quinta-feira, 21 de agosto de 2014

As maracutaias da Globo na CBV

  • Globo se envolve em contratos de patrocínio da CBV e rende multa à entidade

  • Vinicius Konchinski
    Do UOL, no Rio de Janeiro
    21/08/201406h00Divulgação/FIVB

  • Contrato da gestão de Ary rendeu multa à CBV por conflito com patrocinador
    Contrato da gestão de Ary rendeu multa à CBV por conflito com patrocinador
Uma empresa da Globo intermediou o fechamento de contratos de patrocínio da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) por cerca de um ano e meio, durante a gestão do ex-presidente da entidade Ary Graça. Graça, que hoje preside a FIVB (Federação Internacional de Vôlei), renunciou do seu cargo na confederação nacional em março, depois de ter seu nome envolvido em um escândalo administrativo na entidade. O escândalo foi causado justamente por suspeitas de favorecimentos a ex-dirigentes da CBV em contratos relacionados a gerenciamento de patrocínios.
De acordo com o atual vice-presidente da CBV, Neuri Barbieri, uma subsidiária da Globo do setor comercial também trabalhava para a confederação na área de patrocínios durante a gestão de Graça. Em entrevista coletiva concedida na quarta-feira, Neuri disse que, em 2012, a Globo assinou um contrato para ser a negociadora exclusiva dos direitos de patrocínio da confederação os quais ainda disponíveis para negociação. Antes da assinatura do contrato com a Globo, a CBV já era apoiada pelo Banco do Brasil, Gatorade, Gol e Olympikus.
Por meio desse contrato, a Globo chegou inclusive a intermediar um acordo para que a Nivea, empresa de cosméticos, se tornasse patrocinadora da CBV. Segundo Barbieri, um acordo de R$ 2,6 milhões foi fechado entre a confederação e a Nivea. Parte disso, foi repassado à Globo. A empresa não tinha uma remuneração fixa por seu trabalho com os patrocínios na CBV.
A CBV, mesmo assim, resolveu romper seu vínculo com a Globo depois que Graça deixou o comando da entidade. Neuri afirmou na quarta que o contrato com a empresa causou problemas à confederação já que o Banco do Brasil –principal patrocinador da entidade—questionou o fato de a Nivea apresentar-se como "patrocinador oficial do vôlei brasileiro". Por contrato firmado com a CBV, só o BB pode relacionar-se com o esporte de tal forma no Brasil.
Insatisfeito, o banco passou a cobrar a CBV. "O Banco do Brasil pressionou. Nos multou e reduziu em 60% dos repasses pelo patrocínios às seleções. Estamos com esse pagamento bloqueado", afirmou Neuri. "Fizemos uma revisão do contrato. O banco tinha razão. Tem um mês que resolvemos rescindir o contrato com a Globo."
Procurada pelo o UOL Esporte, a Globo não se pronunciou.
O ex-jogador de vôlei e novo diretor de Marketing da CBV, Renan Dal Zotto, confirmou o problema com entre CBV e BB por causa do patrocínio da Nivea. Disse que negociou a rescisão do contrato com a Globo e, ao final, todos saíram satisfeitos. "A Nivea até vai continuar apoiando a CBV, mas não como patrocinadora oficial", disse.
Renan confirmou o erro no patrocínio da empresa de cosméticos e disse também que a nova administração da CBV não vai mais permitir que uma empresa tenha direito exclusivo para negociação dos patrocínios da confederação, assim como teve a Globo. "Se a Globo quiser trabalhar com a gente, tudo bem. Mas ninguém terá mais exclusividade de nada aqui."
O fim de qualquer exclusividade na área de patrocínio é uma das diretivas da nova gestão da CBV. A entidade agora é presidida por Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, que era vice-presidente da confederação durante a gestão de Graça. Neuri é braço direito de Toroca. Segundo ele, a atual gestão será de "absoluta transparência".
Durante a entrevista coletiva de quarta, Neuri anunciou que a CBV vai rescindir os contratos da área de patrocínios suspeitos de favorecer ex-dirigentes. Reportagens da ESPN revelaram em março que duas das três empresas contratadas pela CBV, pertencem a ex-dirigentes da confederação: Marcos Pina e Fábio André Dias Azevedo. Depois dos contratos, ambos passaram a lucrar com os negócios fechados pela confederação.
Para Neuri, houve problemas éticos nesses contratos. "Os contratos não eram conhecidos dos presidentes de federações estaduais de vôlei.", afirmou ele. "Também há a questão de se fazer negócio com quem teoricamente já estaria trabalhando para você. É complicado."
O vice-presidente da CBV também afirmou que a CGU (Controladoria Geral da União) –órgão de controle federal—também estão investigando contratos da CBV com empresas de ex-dirigentes. Ele disse que todas as informações estão sendo prestadas pela confederação.
http://esporte.uol.com.br/volei/ultimas-noticias/2014/08/21/globo-intermedeia-patrocinio-da-cbv-e-rende-multa-a-confederacao.htm
http://esporte.uol.com.br/volei/ultimas-noticias/2014/08/21/globo-intermedeia-patrocinio-da-cbv-e-rende-multa-a-confederacao.htm

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