quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Os protestos e a revolta da elite, por Reinaldo Lobo


Do Dom Total
 
O ódio que o PT desperta na elite é proporcional ao seu sucesso eleitoral e de público.
Por Reinaldo Lobo*

Um fenômeno curioso está acontecendo no Brasil. Desde junho do ano passado, uma parte considerável dos manifestantes que saem às ruas para protestar contra a Copa, o governo, os médicos cubanos, o preço do metrô e das passagens de ônibus ou para apoiar os protestos anti-corrupção não são estudantes de esquerda nem mesmo arruaceiros. São pessoas que pertencem à elite econômica, social e cultural do país.
Vários são declaradamente de direita e saem às ruas para dar vazão a uma revolta de privilegiados, pois sentem-se ameaçados pelas políticas sociais e distributivistas da era Lula e Dilma. São os que se incomodam com a presença nos aeroportos de "gente com cara de rodoviária", como sintetizou uma senhora numa fila em Cumbica.

Esses cidadãos, muitas vezes consideravelmente preconceituosos, entoam slogans anti-comunistas, como se estivéssemos ainda no tempo da Guerra Fria. Manifestam ojeriza e muita raiva em relação ao ex-presidente Lula e aos "petralhas", termo cunhado por um de seus ideólogos na imprensa.

Os petistas expressariam tudo o que abominam - a promiscuidade social com a "classe C ou D", sua ascensão aos espaços do consumo em massa e o o perigo de que suas representações na política ou nos movimentos socais tornem-se ainda mais hegemônicas nas escalas do poder. A eles, atribuem os males do Brasil.

Lula é a cara "de rodoviária", mas tornou-se poderoso e com liderança carismática sobre um eleitorado fiel, talvez o mais fiel desde Getúlio Vargas. O ódio e o desprezo que seu nome desperta nos setores de elite é diretamente proporcional ao seu sucesso eleitoral e de público.

Há um movimento eleitoral, neste momento, que consiste em uma união conservadora do tipo "todos contra Lula e Dilma". Após as últimas derrotas dos candidatos da oposição, a persistência de uma certa expansão petista e o conseqüente enfraquecimento da oposição levaram às cordas partidos oposicionistas  como o DEM e o PSDB. Hoje tentam desesperadamente ocupar o espaço que lhes foi roubado pelo que chamam de "populismo" e, com desprezo, de "lulo-petismo".
Um dos equívocos é o de apontar só em direção ao PT, quando o atual governo é formado por um precário e amplo arco de alianças que vai da centro direita até uma parte da esquerda. Como temos insistido aqui, toma-se a parte pelo todo sem apresentar um projeto político e econômico alternativo, que não seja uma fórmula já experimentada no passado. Os partidos oposicionistas também procuram novas lideranças para forjar um substituto para Lula e Dilma, como seria o caso do neófito Eduardo Campos e de Marina Silva.
O movimento social e político que emergiu das chamadas "jornadas de junho de 2013" e agora insiste em se apresentar nas agitações contra a realização da Copa do Mundo e outras reivindicações, foi ainda muito pouco entendido pelos observadores e os próprios políticos.
O que começou como protesto das camadas mais pobres contra o aumento de tarifas dos ônibus e trens,  ganhou espaço político junto à classe média, assustada, por sua vez, com a proverbial proletarização. Esse é o seu  fantasma clássico em todos os períodos de mobilidade social ou de crise, o que a empurra para posições conservadoras.
Os mais pobres queriam manter e ampliar as suas conquistas e os setores mais privilegiados queriam manter e ampliar sua posição de vantagem no cenário social e político. Não faltam justificadores ideológicos na sua elite intelectual para isso.
O que ficou evidente desde então foi a falência da representação política e, como muitos já disseram, a impossibilidade de negociar soluções pelos canais institucionais tradicionais, como o Congresso ou o Judiciário.
A violência sistemática nas recentes manifestações contra a realização da Copa e, ainda, os preços das passagens no Rio, não são apenas sintomas do "caos urbano", como alguns tentam explicar. Podem ser também, mas nunca apenas.

A expansão da agressividade da participação social e política está ligada, em parte, a algo que apontamos em artigo anterior, intitulado "Alarme de Incêndio": a dificuldade das sociedades de consumo atuais, em plena crise global, de dar voz e representação efetivas não ao consumidor, mas à cidadania. .A outra face disso é a brutalização e a violência política.

A morte do fotógrafo no Rio foi um ato político, ainda que tresloucado, de quem quer ver o circo queimar. Foi ato anti-democrático de certos grupos mistos, suspeitos  de infiltração dos provocadores, dos milicianos cariocas e da própria polícia.

O pano de fundo são as eleições deste ano, não a Copa ou os gastos com infra-estrutura.

Há uma paradoxal união entre as forças conservadoras e de extrema esquerda nessa cenário. A rapaziada do PSOL, do PSTU e dos Black Blocs faz parte da esquerda infantil, vítima daquela doença diagnosticada há tempos por aquele famoso autor russo, Lênin, inspirado - saibam - por  uma leitura de Freud.

A "doença infantil do esquerdismo" faz o jogo da direita, que também sai às ruas para dar vazão à revolta dos privilegiados, esse particular e curioso fenômeno do Brasil atual.

A violência, que se espalha perigosamente e toma uma forma cada vez mais política no país, tem várias caras. Algumas estão mascaradas e pertencem aos Black Blocs. Outras, são as pessoas que renegam a violência, mas são complacentes com sua existência na medida em que  caracterizam os protestos e o quebra-quebra como um efeito inevitável das políticas públicas.

Playboys e Black Blocks unidos pensam que jamais serão vencidos. Veremos em outubro, nas urnas.
*Reinaldo Lobo é psicanalista e jornalista. Tem um blog: imaginarioradical.blogspot.com.

Fux mata no peito e arquiva petição do PT contra Gilmar "Dantas"



Mariana Oliveira
Do G1, em Brasília

Fux arquiva pedido de informações do PT sobre fala de Gilmar Mendes
Ministro levantou dúvidas sobre arrecadação para multas do mensalão.

PT entrou com interpelação judicial, que é um pedido formal de explicação.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta quarta-feira (12) o arquivamento de uma interpelação judicial na qual o presidente do PT, Rui Falcão, pedia formalmente explicações a outro ministro da Corte, Gilmar Mendes.

Em declaração antes de uma sessão no tribunal na semana passada, Mendes levantou dúvidas sobre a arrecadação para o pagamento das multas impostas aos condenados no processo do mensalão.

A interpelação judicial é o instrumento utilizado por uma das partes para tentar esclarecer se o que a outra parte disse é ou não ofensivo. Com base em eventual resposta, a parte supostamente ofendida pode entrar no STF com queixa-crime sob alegação de injúria, calúnia ou difamação.

No exame prévio do caso, Fux considerou que a suposta ofensa, se tivesse ocorrido, não teria sido dirigida ao PT, mas sim a quem fez as doações. Para o magistrado, caberia aos possíveis ofendidos protocolar uma ação.
"[O pedido] manifesta, portanto, a ilegitimidade ativa para a demanda, considerando que apenas os cidadãos cuja honra poderia ter sido atingida gozariam de legitimidade para requerer, individualmente, o pedido de explicações. [...] Impossível, na hipótese, cogitar de legitimidade coletiva por parte da agremiação partidária, que não pode substituir em juízo seus associados", entendeu o ministro Luiz Fux.

No Supremo, Gilmar Mendes cobrou que o Ministério Público apure a arrecadação de dinheiro e levantou suspeita de "lavagem de dinheiro". "Essa dinheirama, será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos examinar", afirmou o ministro.

Juntos, o ex-deputado José Genoino (PT-SP) e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares arrecadaram mais de R$ 1,7 milhão em doações e, com isso, pagaram as multas de R$ 667 mil e R$ 466 mil, respectivamente. O que sobrou deve ser repassado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que já criou site para arrecadar valores para pagamento da multa de R$ 971,1 mil.

No documento enviado ao Supremo, o PT disse que é "enormemente perceptível que maledicências gratuitas pronunciadas pelo interpelado podem ter sido ofensivas à honra objetiva do interpelante, implicando no possível cometimento de crime contra a honra".

"Não podem deixar de ser explicadas em Juízo, para a própria segurança da eventual ação penal a ser movida. [...] Percebe-se que o interpelado extrapolou os limites da razoabilidade, tentando transformar a corrente de solidariedade em crime de lavagem de dinheiro. Inequivocamente, atingiu a honra objetiva do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores e de seus militantes, filiados, simpatizantes e amigos conclamados para participar da corrente", diz o documento.

http://g1.globo.com/politica/mensalao/noticia/2014/02/fux-arquiva-pedido-de-informacoes-do-pt-sobre-fala-de-gilmar-mendes.html

Os dois intocáveis da República


É provável que Joaquim Barbosa deixe o STF (Supremo Tribunal Federal) em março. Há boatos sobre sua pretensão de disputar ou o governo do Distrito Federal ou uma senatoria pelo Rio de Janeiro.
Saindo, seus malfeitos serão corrigidos. O plenário se reunirá, analisará os abusos cometidos enquanto presidente da Suprema Corte, corrigirá o que for possível e tentará voltar à normalidade.
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Suas últimas medidas – derrubando decisões do interino Ricardo Lewandowski - impedem que qualquer prefeitura do país reajuste o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano).
Tome-se o caso de Florianópolis, há 16 anos sem reajustar seu IPTU. Todas as mansões à beira mar continuarão pagando IPTUs simbólicos, para poder pavimentar a carreira política de Barbosa. E serão paralisados todos os serviços públicos a serem financiados com esse aumento.
Qual a diferença de atitude do político populista mais desprezível, aquele cujo jogo consiste em comprometer receitas públicas para contentar a torcida e garantir os votos? Nenhuma.
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É uma situação inédita, a do STF. Uma mesma geração acolhe dois dos mais polêmicos Ministros da história: Barbosa e Gilmar Mendes. Por conta da guerra fria instalada, o único poder capaz de barrá-los – a grande mídia – tornou-se cúmplice.
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Gilmar é dono de uma biografia polêmica. Vale-se do prestígio de Ministro do STF para alavancar seus negócios à frente do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público). E escuda-se na parceria com a mídia para gerar falsos escândalos, sempre que seus casos podem transbordar para a opinião pública.
Tinha relações estreitas com o ex-senador Demóstenes Torres e, enquanto presidente do STF, manteve como assessor o principal araponga de Carlinhos Cachoeira. Recentemente, vendeu para o Tribunal de Justiça da Bahia – que estava sob a mira do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e, agora, sob sua intervenção  – um projeto de curso no valor de R$ 10 milhões.
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Na Operação Satiagraha, quando seu nome ganhou visibilidade, protagonizou dois episódios escandalosos: o grampo sem áudio (com Demóstenes Torres) e a falsa denúncia de grampo no Supremo. Conseguiu matar a operação.
Quando explodiu a CPI de Cachoeira, e seu nome voltou a ser mencionado, criou um novo falso escândalo – o encontro onde Lula supostamente teria intercedido pelos mensaleiros (encontro desmentido pelos dois presentes, Lula e Nelson Jobim). E a CPI foi abafada pelo julgamento da AP 470.
Quando auditoria do CNJ apura contratos sem licitação do TJBA, cria mais um fato sem consequência: a denúncia sem provas da tal “lavagem” de dinheiro na vaquinha para os mensaleiros.
Nada ocorre, tudo lhe é permitido.
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De seu lado, Joaquim Barbosa atropela o Regimento Interno do STF para represálias sem justificativa contra políticos presos, impedindo-os de exercer seus direitos de trabalhar ou estudar fora do presídio. Derruba decisões de Lewandowski sobre diversos temas, pelo mero prazer do exercício do poder absoluto.
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Um dos primados da ordem democrática é a inexistência de cidadãos acima da lei. Todos têm obrigação de cumprir rituais, subordinar-se a regimentos, aos limites impostos pela Constituição e pela lei e pelas normas da transparência pública.
Mas o país tem dois intocáveis. 

http://jornalggn.com.br/noticia/os-dois-intocaveis-da-republica

“Anjos-linchadores” da Barbie têm ficha criminal. A senhora quer adotar um deles, D. Raquel?



Autor: Fernando Brito
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Então quer dizer  que, cansados da inação do Estado, 30 legítimos representantes da sociedade “civilizada” saíram de moto, com porretes e correntes, para restabelecer o “clima de paz e tranquilidade” nas ruas do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Iam pelas ruas, segundo a D. Raquel Sheherazade, aplicar o artigo do Código de Processo Penal e prender criminosos em flagrante delito, para conduzi-los à autoridade policial incompetente, que não cumpria o seu dever de detê-los?

Eram todos rapazes de bem, trabalhadores que, depois de uma dura jornada de trabalho, abandonavam a tranquilidade de seus lares para, em nome de sua pujante humanidade, enfrentar corajosamente a marginalidade.

E veja que eram apenas 30, contra três rapazotes de 15 ou 16 anos,  perceba que coragem!
Agora, começamos a conhecer a identidade destes “bibelôs”.

Dois foram identificados. Ambos têm ficha criminal.

Um deles por acusação de estupro, lesão corporal, furto e ameaça.

Está, D. Raquel, para usar suas próprias palavras na TV, “mais sujo do que pau de galinheiro”.
A senhora fica chateada se eu lhe der o mesmo conselho que a sua turma dá a quem defende que o ser  humano não é para ser acorrentado nu a um poste?

Por que a senhora não o adota?

Quem sabe assim a senhora não ganha o seu Justin Bieber privê, apenas um menino com quem se tem de “pegar leve”?

http://tijolaco.com.br/blog/?p=13909

Janio de Freitas e a historinha mal contada do rojão



 Autor: Fernando Brito
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Volta e meia, lendo o que escreve Janio de Freitas, acabo por lembrar que ainda existe jornalismo no Brasil.

Porque, no mais das vezes, a apuração jornalística é igual a inquérito policial mal-feito: depende apenas do que as pessoas dizem ou confessam.

Hoje, Janio fotografa o mar de contradições e reticências que virou a cobertura da prisão dos dois confessos disparadores do rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade.

E, sinceramente, é preocupante a rapidez com que o delegado – até agora competente na prisão dos responsáveis diretos – diz que vai concluir o inquérito e entregá-lo à Justiça, amanhã.

Preocupa, também, o Ministério Público, ao menos que se saiba, não estar acompanhando o inquérito policial.

O que disse o advogado dos acusados é extremamente sério para ser ignorado.
Resume Janio:

“Os manifestantes violentos são pagos.” Quem paga? “Vão buscá-los em casa.” Quem vai? “Tem organização por trás deles.” Quem? “É preciso investigar vereadores, deputados, diretórios regionais de partidos.” Quem? Quais? “Minhas conversas indicaram, é preciso investigar vereadores, deputados, diretórios regionais, não só do Rio, de São Paulo e outros Estados também.” “Vereadores, deputados, diretórios”, “vereadores, deputados, diretórios” –sem fim. Quem e quais? “Não me disseram.”

Opa! Ou se trata de uma grosseira chicana jurídica, para semear confusão ou é algo que leva  a responsabilidades muito além de dois rapazes irresponsáveis e com desvios de personalidade.
Há um monte de perguntas não respondidas e que se tem de responder com os fatos que não surgirão sem investigação.

Como apareceu o rojão assassino? Brotou do chão? Fábio o achou, não sabia o que era, deu para alguém que não sabia quem era, esse alguém o disparou?

Fábio era ou não era tatuador profissional? onde estão os clientes que pagavam por seus serviços, pelos quais sustentava o aluguel de um apartamento? Há um contrato de locação? Eram os pais que pagavam? Por que?

Porque Caio recusou-se a falar senão em juízo, um garoto que é inexperiente, estava apavorado e passou horas ao lado dos policiais que o detiveram? Como, se assumiu a culpa pelo disparo – o que o coloca diretamente  como réu em crime de homicídio – em  entrevista à Globo, calou-se para só falar em juízo? Obvio que foi por orientação do advogado, logo ele, um falastrão.

E, claro, toda a série de perguntas que Janio elenca, mas que podem ser respondidas por uma investigação policial eficaz.

Porque não fazê-la, se os prazos legais ainda estão no início e os dois estão presos? E a prisão temporária, que depende de indícios suficiente de autoria e de que, livre, o acusado possa interferir na apuração do fato (coagindo ou orientando testemunhas, por exemplo), seria facilmente decretada, e esta não tem prazo para caducar.

Ora, se a investigação policial precisa ir a estes pontos, por que é que a investigação jornalística não deveria fazê-lo?

Não é indo ouvir os vizinhos para saber se Fábio era “bom” ou “mau” rapaz, com certeza.
Os bobalhões da extrema esquerda, que já serviam de biombo para os interesses da direita com a simbiose com  arruaceiros, vão servir de bode expiatório também na responsabilização criminal?
Os meandros e os podres desta onda de provocação precisam vir à tona, se de fato se quer exorcizar os demônios que transformaram manifestações em infernos.

E isso não se fará com inquéritos a toque de caixa e jornalismo  ”fulano disse, beltrano declarou”.

http://www.ebc.com.br/cidadania/2014/02/suspeito-de-acender-rojao-que-matou-cinegrafista-so-fala-em-juizo