segunda-feira, 3 de março de 2014

SHEHERAZADE, A MADRINHA DO PELOTÃO, CONVOCA “MARCHA DA FAMÍLIA”


Chamaram a polícia contra o Chapolin. Quá, quá, quá !

Conversa Afiada reproduz artigo do Blog do Miro:

SHEHERAZADE CONVOCA “MARCHA DA FAMÍLIA”



Por Altamiro Borges

Saiu neste sábado (1) na coluna de fofocas de Felipe Patury, da revista Época: “No próximo dia 22, em São Paulo, sai da Praça da República rumo à Catedral da Sé a segunda edição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade. A original fez, em 1964, percurso semelhante dias antes de o ex-presidente João Goulart ser derrubado. Há 50 anos, a organização coube a então primeira-dama do estado, Leonor de Barros, e a mulheres de empresários. A atual foi convocada pelas redes sociais, recebeu apoio de lideranças evangélicas e, pelo Facebook, da apresentadora Rachel Sheherazade, do SBT. O grupo diz contar com a simpatia do filósofo Olavo de Carvalho e até de Denise Abreu, a petista que mandou na aviação civil no governo Lula e ficou famosa por sua predileção por charutos”.

De imediato, dei risada! Pensei que era piada carnavalesca. Mas não é. A patética marcha, que relembra a ação dos golpistas em 1964, está marcada para 22 de março e a âncora do SBT, que explora uma concessão pública de tevê, realmente está metida na sua convocação. Em sua página no Facebook, a nova musa de direita conclama seus seguidores: “Gente boa, sempre vou defender a família. Participe da marcha, divulgue, mostre sua defesa em favor dessa instituição criada por Deus”. E Rachel Sheherazade não é ingênua. Ela sabe que a tal marcha nada tem a ver com Deus ou a família, termos usados para enganar os mais ingênuos e tapados. Num dos sítios que convoca a manifestação ficam explícitos os seus objetivos golpistas e fascistóides.

A marcha tem como principal intento exigir “intervenção militar constitucional já”. Entre outras bandeiras, ela prega: “1- destituir a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer; 2- dissolver o Congresso Nacional; 3- prisão de todos os conspiradores por servirem aos interesses estrangeiros através do Foro de São Paulo, uma invasão sigilosa do território nacional executada pelo regime de Cuba através de agentes infiltrados; 4- dissolução de todos os partidos e investigação com punição das organizações integrantes do Foro de São Paulo; 5- Intervenção em todos os governos estaduais e municipais e nos seus respectivos legislativos; 6- combate à corrupção e à subversão; 7- intervenção no STF, cuja presença de ministros simpáticos aos conspiradores é clara e evidente”.

Já um folheto distribuído pelas ruas da capital paulista afirma que “há 50 anos, no dia 19 de março de 1964, nossos pais e avós foram às ruas e conseguiram a redenção do povo brasileiro. Eles tiveram coragem. Agora é a nossa vez”. O panfleto prega “intervenção militar constitucional” e rosna: “Fora o comunismo, o marxismo e as doutrinas vermelhas”; “Não seremos uma nova Cuba nem uma nova Venezuela”. Outro texto critica “a contratação de médicos cubanos e os gastos para a realização de grandes eventos esportivos no Brasil” e conclama: “Todos juntos nas ruas dizendo um não à tirania do PT, em apoio aos irmãos venezuelanos e contra a ditadura esquerdista… Todos em defesa da nossa pátria. Nossa bandeira é verde e amarelo e não foice e martelo”.

A apresentadora do SBT se soma a estas mensagens – um misto de fanatismo direitista e maluquice fascista. Em sua página no Facebook, os fiéis seguidores elogiam sua “coragem” e chegam a lançá-la para disputar cargos eletivos. Amilton Augusto, por exemplo, defende “Joaquim Barbosa (presidente) e Rachel Sheherazade (vice-presidente)”. Elias Machado comenta: “Não sei se ela tem vocação política, mas seria uma ótima opção para presidente”. Já Arthur Roque declara: “Eu apoio a intervenção militar. Somente isto para acabar com esta corja de comunistas. Está na hora do pau! Avante general Heleno, avante Jair Bolsonaro”. Só falta a emissora de Silvio Santos estampar uma convocatória para a “Marcha da Família”!

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SHEHERAZADE, AMEAÇADA POR CHAVES (O CHAPOLIM, NÃO O HUGO), VIRA MADRINHA DO PELOTÃO. “MICO” OU SINAL DOS TEMPOS?


Caro contribuinte paulista, você quer ver como é gasto o seu dinheirinho?

Quer saber como é a “inteligência” da polícia de São Paulo?

Então leia esta história que, juro, não é mentira.

Diversas viaturas de PM foram mobilizadas para proteger Rachel Sheherazade, a treme-terra do SBT,  contra perigosos manifestantes que iriam exigir de Sílvio Santos a substituição da “âncora” do jornalismo da emissora. E que pediam, no seu lugar, ou Chaves-Chapolim ou então o “Seu Madruga”…

Na falta de sequer um só manifestante, os guapos rapazes da PM, sem ter com quem exercitar os seus “instintos mais primitivos” e sem nada de importante para fazer, posaram para fotos com a “madrinha do pelotão”, como você vê aí em cima.

O episódio não é apenas ridículo, mas revelador do “mix” de idiotice, histeria e picaretagem envolvido nessa história.

A página não é anônima, é apenas uma piada criada por dois rapazes,  uma gozação óbvia. O que convocava?

“Porque o Seu Madruga e o pobre menino do barril tem muito mais a nos ensinar sobre tolerância e igualdade… Venha você também pedir pro Silvio colocar Chaves no lugar da Rachel Sheherazade.”


Nenhum incitamento e um milhão de vezes mais suave que qualquer comentário da dita cuja em rede nacional, por meio de uma concessão pública.

Se o SBT chamou a polícia, bastava ter passado por lá “uma viatura”, que ia chegar, rodar por ali e o policial avisaria pelo rádio: – Aí, chefia, é caô, não tem ninguém aqui não, positivo? Prosseguindo para alfa-bravo-charlie para atender ocorrência de briga de casal…

Mas não, veja o que publicou o UOL na sexta-feira: “Várias viaturas estão na porta do SBT, desde o começo da manhã de hoje, realizando um trabalho preventivo para a manifestação, marcada há alguns dias nas redes sociais, contra a jornalista e apresentadora  Rachel Sheherazade, do “SBT Brasil”.”

Seria apenas um “mico”, se fosse o único.

(…)

Ou será que ainda é preciso mais alguma coisa para dizer que se monta um clima de radicalização política que não existe senão na cabeça de um bando de fascistóides, do qual Sheherazade é apenas uma perigosa caricatura?

Será que é preciso algo mais para ver que a exploração midiática está levando a se criar um clima de confronto que não existe?

Será que, ingenuamente, os nossos “libertários” não vêem que a única coisa que conseguiramlibertar foi a extrema direita do sarcófago em que se encontrava?

Será que nossos “juristas” não vêem que não é casual a movimentação indecorosa de Joaquim Barbosa no Supremo?

Será que acreditam que, a esta altura, com os apelos públicos a uma intervenção militar,  já não há grupos contaminados dentro de nossas Forças Armadas?

A “onda de direita” no mundo e na América Latina é fruto da minha imaginação?

Será?

E será, sobretudo, que temos uma força política capaz de se contrapor a essa escalada insana? 

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/03/03/sheherazade-madrinha-do-pelotao-convoca-%E2%80%9Cmarcha-da-familia%E2%80%9D/

JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL 470 PELO STF COMEÇA A RUIR
















Sociedade e instituições democráticas vão rejeitando, cada vez mais, os abusos e as ilegalidades perpetrados ao longo do processo, escreve Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania; em artigo, ele ressalta que, apesar da resistência da imprensa, "a gritaria dos setores mais racionais contra um processo espúrio ameaça tornar-se ensurdecedora"; irregularidades tornaram-se ainda mais graves com as recentes decisões contra José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino; "Há cerca de um ano, a reversão dessa anomalia democrática parecia impossível. Hoje, ainda parece improvável. Mas cada vez menos...", afirma Guimarães


Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania

A cada dia que passa avolumam-se os indícios de que, como em uma espécie de reação biológica a infecções, a sociedade e as instituições democráticas vão rejeitando, pari passu com o mundo jurídico e com as instituições (imprensa incluída), os abusos e as ilegalidades perpetrados ao longo do julgamento da Ação Penal 470, vulgo julgamento do mensalão.

Ainda que a opinião publicada – que se pretende opinião pública – ainda resista, ainda que grupos de interesse continuem refestelados e se regozijando com a condenação retórica e formal de cidadãos brasileiros à prisão sem o necessário amparo de provas, a gritaria dos setores mais racionais contra um processo espúrio que a todos preocupa vai aumentando de volume e já ameaça tornar-se ensurdecedora.

Há cerca de um ano, a reversão dessa anomalia democrática parecia impossível. Hoje, ainda parece improvável. Mas cada vez menos...

Ainda assim, seguem ruidosos os entusiastas de condenações seletivas de pessoas ao cárcere, ou seja, de condenações levadas a cabo sob critérios forjados na medida para alguns, como em uma espécie de exceção institucional que se pensava ser possível aplicar sem que, no entanto, tal golpe na democracia afetasse mais seriamente o organismo institucional.

Como diriam os mais jovens, porém, não está "rolando". A persistência dos que se dispõem a resistir, aliás, ganha simbolismo através de um grupo de cidadãos que acampou diante do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, a fim de protestar contra condenações sem provas. E que prometem não sair de lá até que seja vislumbrável alguma luz no fim do túnel.

Esses cidadãos têm vivido um verdadeiro inferno. Privações, ameaça de violência de grupos radicais, mas não arredam pé. Algumas horas antes de este texto se escrever sozinho, cerca de 20 homens atacaram o acampamento diante do STF e, munidos de porretes, destruíram barracas, agrediram até mulheres e foram embora.

Todavia, os que denominam seu acampamento diante do STF como "trincheira", prometem persistir.

A esses, juntam-se juristas de renome, advogados, filósofos, jornalistas da dita "mídia alternativa", entre muitos outros. Começaram sozinhos essa resistência, mas agora ganham a companhia de novos ministros do Supremo que também enxergam os malfeitos na primeira fase do julgamento do mensalão (em 2012) e que já estão reformando decisões.

Como se fosse pouco, até na grande mídia vai se tornando comum encontrar textos opinativos e até reportagens que, até há alguns meses, eram censurados. Na semana passada, um desses textos causou rebuliço.

No jornal O Estado de São Paulo, um repórter denúnciou que o ministro Joaquim Barbosa e alguns de seus pares teriam exagerado na dosimetria das penas dos condenados pelo julgamento do mensalão de modo a que fossem confinados a regime fechado. Essa matéria, somada à rejeição da tese de quadrilha, constitui-se em uma bomba de efeito retardado.

Contudo, um texto publicado no primeiro dia útil desta semana na Folha de São Paulo excede tudo o que a grande imprensa, de uns tempos para cá, passou a publicar em termos de questionamento ao julgamento do mensalão e, assim, expõe ao grande público talvez o que seja a maior prova da ilegalidade desse processo.

O colunista da Folha Ricardo Melo escreveu, no texto "Começar de novo" (3/3), pedido de que o julgamento seja refeito. Mas não foi só: ainda discorreu sobre um tema que, até então, estava proibido na grande imprensa. Escancarou informações sobre o inquérito 2474, conduzido paralelamente à investigação que originou a AP 470.

A grande maioria do público dos grandes jornais deve ter ficado perturbada e desorientada ao ler na coluna de Melo na Folha que "O inquérito 2474 não é um documento qualquer" e que está "Repleto de laudos oficiais" e "Investigações da Polícia Federal" que permitiriam aos réus do mensalão "Rebater argumentos decisivos para sua condenação".

"Como assim?", devem estar se perguntando os que só se informam pela grande mídia...

Primeiro, ficam sabendo, através do Estadão, que o "heroico" Joaquim Barbosa, com a colaboração exclusiva dos juízes que condenaram os réus, manipulou a dosimetria das penas. Agora, os leitores de uma Folha ficam sabendo que há um segundo inquérito que pode conter provas, por exemplo, de que não houve dinheiro público envolvido no mensalão.

Enquanto os bate-paus (contratados e espontâneos) dos partidos antipetistas continuam repetindo, pavlovianamente, palavras de ordem (petralhas, mensaleiros, bandidos etc.) valendo-se das condenações em um processo tão questionado a fim de desqualificar qualquer argumentação contrária, o julgamento da Ação Penal 470 começa a fazer água.

Barbosa, Gilmar Mendes, o PSDB, o DEM, o PPS e os setores da grande mídia que ainda apostam na sobrevivência daquele julgamento de exceção, entre outros, já admitem que, após todos esses fatos e a queda da tese de formação de quadrilha, "um processo" pode estar começando.

Nota: eles se referem a processo de anulação do julgamento do mensalão.

Diante disso tudo, uma reflexão: muitos, com boa dose de razão, questionam a democracia brasileira. Para os mais radicais, em nosso país não haveria democracia de verdade. Particularmente, discordo. O que é a democracia se não o fenômeno que está minando, paulatinamente, um julgamento viciado como o da AP 470?

Democracia, antes de tudo, é a possibilidade de se dizer o que se quiser a quem quiser ouvir. Muitas vezes, não chega a ser o ideal. Alguns usam mal esse direito, como os que pregam na internet até golpes de Estado. Abertamente. Porém, esse direito também serve para divulgar trapaças como as praticadas por setores do STF ao longo do julgamento do mensalão.

Finalizo, pois, recorrendo a um antigo clichê, mas que, neste momento, parece fazer mais sentido do que qualquer outra coisa: a democracia seguramente não é o melhor sistema de organização política, mas ainda não inventaram outro melhor. Seu grande mérito é impedir que qualquer pensamento ou fato sejam sonegados. Não é pouco.

http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/132056/Julgamento-da-Ação-Penal-470-pelo-STF-começa-a-ruir.htm

Os velhos e novos amigos europeus da extrema-direita ucraniana

No seu país de origem, o partido de extrema-direita Svoboda usou suas ligações na Europa para fins de relações públicas, imagem e propaganda.


Anton Shekhovtsov
Arquivo

Há muito tempo é tomado como certo que o partido ucraniano radical de direita Svoboda, que formou a primeira fação parlamentar de extrema-direita na Ucrânia após as eleições de 2012, é membro da Aliança dos Movimentos Nacionais Europeus (AMNE). Afinal de contas, os líderes do Svoboda sempre disseram que o seu partido era membro da AENM, enquanto que o Partido Nacional Britânico (BNP), que é um dos mais antigos membros da Aliança, explicitamente mencionou o Svoboda, em 2010, como membro da AENM, juntamente com a Frente Nacional Francesa (que recentemente abandonou o grupo), o húngaro Jobbik, o italiano Fiamma Tricolor, o próprio BNP, o Movimento Social Republicano espanhol, belga Frente Nacional, o português Partido Nacional Renovador e os Democratas Nacionais Suecos.


Desenvolvimentos no início deste ano revelaram uma imagem diferente. As primeiras dúvidas sobre o estatuto de membro do Svoboda foram levantadas após o político polaco Mateusz Piskorski ter alegado, no início de 2013, que o Svoboda tinha sido excluído da AENM devido às suas posições abertamente racistas - como diz o ditado sarcástico russo, eles foram "expulsos da Gestapo por excesso de brutalidade ". A AENM é, de fato, muito mais extremo do que um outro grupo de extrema-direita paneuropeu, a Aliança Europeia para a Liberdade, que reúne representantes do Partido da Liberdade austríaco, da Frente Nacional francesa, do belga Interesse Flamengo, dos Democratas Suecos e alguns outros.

No entanto Piskorski é ele próprio um ex-membro do agora extinto partido de extrema-direita polaco Auto-Defesa, e nós sabemos como essas pessoas não são de confiança. Além disso, Piskorski tem sido associado com ao partido fascista russo Movimento Internacional da Eurásia, liderado por Aleksandr Dugin,conhecido pelas suas posições imperialistas e, em particular, anti-ucranianas. Provocar os ultranacionalistas ucranianos, seus antagonistas, alegando que eles tinham sido rejeitados pelos seus "irmãos de armas" europeus, poderia ter sido uma forma comum de assédio fascista.

O Svoboda prontamente negou estas alegações, com uma referência a Bruno Gollnisch, presidente da AENM, que supostamente confirmou a presença do Svoboda na Aliança. Mas a referência a Gollnisch, eurodeputado francês pela Frente Nacional, era questionável. Já em outubro de 2012, tinha postado uma mensagem no seu blog dizendo que o AENM consistia apenas em quatro partidos: Jobbik, PNB, Chama Tricolor e o minúsculo Partido Nacional Democrático búlgaro. Isto não só confirmou que os líderes do Svoboda tinham feito falsas alegações sobre a adesão do seu partido à AENM, mas a mensagem de Gollnisch revelou também a incompetência do PNB, que emitira uma declaração falsa.

A informação fornecidas por Gollnisch e novas investigações sobre a AENM levou a que se compusesse a seguinte lista dos principais oficiais da Aliança: Gollnisch (Presidente), Nick Griffin (Vice Presidente), Béla Kovács (Tesoureiro) e Valerio Cignetti (Secretário Geral). Os membros associados incluem Jean-Marie Le Pen (Frente Nacional francesa), Andrew Brons (independente, ex-PNB), Maurizio Lupi (Povo Italiano pela Liberdade), Christian Verougstraete (Interesse Flamengo), Bartosz Józef Kownacki (Lei e Justiça Polacas), e Dailis Alfonsas Barakauskas (Ordem e Justiça Lituanas).

O estatuto do Svoboda na AENM foi esclarecido nesta primavera: o partido nunca foi um membro de pleno direito da Aliança, gozando apenas do estatuto de observador, uma vez que a AENM é um grupo baseado na UE e na Ucrânia não é um estado-membro da UE.

A imagem de Svoboda foi ainda mais danificada no dia 22 de março, quando Kovács escreveu uma carta oficial a Oleh Tyahnybok, líder do Svoboda. Nela, ele expressa nos termos mais fortes a sua indignação com o fato de os membros da Svoboda terem organizado comícios contra os húngaros étnicos nos Cárpatos ucranianos da Ruthenia, parte da qual já pertenceu à Hungria. Kovács, um eurodeputado húngaro pelo Jobbik, concluiu informando Tyahnybok de que o estatuto de observador da Svoboda no AENM havia sido terminado Esta informação foi-me confirmada num e-mail a partir de Attila Bécsi (Jobbik): "Svoboda já não é membro da AENM devido às suas declarações anti-húngaras".

Um pouco de escândalo picante é que o Jobbik entrou ao mesmo tempo em cooperação com o Movimento Internacional da Eurásia de Dugin. A 16 de Maio, Kovács e o líder do Jobbik, Gábor Vona, visitaram Moscovo e Vona deu uma palestra intitulada "A Rússia e a Europa" no Centro de Dugin de Estudos Conservadores sediado na Universidade Estadual de Moscovo, onde Dugin é agora professor. No seu discurso, Vona chamou à União Europeia "uma organização traiçoeira", que "[nos tirou] os nossos mercados,as nossas fábricas, e encheu as prateleiras das nossas lojas com lixo ocidental". Ao mesmo tempo, a Rússia conseguiu "preservar suas tradições" e, ao contrário da UE ou os EUA, "não venerava dinheiro e cultura de massas". De acordo com Vona, "o papel da Rússia, hoje, é o de compensar a americanização da Europa".

O líder do Jobbik chegou mesmo a declarar que seria melhor para a Hungria juntar-se à União da Eurásia, dominada pela Rússia, se necessário fosse. Dadas as atuais tendências do Jobbik para encarar a Rússia como um potencial centro de poder na Europa, pode muito bem ser o caso de que a discussão entre o Jobbik e o Svoboda tenha sido tanto sobre as declarações anti-Hungria dos ultra-nacionalistas ucranianos quanto sobre os seus pronunciados sentimentos anti-Rússia.

Para o Svoboda, as ligações com a Europa têm sido uma questão importante desde o final da década de 1990, quando ainda era chamado de Partido Social-Nacional da Ucrânia. Em seguida, foi membro do Euronat, uma organização de extrema-direita, fundada pela Frente Nacional francesa. O SNPU, mais tarde Svoboda, parecia manter boas relações com Le Pen e a Frente Nacional francesa em geral, e, presumivelmente, foramos ultranacionalistas franceses que defenderam a concessão do estatuto de observador ao Svoboda no seio da AENM.
 
No entanto, uma vez que a Aliança foi em grande parte criação do Jobbik (foi fundada em Budapeste durante o 6 º Congresso do Partido do Jobbik, em 2009), os ultranacionalistas franceses tinham poucas possibilidades de anular a decisão de Kovács.

No seu país de origem, Svoboda usou suas ligações na Europa para fins de relações públicas, imagem e propaganda. Foi a Frente Nacional francesa quem consultou os líderes do Svoboda sobre como tornar o partido "mais respeitável" no início da década de 2000, e, naturalmente, relações com os principais ultranacionalistas europeus também impulsionaram a posição do partido entre outras organizações de extrema-direita na Ucrânia. Deste modo, depois de ter sido privado de estatuto de observador na AENM, Svoboda começou a procurar novas ligações na Europa. Seus novos "amigos" acabaram por se revelar ainda mais extremos do que a AENM.

Em 23-24 de Março de 2013, Taras Osaulenko, diretor de relações internacionais do Svoboda, participou na conferência "Visão Europa", organizada pelo Partido dos Suecos em Estocolmo. O Partido dos Suecos é amplamente conhecido como um grupo neo-nazi; foi criado em 2008 por membros da agora dissolvida Frente Nacional Socialista e é liderado por Stefan Jacobsson. O principal orador na conferência parecia ser Udo Pastörs, vice-líder do mais importante partido neo-nazi e mais significativo a surgir desde 1945, o Partido Nacional Democrático da Alemanha (NPD), do qual dois membros estão sendo julgados na Alemanha por seu apoio do grupo terrorista Underground Nacional-Socialista.

Outro orador na conferência foi Roberto Fiore, líder do partido fascista italiano Nova Força. Entre os convidados europeus presentes contavam-se também: Jonathan Le Clercq da Associação da Terra e do Povo (França); Daniel Carlsen, líder do Partido Dinamarquês (Dinamarca) e Gonzalo Martín Garcia, diretor de relações internacionais do Partido da Democracia Nacional (Espanha).

As ligações entre Svoboda e Fiore foram estabelecidas a partir de 2009, quando Tyahnybok visitou Estrasburgo para conhecer eurodeputados de partidos de extrema-direita como o Partido da Liberdade da Áustria, "Attack" União Nacional da Bulgária, Interesse Flamengo, entre outros. Essas ligações continuaram a ser cimentadas em maio e junho deste ano. Em 23 e 24 de maio, Osaulenko e Andriy Illenko visitaram Roma a convite de Fiore. Aí a liderança da Nova Força e representantes do Svoboda discutiram a colaboração entre os dois partidos.
 
Representantes do Svoboda também visitaram o acampamento de jovens da Nova Força, e Illenko deu uma palestra sobre a história e a ideologia do Svoboda, partilhou os seus pensamentos sobre a forma como ambos os partidos poderiam unir forças na sua "luta contra as forças liberais do multiculturalismo e da destruição das tradições nacionais da civilização europeia ".

De 19 a 21 de junho, representantes da Nova Força, incluindo Fiore, retribuiram a visita. Na Ucrânia, os ultranacionalistas italianos e ucranianos discutiram a criação de um novo grupo de movimentos nacionalistas europeus, a fim de "desenvolver uma nova cooperação dinâmica e estratégica destinada a criar uma nova classe política europeia". Supostamente, o novo grupo poderá vir a ser formado a partir das organizações que participaram da conferência Visão Europa, em Estocolmo.

Entre as duas visitas ucraniano-italianas, a 29 de Maio de 2013, Mykhaylo Holovko, membro do Parlamento ucraniano e do Svoboda, visitou o Parlamento Regional da Saxónia para falar com o NPD. Em particular, Holovko transmitiu os cumprimentos de Tyahnybok e Serhiy Nadal, presidente da câmara da cidade ucraniana de Ternopil do Svoboda. De uma maneira ritual, Svoboda e NPD concordaram em fortalecer as relações bilaterais entre os partidos e os grupos parlamentares.

Está ainda para se ver se as visitas do Svoboda aos seus homólogos europeus fazem parte do processo de criação de um novo movimento ultranacionalista paneuropeu. Nenhum dos partidos representados na conferência Visão Europa é um membro da AENM, enquanto que é improvável que a Nova Força de Fiore é venha a cooperar com o membro da Aliança Chama Tricolor, do qual se separou em 1997. O último projeto fascista "ecumênico" de Fiore, a Frente Nacional Europeia, que reunia representantes da Nova Força, do NPD, do romeno Nova Direita, do grego Aurora Dourada e da Falange espanhola, parece ter falhado.
 
Assim, os novos amigos europeus do Svoboda podem, de fato, precisar de uma nova organização que uniria os partidos políticos e movimentos que são - dado os perfis de Fiore, Pastörs, Jacobsson e outros - realmente mais extremos do que a AENM.


(*) Artigo publicado em Search Light.


(**) Tradução de Adriana Rosa Delgado para Esquerda.net 

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Os-velhos-e-novos-amigos-europeus-da-extrema-direita-ucraniana/6/30387 

Ucrânia: o plano mais idiota de Obama




Aliar-se com os neonazistas na Ucrânia: de todos os planos idiotas que Washington elaborou nos últimos dois anos, este é o mais idiota de todos.

Mike Whitney - CounterPunch
Arquivo

“Washington e Bruxelas apoiaram um golpe nazista, realizado por insurgentes, terroristas e políticos da ultradireita europeia para atender aos interesses geopolíticos do Ocidente"
Natalia Vitrenko , do Partido Socialista Progressista da Ucrânia


Como você provavelmente já sabe, Obama e companhia ajudaram a depor o presidente democraticamente eleito da Ucrânia , Viktor Yanukovych , com a ajuda de ultra- direita , paramilitares, gangues neonazistas que invadiram e queimaram escritórios do governo , mataram soldados da tropa de choque, e espalharam o caos e terror em todo o país . Estes são os novos aliados dos Estados Unidos no grande jogo para estabelecer uma cabeça de ponte na Ásia, empurrando os russos mais para o leste, derrubando governos eleitos, garantindo corredores de oleodutos e gasodutos vitais, acessando escassas reservas de petróleo e gás natural e trabalhando pela desmontagem da Federação Russa, segundo a estratégia geopolítica proposta por Zbigniew Brzezinski .

A grande obra de Brzezinski, “The Grand Chessboard: American Primacy and it’s Geostrategic Imperatives”(O Grande Tabuleiro de Xadrez: a Primazia Americana e seus Imperativos Geoestratégicos), tornou-se o Mein Kampf de aspirantes imperialistas ocidentais. O livro fornece a estrutura básica para o estabelecimento da hegemonia militar, política e econômica dos EUA na região mais promissora e próspera do século, na Ásia . Em um artigo publicado na Foreign Affairs, Brzezinski apresentou suas idéias sobre como neutralizar a Rússia, dividindo o país em partes menores e permitindo, assim, que os EUA mantenham seu papel dominante na região, sem ameaças, desafios ou interferências. Aqui está um trecho do artigo:

"Dado o tamanho (da Rússia) e sua diversidade, um sistema político descentralizado e uma economia de livre mercado seriam a mais provável via para desencadear o potencial criativo do povo russo e (explorar) os vastos recursos naturais da Rússia. Uma Rússia vagamente confederada - composta por uma Rússia européia, uma república da Sibéria, e uma república do Extremo Oriente - também tornaria mais fácil cultivar relações econômicas mais estreitas com seus vizinhos. Cada um dessas regiões confederadas seria capaz de explorar o seu potencial criativo local, sufocado por séculos de controle da mão burocrática pesada de Moscou. Além disso, a Rússia descentralizada seria menos suscetível a uma mobilização de tipo imperial”. (Zbigniew Brzezinski , "A Geoestratégia para a Eurasia ")

Moscou, é claro, está ciente dessa estratégia de dividir e conquistar de Washington, mas minimizou a questão, a fim de evitar um confronto. O golpe de Estado apoiado pelos EUA na Ucrânia significa que essa opção não é mais viável. A Rússia terá de responder a uma provocação que ameaça tanto a sua segurança como seus interesses vitais na região. Os primeiros informes indicam que Putin já mobilizou tropas para a região e, segundo a Reuters, colocou caças ao longo de suas fronteiras ocidentais em alerta de combate:

"Os Estados Unidos dizem que qualquer ação militar russa seria um erro grave. Mas o Ministério de Relações Exteriores da Rússia disse em um comunicado que Moscou  defenderá os direitos de seus compatriotas e reagirá a qualquer violação desses direitos."(Reuters)

Não vai ser um confronto, é só uma questão de saber se a luta terá uma escalada ou não.

A fim de derrubar Yanukovych, os EUA apoiaram tacitamente grupos fanáticos de bandidos neonazistas e antissemitas. E, apesar do presidente interino ucraniano, Oleksander Tuchynov, ter se comprometido a “fazer tudo ao seu alcance” para proteger a comunidade judaica do país, os informes não são animadores. Aqui está um trecho de uma declaração de Natalia Vitrenko, do Partido Socialista Progressista da Ucrânia que sugere que a situação é muito pior do que a que está sendo relatada na mídia:

"Por todo o país, pessoas estão sendo espancadas e apedrejadas, enquanto os membros “indesejáveis” do Parlamento da Ucrânia estão sofrendo intimidação em massa. As autoridades locais vêem suas famílias e crianças sendo alvo de ameaças de morte caso não apoiem a instalação deste novo poder político. As novas autoridades ucranianas estão maciçamente queimando os escritórios de partidos políticos adversários, e anunciaram publicamente a ameaça de processo criminal e proibição de partidos políticos e organizações públicas que não compartilham a ideologia e os objetivos do novo regime." (“EUA e UE estão erguendo um regime nazista em território ucraniano" , Natalia Vitrenko )

Na semana passada, o jornal israelense Haaretz relatou que uma sinagoga ucraniana havia sido atacada com coquetéis molotov que “atingiram paredes de pedra exteriores da sinagoga e causaram poucos danos".

Outro artigo no Haaretz referiu-se ao que chamou de  “novo dilema para os judeus na Ucrânia" . Aqui está um trecho do artigo :

"A maior preocupação agora não é o aumento nos incidentes antissemitas, mas a grande presença de movimentos ultra-nacionalistas, especialmente a proeminência de membros do partido Svoboda e do Pravy Sektor entre os manifestantes . Muitos deles estão chamando seus adversários políticos de "zhids" (termo racista para designar os judeus) e portam bandeiras com símbolos neonazistas. Há também relatos, a partir de fontes confiáveis, de que esses movimentos estão distribuindo edições recém- traduzidas de “Mein Kampf” e dos “Protocolos dos Sábios de Sião”, na Praça da Independência. " ("Antissemitismo, embora uma ameaça real, está sendo usado pelo Kremlin como um jogo político", Haaretz)

Outro relato, feito pelo Dr. Inna Rogatchi em Arutz Sheva:

"Não há nenhum segredo sobre a agenda política real e os programas dos partidos ultra- nacionalistas na Ucrânia. Não há nada perto de valores e objetivos europeus lá. Basta ler os documentos existentes e ouvir o que os representantes desses partidos proclamam diariamente. Eles são fortemente anti-europeu e altamente racistas. Eles não têm nada a ver com os valores e práticas do mundo civilizado”.

“O judaísmo ucraniano está enfrentando uma ameaça real e séria. Fortalecer os movimentos abertamente neonazistas na Europa e ignorar a ameaça que eles representam é um negócio totalmente arriscado. As pessoas poderão ter que pagar um preço terrível - mais uma vez – por causa da fraqueza e da indiferença de seus líderes. A Ucrânia, hoje, tornou-se um case trágico para toda a Europa no que diz respeito à reprodução e autorização para o discurso do ódio tornar-se uma força violenta e incontrolável. É imperativo lidar com a situação no país, de acordo com a lei e as normas da civilização internacional existente." ("Chá com neonazistas: O nacionalismo violento na Ucrânia" , Arutz Sheva)

Aqui está um pouco mais sobre o tema, um texto do analista Stephen Lendmen, publicado dia 25 de fevereiro ("New York Times: apoiando a ilegalidade imperial dos EUA") :

"Washington apoia abertamente o líder fascista do partido Svoboda, Oleh Tyahnybok. Em 2004, Tyahnybok foi expulso da facção parlamentar do ex-presidente Viktor Yushchenko. Ele foi condenado por conclamar os ucranianos a lutar contra o que chamou de máfia moscovita-judaica."

“Em 2005, ele denunciou "atividades criminosas " do "judaísmo organizado”. Ele alegou escandalosamente que os judeus eles planejavam um "genocídio" contra os ucranianos" (...)

“O extremismo de Tyahnybok não impediu a secretária de Estado adjunta para Assuntos Europeus e da Eurásia, Victoria Nuland, a se reunir abertamente com ele e com outros líderes anti-governamentais no dia 6 de fevereiro”.(...)

“No início de janeiro, cerca de 15 mil ultranacionalistas realizaram uma marcha com tochas em Kiev. Eles fizeram isso para homenagear Stepan Bandera, assassino e colaborador da era nazista. Alguns usavam uniformes de uma divisão da Wehrmacht ucraniana usados na Segunda Guerra Mundial. Outros gritavam " Ucrânia acima de tudo" e " Bandera, venha e traga a ordem. " (blog de Steve Lendman)

A mídia dos EUA minimizou os elementos fascistas, neonazistas e de "pureza étnica" do golpe de Estado ucraniano , a fim de se concentrar no que eles pensam - são "temas mais positivos", como a derrubada das estátuas de Lenin ou a proibição de membros do Partido Comunista de participar no Parlamento . Na avaliação da mídia, estes são todos sinais de progresso.

A Ucrânia está sucumbindo gradualmente para o abraço amoroso da Nova Ordem Mundial, onde vai servir como mais uma fonte de lucro na roda de Wall Street. Essa é a tese, pelo menos. Não ocorreu aos editorialistas do New York Times ou do Washington Post que a Ucrânia está despencando rapidamente para uma situação do tipo “Mad Max” (o filme), uma anarquia que poderia transbordar suas fronteiras para os países vizinhos, provocando incêndios violentos, agitação social, instabilidade regional ou - deus nos livre- uma terceira guerra mundial. Eles só parecem ver movimentos dourados, como se tudo estivesse indo conforme o planejado. Todos, da Eurásia ao Oriente Médio, estão sendo pacificados e integrados em um governo mundial supervisionado pelo Executivo unitário, onde as empresas e instituições financeiras controlam as alavancas do poder por trás das telas divisórias imperiais. O que poderia dar errado?

Naturalmente, a Rússia está preocupada com a evolução da situação na Ucrânia, mas não tem certeza de como reagir. Veja o que disse o primeiro ministro Dmitry Medvedev dias atrás:

"Nós não entendemos o que está acontecendo lá. A ameaça real para os nossos interesses (existe) e tambén para a vida e a saúde dos nossos cidadãos. Estritamente falando, hoje não há ninguém lá para se conversar. Se você acha que as pessoas usando máscaras pretas e agitando Kalashnikovs representam um governo, então será difícil para nós trabalhar com esse governo."

Claramente, o governo de Moscou está preocupado. Ninguém espera que a única superpotência do mundo se comporte dessa forma irracional em todo o planeta, alimentando a criação de um Estado falido após o outro, fomentando revoltas, criando ódio e espalhando miséria por onde passa. No momento, a equipe de Obama está trabalhando a todo vapor tentando derrubar regimes na Síria, Venezuela, Ucrânia e deus sabe onde mais. Ao mesmo tempo, as operações no Afeganistão falharam, Iraque e Líbia estão sendo governados por senhores da guerra regionais e milícias armadas. Medvedev tem todo o direito de estar preocupado.

Quem não estaria? Os EUA têm saído dos trilhos, de um modo completamente louco. A arquitetura para a segurança mundial entrou em colapso, enquanto os princípios básicos do direito internacional foram alijados. O rolo compressor furioso dos EUA dá guinadas de um confronto violento para o outro, de um modo irracional, destruindo tudo em seu caminho, forçando milhões de pessoas a fugir de seus próprios países, e empurrando o mundo para mais perto do abismo. Isso não é motivo suficiente para se preocupar?

Agora Obama está se aliando com os nazistas. É apenas a cereja no topo do bolo.

Confira esta sinopse do mais recente texto de Max Blumenthal, intitulado "Os EUA estão trazendo os neonazistas na Ucrânia?":

"O Setor Direito (Right Sector) é um sindicato sombrio de auto-denominados nacionalistas autônomos, identificados pelo seu estilo skinhead de vestir, com um estilo de vida ascético, e fascínio pela violência nas ruas. Armados com escudos, os membros desse grupo têm ocupado as linhas de frente das batalhas, enchendo o ar com seu slogan favorito: "Ucrânia acima de tudo!" Em um recente vídeo de propaganda, o grupo prometeu lutar "contra a degeneração e o liberalismo totalitário , pela moralidade e pelos valores familiares tradicionais nacionais “.

Com o partido Svoboda ligado a uma constelação de partidos neofascistas internacionais através da Aliança dos Movimentos Nacionais Europeus, o Setor Direito promete levar seu exército de jovens desiludidos sem rumo para "uma grande Reconquista Europeia. ("Is the U.S. Backing Neo-Nazis in Ukraine? Exposing troubling ties in the U.S. to overt Nazi and fascist protesters in Ukraine”, Max Blumenthal, AlterNet).
 
Veja abaixo um vídeo de propaganda do Setor Direito:

  
"Valores familiares" ? Onde já ouvimos isso antes?

É claro que Obama e seus assessores acham que têm controle sobre tudo isso e podem domar este covil de víboras para seguir as diretrizes de Washington, mas na minha opinião isso soa como uma má aposta. Estamos falando de neonazistas hard-core aqui. Eles não serão comprados, cooptados ou intimidados . Eles têm uma agenda e pretendem executá-la até o seu último suspiro.

De todos os planos idiotas que Washington elaborou nos últimos dois anos, este é o mais idiota de todos.
 
Tradução:Louise Antonia León

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Ucrania-o-plano-mais-idiota-de-Obama/6/30390

Um cheiro de cinzas no ar


Fica difícil afastar a percepção de que o carnaval conservador saltou para a dispersão sem passar pela apoteose. O cheiro de cinzas no ar é inconfundível.

por: Saul Leblon 

Arquivo

Como parte interessada, a mídia jamais reconhecerá no fato o seu alcance: mas talvez o Brasil tenha assistido nesta 5ª feira a uma das mais duras derrotas já sofridas pelo conservadorismo desde a redemocratização.

Quem perdeu não foi a ética, a lisura na coisa pública ou a justiça, como querem os derrotados.

A resistência conservadora a uma reforma política, que ao menos dificultasse o financiamento privado das campanhas eleitorais, evidencia que a pauta subjacente ao julgamento da AP 470 tem pouco a ver com o manual das virtudes alardeadas.

O que estava em jogo era ferir de morte o campo progressista

Não apenas os seus protagonistas e lideranças.

Mas sobretudo, uma agenda de resiliência  histórica infatigável, com a qual eles seriam identificados.

Ela foi golpeada impiedosamente em 54 e renasceu com um único tiro; foi golpeada em 1960 e renasceu em 1962; foi golpeada em 1964, renasceu em 1988; foi golpeada em 1989, renasceu em 2003; foi golpeada em 2005 e renasceu em 2006, em 2010...

O  que se pretendia desta vez, repita-se, não era exemplar cabeças coroadas do petismo, mas um propósito algo difuso, e todavia persistente, de colocar a luta pelo desenvolvimento como uma responsabilidade intransferível da democracia e do Estado brasileiro.

A derrota conservadora é  superlativa nesse sentido, a exemplo dos recursos por ela mobilizados --sabidamente nada  modestos.

Seu dispositivo midiático lidera a lista dos mais esfarrapados egressos da refrega histórica.

Se os bonitos manuais de redação valessem, o  desfecho da AP 470  obrigaria a mídia ‘isenta’ a regurgitar as florestas inteiras de celulose que consumiu com o objetivo de espetar no PT o epíteto eleitoral de ‘quadrilha’.

Demandaria uma lavagem de autocrítica.

Que ela não fará.

Tampouco reconhecerá que ao derrubar a acusação de quadrilha, os juízes que julgam com base nos autos desautorizariam implicitamente o uso indevido da teoria  do  domínio do fato, que amarrou toda uma narrativa largamente desprovida de provas.

Se não houve quadrilha, fica claro o propósito político prévio  de emoldurar a  cabeça  do ex-ministro José Dirceu no centro de uma bandeja eleitoral, cuja guarnição incluiria nomes ilustres do PT, arrolados ou não  na AP 470.

O banquete longamente preparado  será degustado de qualquer forma agora.
Mas fica difícil  afastar  a percepção de que o carnaval conservador saltou  direto da concentração para  a dispersão sem passar pela apoteose.

Aqui e ali, haverá quem arrote  peru nos camarotes e colunas da indignação seletiva.

O cheiro de cinzas, porém, é inconfundível e contaminará por muito tempo o ambiente político e econômico do conservadorismo.

O  que se pretendia, repita-se, não era apenas criminalizar fulano ou sicrano, mas a tentativa em curso de enfraquecer o enredo que os mercados impuseram ao país de forma estrita e abrangente no ciclo tucano dos anos 90.

Inclua-se aí a captura do Estado para sintonizar o país à modernidade de um capitalismo ancorado na subordinação irrestrita da economia, e na rendição incondicional da sociedade, à supremacia das finanças desreguladas.

O Brasil está longe de ter subvertido essa lógica.

Mas não por acaso, a cada três palavras que a ortodoxia pronuncia hoje, uma é para condenar as ameaças e tentativas de avanços nessa direção.

O jogral é conhecido: “tudo o que não é mercado é populismo; tudo o que não é mercado é corrupção; tudo o que não é mercado é inflacionário, é ineficiência, atraso e gastança”.

O eco desse martelete percorreu cada sessão do mais longo julgamento da história brasileira.

Assim como ele, a condenação da política pelas togas coléricas reverberava a contrapartida de um anátema econômico de igual veemência,  insistentemente  lembrado pelos analistas e consultores: “o Brasil não sabe crescer, o Brasil não vai crescer, o Brasil não pode crescer --a menos que retome  e conclua  as ‘reformas’”.

O eufemismo cifrado designa o assalto aos direitos trabalhistas; o desmonte das políticas sociais;  a deflagração de um novo ciclo de   privatizações e a renúncia irrestrita a políticas e tarifas de indução ao crescimento.

Não é possível equilibrar-se na posição vertical em cima de um palanque abraçado a essa agenda, que a operosa Casa das Garças turbina para Aécio --ou Campos, tanto faz.

Daí o empenho meticuloso dos punhais midiáticos em escalpelar os réus da AP 470.

Que legitimidade poderia ter um projeto alternativo de desenvolvimento identificado com uma  ‘quadrilha’ infiltrada no Estado brasileiro?

Foi essa indução que saiu  seriamente chamuscada da sessão do STF na tarde desta 5ª feira.

Os interesses econômicos e financeiros que a desfrutariam continuam vivos.

Que o diga a taxa de juro devolvida esta semana ao degrau de 10,75% , de onde a Presidenta Dilma a recebeu e do qual tentou rebaixá-la, sob  fogo cerrado da república rentista e do seu jornalismo especializado.

Sem desarmar a bomba de sucção financeira essas tentativas  tropeçarão ciclicamente  em si mesmas.

Os quase 6% que o  Estado brasileiro destina ao rentismo anualmente, na forma de juros da dívida pública, dificultam sobremaneira desarmar o círculo vicioso do endividamento, do qual eles são causa e decorrência. 

É o labirinto do agiota: juro sobre juro leva a mais juro. E mais alto.

Dessa encruzilhada se esboça a disputa entre  dois projetos distintos de desenvolvimento.

A colisão entre as duas dinâmicas fica mais evidente quando a taxa de crescimento declina ou ocorrem mudanças de ciclo na economia mundial, estreitando adicionalmente a margem de manobra do Estado e das contas externas.

É o que a América Latina, ou quase toda ela, experimenta  nesse momento.

A campanha eleitoral deste ano prestaria inestimável serviço ao discernimento da sociedade se desnudasse esse conflito objetivo, subjacente à  guerra travada diante dos holofotes no julgamento da AP 470.

O conservadorismo foi derrotado. Mas não perdeu seus arsenais.

Eles só serão desarmados pela força e o consentimento  reunidos das grandes mobilizações democráticas. 

As eleições de outubro poderiam funcionar como essa grande praça da apoteose.

A ver. 

http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/Um-cheiro-de-cinzas-no-ar/30369

Começar de novo

Imagine a situação: o sujeito é acusado de homicídio, o julgamento do réu começa e, durante os trabalhos da corte, antes mesmo de qualquer decisão do júri, a suposta vítima aparece vivinha da silva. "Ah, mas outra investigação afirma que ele estava morto", argumenta o promotor. "Isto vai criar confusão". O julgamento continua. O vivo respira, mas nos autos está morto. E o réu, que não matou ninguém, é condenado por assassinato.
O paralelo parece absurdo, mas absurdo é o que fez o STF. A existência do inquérito 2474 tornou-se pública em 2012, em reportagem desta Folha sobre o caso de um executivo do Banco do Brasil, Cláudio de Castro Vasconcelos.


Por RICARDO MELO 






Admissão pelo presidente do STF de que penas foram elevadas artificialmente aumenta irregularidades

Se o Supremo Tribunal Federal pretende recuperar sua respeitabilidade, só há uma saída: refazer, do começo ao fim, o julgamento do chamado mensalão petista. A admissão, pelo presidente do STF, de que penas foram aumentadas artificialmente em prejuízo dos réus fez transbordar o copo de irregularidades da Ação Penal 470.

Relembrando algumas: a obrigatoriedade de foro privilegiado para acusados com direito a percorrer várias instâncias da Justiça; a adoção do princípio de que todos são culpados até prova em contrário, cerne da teoria do "domínio do fato"; o fatiamento de sentenças conforme conveniências da relatoria. E, talvez a mais espantosa das ilegalidades, a ocultação deliberada de investigações.

A jabuticaba jurídica tem nome e número: inquérito 2474, conduzido paralelamente à investigação que originou a AP 470.

Não é um documento qualquer. Por intermédio dos 78 volumes do inquérito 2474, repleto de laudos oficiais e baseado em investigações da Polícia Federal, réus poderiam rebater argumentos decisivos para sua condenação.

A negativa do acesso ao inquérito foi justificada da seguinte forma: "razões de ordem prática demonstram que a manutenção, nos presente autos, das diligências relativas à continuidade das investigações [...], em relação aos fatos não constantes da denúncia oferecida, pode gerar confusão e ser prejudicial ao regular desenvolvimento das investigações." O autor do despacho, de outubro de 2006, foi ele mesmo, Joaquim Barbosa.

Imagine a situação: o sujeito é acusado de homicídio, o julgamento do réu começa e, durante os trabalhos da corte, antes mesmo de qualquer decisão do júri, a suposta vítima aparece vivinha da silva. "Ah, mas outra investigação afirma que ele estava morto", argumenta o promotor. "Isto vai criar confusão". O julgamento continua. O vivo respira, mas nos autos está morto. E o réu, que não matou ninguém, é condenado por assassinato.
O paralelo parece absurdo, mas absurdo é o que fez o STF. A existência do inquérito 2474 tornou-se pública em 2012, em reportagem desta Folha sobre o caso de um executivo do Banco do Brasil, Cláudio de Castro Vasconcelos.

A conexão com a AP 470 era evidente, pois focava o mesmo Visanet apontado como irrigador do mensalão. O processo havia sido aberto seis anos antes, em 2006, portanto em tempo mais do que hábil para ser examinado.

Nenhum desses fatos é propriamente novidade. Eles ressurgiram em janeiro deste ano, quando o ministro Ricardo Lewandovski liberou a papelada aos advogados de Henrique Pizzolato. Estranhamente, ou convenientemente, o assunto passou quase despercebido.
É hora de acender a luz. O comportamento ao mesmo tempo espalhafatoso e indecoroso do presidente do STF tende a concentrar as atenções no desfecho da AP 470. Neste momento, por razões diversas, pode ser confortável jogar nas costas de Joaquim Barbosa o ônus, ou o bônus, do julgamento. É claro que seu papel é inapagável, mas ele tem razão ao lembrar que o fundamental foi decidido em plenário.

No final das contas, há gente condenada e presa num processo que tem tudo para ser contestado. O país continua sem saber realmente se houve e, se houve, o que foi realmente o chamado mensalão.

Conformar-se, ou não, com o veredicto da inexistência de formação de quadrilha é muito pouco diante das excentricidades jurídicas, para dizer o menos, que cercaram o julgamento e têm orientado a execução das penas.

Embora desperte curiosidade justificada, o que menos importa é o futuro de Barbosa. Quem está na berlinda é o STF como um todo: importa saber se o país possui uma instância jurídica com credibilidade para fazer valer suas decisões. 

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/154728-comecar-de-novo.shtml