sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O que revela a cobertura da imprensa sobre o Aécioporto?





Nitidamente é possível vislumbrar a abissal diferença entre a divulgação da denúncia e o tom incriminador que é dado à cobertura de episódios semelhantes quando quem está na posição de vitrine são os desafetos políticos e ideológicos de tais denunciantes. Nos últimos anos, militantes do Partido dos Trabalhadores ou seus aliados no governo, tratados desde logo como culpados, antes mesmo de uma apuração rigorosa dos fatos.

A favor de Aécio, o caso do aeródromo de Cláudio, tem se notabilizado por uma cobertura bastante equilibrada, com todas as oportunidades sendo dadas ao candidato da oposição para colocar seus pontos de vistas, fazer o contraditório e se explicar cabalmente, algo raro em se tratando de imprensa brasileira que não costuma abrir espaços para contestações. 

Aécio, porém, não consegue dá respostas convincentes e sua impaciência só revela que não está acostumado a ser cobrado pelos atos praticados enquanto homem público, fruto de uma dominação imposta, durante anos à imprensa de Minas Gerais, domesticada por caudalosas verbas públicas.

Nesta mesma Folha, da qual saiu o petardo que atingiu em cheio a figura do candidato, todas suas manifestações foram acolhidas cabalmente sem maiores contestações. No espaço nobre do jornal, pôde escrever artigo se defendendo das acusações que pesam contra si. O ineditismo não encontra paralelo em nenhum outro caso, nem nos de menores relevâncias, como o da tapioca de 8 reais que levou à cabeça de um ministro à guilhotina.

Um caso mais recente, contemporâneo do Aécioporto, expõe o tratamento faccioso do jornalão dos Frias. A Folha publicou que lideranças do PP e do PROS teriam feito uma tentativa de suborno a seção do PROS de Pernambuco para que apoiasse o PSB. A denúncia partiu de um deputado. 

Numa demonstração de má vontade para com os denunciados, o jornal ouviu apenas protocolarmente o "outro lado" para cumprir com o papel de "isenção" que apregoa. Não foi dado o mesmo espaço concedido a Aécio na questão do aeródromo de Cláudio. Ninguém do PSB foi convidado a escrever nas páginas do jornal em resposta as acusações.

Inconformados, foram à justiça eleitoral do estado e conseguiram uma liminar que mandava a Folha publicar o direito de resposta. O jornalão recorreu e conseguiu derrubar. A disputa subiu ao Pleno do TRE e por unanimidade os desembargadores mantiveram decisão de primeira instância determinando que a Folha publique em até 48 horas o direito de resposta. O jornalão já avisou que vai recorrer ao TSE.

Registre-se que Aécio não precisou fazer esse esforço do PSB. Recebeu generosamente os espaços nobres do jornal para fazer sua defesa. Se não consegue é porque não tem como justificar o injustificável.

Se a Folha estivesse mesmo em busca de uma investigação séria do Aécioporto teria despachado seus repórteres para Cláudio afim de verificarem se como diz Aécio, foi feita uma reforma e não a construção de uma nova pista. (Os fatos desmentem o candidato. ) 

Não pararia por aí, chamaria um de seus famosos "especialistas" para ser ouvido com relação a se esse gasto de 14.000,000,00 de reais se coaduna com o tipo de pista construída naquele aeródromo, em comparação com outras, muito melhor esquipadas e bem menos caras. 

Também teria procurado a ANAC e pedido explicações sobre a demora da licença e outorga. Aproveitaria e perguntaria sobre a documentação apresentada e o por quê da pista não ter sido até agora liberada para pousos e decolagens. 

Ouviria, por conseguinte, o ministério público no tocante as razões que o levaram a coonestar com esse flagrante escárnio que envolve uma mistura nada republicana entre o público e o privado. 

Ao juiz perguntaria se não enxergou que havia um grotesco conflito ético, tomado como coisa corriqueira, de somenos importância, mesmo sendo do conhecimento geral da população de Cláudio que o terreno desapropriado pertencia ao tio-avô de Aécio. Exatamente como teria feito com o PT, se fosse o PT, o denunciado.

Aliás, Múcio Tolentino, o tio-avô de Aécio tem uma pendência judicial ainda não resolvida por causa desse terreno e de uma pista outrora construída no mesmo local, antes do Aécioporto, a mando de outro governador mineiro, Tancredo Neves, seu contraparente e avô de Aécio.

O ministério público de então impetrou ação pedindo ressarcimento aos cofres públicos. O terreno foi bloqueado em 2001. Com a providencial desapropriação feita por Aécio e confirmada na justiça, seu tio-avô ganhou o direito de embolsar ao menos 1.000.000,00 de reais. Lindo não?

Portanto, não, não nos enganemos com a Folha. Isso não é jornalismo. No máximo um teste para saber como seu pupilo se comporta diante de um pequeno incômodo. Já viram que não podem vir com uma denúncia mais grave, se vierem vão levar Aécio a nocaute e podem acreditar que denúncias mais sérias e consistentes do que essas existem aos borbotões, se forem trazidos para conhecimento público pegarão o candidato da oposição de calças curtas.


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