domingo, 14 de setembro de 2014

Quando a verdade para no meio do caminho, mentira vira


14 de setembro de 2014 | 11:08 Autor: Fernando Brito
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O Globo publica hoje matéria sobre a investigação realizada pelo TCUsobre o adiantamento de recursos, promovido pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ao falecido governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Não tenho, claro, elementos para julgar o que se questiona ali, que é a regularidade fiscal da operação.
Mas é estranho que não se fale em quem foi o destinatário final daqueles recursos – a multinacional holandesa Van Oord – e as ligações políticas que se estabelecem entre ela e Eduardo Campos, através de doações vultosas e exclusivas ao PSB, comandado por ele.
Agora, imaginem se esta multinacional, que abiscoitou o contrato de dragagem, suspenso pelo Governo Dilma por conta das evidências de superfaturamento, tivesse doado R$ 4,4 milhões de reais ao PT?
Pois foi exatamente o que ela fez à Direção Nacional do PSB, aliás presidido pelo então Governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Note que isso não é uma acusação, mas um fato, comprovável por qualquer um que deseje consultar as prestações de contas eleitorais publicadas na internet pelo TSE na internet ( aqui, para 201o e aqui para 2012).
Estamos falando de doações oficiais, não de dinheiro “por fora” como foi o utilizado na compra do fatídico jatinho PR-AFA que se espatifou em Santos.
E das únicas doações feitas pela multinacional Van Oord a direções partidárias, que as redistribuem entre candidatos a seu critério.
Os leitores de O Globo, certamente, gostariam de saber onde foi parar o dinheiro do contrato contestado pelo TCU. E se dele, direta ou indiretamente, sobrevieram vantagens eleitorais. Afinal, o jornal faz isso com todos os outros doadores de campanha que tinham – ou dizem que tinham – contatos com o ex-diretor da Petrobras.
Para no meio do caminho transforma a verdade em farsa, porque parcial e seletivo o trabalho de investigação da imprensa.
Mais ou menos como acontece no caso do avião onde, ao que parece, não existe nenhum jornal interessado em perguntar, mesmo em tese, se dois ou três empresários poderiam ceder um avião, sem qualquer contrato ou documento de propriedade ou desta cessão, muitíssimo acima dos limites fixados na lei eleitoral.
Simples assim, mas muito difícil para a imprensa brasileira.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=21220

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