quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

“Jornalista tem de dar a notícia, só, e elogiar o ser humano”: Silvio Santos e a melhor resposta a Sheherazade

Cuba responde sobre a deserção de médicos

Governador do Rio comenta imagens de execução na Baixada: ‘Poder paralelo é inadmissível’



Geraldo Ribeiro e Rafael Soares

O governador do Rio, Sérgio Cabral, comentou, nesta quinta-feira, o vídeo divulgado pelo EXTRA que mostra a execução de um homem, em plena luz do dia, na Estrada Plínio Casado, no bairro da Prata, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A via onde ocorreu o crime é uma das mais movimentadas da cidade e a vítima, segundo relato de testemunhas, seria um assaltante. Segundo o governador, a ação de “justiceiros” no Rio é inadmissível:

- Repudiamos qualquer ação de milicianos ou justiceiros. Qualquer poder paralelo é repudiado. Perseguiremos e prenderemos essas pessoas. Poder paralelo, no meu governo, é inadmissível. Não tem acordo.

O momento em que o assassino se aproxima

O momento em que o assassino se aproxima Foto: / Reprodução de vídeo
Cabral aproveitou a ocasião para prometer uma investigação rigorosa do assassinato:

- Vamos, com certeza, investigar e prender essas pessoas que tentam fazer justiça com as próprias mãos.
O assassinato ocorreu no dia 23 de janeiro deste ano. Nas imagens - que circulam por redes sociais - é possível ver um homem sem camisa, sentado no chão, em frente a um ponto de ônibus. Ele é segurado pela cabeça por outro homem. Segundos depois, passa uma moto ocupada por duas pessoas. O veículo para em frente ao rapaz e da garupa salta um homem. Ele saca uma pistola e dispara três vezes, à queima-roupa, contra a cabeça da vítima, que ainda tenta se defender. Mas não consegue.

Vítima já havia sido presa

A vítima da execução foi identificada como Igor Veras de Oliveira Falcão, de 20 anos. Ele já havia sido preso por tentativa de assalto, em setembro de 2012. Na ocasião, ele rendeu um homem com uma pistola de brinquedo, em Vilar dos Teles, São João de Meriti, também na Baixada Fluminense, e levou o celular da vítima.
Igor, em foto da Polícia Civil

Igor, em foto da Polícia Civil Foto: Reprodução
Igor fugiu, mas decidiu voltar para pegar mais dinheiro do rapaz. Foi quando a vítima percebeu que a arma não era de verdade e acabou se atracando com Igor, que foi levado para a 54ª DP (Belford Roxo), que funcionava como central de flagrantes. Igor ficou preso um mês e foi solto por seu mandado de prisão ter sido revogado pela 2ª Vara Crminal de São João de Meriti.

Suspeito é segurança

O delegado Luiz Henrique Guimarães, da 54ª DP (Belford Roxo), abriu um inquérito para investigar o crime. Segundo ele, no local onde ocorreu a morte há traficantes, milicianos e histórico de confrontos.
A vítima tenta se defender, levantando a mão

A vítima tenta se defender, levantando a mão Foto: Reprodução de vídeo
Luiz disse que já identificou um dos responsáveis. O delegado informou, ainda, que equipes da delegacia buscam o suspeito para que ele preste depoimento. Ele afastou a possibilidade de o crime ter sido praticado por milicianos:

- Não se trata de milícia, mas de seguranças particulares da região.

O nome do atirador não será divulgado, segundo Luiz, para não atrapalhar as investigações. Antes, o delegado quer saber quem são os homens que seguraram Igor até o executor chegar. Segundo ele, essas pessoas também responderão por homicídio.

Invasão a ônibus

Uma testemunha da execução contou ao EXTRA que as vítimas tinham tentado invadir um ônibus quando foram capturadas pelos mesmos homens, que passaram a segurá-las até a chegada do executor. Segundo o relato do morador da região, eram 18h30m quando as duas vítimas, já ensanguentadas, chegaram ao local. Elas vinham pela linha do trem, que fica a uma distância de cem metros do ponto da execução. É possível ver, nas imagens, que o homem capturado já tinha a bermuda manchada de sangue antes da chegada da moto ao local.
O homem aponta a pistola para a cabeça da vítima

O homem aponta a pistola para a cabeça da vítima Foto: / Reprodução de vídeo
Em frente a uma farmácia, ainda segundo a testemunha, os dois tentaram entrar num ônibus, quando foram impedidos por um grupo de homens dentro de um carro. Esse mesmo grupo fez a escolta dos homens até a chegada da moto com o executor. Ontem, por volta das 17h, a farmácia que fica em frente ao local da execução foi assaltada.


Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/governador-do-rio-comenta-imagens-de-execucao-na-baixada-poder-paralelo-inadmissivel-11523354.html#ixzz2sYrAKqbS

Os barões da mídia brasileira são muito piores que Murdoch




Eles não têm nem a sagacidade empreendedora e nem o talento jornalístico do dono da News Corp.
Murdoch com a mulher chinesa: um empreendedor de verdade, e um jornalista sagaz
Murdoch com a mulher chinesa: um empreendedor de verdade, e um jornalista sagaz
DE LONDRES
Livros, artigos, documentários acabaram me tornando quase que um especialista em Rupert Murdoch, o australiano que comanda um dos maiores impérios de mídia no mundo.
Vejo, aqui e ali, tentativas de comparar Murdoch a alguns dos barões de imprensa brasileiros. (Eu próprio, certa vez, estabeleci alguma conexão entre Murdoch e Roberto Marinho.)
Mas a verdade é que qualquer comparação com os barões brasileiros é injuriosa para Murdoch, com todos os defeitos que ele possa ter.
Murdoch ergueu seu império de mídia – Fox, Fox News, Times de Londres, Sun, Sky, entre outras marcas – porque é um empreendedor brilhante e também por ter um faro jornalístico raro.
Só isso já o distinguiria dos barões brasileiros, que nunca se notabilizaram nem pela excelência como empreendedores e nem pelo talento jornalístico.
Nossos barões viveram e vivem, fundamentalmente, dos favores de sucessivos governos.  Souberam montar alianças na justiça e nos partidos políticos, também, o que torna difícil qualquer mudança nos privilégios de que desfrutam.
Fotos recentes de João Roberto Marinho dando um prêmio a Joaquim Barbosa, ou de Merval Pereira confraternizando com seu prefaciador Ayres Britto valem por 1 milhão de palavras: alguém imagina o Supremo contrariando a Globo em alguma causa?
Nosso baronato exalta tanto as virtudes do livre mercado. Mas as empresas jornalísticas brasileiras ainda hoje são protegidas por uma reserva de mercado que só é benéfica para elas mesmas.
É como se você ao mesmo tempo acusasse à luz do sol juízes de futebol de ladrões e, na sombra, estivesse comprando-os.
Outras práticas antimercado como o infame BV seguem vivíssimas. BV – Bonificações por Volume – é um mecanismo criado por Roberto Marinho para manter as agências de publicidade sob dependência da Globo.
Funciona assim: as agências recebem uma comissão para veicular publicidade na Globo. Quanto mais veiculam, mais ganham. O dinheiro é pago adiantadamente – e sem ele muitas agências estariam quebradas.
Isso explica o aumento da receita publicitária da Globo mesmo quando sua audiência entra em colapso.
Por que os anunciantes – prejudicados nessa história – não se rebelam? Por medo. A Globo joga duro. Os anunciantes têm medo de que a Globo decida tirá-los da emissora.
Isso tende a ser um problema cada vez menor, dada a acentuada queda de audiência da Globo, mas no passado era um horror. Não aparecer na Globo, que tinha mais da metade do mercado de televisão, era se condenar à clandestinidade para grandes marcas.
E a Globo sempre soube usar isso da pior maneira possível.
Dias atrás, por ocasião de mais uma edição do ridículo Trofeu Imprensa, circulou um vídeo com um depoimento de Jô Soares que conta muito sobre isso.
Era 1987, e Jô acabara de sair da Globo e ir para o SBT. Jô contou que todos os comerciais de seus shows foram proibidos na Globo. Tentaram, ele conta, até impedi-lo de usar o nome “Gordo”.
A vingança não se limitou a ele. Foram banidos comerciais em que estivessem envolvidos redatores que trabalhassem para Jô.
Vale apena uma breve pausa para ver o depoimento de Jô. 

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-diferenca-entre-murdoch-e-nossos-baroes/


Com tudo que ele afirmou, você pode perguntar: ora, por que Jô voltou então à Globo?
Porque a Globo sabe comprar. A Globo comprou Jô, ou seu silêncio, e o colocou na madrugada.  Também já tinha comprado Paulo Francis, que era um crítico mordaz de Roberto Marinho e, na Globo, passou a falar mal da Petrobras.
Murdoch, como empreendedor, sempre arriscou.
Quase quebrou quando investiu fortemente em tevê paga.  Chegou a dar seu apartamento de Nova York como garantia para um banco, no começo dos anos 1990. Sua dívida era monumental:  8 bilhões de dólares.
Por causa dela, para não quebrar, Murdoch teve que se aliar a uma rival em tevê por assinatura, a BSB. (Daí a BSB-Sky.)
Recentemente, Murdoch estava prestes a comprar a parte da BSB, um velho desejo, já que sempre abominou sócios.
Só não comprou porque apareceu o já célebre escândalo do seu tabloide News of the World. O governo britânico, movido pela opinião pública, rejeitou o negócio.
Compare tudo isso com a Globo.
A Globo chegou à televisão por ganhar de graça uma concessão em troca de favores da ditadura militar.
Ganhou sucessivos empréstimos-mamatas  de sucessivos governos para negócios mesmo quando seus acionistas já eram bilionários.
FHC bancou, com o dinheiro do contribuinte, a gráfica gigante com a qual a Globo sonhou chegar a mais de 1 milhão de exemplares por dia com o Globo, pouco antes que a internet viesse e começasse a destruir os jornais.
Roberto Marinho de braços dados como general Figueiredo e a ditadura militar, a quem deveu e deu tanto
Roberto Marinho de braços dados como general Figueiredo e a ditadura militar, a quem deveu e deu tanto
Anos depois, quando a má administração da família a levou a enormes dificuldades financeiras, a Globo não fez os sacrifícios que Murdoch fez – arrumar um sócio e penhorar propriedades.
Simplesmente deixou de pagar. Lacaios como Jorge Nóbrega foram incumbidos de dar as más notícias aos credores. (Nóbrega absorveu tanto o espírito maldoso de seus donos que demitiu Juan Ocerin, diretor geral da editora Globo, entre o Natal e o Ano Novo por sugestão do filho de Roberto Irineu Marinho. Foi uma das maiores atrocidades de RH que vi em minha carreira.)
Não simpatizo, evidentemente, com as posições de Murdoch. Ele está muito à direita, para o meu gosto.
Mas é impossível deixar de reconhecer nele um empreendedor brilhante, e ao mesmo tempo um homem com uma aguda visão jornalística.
Comparar nossos barões a ele é um insulto que Murdoch definitivamente não merece.