quando o garçom lhe perguntou sobre o ponto da carne: “Passada, bem passada, muito bem passada, passadíssima.” Criado a maior parte da infância pelos avós em Pernambuco, enquanto os pais se aventuravam pelas terras promissoras do Amapá, ele credita sua aparência austera à pouca idade com que foi eleito. “Como sou o mais jovem da Casa, isso me impôs a necessidade de tentar envelhecer, ser formal, impor respeito. Na campanha vou tentar rejuvenescer.”
Entre um bocado e outro, falou das dificuldades para arrumar namorada na juventude. “Para namorar comigo tinha que resistir a pelo menos uma reunião do DCE e a uma panfletagem.” Hoje já é avô de Antônio Gabriel, filho de Thaís, sua caçula, de 18 anos. O primogênito, Gabriel, um ano mais velho que a irmã, lhe apresentou o mundo de Harry Potter. Divorciado, Randolfe vive com a nova companheira em Macapá, mas passa grande parte dos dias em Brasília. Fez poucos amigos. Não conseguiu aderir à pelada do deputado Romário (PSB-RJ) e do senador Petecão (PSD-AC) às terças-feiras. “É rara uma terça em que eu não queira fazer um pronunciamento”, justifica o flamenguista.
No dia 24 de fevereiro, Randolfe foi lançado pré-candidato do PSOL em São Paulo. É apontado como a síntese dos dois primeiros candidatos do partido à Presidência, a ex-senadora e hoje vereadora Heloísa Helena (6 575 393 votos) e Plínio de Arruda Sampaio (886 816 votos). Teria, segundo seus entusiastas, o vigor de Heloísa e a ternura de Plínio. O evento lembrava as plenárias do PT da década de 80 – boinas circulavam pelo salão, onde uma lojinha vendia livros marxistas e socialistas, bótons e camisetas do Che. A diferença ficava por conta da Bateria Indignada, a bandinha de jovens do partido que surgiu na época das manifestações de junho. A cada discurso, a rapaziada improvisava um bordão. “Eu não recebo nenhum real... Eu tô na rua por um ideal”, cantaram antes de Marcelo Freixo discursar. Visto hoje como o único político do nanico PSOL com alguma viabilidade de não fazer feio numa aventura nacional, Freixo declinou de ser candidato à Presidência. No dia 9 de fevereiro, teve seu nome associado pelo advogado Jonas Tadeu Filho ao manifestante black bloc acusado da morte do cinegrafista Santiago Andrade. O PSOL considera a tentativa de ligar o partido ao financiamento de black blocs uma “farsa do sistema” e diz estar afinadíssimo para tratar do assunto se “a direita” quiser ressuscitá-lo na campanha.
Dias antes de ser oficializado pré-candidato, Randolfe admitia não entender por que Freixo não aceitou concorrer. “Ele teria as melhores condições.” Para o senador, não há “razoabilidade” na recusa do colega. Freixo, deputado estadual, quer disputar a Prefeitura do Rio em 2016 e acha que precisa estar na Assembleia em 2015. Para não morrer de vez, a única meta real do PSOL em 2014 é eleger bancadas estaduais e federais, e Freixo é fundamental nessa engrenagem.
“Pelo sim, pelo não”, Randolfe mantém no pulso uma fitinha vermelha do Senhor do Bonfim que ganhou em Salvador. A militante que lhe deu a mandinga insistiu que ele a tirasse somente no segundo turno.
Caros leitores, não se assustem com essa afirmativa que é o título desse artigo, mas, de fato, prefiro os bandidos aos policiais e digo-lhes o por quê.
Um das principais funções do Estado é promover a segurança do cidadão e acima de tudo, garantir que seus direitos sejam todos exercidos dentro do que promete a lei, daí surge a polícia como uma força promotora e extensiva do Estado para abalizar mais ainda esses direitos, tais como: o direito de ir e vir, de ter segurança, etc...
No entanto, o que se percebe é que, mesmo sabendo dessas funções do Estado e tendo a plena convicção que os policiais também as conhece isso não garante segurança alguma a determinado grupos de pessoas como: gays, travestis, negros e pobres [marginalizados].
Vejam este caso:
Ontem [27 de março] à noite, estávamos reunidos como de costume na praça do Pr. Cícero num grupo grande amigos, em sua maioria gays, também haviam algumas mulheres. Como sempre fazemos, estávamos conversando e tomando algumas cervejas.
Uma viatura do Ronda do Quarteirão e uma viatura da Polícia Militar de Icó param na praça e de armas em punho pedem para que somente os homens encostem-se à parede e as mulheres se afastem – na fala dos polícias dirigida as mulheres foi escutado a seguinte sentença: “vamos, vamos, se não leva bala!”.
Enquanto essa cena acontecia percebi que um dos policiais que passava por trás de nós ria da situação com deboche, haja vista que se tratava de uma turma de gays e que eles muitas vezes nos viram lá, paravam e viam que não éramos vândalos ou bandidos e apenas pediam para que não sujássemos o local e mantivéssemos a ordem. Porém ontem foi diferente, eles descem e começam a famosa “diligência”.
Um dos policiais revista um amigo meu, depois meu irmão, logo após a mim e depois veio a revista um amigo chamado Tales – gay, estudante de educação física e professor - . Sem nenhuma causa aparente ele começa a gritar: “Ta me tirando a pagode é!”.
Na sequência esbofeteia meu amigo por diversas vezes. Ainda tentei argumentar dizendo que a atitude dele estava errada, que se tratava de um abuso de autoridade. Eu olhei em direção ao policial do ronda que se encontrava mais atrás na tentativa de que ele interviesse na situação, mas nada aconteceu. Ele simplesmente balançou a cabeça com um sinal de negativa pela atitude do outro estúpido policial. Mas nada fez.
O melhor vem agora. Diligência e tapas na cara concluídas eles em tom agressivo, arrogante e se achando o detentor de todo o poder do universo, grita diversas vezes com todos nós, mandando a gente ir pra casa. Com armas em punho o tempo inteiro.
Ficamos petrificados com tanta estupidez e fomos andando em direção a casa de um dos nossos amigos. Não satisfeitos ainda, vieram em nossa direção e mandaram novamente irmos para casa, pois caso contrário seriamos agredidos.
CONCLUSÃO DISSO:
Entre as pessoas que foram revistadas estavam psicólogos, professores, estudantes entre outras profissões. Não somos bandidos para sermos tratados daquele jeito. E mesmo que fossemos, existem leis para punir através da restrição da liberdade e não com agressão física. O mais interessante disso tudo é que ele bateu especificamente num gay.
Já estive em roda de amigos, conhecidos e diversas pessoas e sempre fui muito cauteloso com tudo e ficava assustado quando estávamos com pessoas que aparentemente diziam-se perigosas. Mas depois do evento de ontem percebi que nosso maior perigo não está na favela, no marginal ou até mesmo no bandido. O Estado está gangrenado por uma parcela considerável de gente estúpida como esse policial, e tudo a nossas custas.
Pagamos os salários dessas pessoas para ser garantido a nossa segurança e não sairmos apanhados numa simples diligência.
A única coisa que senti foi medo!
Que contradição não é! Eu senti medo da polícia, mesmo sendo uma pessoa honesta e íntegra. Assim como o meu amigo que apanhou, eu também me senti apanhando junto.
Que absurdo!
Agora eu entendo porque algumas pessoas se sentem mais seguras com os bandidos do que com os policiais.
A policia brasileira é criminosa sim! Tem culpa no cartório e mata mais do que qualquer guerra armada que há por ai.
Ela não nos protege, ela mata e condena mais ainda a uma condição marginalizada aqueles que já se encontram na subalternidade.
Entendemos perfeitamente que temos também um dos piores salários e condições de trabalho para policiais, mas nem por isso eles devem agir desse modo. Já imaginou se os professores agissem desse modo, haja vista que temos uma condição ainda pior do que a deles?
Isso tudo é um absurdo!
Por isso deixarei aqui alguns desejos:
Que o narcotráfico assuma logo de vez o comando do país e mostre que quem dá as ordens são eles mesmos, pois no final das contas os baluartes da política brasileira mantém subalternidade aos grandes “barões do pó”. Que as favelas sejam o pathernon dos novos cidadãos brasileiros e que tragam revolveres empunhado nas mãos. Que os marginais encarcerem os políticos e os lideres das igrejas. Que os bandidos condenem todos os policiais e mostrem quem são os contraventores de fato.
Há um Estado paralelo ao mundo real e esse ser bandido ainda é a única alternativa de ver, de fato, o mínimo dos seus direitos cumpridos.
Rogo aos céus: Derrubem o Estado e promovam a rebelião!
Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, Simone Vasconcelos, Vinicius Samarane, José Roberto Salgado, Kátia Rabelo, Jacinto Lamas, João Claudio Genu e Enivaldo Quadrado são personagens quase anônimos e, naturalmente, sem foro privilegiado; réus da Ação Penal 470, foram julgados diretamente pelo Supremo Tribunal Federal, ao contrário de Eduardo Azeredo, que renunciou ao mandato; segundo Gilmar Mendes, todos faziam parte de uma "teia", diferentemente do chamado "mensalão tucano"; mas como existe a teia se não houve formação de quadrilha?; castelo de cartas de Joaquim Barbosa ruiu e recurso à Corte Interamericana de Direitos Humanos se faz urgente e necessário
30 DE MARÇO DE 2014 ÀS 19:15
247 - Se a lógica mais elementar se aplica às decisões do Supremo Tribunal Federal, os alicerces que sustentaram a Ação Penal 470 desmoronaram de vez na semana passada, quando o caso do tucano Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas Gerais, foi remetido à primeira instância.
Como se sabe, Azeredo renunciou ao mandato, perdendo, assim, o foro privilegiado. Será julgado em primeira instância e terá direito a todos os recursos até que seu caso chegue ao STF, configurando o chamado trânsito em julgado.
Como a Constituição estabelece que todos são iguais perante a lei, uma questão central emerge: por que os réus da Ação Penal 470 não foram julgados em primeira instância, podendo também recorrer de eventuais condenações? E não estamos aqui falando de personagens da vida pública, como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, que, aliás, também não tinham foro privilegiado. Mas de personagens secundários, com vidas distantes da política, como o bancário Vinicius Samarane ou a secretária Simone Vasconcelos. Por que a eles não foi dado o direito de serem julgados em primeira instância? A mesma questão se aplica a nomes como Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, José Roberto Salgado, Kátia Rabelo, Jacinto Lamas, João Claudio Genu e Enivaldo Quadrado, entre outros.
Todos esses foram levados ao STF graças à construção da procuradoria-geral da República, que alegou que agiam de forma integrada, numa quadrilha. "O mensalão era uma rede, uma teia, não havia como separar os investigados. Naquele caso, pouco importava ter ou não direito a foro privilegiado", disse o ministro Gilmar Mendes.
Será mesmo? Mas por que será que os réus do chamado "mensalão tucano" puderam ter seus processos desmembrados? Será que Eduardo Azeredo não formava uma "teia" com seu vice-governador Walfrido dos Mares Guia, com seu tesoureiro Claudio Mourão e com o onipresente Marcos Valério?
Os casos tiveram desfechos distintos porque, no início, não foi aceita a imputação de quadrilha aos réus do mensalão tucano. Quadrilheiros eram, apenas, os petistas. Mas o que fazer, agora, que o crime de formação de quadrilha foi derrubado pelo STF, na votação dos embargos infringentes? Como fica a teia?
Se essa rede de criminosos não existe mais e se réus sem direito ao foro privilegiado devem ser julgados em primeira instância, diversos cidadãos brasileiros estão presos ilegalmente. E o STF deveria ser o principal interessado em reverter a ilegalidade numa eventual revisão criminal.
Como isso dificilmente ocorrerá, não resta aos réus da Ação Penal 470 outra alternativa que não seja o recurso à Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, da qual o Brasil é signatário. Ela estabelece que todo e qualquer réu, num país democrático, tem direito ao chamado duplo grau de jurisdição, ou seja, a, ao menos, uma possibilidade de recurso.
Este direito foi subtraído de vários réus porque eles formariam uma "teia", que o próprio STF concluiu não existiu mais.
Isso demonstra que o castelo de cartas construído por Joaquim Barbosa desmoronou na semana passada. E agora, STF?