quarta-feira, 10 de setembro de 2014

E SE NO LUGAR DE ARRUDA FOSSE UM PETISTA?



Tenho repetido com demasiada insistência que a corrupção no Brasil só não compensa para o PT e por uma razão muito simples. O judiciário brasileiro que é o poder pior dos três poderes se ver forçado a dá um tratamento diferenciado, de exceção aos membros do partido dos trabalhadores, quando acusados de algum malfeito para além das garantias que as leis num Estado Democrático de Direito asseguram aqueles que porventura tenham sido alvos de uma ação judicial por crimes de corrupção porque seu telhado de vidro não suportaria as pedradas da mídia em direção a esse poder hermético, aristocrático e repleto de situações escabrosas que se fossem trazidas à luz não se sustentaria a meia hora de escandalização do tipo que a mídia dedica ao PT cotidianamente em seu noticiário.

O caso do famigerado mensalão é emblemático sobre como o judiciário brasileiro trata questões semelhantes de forma desigual para atender as expectativas de uma narrativa construída ao longo dos anos e que não se sustenta nem em fatos e nem em provas, como dizer que o PT é o partido mais corrupto do Brasil e seus membros os ladrões do dinheiro público.

Para dá veracidade a essa narrativa falaciosa, mesmo inexistindo provas que a corroborem, importam-se teorias esdrúxulas ao nosso direito e assim é satisfeita a sanha de um falso moralismo seletivo e direcionado unicamente ao espectro político que está em desagrado dos interesses da mídia hegemônica que mesmo debilitada em sua influência e capacidade de direcionar o voto do eleitor para os candidatos de sua preferência, ainda detém poder suficiente para causar estragos indeléveis na imagem dos poderes constituídos.

Assim invariavelmente vemos setores do Ministério Público, do poder judiciário, da própria polícia federal e de outros órgãos fiscalizadores com um animus de investigação que perpassa partidos e pessoas ligadas a oposição e que atinge o partido dos trabalhadores de um modo que somente podemos afirmar que se trata de uma intenção maldosa de transformar uma instituição na qual militam milhões de filiados e têm dezenas de milhares de simpatizantes como coito de bandidos e jogá-la na vala comum da corrupção. Corrupção que campeia graças a leniência que beira a conivência de nossa justiça, especialmente se os envolvidos forem os amigos ideológicos de certos membros desse poder.

Homens de passado probo que fizeram a luta política durante toda suas vidas para que esse país fosse menos desigual terminarão seus dias como condenados pela justiça, rotulados como mensaleiros, embora não haja uma prova de que tenham cometido os crimes dos quais foram acusados. Fez-se imprescindível introduzir no bojo do julgamento de exceção a que foram submetidos, uma teoria alienígena pomposamente chamada de DOMÍNIO FUNCIONAL DOS FATOS, cujo autor em várias declarações que deu a imprensa refugou sua aplicação naquele julgamento dada a falta de elementos que a justificassem.

Aqui dispensamos de analisar a conduta individual dos vários ministros que participaram daquele teatro de horrores. Mas especialmente um se manisfestou com tamanha vontade de condenar que deixou surpresos seus admiradores que o tinham como um jurista que prezava a corrente garantista do direito. Não me refiro a Joaquim Barbosa tangido pela influência de um populismo jurídico e midiático, mas a Gilmar Mendes.

Esse mesmo Gilmar agora pede vista de um recurso impetrado por José Roberto Arruda ex governador do Distrito Federal e candidato a esse mesmo governo que foi enquadrado por sentença judicial na lei da ficha limpa. Com o artifício do ministro Gilmar, Arruda poderá concorrer normalmente ao pleito e pelo que indicam as pesquisas sair-se-á vitorioso. Gilmar não tem prazo para dá seu parecer. Poderá fazê-lo depois das eleições.

Arruda não é um corrupto qualquer. Chefiou uma quadrilha dentro de seu governo com pagamentos de propinas a aliados, políticos, membros do ministério público, servidores concursados e outros. Até oração da propina houve como demonstra a videoeteca de Durval, o delator do esquema. Provas em abundância que dispensam o Domínio dos Fatos empregado para condenar os "mensaleiros" petistas, sobram no caso de Arruda. No entanto, Arruda disputará as eleições e provavelmente as vencerá por causa do ministro Gilmar que usou de dois pesos e duas medidas.

Para condenar petistas, o domínio dos fatos. Para liberar Arruda pedido de vistas contra todas as provas e decisões judiciais anteriores que se assentam na chamada boa fumaça do direito. Uma atitude intempestiva que somente dano causará a imagem do poder judiciário que terá de cassar o mandato de Arruda inapelavelmente pouco tempo depois de eleito causando um clamor público entre aqueles que votaram nele.

Não vimos nenhuma campanha midiática contra essa imoralidade. Não haverá capa de veja, nem matéria de 18 minutos no jornal nacional repercutida durante semanas nas páginas dos jornalões aliados. Agora imagine se no lugar de Arruda e nas mesmas condições jurídicas dele estivesse um petista. Eu não quero ter mais um dia de vida se Gilmar Mendes fosse homem para pedir vistas durante a sessão que julgou esse recurso. Não o faria nem sob tortura. Se se atrevesse seria fulminado por essa mesma mídia que o conhece muito bem, sabe de quem se trata e se quisesse já o teria retirado da cadeira de ministro.

O corrupto Arruda está em vias de ser eleito governador do DF pelo voto dos mesmos que falam da corrupção na política, os falsos moralistas que detestam política e dizem que corrupção é coisa do PT. Eles irão para o próprio gáudio eleger um corrupto. Só há uma possibilidade de isso não ocorrer, pressão da imprensa. Se a imprensa jogar seus holofotes em cima da infâmia que foi esse pedido de vista de Gilmar, ele recuará, não terá coragem de enfrentar a mídia, é seu previsível modus operandi.

Depois não fique se perguntando por que há tanta corrupção nesse país e quem são os responsáveis por isso. Há por causa desse tipo de decisões. Os responsáveis têm nome, CPF, RG e endereço.

http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/152917/Gilmar-adia-votação-de-recurso-de-Arruda-no-TSE.htm

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