quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Por que FHC disse o que disse de Joaquim Barbosa



Acertou, mas pela razão errada

Acertou, mas pela razão errada

Duas coisas.

Primeira: FHC tem toda razão quando diz que Joaquim Barbosa é despreparado para a presidência.
Na verdade, JB é despreparado para quase tudo, a começar pela presidência do STF, onde ele se revelou uma tragédia nacional com sua truculência, mesquinharia e falta de cultura.
Foi, como todos sabem, a pior invenção de Lula. O poste que não deu certo. O poste que trouxe não luz, mas escuridão.

Segunda: FHC está falando isso porque, caso fosse candidato, JB roubaria votos exatamente do PSDB.

Ele é o anti-PT. Petistas o abominam, e, na minha opinião de jornalista apartidário e independente, com justificadas razões.

Imagino que os petistas preferissem votar em Serra a votar em JB, se fossem estas as duas alternativas.

Uma candidatura já cambaleante, como a de Aécio, simplesmente se desfaria caso JB entrasse na disputa.

Espertamente, FHC deixa uma portinha aberta: diz que seria outra história se JB fosse candidato a vice, ou a senador.

Para o PSDB, seria uma boa alternativa ter JB como vice de Aécio. Não que isso possa mudar o desfecho previsivelmente melancólico das eleições de 2014 para os tucanos, mas talvez trouxesse algum alento a uma campanha que parece morta antes de chegar ao berço.

Mas, se é bom para o PSDB ter JB como vice, para ele, JB, é uma lástima. Vice, no Brasil, não é nada. Ainda mais quando você é vice de um candidato miseravelmente derrotado, como deve ser o caso de Aécio.

Para JB, é melhor ficar onde está, pelo menos por enquanto. Sua vaidade será satisfeita por uma mídia que estará ávida por atacar o PT, e nisso ele é útil.

Suas pretensões ficarão deslocadas para o futuro, talvez 2018.

Collor 2, como dizem alguns, ele não é. Collor 1 foi um produto da mídia, é certo, que o transformou no “Caçador de Marajás”.

Mas Collor era desconhecido dos brasileiros. Foi fácil construir uma imagem empolgante, tanto mais porque ele tinha boa aparência e falava fácil até em inglês.

JB é um produto bem mais difícil de enfiar nos eleitores. Acima de tudo, já é amplamente conhecido, e é rejeitado por uma fatia expressiva dos eleitores – os chamados progressistas.

Fora isso, ele se comunica bisonhamente, ao contrário de Collor. Tem uma fala empolada, sofrida, manca.

Faça uma compilação das frases ditas por JB no Mensalão, ao vivo, e você deparará com um monte de asneiras sem sentido e ilógicas.

FHC tem razão.

Mas ele disse o que disse de JB por interesse próprio, e não por interesse público.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-fhc-disse-o-que-disse-de-joaquim-barbosa/

De Pelé a Joaquim Barbosa, é sempre a mesma história



Pelé e Xuxa, no passado
Pelé e Xuxa, no passado

Não é um assunto fácil de tratar.

Mas, ao mesmo tempo, não posso deixar de enfrentá-lo.

Começo, então, com uma digressão.

Uma das coisas notáveis que o ativista negro Malcom X fez pelo seu povo foi, em suas pregações, elevar-lhe a auto-estima.

Malcom X, com seu poder retórico extraordinário, dizia aos que o ouviam que deviam se orgulhar de sua aparência.

Os lábios grossos de vocês são lindos, bem como o cabelo crespo, bem como as narinas dilatadas – bem como, sobretudo, a cor de sua pele.

Os negros americanos tinham sido habituados a se envergonhar de sua aparência, e a buscar tudo que fosse possível para aproximá-la da dos brancos.

O próprio Malcom X, na juventude, alisou os cabelos.

Não foi por vaidade que um dos seguidores de Malcom X, Muhammad Ali, dizia que era o homem mais bonito do mundo. Ali estava na verdade dizendo aos negros que eles eram bonitos.

Ali casou algumas vezes, sempre com negras. Era mais uma maneira de sublinhar a beleza dos negros. Se Ali, no apogeu, tivesse casado com uma loira a mensagem não poderia ser pior.

JB e namorada, no presente

JB e namorada, no presente

Pelé, no Brasil, teve uma atitude bem diferente – e não apenas ele. Era como se na ascensão dos negros no Brasil estivesse incluída a mulher branca.

Falta de consciência? Alienação? Deslumbramento? Compensação? Alpinismo social? A resposta a esse fenômeno é, provavelmente, uma mistura de todos estes fatores.

Pelé casou com uma branca, Rose, há meio século. Depois, passou para uma Xuxa adolescente. É uma bênção para as negras brasileiras que seu orgulho nunca tenha estado na dependência de estímulos de celebridades como Pelé.

Quanto mudou o cenário nestes cinquenta anos fica claro quando se olha a fotografia da namorada de Joaquim Barbosa.

Não mudou nada.

Quando, algum tempo atrás, falaram que JB fora fotografado em Trancoso numa pizzaria com uma namorada, imediatamente pensei:  branca e com idade para ser sua filha.

Ao ver a foto, ali estava ela, exatamente como eu antecipara para mim mesmo.

Não sou tão inteligente assim. Mas observo as coisas.

Seria esperar demais que JB, por tudo que já mostrou, agisse diferentemente. Que estivesse mais para Ali do que para Pelé.

Os traços de personalidade já estavam claros. Numa entrevista à Veja, ele se gabou dos ternos de marca estrangeira que estão em seu guarda-roupa. Não é uma coisa pequena senão por ser grande na definição de caráter.

A partir desse tipo de coisa, você pode montar os dados básicos do perfil  da pessoa. Ou alguém imagina, para ficar num personagem dos nossos dias, um Pepe Mujica falando de grifes a repórteres?
De Pelé a JB, o Brasil sob certos aspectos marchou para o mesmo, mesmíssimo lugar.

Racismo não faltou, neste tempo todo. Faltou foi gente do calibre de Malcom X e de Muhammad Ali.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/de-pele-a-joaquim-barbosa-e-sempre-a-mesma-historia/

LEWANDOWSKI: "RUMOS DA JUSTIÇA SERÃO CORRIGIDOS"

Declaração do ministro Ricardo Lewandowski, que assumirá a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) em março, dada ao blogueiro Eduardo Guimarães, colunista do 247, é uma crítica ao modo como o atual presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa, tem conduzido certas discussões, como o julgamento da Ação Penal 470, o mensalão; Barbosa, que caiu no samba no Rio na última segunda-feira de 2013, mesmo alegando falta de tempo para mandar prender o réu confesso Roberto Jefferson, deve antecipar sua aposentadoria do Supremo, assim que Lewandowski assumir, para dar prosseguimento a seu projeto político-eleitoral

1 DE JANEIRO DE 2014


247 - Prestes a assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) em março, o ministro Ricardo Lewandowski afirmou ao blogueiro Eduardo Guimarães, em um telefonema no último dia do ano, que crê "que os rumos da Justiça brasileira serão corrigidos". Na defesa de teses no Supremo, Lewandowski é o que mais se contrapõe às decisões do atual presidente, o ministro Joaquim Barbosa. Também reclama, com frequência, da forma autoritária como Barbosa encaminha certas questões.

Ao dizer que pretende corrigir os rumos da Justiça, Lewandowski faz uma crítica clara e objetiva ao atual presidente, que fez do julgamento da Ação Penal 470, o mensalão, seu possível trampolim para uma carreira política. O comentário serve também de crítica a forma como Barbosa encaminhou as prisões dos condenados na ação, priorizando os petistas, colocando-os em regime diverso ao que determinou as decisões (em regime fechado ao invés do semiaberto), e deixando livres réus confessos, como Roberto Jefferson, que assumiu ter administrado R$ 4 milhões para o caixa 2 do PTB.

Quando houver a mudança de comando na Suprema Corte, o atual presidente deve antecipar sua aposentadoria para não ser presidido pelo colega Lewandowski e também para dar prosseguimento a seus projetos eleitorais.

2014: FHC PREVÊ “NUVENS PESADAS” NA ECONOMIA

A VULNERABILIDADE BRASILEIRA NA DEFESA DE SUA SOBERANIA


Grã Bretanha e Estados Unidos seguem controlando “mar interior” do Brasil

A partir do Viomundo, o Conversa Afiada reproduz artigo de José Luís Fiori:

FIORI: GRÃ BRETANHA E ESTADOS UNIDOS SEGUEM CONTROLANDO “MAR INTERIOR” DO BRASIL



O Brasil e seu “mar interior”


por José Luís Fiori, na Carta Maior


Situado entre a costa leste da América do Sul, e a costa oeste da África Negra, o Atlântico Sul ocupa um lugar decisivo do ponto de vista do interesse econômico e estratégico brasileiro: como fonte de recursos, como via de comunicação, e como meio de projeção da influência do país no continente africano.

Além do “pré-sal” brasileiro, existem reservas de petróleo na plataforma continental argentina, e na região do Golfo da Guiné, sobretudo na Nigéria, Angola, e no Congo, Gabão, São Tomé e Príncipe.

Na costa ocidental africana, também existem grandes reservas de gás, na Namíbia, e de carvão, na África do Sul; e na bacia atlântica, se acumulam crostas cobaltíferas, nódulos polimetálicos ( contendo níquel, cobalto, cobre e manganês), sulfetos ( contendo ferro, zinco, prata, cobre e ouro), além de depósitos de diamante, ouro e fósforo entre outros minerais relevantes, e já foram identificadas  grandes fontes energéticas e minerais, na região da Antártica.

Além disto, o Atlântico Sul é uma via de transporte e comunicação fundamental, entre o Brasil e a África, e é um espaço crucial para a defesa dos países ribeirinhos, dos dois lados do oceano.

A Argentina tem 5 mil km de costa, sustenta uma disputa territorial com a Grã Bretanha, e tem uma importante projeção no território da Antártida e nas passagens interoceânicas do canal de Beagle e do estreito de Drake.

Do outro lado do Atlântico, a África do Sul ocupa o vértice meridional do continente africano, e é um país bioceânico, banhado simultaneamente pelo Atlântico e pelo Indico, com 3000 km de costas marítimas, e cerca de 1 milhão de km2 de águas jurisdicionais, ocupando uma posição muito importante como ponto de passagem entre o “ocidente’ e o “oriente”,  por onde circula cerca de 60% do petróleo embarcado no Oriente Médio, na direção dos EUA e da Europa.

Finalmente, a Nigéria e Angola têm 800 e 1600 km de costa atlântica, respectivamente, e as reservas de petróleo do Golfo da Guiné estão estimadas em 100 milhões de barris.

Mas não há duvida que o Brasil é o país costeiro  que tem maior importância econômica e geopolítica dentro do Atlântico Sul, com seus 7490 km de costa, e seus 3.600 milhões de km2 de território marítimo, que podem chegar a 4,4 milhões — mais do que a metade do território continental brasileiro — caso sejam aceitas as reivindicações apresentadas pelo Brasil  perante a Comissão de Limites das Nações Unidas: quase o dobro do tamanho do Mar Mediterrâneo e do Caribe, e quase 2/3 do Mar da China.

O interesse estratégico do Brasil nesta área vai além da defesa de seu mar territorial, e inclui toda sua  Zona Exclusiva Econômica (ZEE),  por onde passam cerca de 90%  do seu comercio internacional; e onde se encontram, cerca de 90% das reservas totais de petróleo do Brasil, e 82% de sua produção atual; e mais  67% de suas reservas de gás natural.

Além disto, o Brasil possui três ilhas atlânticas que tem uma importante projeção sobre o território da Antártida, e que são altamente vulneráveis do ponto de vista de sua segurança.

Apesar disto, o controle militar do Atlântico Sul segue em mãos das duas grandes potências anglo-saxônica.

A Grã- Bretanha mantém  um cinturão de ilhas e bases navais através do Atlântico Sul, que lhe conferem uma enorme vantagem estratégica no controle da região.

E os EUA dispõem de três comandos que operam na mesma área: o USSOUTHCOM, criado em 1963,  o AFRICOM, criado em 2007, e a sua IV Frota Naval criada durante a II Guerra Mundial, e reativada em 2008, com objetivo explícito de policiar o Atlântico Sul.

Além disso, as duas potências anglo-saxônicas controlam em comum, a Base Aérea da Ilha de Ascenção, onde operam simultaneamente, a Força Aérea dos EUA, a Força Aérea do Reino Unido e forças dos países da OTAN.

Na mesma Ilha de Ascenção estão instaladas estações de interceptação de sinais e bases do sistema de monitoramento global, denominado  Echelon, que permite o monitoramento e  controle de todo o Oceano Atlântico.

Caracterizando-se uma enorme assimetria de poder e de recursos entre as forças navais e aéreas, das potencias anglo-saxônicas e da OTAN, e a dos demais países situados nos dois lados do Atlântico Sul.

Neste ponto o Brasil não tem como enganar-se: possui a capacitação econômica e tecnológica para explorar os recursos oferecidos pelo oceano, mas não possui atualmente a capacidade de defender a soberania do seu “mar interior”.

A capacitação naval do Brasil foi inteiramente dependente da Grã Bretanha e dos Estados Unidos, pelo menos até a década de 70, e o Brasil segue sendo um país vulnerável do ponto de vista da sua capacidade de defesa de sua costa, e de sua plataforma marítima.

E este panorama só poderá ser modificado no longo prazo, depois da construção da nova frota de submarinos convencionais e nucleares que deverão ser entregues à marinha brasileira, entre 2018 e 2045, e depois que o Brasil adquira capacidade autônoma de construção de sua própria defesa aérea.

De imediato, entretanto, o cálculo estratégico do Brasil tem que assumir esta assimetria de poder como um dado de realidade e como uma pedra no caminho de sua política de projeção de sua influência  no continente africano, e sobre este seu imenso “mar interior”.