quarta-feira, 16 de julho de 2014

É injusto comparar mensalão ao escândalo da reeleição de FHC, diz Aécio

Jornal GGN - O presidenciável Aécio Neves (PSDB) disse que o adversário eleitoral Eduardo Campos (PSB) cometeu uma injustiça ao equiparar a gravidade do caso que culminou no julgamento da Ação Penal 470, mais conhecida como mensalão, ao escândalo da compra de votos no Congresso para a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
“Não dá para comparar. Campos cometeu uma injustiça. Esse caso [o do esquema de compra de votos] foi investigado e arquivado”, afirmou Aécio na manhã desta quarta-feira (16), durante sabatina promovida pela Folha de S. Paulo, SBT, Joven Pan e Uol.
Ao criticar a presidente Dilma Rousseff (PT) por alojar indicados do PR no primeiro escalão do governo federal em troca de apoio nas eleições, Aécio foi lembrado pelo jornalista Kennedy Alencar (SBT) que Fernando Henrique entregou ministérios ao PMDB para evitar uma CPI que pudesse comprometer seu segundo mandato.
Na terça-feira (15), Eduardo Campos foi instigado a opinar sobre o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, e acabou falando do caso FHC. O pessebista disse que pensa do mensalão o mesmo que pensa das suspeitas de compra de votos para a reeleição: “Acho um horror”, resumiu.
Na tentativa de defender FHC, Aécio sustentou que a gravidade dos casos são distintas principalmente porque, no mensalão, os indícios de atos ilícitos culminaram na prisão de caciques petistas, enquanto as investigações em torno da reeleição do ex-presidente tucano foram paralisadas por “falta de provas”.
“A Procuradoria [Geral da República, na época comandada por Geraldo Brindeiro] arquivou porque não havia provas. Foi investigado e não houve nada. (...) O próprio Fernando Henrique chegou a dizer que se houve compra de votos, ele e o PSDB não tiveram nada a ver com isso”, sustentou Aécio.
Kennedy Alencar rebateu a defesa de Aécio lembrando que, desde que o escândalo foi parar no noticiário, Brindeiro ganhou a alcunha de “engavetador-geral da República”, ao passo em que, na AP 470, as autoridades competentes tiveram "autonomia" no processo de investigação e julgamento.
Pressionado, Aécio deixou a defesa de FHC de lado e mirou no PT. “Eu não estou aqui para ser advogado do Fernando Henrique. Para concluir, eu acho que o PT concorda conosco, porque o partido governa há 12 anos e não reabriu esse caso. A realidade é que no caso do mensalão, os réus foram julgados e hoje cumprem pena por desvio de recursos e abuso de poder. E ponto”, finalizou.
Afiado e com apoio da plateia que ocupava as dependências do Teatro Folha, em São Paulo, Aécio afirmou que manterá os programas sociais desenvolvidos durante as administrações do PT no plano federal, com algumas modificações para “aprimorá-los”. Entre os destaques, estão o Programa Bolsa Família e o Mais Médicos. Já sobre política econômica, o tucano evitou ser preciso quanto às promessas, afirmando que ainda deve debater muitas pautas com a sociedade.
Rebatendo críticas
Questionado sobre Eduardo Campos ter sugerido que o PSDB é a representação de um projeto conservador para o Brasil, Aécio disse que não entrará numa guerra midiática contra o pessebista, e encurtou o assunto ironizando a aliança de Campos com o PSDB em territórios sinônimos de grandes colégios eleitorais. “Eu devo entender que é bom ser conservador, porque Campos apoia [os tucanos] Geraldo Alckmin, em São Paulo, e Beto Richa, no Paraná, com muita alegria”, disse o presidenciável.
Sobre a Copa do Mundo, Aécio se defendeu das acusações de mudança de discurso e da boa relação com dirigentes da CBF. “Eu tenho boas relações com muita gente, isso nada significa. Eu fiz o que tinha de fazer, mesmo que não fosse candidato. Fui ao campo, torci. Mas o que vi foi o governo federal tentar se apropriar a qualquer custo do êxito da seleção”, comentou.
O candidato tucano não respondeu, entretanto, se encampará, caso tome posse do Palácio do Planalto, o refinanciamento da dívidas dos clubes esportivos e outras medidas debatidas após a derrota da seleção canarinho no mundial de futebol. Ele reforçou, apenas, que concorda com a instituição de uma “lei de responsabilidade para o Esporte, mas não [concorda] com intervenção estatal".
Suga-suga
Em junho, no mesmo dia em que o Planalto movimentava peças no primeiro escalão para não perder o apoio do PR nas eleições, e o PTB deixava a base de governo Dilma para formar aliança com Aécio Neves, o presidenciável tucano declarou à imprensa que “muito mais gente já desembarcou [da ala de situação] e o governo ainda não percebeu. Vão sugar um pouco mais. E eu digo para eles: façam isso mesmo, suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado.”
A fala não pegou bem. Inúmeros artigos pipocaram criticando a postura do senador. Diante da polêmica, o jornalista Josias de Souza, colunista e blogueiro da Folha/Uol, questionou a Aécio se não faltou “recato” ao tratar do tema.
“Não teve a menor importância isso. O importante é que o governo Dilma, para ter mais segundos de [programa eleitoral na] televisão, demitiu um ministro por excesso de honestidade. Ela própria dizia que o ministro dos Transportes [que teve de ceder espaço a um indicado do PR] era um dos mais qualificados que ela tinha. Recebo todas as adesões de braços abertos, porque eu não tenho cargos para dar. Só posso oferecer um projeto de futuro de Brasil”, respondeu Aécio.
http://jornalggn.com.br/noticia/e-injusto-comparar-mensalao-ao-escandalo-da-reeleicao-de-fhc-diz-aecio

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