segunda-feira, 29 de setembro de 2014

CEARÁ QUE ANTES NÃO PRODUZIA ENERGIA HOJE TEM EXCEDENTE E UMA INFRAESTRUTURA HÍDRICA QUE NEM ISRAEL POSSUI.



O POVO – Governador, o cenário que temos hoje no Ceará é aquele que o senhor projetava quando de seu primeiro governo, quase oito anos atrás? O Estado será entregue da forma que o senhor gostaria e imaginava?

Cid Gomes – Tem vários setores com registro de expressivos avanços e, óbvio, setores que não estou satisfeito (com o que foi feito), além dos que não poderiam ser melhores. Vamos tentar descrever aqui um pouco de cada um deles. Na infraestrutura, por exemplo, em energia, o Ceará oito anos atrás era um estado 100 por cento importador. Não se produzia aqui nenhum lote de energia , tínhamos algumas usinas termelétricas que eram usinas de backup, não havia produção permanente. Ao longo desses oito anos o Ceará se transformou num estado exportador de energia. Nós geramos mais de 1.000 megawatts de eólica, somos um dos dois únicos estados brasileiros que ultrapassaram essa barreira, e temos mais 1.200, aproximadamente, de térmicas que funcionam permanentemente. Como nossa demanda, a potência instalada necessária para que tudo rode no Ceará é algo em torno de 1.500, 1.600 megawatts, estamos conseguindo gerar um excedente. E todos sabemos o quanto a energia é estratégica e que já foi, e vez por outra volta a ser, um setor crítico.



OP – Estamos dependentes das termelétricas?

Cid – Não diria isso. É que se resolveu no Brasil, de um certo tempo pra cá, privatizar a geração de energia. Foi uma opção que o País fez ainda na época do governo Fernando Henrique Cardoso, então, privatizaram a distribuição, aqui no Ceará foi vendida a Coelce, e deu-se início à política de leilões para geração de energia. Acabou-se aquele tempo em que o governo fazia direto, fez Tucurui, Paulo Afonso, Itaipu, mas hoje os investimentos na área são privados. É a iniciativa privada que está fazendo Santo Antônio, Girau, através de leilões, quem está fazendo Belo Monte é a iniciativa privada, a geração de energia eólica é feita 100 por cento através de investimentos privados, as termelétricas. Enfim, pode-se dizer que quanto à energia os avanços são extraordinários. Infraestrutura dois: um tema fundamental em qualquer lugar, pra nós mais ainda, que é a água. A despeito da demagogia que reina, especialmente às vésperas de uma eleição, nunca houve tanto investimento em recursos hídricos no Ceará como está havendo agora. Desde ações macroestruturantes, como é o caso do Eixão das Águas... O Castanhão foi feito pelo governo federal, através do Dnocs, mesmo que alguns tentem se apropriar da sua construção. É claro, basta olhar os dados disponíveis para ver que quem construiu o Castanhão foi o governo federal, uma obra que percorreu vários governos mas concluído pelo (ex-presidente) Lula. A água dele para chegar a Fortaleza demanda 200 km de infraestrutura de canais, dos quais, os dois governos anteriores ao meu fizeram 70 km e nós fizemos 130 km para que ela chegasse a Fortaleza. Fiz mais 55 km, já não é canal, é adutora, para chegar ao Complexo Industrial do Pecém. Uma adutora de 2,5 metros, triplicando a oferta de água para o Pecém e a gente sabe que termelétrica precisa, siderúrgica precisa, que qualquer empreendimento industrial precisa. Quanto a Fortaleza, o que está feito já de infraestrutura assegura água para um horizonte de 20 anos e, acrescentando (a transposição) São Francisco, uma obra em execução, a despeito da politicagem querer negar, mas está em plena execução, há seis mil pessoas trabalhando, assegura água para um horizonte de 40 anos. Então, o que São Paulo está vivendo, que é o risco de um colapso de água no final do ano, Fortaleza, em pleno semiárido, tem garantia de 20 e, muito brevemente, mais 20 anos. Graças a ações federais e ações estaduais, como é o caso do Eixão. Além dessa obra estruturante, também estamos em execução com a maior de todas, o Cinturão das Águas. O investimento é de R$ 1,5 bilhão, obra em plena execução, também, e que fará com que as águas do São Francisco, que pelo projeto original da transposição já chegam à bacia do Jaguaribe, possam alimentar todas as outras grandes bacias do Ceará. Vai para o Oeste do estado, que é a região mais crítica sob o ponto de vista de insuficiência de água, atravessa o Cariri, de ponta a ponta, serve já inicialmente, toda aquela região de Crato, Barbalha, Juazeiro, mais adensada, permite que se retome atividades de irrigação pela oferta de água o ano inteiro, mas ele não para por ai. O canal segue, vai para o Cariri Ocidental, entra nos Inhamuns, alimenta, portanto, vai perenizando todos os afluentes do Jaguaribe. Por isso, por exemplo, o açude de Orós, que no projeto original não teria qualquer benefício, passará a ser também uma barragem alimentadora, uma barragem pulmão. Alimenta o próprio Jaguaribe, o Banabuiu, o Quixeramobim, a bacia do Poty, a bacia do Coreaú, do Acaraú, do Aracatiaçu, a bacia do Curu, crítica para o Pecém, a região como um todo que padece da falta dágua. Pelo outro lado, a bacia metropolitana chega aqui pelo Eixão, por isso é que se encontram e se dá o nome de Cinturão. Nós ficamos com a melhor estrutura de recursos hídricos, me perdoem a vaidade, ficaremos com uma estrutura hídrica que nem Israel tem, apesar de ser um país conhecido no mundo inteiro como onde se fez mais coisa nessa área. Vamos ficar com a possibilidade de manejar a água e com uma fonte externa que é segura. Falei apenas dos projetos macro, mas há uma série de outros projetos. A verdade é que em tempo algum da história do Ceará se investiu tanto nessa área...

OP – Governador....

Cid – Desde a coisa chamada cisterna. Uma modalidade voltada para atender uma família isolada. Quando você não tem uma rede próxima, não tem um açude próximo, a forma recomendada é fazer uma cisterna para que ela acumule a água da chuva e dê a possibilidade de atender às necessidades básicas por um bom período. Ao longo de toda a história do Ceará foram feitas 22 mil cisternas de placas, uma parte delas feita por ONGs, Cáritas etc, não foi o governo. Nós estamos implantando 153 mil, quase oito vezes tudo que foi feito em matéria de atendimento individual.

OP – Nós tínhamos 22 mil casas...
Cid – Vinte e duas mil casas, no Ceará, com cisternas. E, repito, boa parte delas que não foi feita pelo governo, por entidades não governamentais, pelo Dnocs, e uma parte, não sei precisar quantas, realizada pelo governo. Nós estamos implantando 153 mil! Quase oito vezes tudo que foi feito na história, pelo governo e outros agentes. Hoje até deve ser mais porque continuam entidades não governamentais.  Bom, sistemas de abastecimento dágua, que é outra coisa importante, quando assumi o Estado dispunha de apenas três máquinas perfuratrizes, hoje são 11. Quer dizer, por qualquer ângulo que se queira ver a área dos recursos hídricos esse governo é um governo que se destaca. Diria que em barragens, talvez, o do Ciro (Gomes, irmão e ex-governador) tenha feito mais do que nós, porém, assim mesmo, se é para contar como coisa do governo, foi feito o Figueiredo, o Missi, o Gameleira, o Jatobá, o Mamoeiro, o Jenipapeiro, enfim, fizemos vários açudes. Em relação às adutoras, de novo, nenhum governo chegou à metade do que executamos. Do que vem à cabeça, agora, executamos 50 km para atender Tauá, 30 km para atender Quiterianópolis, 150 km para atender Crateús, 40 km para atender Irauçuba, 20 km para atender Potiretama, 40 km para atender Caridade e Canindé, 25 km para atender Caririaçu, sem falar de outros tantos, devemos ter executado, seguramente, mais de 1.000 km de adutoras para atender centros urbanos. Alcântara, Beberibe, Pindoretama, Fortim, sistema de abastecimento dágua de Aracati foi feito no meu governo, fiz Maranguape, sede e alguns distritos...

OP - Pelo que o senhor está falando...
Cid - Em matéria de água, desde o grande investimento até o micro, não há parâmetro de governo que tenha feito próximo do que nós. Em um setor apenas, acho que açudes, acho que o Ciro fez mais.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2014/09/29/noticiasjornalpolitica,3322209/cid-eunicio-mistura-negocios-com-politica.shtml

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