sexta-feira, 2 de maio de 2014

BLOG “AS EVANGÉLICAS MAIS GOSTOSAS” DA ASSEMBLEIA DE DEUS CAUSA POLÊMICA NA INTERNET



No mínimo inusitado, ou até escandaloso, a iniciativa de
 algumas jovens evangélicas na internet. Elas decidiram 
exibir suas curvas em um blog denominado
 “As evangélicas mais gostosas”. 


As postagens acontecem desde Agosto de 2010 e já ganhou a adesão de várias religiosas que se exibem em fotos até dentro de templos evangélicos. Algumas fazem questão de serem identificadas por irmã, saudação comum entre os evangélicos.

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“Para aqueles que amam mulher de verdade, com toda a feminilidade e uma sutil sensualidade, este é seu lugar, sem nudez ou conteúdo desrespeitoso”, assim é definido a página na internet pelos autores.

A autora avisa que é participante da Assembleia de Deus, se classifica como “muito quente”, uma irmã de fogo como os pentecostais classificam os mais avivados religiosos. Na ultima postagem a seguinte definição: “Presente de natal pra vocês: Jheyce... deliciosa”.


http://www.renattomanga.com.br/2011/12/blog-as-evangelicas-mais-gostosas-causa.html

14º Encontro Nacional do PT - Abertura Oficial

LEITURAS DO ‘GLOBO’

A certeza da impunidade




Trecho de uma reportagem publicada pelo Globo na edição de quinta-feira (1/5) esclarece como os operadores de crimes financeiros se sentem seguros e confortáveis em suas atividades. A personagem principal da história é a doleira Nelma Kodama, considerada responsável por uma das quatro maiores centrais de movimentação ilegal de moeda estrangeira no Brasil.
O texto relata que a doleira cansou de ver sua casa de câmbio, em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, ser devassada pela polícia, e agora recebe seus clientes num imóvel dissimulado como restaurante chinês. Ali não existe a hipótese de se apreciar os rolinhos primavera, ou, como diz a repórter, “comer sukiyaki é bem difícil”: o que a casa oferece é câmbio de moedas. Segundo o Globo, seus clientes costumam entregar a ela grandes somas, em alguns casos volumes com mais de R$ 100 mil, e circulam em seu esquema pelo menos R$ 4 milhões por mês.
A doleira foi apanhada com 200 mil euros escondidos sob a roupa, durante a Operação Lava-Jato, que trouxe novamente às primeiras páginas o nome de Alberto Youssef, apontado como o articulador da principal quadrilha que se dedica à lavagem de dinheiro em contas no exterior.
A Polícia Federal afirma que, somente entre maio e novembro de 2013, ela remeteu ilegalmente para fora do país um total de US$ 5,2 milhões, usando 91 operações fictícias de importação, para as quais utilizou apenas uma de suas várias empresas de fachada. Foi apanhada em flagrante quando tentava embarcar para a Europa com os 200 mil euros porque, segundo a imprensa, detalhes sobre a Operação Lava-Jato haviam vazado dos inquéritos sigilosos.
Estado de S.Paulo e a Folha de S.Paulo noticiam, também na quinta-feira (1/5), que Alberto Youssef e Nelma Kodama planejavam fugir porque souberam que a investigação iria resultar na prisão dos dois. Gravações de conversas entre os doleiros revelam, segundo os jornais, que eles tinham um helicóptero preparado para retirá-los de cena.
Material de campanha
Deixemos de lado, por enquanto, o noticiário sobre o suposto vazamento de informações de um inquérito da Polícia Federal, porque não contém qualquer novidade: a longa carreira dos grandes lavadores de dinheiro, sob a mais límpida impunidade, só pode ser explicada pela certeza que eles sempre tiveram de que o esquema está resguardado pela omissão ou a cumplicidade de autoridades. Fiquemos, então, com o relato do Globo sobre o perfil da doleira Nelma Kodama, cuja fonte parece ser a Polícia Federal.
Espanta, nessa reportagem, como ela movimenta tanto dinheiro há tanto tempo, tendo sido investigada já em 2006, durante a CPI dos Bingos, e sendo considerada pela polícia como uma das maiores operadoras do câmbio ilegal no país. Gravações cujo conteúdo é citado pela repórter do jornal carioca mostram que a doleira trata sua situação com ironia: numa das conversas, ela diz que não possui bens em seu nome – o que tem de seu é apenas um chip de telefone celular.
No processo em que aparece como ré, na Justiça Federal do Paraná, busca-se o paradeiro de nada menos do que R$ 103 milhões, que passaram por oito empresas de fachada e seis contas bancárias controladas por ela em nove países. Trata-se, portanto, de um esquema amplo, que, como já foi revelado em outras operações policiais, envolve políticos de vários partidos, empresários, atletas de futebol, artistas, publicitários e muito mais.
O texto do Globo reforça a ideia de que a Operação Lava-Jato levanta apenas uma borda do amplo tapete sob o qual se esconde o dinheiro da corrupção, da sonegação, da evasão de lucros e provavelmente também do tráfico de drogas. No entanto, o que diz o título da reportagem que traça o perfil da acusada? Diz assim: “A doleira que teria trabalhado para o PT”.
Ou seja, usa-se como fonte um inquérito que já virou processo judicial, no qual se revela um amplo e diversificado esquema criminoso, e o jornal joga toda a suspeição num único partido.
Por que não dizer “a doleira que trabalhou para políticos e empresários”? Porque a imprensa não tem interesse em desvendar o grande esquema de lavagem de dinheiro, mas usar uma parcela das informações para apontar o dedo em uma direção específica. Afinal, é desse material jornalístico que se municiam os marqueteiros de campanha.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a_certeza_da_impunidade

A luta que Genoíno nunca perdeu

O único argumento de Barbosa e dos barbosianos para justificar a maldade (não há outra palavra) de enviar um Genoíno com graves problemas de cardiopatia de volta à Papuda é acenar com o sofrimento de outros presos e lembrar as mazelas da saúde pública.
É o novo fascismo tupiniquim. Justifica-se a barbárie e o arbítrio com mais barbárie e mais arbítrio. Se reclamarmos que fomos estapeados numa delegacia, agora seremos acusados de “privilegiados”, porque, em outros lugares, a polícia mata, não estapeia. Se reclamamos que nossa irmã foi estuprada num lugar ermo, dirão que tivemos sorte porque ela permaneceu viva; em outros lugares, seria estuprada, morta e esquartejada.
Homens como Genoíno lutaram a vida inteira para melhorar o serviço público no país, aí incluindo o sistema de saúde e o sistema penal. Homens como ele, não os barões da mídia, barbosianos e coxinhas.
Homens como Genoíno lutaram para pôr fim à ditadura. Não os barões da mídia, barbosianos e coxinhas.
Homens como Genoíno lutaram, já durante a redemocratização, para estabelecer um pacto de paz entre as diferenças forças políticas brasileiras. Genoíno era o homem do PT que cuidava, dentre outras coisas, das relações com os meios de comunicação. Democrata e cordial que era, sempre defendeu incondicionalmente a liberdade de expressão e de imprensa.
Sua foto protegendo o repórter Caco Barcellos durante uma manifestação em que se hostilizava este jornalista ficou famosa.
genoino globo caco
Este é Genoíno, um homem solidário tanto à causa do povo quanto às causas da liberdade. Um intelectual que cultivava um socialismo absolutamente democrático e avançado. Um dos deputados mais íntegros e experientes que já passaram pelo Congresso Nacional.
Um homem que tem uma história para contar, que ainda pode escrever livros sobre sua experiência na guerrilha, no parlamento, e agora, sobre a sua experiência como vítima de um vergonhoso processo de linchamento político, da mais clamorosa farsa jurídica da nossa história.
Ecce Hommo, como apontavam os fariseus. Este é o homem condenados por suas qualidades. Num país com uma elite tão egoísta, com tantos corruptos e sonegadores, a mídia escolheu um inocente como bode expiatório. E o exibe na TV como uma atração de circo.
A calúnia moral, seguramente, é a principal razão da dor que mina a saúde e a vida de Genoíno. Nordestino orgulhoso e guerreiro, Genoíno é de uma cepa infinitamente mais nobre que a daqueles que agora o torturam, o acusam, o encarceram. É uma alma magnânima, que jamais seria capaz de agir igual a seus inimigos. Genoíno não é vingativo, jamais perseguiria alguém, e defenderia até mesmo o pior de seus adversários se estivesse em jogo valores mais altos, como a vida, a saúde, a dignidade.
Esse talvez tenha sido seu ponto-fraco. Neste mundo, às vezes parece que apenas os brutais, os cruéis, os truculentos, os barbosianos, conseguem vencer.
Barbosa e seus patrões da mídia não se satisfazem em derrotar Genoíno politicamente, até porque sabem que não conseguirão jamais. As campanhas de solidariedade por Genoíno foram impressionantes, e o seu nome cresce, dia a dia, enquanto o nome de Barbosa afunda, rapidamente, num poço profundo de ignonímia e covardia, arrastando consigo a mídia. Barbosa quer se vingar da derrota política que já vê despontar no próximo batente da história.
É a luta entre o crápula, ignorante político, justiceiro, e um líder trabalhista, preso cruelmente no dia do trabalhador, em mais um ridículo esgar sádico de Joaquim Barbosa.
E Barbosa faz tudo isso enquanto mantém Dirceu preso ilegalmente em regime fechado.
O que o Brasil ganha com esse espetáculo deprimente? Nada.
Barbosa apenas alegra os espíritos mesquinhos, degenerados, alimenta-os com seu rancor, com seu ódio, com sua mediocridade infinita.
Genoíno emergirá dessa injustiça com a aura de um verdadeiro mártir do primeiro grande golpe midiático da nova república. Seu caso será estudado em livros de história. Veremos como um herói nacional foi perseguido, torturado moralmente, condenado sem provas e depois encarcerado brutalmente, mesmo tendo direito à prisão domiciliar.
A luta pela história, esta não poderá ser vencida pela mídia, nem por Joaquim Barbosa. Genoíno já a venceu. A luta pela justiça social, pelos direitos humanos, pela democracia, pela dignidade, são batalhas que apenas perdemos quando as abandonamos. Estas lutas Genoíno jamais perdeu. Já no outono de sua vida, ele perdeu a si mesmo, sua segurança, seu conforto, sua reputação nos jornais, mas ganhou a grande luta, a luta maior de todas, a luta para elevarmos nosso espírito acima das mesquinharias do presente, e contemplarmos as conquistas do futuro!
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Bomba! A Carta-Denúncia de Andrea Haas, esposa de Henrique Pizzolato

O Cafezinho tem a honra de publicar, com exclusividade, uma carta denúncia de Andrea Haas, esposa de Henrique Pizzolato, hoje preso na Itália, na qual ela expõe, didaticamente, todas as injustiças e arbitrariedades sofridas por seu marido.
O documento foi escrito hoje mesmo, após contato mantido por email. É a primeira vez, depois de mais de oito anos de calvário, que Andrea Haas comunica ao mundo tudo que viu, aprendeu e sofreu com o famigerado “mensalão”.
Ela também explica porque Pizzolato fugiu. Diante da truculência maldosa de Barbosa contra Dirceu e Genoíno, é possível ter uma ideia do que se passou pela cabeça de Pizzolato antes de tomar a difícil decisão de procurar justiça em outro país.
Como Haas e Henrique são muito unidos, é quase uma carta do próprio Henrique Pizzolato. Trata-se de um documento de alto valor jurídico e político, porque não há uma palavra fora do lugar, que não seja fundamentada em documentos e provas constantes na Ação Penal 470.
Peço a todos que leiam este documento com muita atenção, porque não é apenas a vida de um ser humano que está em jogo. Quer dizer, se fosse apenas a vida de um ser humano, já seria de importância essencial. Mas a carta é mais que isso. É uma denúncia contra uma sequência tão assustadora de arbitrariedades por parte do Ministério Público e do STF, que não cabem aqui mais falar em erro. Houve má fé. Houve dolo. Houve crime. Nem MP nem STF podem agir ao arrepio da lei. Eles não são a lei. A lei tem de proteger tanto Pizzolato como MP e STF. Ou antes, tem que proteger muito mais um cidadão comum do que agentes da lei que já gozam de inúmeras blindagens corporativas.
A carta, porém, também é mais que uma denúncia-crime contra dolos do MP e do STF. Ela é uma denúncia contra um golpe jurídico-midiático, do qual Henrique Pizzolato foi um bode expiatório, ficando numa posição central. A denúncia contra Pizzolato talvez seja a mais kafkiana e absurda de todas, e, no entanto, é ali que reside o pilar central da farsa. A acusação de quadrilha caiu e o mensalão ficou em pé. Se cair a farsa do desvio da Visanet, a farsa se desmancha.
Por isso o MP está desesperado para que Pizzolato seja extraditado. Há pânico de que as provas sejam analisadas novamente por uma outra corte. Se isso acontecer, Pizzolato será fatalmente inocentado, pois não há provas contra ele. Ao contrário, há documentos inúmeros provando sua inocência.
Leiam a carta com atenção, sem preconceito. É uma carta de uma mulher ferida, angustiada, mas ainda dotada de uma grande energia, que por sua vez nasce da indignação infinita de ver o homem que ama, com quem conviveu a vida inteira, ser condenado injustamente, qual um cordeiro sacrificado, para gerar lucro político para meia dúzia de nababos da mídia.
Esperemos que as pessoas conscientes do papel da mídia durante todo este processo chamado mensalão prestem bem atenção no que vão ler, porque é um texto do qual não se pode sair impune.  Alguma coisa tem de ser feita para se ajudar Pizzolato, porque é o seu processo que, concretamente, pode derrubar toda a farsa montada para enganar o Brasil e atrasar os avanços políticos que se fazem necessários para libertar nosso povo.
*
Entenda porque Pizzolato fugiu
Por Andre Haas, esposa de Henrique Pizzolato
Pizzolato veio para a Itália em busca de refúgio e do direito à justiça que lhe foram negados em um julgamento político e de exceção feito na Suprema Corte do Brasil. A carta pública amplamente divulgada no dia 15/11/2013 já deixou isso bem claro. Foi condenado sumariamente por um único tribunal, por uma única decisão. Não teve direito a nenhum recurso, não teve direito a nenhuma revisão da sentença que o condenou a 12 anos e sete meses de prisão mais multa por crimes que não cometeu e que sequer existiram. Foi “selecionado” para justificar a falsa e grave acusação que dinheiro público foi utilizado por integrantes do PT e do governo do PT para comprar apoio político em favor do governo do ex Presidente Lula. Acusação infundada. Uma grande mentira, pois o dinheiro dito público, em verdade pertencia à Visa Internacional. O dinheiro nunca pertenceu ao Banco do Brasil.
O BB Banco de Investimentos S/A era um dos 25 parceiros da Visanet que tinham obrigações de atingir metas estabelecidas pela Visa Internacional. No ano de 2000, a Visa América Latina e Caribe determinou que a Visanet participasse do “Domestic Cooperative Brand Development Fund”, serviço disponibilizado pela Visa aos membros (participantes que mantinham contrato com a Visa) com o objetivo de dar suporte ao crescimento da bandeira (marca Visa). Diante desta determinação, o Fundo de Incentivo (para marketing) Visanet foi constituído em 2001 no Brasil e, a ele, foi destinado a porcentagem de 0,1% do faturamento total da Visa no Brasil. O dinheiro deste Fundo foi disponibilizado aos bancos parceiros da Visa, que participavam da Visanet, para ser utilizado em campanhas publicitárias para promover a marca Visa. A Visanet editou um Regulamento com todas as regras que deviam ser obedecidas pelos bancos parceiros que optassem por utilizar o dinheiro do Fundo. Este Regulamento definia que instâncias diretivas próprias da Visanet tinham exclusivo poder para decidir tudo o que se referia ao dinheiro do Fundo Visanet. Desde o ano de 2001, a Visanet sempre pagou diretamente e em forma de adiantamentos para as agências de publicidade do Banco do Brasil, para que confeccionassem propagandas da marca Visa e confirmou que estas propagandas foram efetivamente realizadas. As provas e documentos que atestam estas afirmações estão no processo e comprovam que o dinheiro não era público e eram outros os funcionários do Banco do Brasil e, não Pizzolato, que tinham responsabilidade para gerir e solicitar que a Visanet efetuasse pagamentos à DNA Propaganda.
Pizzolato foi condenado por receber dinheiro, porque “liberou” dinheiro da Visanet para a agência de publicidade DNA Propaganda. Pizzolato nunca “liberou” dinheiro para a DNA. Isto era impossível. Somente o gestor, funcionário do BB da diretoria de varejo tinha este poder e de fato, todos os documentos encaminhados à Visanet, inclusive as solicitações de pagamento, foram assinados por funcionários da diretoria de varejo. Pizzolato foi acusado por “favorecer” a DNA ao prorrogar o contrato de publicidade. A prorrogação do contrato foi decidida em documento assinado pelo conselho diretor do BB (presidente e sete vice-presidentes) antes de Pizzolato assumir o cargo de diretor de marketing.
O dinheiro dito recebido por Pizzolato, foi para o Diretório do PT do Rio de Janeiro, como constam em depoimentos que estão no processo.
Muitos documentos foram desconsiderados por ministros do STF e ocultados das defesas dos réus da Ação Penal 470. Dentre eles, cito o Laudo 2828/2006 feito pela Polícia Federal que lista 15 dos maiores recebedores do dinheiro pago pela Visanet desde o ano de 2001, entre eles a Tv Globo e Casa Tom Brasil.
Se o Laudo 2828 confirma que muitas empresas foram pagas com o dinheiro da Visanet, como os acusadores podem afirmar que o mesmo dinheiro foi desviado para favorecer o PT?
Se estas empresas receberam dinheiro da Visanet, como afirma o laudo, pela lógica, a investigação deveria ter sido feita para comprovar se estas empresas realizaram efetivamente os serviços ou se desviaram o dinheiro para o “esquema” denunciado pelo ministério público.
O Laudo 2828 é emblemático para comprovar os absurdos cometidos neste julgamento, embora existam muitos outros. Foi feito pela polícia federal para investigar, contabilmente, a relação entre a Visanet e a DNA Propaganda. Documentos da Visanet e da DNA foram confiscados mediante mandado de busca e apreensão. Este laudo apesar de ter sido feito na fase de investigação, portanto, sem qualquer acompanhamento das defesas, responde quem eram os responsáveis, desde 2001, perante a Visanet e perante o Banco do Brasil para gerir o dinheiro do Fundo Visanet. Nomina quais foram as empresas, ditas “os maiores recebedores” do dinheiro destinado pelo Fundo Visanet. Pizzolato sequer é citado no laudo, pois nos documentos apreendidos não existe nenhum assinado por ele. Todos os documentos enviados pelo Banco do Brasil à Visanet foram encaminhados e assinados por outros funcionários de outra diretoria. O Laudo 2828/2006 foi feito “no interesse do inquérito 2245” como dizem os peritos no primeiro parágrafo, mas nunca constou do inquérito 2245 que investigava o chamado “escândalo do mensalão”. Este laudo apesar de já estar concluído em 20 de dezembro de 2006 – 8 meses antes do julgamento para aceitação da denúncia que ocorreu em agosto de 2007 – nunca fez parte do inquérito 2245, portanto os advogados não tiveram acesso a ele para preparar suas defesas. O laudo foi para outro inquérito de número 2474, também no STF, mas mantido em segredo de justiça pelo mesmo relator do inquérito 2245. A existência do Inquérito 2474 nunca foi informada aos advogados de defesa dos “40” réus da AP 470. O 2474 foi aberto para separar documentos de investigações que não haviam sido concluídas(!). Ora, 40 pessoas foram “eleitas” para serem denunciadas sem que as investigações tivessem sido concluídas?
E, pior, quando o inquérito 2474 foi descoberto, o acesso aos documentos foi negado aos advogados sob o argumento “… os dados constantes do presente inquérito (2474) não serão utilizados na análise dos fatos objeto da AP 470, por tratarem de fatos diversos, não havendo, portanto, qualquer cerceamento do direito de defesa…).
Como dizer que não houve cerceamento de defesa se um documento, um Laudo, que dizia respeito a todos os acusados foi ocultado de suas defesas?
Pizzolato foi acusado criminalmente por “não fiscalizar” o contrato de publicidade entre o BB e a DNA no que se refere aos “bônus de volume”, valor pago por veículos de divulgação para fidelizar (premiar) agências de publicidade e que, no entender dos acusadores, deveria ter sido devolvido ao Banco do Brasil.
Como depôs um alto executivo da Globo, não foi Pizzolato quem criou o “bônus de volume”. Não era responsabilidade dele fiscalizar os contratos do Banco do Brasil com as agências de publicidade. Esta atribuição era de outro funcionário do BB e a conferência de pagamentos e notas fiscais era feita por outra diretoria. O Banco do Brasil nunca cobrou a devolução de “bônus de volume” de nenhuma das tantas agências de publicidade contratadas, porque tal parcela nunca constou em cláusula de contrato e nem poderia constar, por se tratar de uma oferta facultativa (comissão, prêmio) oferecida às agências de publicidade por parte de empresas prestadoras de serviço, depois que as negociações, em que participavam os funcionários representantes de empresas públicas, já estavam concluídas.
Por que Pizzolato foi responsabilizado criminalmente se a permissão para o pagamento de “bônus de volume” consta em lei (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12232.htm ) e continua sendo uma relação exclusivamente privada entre as agências de publicidade e fornecedores, da qual nenhum contratante (empresas públicas) participam?
O julgamento da AP 470 foi injusto para todos. Para uns, provas e documentos foram desconsiderados, indícios prevaleceram sobre as provas, para outros, teorias “jurídicas” justificaram a falta de provas. Leis constitucionais e convenções internacionais foram desrespeitadas, o direito à defesa foi negado.
Pergunto: por quê?
Que interesses estão acima e são mais importantes para que o direito de defender a liberdade seja negado?
Para Pizzolato não existiu nenhum direito de recurso e revisão da decisão do julgamento.
Permanecer no Brasil significava sujeitar-se à uma única decisão, tomada por um único tribunal.
Significava sujeitar-se à prisão, à injustiça sem ter mais como e a quem recorrer.
Apesar da enorme tristeza e decepção com a forma como transcorreu o julgamento, enfrentamos com as forças que nos restaram de anos de agonia e lutamos com os meios que estavam ao nosso alcance para informar e denunciar os erros e irregularidades do julgamento, para divulgar as provas e documentos, que foram desconsiderados e ocultados, e que comprovam que não existiu desvio de dinheiro, muito menos de dinheiro público. Uma luta desigual diante do poder do Estado, diante do poder judiciário, que julgou e condenou desrespeitando leis e direitos fundamentais, e que continua massacrando e oprimindo pessoas que foram julgadas e condenadas em um julgamento injusto.
A decisão de vir para a Itália foi difícil e dolorida, pois significou o descrédito. Viemos buscando sobreviver à opressão, não queríamos nos render à injustiça.
Estamos nas mãos de outro Estado. Dependentes de uma decisão que o Estado italiano tomará a respeito do pedido de extradição feito pelo Procurador Geral do Brasil.
Não tenho mais certezas de nada. Gostaria de acreditar que justiça ainda possa existir em algum lugar e que uma decisão daqui pudesse reverter todas as injustiças que foram feitas no Brasil. Gostaria de acreditar que um novo julgamento possa ser feito e que este seja justo.
Mas confesso, temo pelas decisões que são tomadas politicamente que desprezam princípios e direitos e que desconsideram fatos e provas.
Andrea Haas
andreahaas
PS Cafezinho: no próximo dia 21 de maio, a Justiça italiana analisará se Pizzolato pode responder pelo processo em liberdade. No dia 5 de junho, haverá o primeiro julgamento sobre a extradição. Mas o caso ainda irá para análise do primeiro-ministro, e pode haver recursos.
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Genoíno não recebeu nenhum centavo de Marcos Valério e está preso. Pimenta da Veiga recebeu 300 mil de Marcos Valério e está solto. Essa é a noção de justiça de Joaquim Barbosa


PRISÃO NO 1 DE MAIO
"Só não me venham com mentiras", reagiu Maria Laiz, mãe de Genoíno, quando soube da volta do filho a prisão
A prisão de José Genoíno é um novo sinal político. Só durante a ditadura os militantes do movimento operário eram presos no 1 de maio. Depois disso, a data era respeitada. Havia um compromisso tácido, um respeito por aqueles milhões de brasileiros que ajudaram a transformar o país numa democracia.
A primeira a perceber o que se passava foi Maria Laiz Nobre Guimarães. Aos 89 anos, ela acompanhou o noticiário sobre a volta do primogênito à Papuda pela TV parabólica da casa onde mora, em Encantado, no interior do Ceará. Quando atendeu ao telefone, ficou com receio de que tentassem amenizar sua dor:
--Só não me venha com mentiras, meu filho, disse ao deputado José Guimarães, irmão de Genoíno.
Genoíno retornou a Papuda no 1 de maio, data histórica dos trabalhadores, depois de ter sido preso pela primeira vez em 15 de novembro, da República.
Justo Genoíno, que tentou organizar trabalhadores rurais no Araguaia, onde seu partido, o PC do B, queria montar uma guerrilha contra a ditadura militar. Que foi torturado. Que ajudou a aprovar as principais leis a favor dos assalariados no Congresso, onde foi uma das lideranças mais importantes desde a democratização. Que ajudou a incluir cláusulas democráticas na Constituição.
(E que continuou vivendo com a dignidade de seus vencimentos de parlamentar num sobrado comprado com financiamento da Caixa na Vila Indiana, Zona Oeste de São Paulo).
Veja só. Ele foi condenado por corrupção ativa e cumpre pena de quatro anos e oito meses. Genoíno embolsou algum no esquema? Nem um centavo. Colocou a mão em algum trocado? Não. Entregou para alguém? Assinou os empréstimos do PT. Sabe o que a PF concluiu? Que foram empréstimos legítimos, entregues ao partido.
Este é o corrupto preso do 1 de maio.
Como disse dona Maria Laiz: "só não me venha com mentiras, meu filho."
É mais engraçado do que isso.
Pimenta da Veiga, um dos fundadores do PSDB, ministro das Comunicações no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, é hoje candidato ao governo de Minas Gerais.
A Polícia Federal informa, desde 2006 – está lá, no inquérito 2474 que ficou escondido dos ministros do STF até o julgamento da AP 470 -- que Pimenta da Veiga recebeu R$ 300 000 das agências de Marcos Valério.
Até agora, Pimenta não foi julgado nem condenado. Já colheu um benefício: o tempo trabalha para ele. A PF encontrou zero centavo a mais na conta de José Genoíno. Também apurou as contas de familiares – e nada. O ministério público atesta sua honestidade. Admite isso.
Mas ele voltou a Papuda, ontem.
O dinheiro caiu na conta de Pimenta da Veiga muitos meses antes de várias remessas da AP 470. Seu valor é maior até do que os R$ 296 000 que Henrique Pizzolato mandou um auxiliar buscar no Banco Rural. Como já lembrei aqui, é seis vezes maior que os R$ 50 000 que João Paulo recebeu na mesma instituição. João Paulo disse que usou o dinheiro para fazer pesquisas eleitorais e até encontrou uma testemunha para confirmar a história. Pizzolato garante que não colocou a mão no dinheiro e mandou para o PT. Acredite você no que quiser. A quebra do sigilo fiscal e bancário de Pizzolato não conseguiu demonstrar que ele mentia.
Pimenta da Veiga, ao contrário de Pizzolato e de João Paulo, admitiu que o dinheiro foi para ele. Explicou que eram honorários advocatícios.
Ao contrário de João Paulo, não apresentou documentos para provar o que dizia além de sua própria palavra. Quando os policiais perguntaram qual era a causa que poderia justificar honorários tão bons, Pimenta alegou que fizera serviços internos para as agencias de Marcos Valério. Ele, que acabara de deixar o ministério das Comunicações, três meses antes do dinheiro entrar na conta, já estava advogando para as agencias do valerioduto. Em serviços internos.
Recebeu um dinheiro que, com algum reforço, daria para Genoíno comprar uma casa ao lado da sua.
Se um dia Pimenta da Veiga se tornar réu, terá assegurado o direito a um julgamento em segunda instância. Se tudo der errado, dará certo para ele.
Terá muito mais chances de provar seus pontos de vista. É o correto.
Pela idade, tem 100% de chances de escapar das penas a que eventualmente venha ser condenado porque já terá completado 70 anos, quando a denúncia – se for feita – estará prescrita. Olha outro momento de sorte. Outro azar de Genoíno. Ele completa 68 anos amanhã, na cadeia.
Pimenta recebeu o dinheiro no início de 2003, meses depois de deixar o ministério. Mesmo assim, está enquadrado no mensalão mineiro, que é de 1998. Deve ser um milagre de denuncia retroativa.
Confesso não saber se Pimenta é culpado de alguma coisa. Acho errado pré condenar qualquer pessoa. Ele tem o direito de ser tratado como inocente, até que se prove o contrário.
A discussão política, contudo, é útil.
Numa tentativa tosca para justificar o retrorno de Genoíno a prisão, Joaquim Barbosa praticou um truque demagógico manjado. Apresentou estatísticas que mostram o elevado número de prisioneiros que têm doenças semelhantes a de Genoíno e nem por isso cumprem regime domiciliar.
É um truque que se utiliza de dados verdadeiros para sustentar teses falsas quando é conveniente. Não vamos lembrar os muitos momentos históricos em que isso foi feito porque seria muito constrangedor. Basta dizer que seu efeito é estimular o ressentimento e não a vontade de Justiça.
Numa homenagem ao 1 de maio, não custa lembrar um episódio comum sob a ditadura militar. Sempre que os trabalhadores faziam greve, os amiguinhos dos generais na política e na imprensa diziam que os sindicatos eram egoístas, queriam dar aumento para quem já ganhava bem, tinha carteira assinada, enquanto a maioria do povo vivia na miséria. Entendeu, né? É por isso que aos 89 anos dona Maria Laiz sempre avisa que não quer ouvir mentiras.
Este mesmo raciocínio se tenta aplicar hoje contra Genoíno. Todo mundo sabe que ele sofre de uma cardiopatia grave, ainda que controlada. A mortalidade de sua doença é alta, ainda que sua cirurgia de implante de um tubo de PVC no peito tenha sido feita pelos melhores médicos do país.
Qualquer médico sabe que ele estará melhor em casa, em situação de melhor conforto e cuidado, do que num presídio. Os médicos que examinaram Genoíno discordam sobre a conveniencia de enviá-lo para a Papuda.
A maioria dos médicos que examinou Genoino deixou claro, por vias claras ou indiretas, que as condiçoes de tratamento em casa são melhores. Elas ajudam a explicar sua recuperação. É sintomático que ninguém tenha ficado surpreso com o fato de que Joaquim Barbosa tenha optado pelo laudo mais favorável ao encarceramento. Medicina? Não. Política.
Numa atitude correta, mas cuja razão de fundo é fácil de adivinhar, Joaquim autorizou o médico de Genoíno a entrar na Papuda a qualquer momento.
Se milhares de prisioneiros, com problemas de saúde equivalentes, não conseguem cumprir prisão em regime domiciliar, embora tenham o mesmo direito, a responsabilidade é do sistema prisional, do Estado, quem sabe até do presidente do STF ou mesmo do ministro da Justiça. Só não pode ser imputada a Genoíno, certo?
O médico particular de Genoíno mediu sua cogulação e prova, com base em laudos do laboratório Sabin, um dos mais respeitados de Brasília, que seus índices estão abaixo da média recomendável. O índice de é de 1,7, enquanto o recomendável fica entre 2 e 3.
Os outros prisioneiros-pacientes da Papuda têm o mesmo atendimento? Têm o mesmo médico? É claro que não. Infelizmente.
Da mesma forma, poucos brasileiros com dores lombares terríveis têm direito a um tratamento caro e sofisticado para amenizar seu sofrimento. Joaquim Barbosa teve, com recursos pagos pelo contribuinte. Tirou licenças tão prolongadas no seu trabalho que chegou a ser criticado publicamente por colegas. Descobriu clínicas modernas, tratamentos de vanguarda.
Está errado? Não. É um direito dos ministros do Supremo.
A desigualdade estrutural de um país não impede nenhuma pessoa de fazer o que tiver a seu alcance – dentro da lei -- para defender seus direitos.
É errado culpar um indivíduo pelo conjunto de mazelas de uma sociedade. É uma espécie de covardia retroativa. Um dos mais eruditos juizes da Suprema Corte dos Estados Unidos, Antonio Scalia, de insuspeitas credenciais conservadoras, deu uma lição inestimável para o debate desses casos.
Lembrou que ninguém pode ser responsabilizado individualmente pelos erros das gerações passadas.
Num debate sério, produtivo, Genoíno deveria ser comparado com com pessoas de condição equivalente. Por exemplo, Pimenta da Veiga.
O problema aí é um efeito desagradável. Na condição de relator da AP 470, Joaquim Barbosa foi um dos responsáveis, ao lado do procurador geral Antonio Fernando de Souza, de manter o laudo 2474 em segredo de Justiça – e ali aparecia o curioso pagamento a Pimenta da Veiga.
O ministro do STF Celso de Mello chegou a cobrar, em tom indignado, que o 2474 fosse exibido aos ministros, antes do julgamento. Joaquim se negou. Disse que não traria maiores novidades. Alegou que poderia provocar novos atrasos. Foi uma pena.
Na época ninguém estava prestando a devida atenção ao julgamento. A maioria dos observadores apenas engrossava o coro de "Morte aos cães!" que eles tanto condenavam quando era ouvido em tribunais stalinistas. Mas seria curioso tomar conhecimento de casos fora do roteiro do "maior espetáculo da terra."
Imagine se, por acaso, alguém entrasse na página 179 do Relatório da Polícia Federal, incluído no inquérito, e encontrasse o dinheiro para Pimenta da Veiga. 
Quinze vezes mais do que o dinheiro recebido pelo professor Luizinho que, após oito anos de massacre midiático, foi inocentado.
Genoíno pode, sim, ser julgado por seus atos e por suas ações políticas no presente. E aí vamos combinar que poucos cidadãos brasileiros – dentro ou fora prisão – construiram uma folha de serviços tão respeitável na luta contra a desigualdade e pelo progresso dos mais pobres.
A postura combativa mesmo na prisão lhe gerou punições suplementares quando Genoíno organizou um protesto pela morte de Vladimir Herzog, o jornalista assassinado no porão pela atividade militante no PCB, em 1975. Estimulados por Genoíno, os presos batiam nas grades, gritavam o nome de Herzog, faziam todo barulho que conseguiam. Por causa disso, Genoíno foi punido e enviado para o Ceará, onde teve de cumprir parte de usa pena. Saiu arrastado da cela.
São cenas corajosas, que ajudam a mostrar quem é quem e quem se tornou quem, 39 anos depois. Que tristeza. Um assessor do PPS, sigla que herdou o espólio do PCB, é o principal suspeito de cometer um ato lamentável de provocação na Papuda: a filmagens clandestina de Dirceu enviada aos jornais. Na mesma ocasião se disse que a cela de Dirceu – a mesma que Genoíno ocupa desde ontem – oferece banho quente aos detentos. Mentira. Canalhice. A água é fria, como de toda a Papuda – mas, no clima de estimular o ressentimento, a falsa notícia foi até manchete de jornais. Falando nisso: água quente é luxo?
Essa é a diferença, que salta aos olhos no 1 de maio.
-- Não me venha com mentiras, meu filho.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/138569/PML-pris%C3%A3o-de-Genoino-emite-novo-sinal-pol%C3%ADtico.htm

BARBOSA ESCOLHE: ENTRE SER JUIZ OU CARRASCO, CARRASCO _+_ "REZEM POR ESSA PESSOA QUE DECIDE A DESGRAÇA ALHEIA"


Se alguma dúvida havia a respeito do tipo de Justiça que o ex-promotor e atual presidente do STF promove, ele próprio esclareceu nesta quarta-feira 30; é a Justiça discricionária, desequilibrada e parcial; ele mandou que José Genoino, em 24 horas, volte para o Complexo da Papuda, em razão de um parecer médico de aptidão; mas continua a deixar José Dirceu congelado na prisão em regime fechado, quase seis meses depois de ele ter sido condenado ao regime semiaberto; fica a pergunta: que exemplo Barbosa dá ao usar a mão de ferro para punições seletivas e em tudo políticas?; ele se mostra à altura do papel que um presidente do Supremo deve desempenhar num regime de garantia de direitos individuais?

247 – Se havia alguma dúvida a respeito do tipo de Justiça que o presidente do STF, Joaquim Barbosa, gosta de praticar, essa se dissipou nesta quarta-feira 30. Apenas 48 horas depois de um laudo médico ter atestado boas condições de saúde para o ex-presidente do PT José Genoino, Barbosa vestiu a máscara de juiz durão, bem ao gosto do grande público, e determinou a volta dele, em 24 horas, para o Complexo da Papuda.

Ficou claro que, adoentado e à base de medicamentos, Genoino só voltou a ter boas condições de saúde exatamente porque pôde passar os últimos meses em prisão domiciliar, com atenções que nenhuma prisão pode proporcionar. Agora, com a decisão de Barbosa, os riscos à saúde dele voltam a estar presentes. Para o juiz, isso, como se diz, parece ser o de menos.

A mesma destreza para declarar a imediata volta ao cárcere de Genoino, no entanto, Barbosa não demonstra no caso do também ex-presidente do PT José Dirceu. Para este, o presidente do Supremo deixa de lado qualquer vergonha, ignora as críticas e o vexame jurídico que vai cometendo.

O presidente da mais alta corte do país está, simplesmente, mantendo embaixo do tapete a decisão da mesma mais alta corte do país de conceder um regime de prisão semiaberta para Dirceu. Não há sustentação jurídica para o que Barbosa está fazendo com o seu, digamos, condenado de estimação. Para Dirceu, na versão de Barbosa, a Justiça é outra do que é para todos os outros cidadãos brasileiros.

A rapidez com que o presidente do STF resolveu lançar Genoino de volta para detrás das grades - numa decisão que os advogados dele já recorrem ao plenário – é inversamente proporcional à leniência com que ele trata a flagrante irregularidade que ele próprio abateu sobre Dirceu.

Para uma Justiça que se quer cega e equânime, Barbosa não passa de um ex-promotor com sorte o suficiente para ter chegado ao topo da magistratura. Mas que, ao chegar lá, não soube se livrar de seu passado de promotor para fazer, com as bençãos de sua nova toga respeitada, a verdadeira Justiça.

A democracia brasileira não merecia os percalços que Barbosa lança sobre ela. Melhor é saber que ele vai passar, e que as instituições ficam. Enquanto ele ocupa a cadeira mais alta do Supremo, porém, o padrão está dado. Entre juiz e carrasco, Barbosa gostosamente prefere o segundo papel.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/138400/Barbosa-escolhe-entre-ser-juiz-ou-carrasco-carrasco.htm

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/2014/05/barbosa-escolhe-entre-ser-juiz-ou.html 

Pronunciamento da presidenta Dilma pelo Dia do Trabalhador

Se esse agente não for punido já, a PF perde todo o respeito público.


Autor: Fernando Brito
palhacada

É inacreditável a denúncia do Jornal GGN de que o agente policial federal Danilo Balas treina tiros numa caricatura da Presidenta Dilma Rousseff.

Mais inacreditável que, até agora, seus chefes imediatos, o Superintendente da Polícia Federal, o Diretor da Polícia Federal e o Ministro da justiça não tenham tomado uma providência digna deste nome.

A menos que seja alguém que se faça passar por ele, é o agente Danilo Mascarenhas Balas, que ingressou em 2005 na PF, depois de ter sido policial militar em São Paulo.

Há dois anos, foi autorizado pelo Ministro José Eduardo Cardoso a passar três meses em Londres, num curso, continuando a receber seus vencimentos.

Curso com algumas boas folgas, que lhe permitiram inclusive curtir a famosa Ilha de Santorini, na Grécia, em lua-de-mel com outra agente federal brasileira, igualmente liberada para participar de curso, na mesma data.

E a menos que ele tenho recursos para pagar um caríssimo stand de tiro, Daniel fez suas ‘gracinhas” em um stand da Polícia Federal, o que pode ser verificado pela foto que ele próprio postou.

O agente está em plena campanha política, disputando um cargo de deputado estadual pelo Partido Ecológico Nacional.

E resolveu fazer seu “marketing” terrorista.

O sr. Balas tem o direito de ter as opiniões que quiser, o partido que quiser e candidatar-se ao que quiser.

Mas não se promovendo por estes meios.

Imagine que um policial mineiro divulgasse fotos onde usasse como alvo para suas balas o senador Aécio Neves.

Ou um agente policial de Pernambuco fazendo o mesmo com o governador Eduardo Campos.
Não estariam punidos administrativamente a esta hora, com o apoio de todos que entendem que as instituições armadas estão obrigadas a dar-se ao respeito e a não transigir com este tipo de atitude?
Mas com a Presidente da República, pode, não é, Dr. José Eduardo Cardoso?

PS. Corrigi os termos. Não há prisão admnistrativa para policial civil.

http://tijolaco.com.br/blog/?p=17145

Visita de deputados a Dirceu desmoralizou Legislativo, Judiciário e imprensa




Matéria da Folha de São Paulo sobre a comitiva de deputados federais que foi investigar as condições de encarceramento de José Dirceu no presídio da Papuda, em Brasília, publicada na terça-feira passada no UOL e no dia seguinte no jornal impresso, produziu um factoide asqueroso que tenta enganar a sociedade enquanto infringe descaradamente a lei.

Comecemos pela lei. O inciso VIII do artigo 41 da lei 7.210/84, que regula a Execução Penal no país, é claro quanto à exploração da imagem de pessoas mantidas em regime de privação de liberdade: é garantido aos presos “proteção contra qualquer forma de sensacionalismo”.

Ora, o que foi a matéria da Folha sobre as condições de encarceramento de José Dirceu se não uma clara violação da lei 7.210/84, que proíbe que sejam feitas e divulgadas imagens de presos no ambiente de confinamento? A lei impediu a Folha de usar imagens feitas por um membro da comitiva de deputados que visitou o ex-ministro em sua cela?

Se a Folha deu uma banana para a lei e publicou vídeo gravado ilegalmente por algum membro da comitiva que adentrou o presídio, parte dessa comitiva esbofeteou o país com relatos sobre regalias de Dirceu que foram contestados não por partidários do ex-ministro, mas por deputados de oposição ao PT que também participaram da visita.

Quatro membros daquela comitiva se destacaram pelas declarações sobre o que viram na Papuda: a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) e o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Detalhe: os quatro deputados são de partidos de oposição ao governo Dilma e ao PT. Contudo, diferenciaram-se entre si por demonstrarem ou não espírito público e entendimento do que é fazer oposição.

A deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) disse que Dirceu recebe tratamento diferenciado por sua cela ser “mais ampla e iluminada”, por ter televisão e micro-ondas, utensílios que afirmou que outros presos não têm e que, depois se soube, é mentira, pois vários presos com “bom comportamento” têm esses e outros utensílios. Inclusive, Dirceu tem uma pequena tevê antiga e há presos com tevês de plasma.

Já o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) relatou à imprensa, em tom de denúncia, que Dirceu assistia ao jogo entre Bayern de Munique e Real Madrid no momento em que os deputados chegaram à sua cela…

As declarações desses deputados ganharam as manchetes principais dos jornais do dia seguinte à visita (quarta-feira). Contudo, havia as declarações de Erundina e Wyllys, que foram solenemente ignoradas pelos repórteres que esperavam a comitiva parlamentar na saída da Papuda.

Jean Wyllys deu a seguinte declaração: “A gente veio verificar se havia regalias. Pela nossa visita, que a gente fez às celas, e pelas conversas que nós tivemos com os agentes penitenciários, os gestores e o diretor do complexo, a gente viu que não há regalias. Não há privilégio [a Dirceu]”.

Luiza Erundina declarou que viu “Uma cela modesta, uma cela malconservada, cheia de infiltrações, gotejando água no corredor, na porta da cela”. E que o tratamento que dão a Dirceu na Papuda lhe tira “Aquilo que é dado a outros presos”.

Entre dois pares de declarações tão contraditórias, adivinhe, leitor, que versão ganhou as manchetes… A dos que enxergaram “regalias”, claro. A manchete da Folha reproduziu a declaração de Mara Gabrilli, mas depois se soube que ela não entrou na cela de Dirceu por ser cadeirante e sua cadeira-de-rodas não passar pela porta.

Sobre a deputada tucana de São Paulo, aliás, vale uma informação pessoal deste que escreve. Essa deputada vem se elegendo há anos usando sua condição de deficiente física. Seu mandato atua junto a famílias de deficientes, as quais ela transformou em massa de manobra.

Há alguns anos, Gabrilli era vereadora na capital paulista. A esposa deste blogueiro vinha tentando conseguir vaga em uma instituição municipal para nossa filha, portadora de paralisia cerebral. Como não havia vaga na instituição, sugeriram a ela que procurasse a vereadora tucana.

Gabrilli impôs uma condição à minha esposa, para ajudá-la: teria que se unir ao “movimento” que essa parlamentar coordenava. Consultado pela esposa, recomendei que não se aproximasse desse tipo de gente. O desespero de mãe, porém, vendo a saúde de nossa filha Victoria se deteriorar, falou mais alto.

A mãe de minha filha doente se animou com a promessa, que quase foi cumprida. Gabrilli chegou a comunicar a ela que conseguira a vaga para a menina. Marcou dia e hora para Cristina ir buscar uma “carta” da parlamentar para a instituição.

Quando minha esposa foi procurar a assessora de Gabrilli para ir retirar a tal “carta” ouviu que a vaga “não tinha dado certo”, mas que a vereadora ficara sabendo que este blogueiro era o pai da criança e que, por eu ser “ligado ao PT”, seria “fácil” para mim conseguir vaga para minha filha em alguma instituição federal.

O resultado é que minha esposa passou meses protestando contra a minha atividade de blogueiro, que estaria prejudicando nossa filha. Mas, ao fim, consegui convencê-la de que não era eu que estava errado por exercer minha liberdade de expressão, mas a parlamentar que usara sua posição para perseguir inimigos políticos.

Não espanta, pois, que Gabrilli tenha dito o que disse após a visita à Papuda. Esse tipo de conduta é a cara dela.

Seja como for, o fato é que quem tenta se posicionar sobre esse caso fica num dilema. Em quem acreditar? Claro que o cidadão que tem posições políticas definidas acreditará no que quer, mas quem procura somente a verdade fica desalentado ao ver a contradição entre quatro parlamentares que viram a mesma coisa, mas relatam fatos tão diferentes.

Esse mesmo cidadão fica sabendo que é proibido captar imagens de presidiários para exploração jornalística, vê que um dos membros da comitiva de deputados infringiu a lei ao gravar tais imagens, vê que a Folha divulgou o que é proibido e conclui que o jornal e os deputados estão se lixando para a lei.

Por fim, já percebendo que este país não passa de uma republiqueta bananeira em que leis valem tanto quanto a seriedade de parlamentares e da imprensa, o cidadão vê o Judiciário não tomar providências contra um episódio que desmoralizou ainda mais instituições cuja imagem nunca foi das melhores. O Brasil poderia ter passado sem essa pantomima.

http://www.blogdacidadania.com.br/2014/05/visita-de-deputados-a-dirceu-desmoralizou-legislativo-judiciario-e-imprensa/

A perseguição desumana e covarde de JB a dois homens indefesos


Ele

Não é justiça. É vendetta.

O que Joaquim Barbosa faz com Genoino e Dirceu não tem nada a ver com o conceito de justiça em si – um ato em que existe ao menos uma parcela de uma coisa chamada isenção, ou neutralidade, para usar uma palavra da moda.

Barbosa é movido por um ódio infinito.

Ele mantém Dirceu confinado na Papuda por raiva. E quer Genoino engaiolado, mesmo com problemas cardíacos, também por raiva.

A precariedade do sistema jurídico brasileiro é tamanha que se dá a um homem poder para fazer o que Barbosa vem fazendo, com uma hipócrita base de fatos que são fabricados para que a perseguição tenha ares legais.

Você escolhe médicos que vão dizer que Genoino está bem, e que não precisa de cuidados especiais. Isto funciona como aqueles repórteres da Veja que são escalados para provar, aspas, teses já definidas antes da primeira entrevista. O objetivo não é descobrir coisas, não é investigar um assunto. É chancelar uma conclusão que vem na frente dos fatos.

E depois que os médicos fazem seu servico abjeto, você exerce sua vingança mesquinha como se fosse um magistrado de verdade.

O caso de Dirceu é igualmente vergonhoso. Uma nota de jornal — um jornal tão famoso pelos erros que conquistou a alcunha de Falha de S.Paulo — vira uma prova contundente contra Dirceu. Numa inversão monstruosa da ideia da justiça, você tem que provar a inocência, e não o contrário.

Num cenário de reiterada desumanidade, destoou o gesto do deputado Jean Wyllys ao se negar a inventar ‘regalias’ para Dirceu. O partido de Wyllys faz oposição ao PT, e era presumível, diante do que se tem visto na cena política do país, que ele denunciasse as condições ‘espetaculares’ de Dirceu na Papuda.

Mas Wyllys optou pela honestidade. Relatou o que viu. Foi fiel ao que testemunhou. Não adulterou o que seus olhos encontraram. Seria um gesto banal, não fosse o ambiente de cinismo, cálculo e desonestidade que domina hoje o debate político nacional numa reprodução do que aconteceu, com trágicas consequências, em 1954 e 1964.

Joaquim Barbosa provavelmente esteja frustrado. O sonho de virar presidente naufragou miseravelmente. Só a mídia queria, além dele próprio e de um punhado de fanáticos de direita.

Ele foi obrigado a despertar para a dura realidade de que os holofotes lhe são dados apenas para dizer o que interessa à mídia. Ele queria falar recentemente do processo que move contra Noblat por alegado racismo. Ninguém na imprensa lhe deu espaço. Tentou trazer este assunto na entrevista que deu a Roberto Davila na Globonews. Davila mudou de assunto com um sorriso.

As declarações de Lula sobre o conteúdo político do Mensalão também não devem ter ajudado no humor de Barbosa. Sua obra magna, aspas, corre um sério risco de se desfazer em impostura.

Joaquim Barbosa é hoje uma fração do que pareceu ser, e amanhã será ainda menor, e o que sobrar provavelmente se cobrirá de ignomínia para a posteridade.

Para Dirceu e Genoino, o problema é que enquanto ele não volta ao nada de que saiu JB se dedica à arte sadica de persegui-los, sem que eles consigam se defender, prostrados que estão pelas circunstâncias, cada qual de seu jeito.

Neste sentido, não é apenas uma vingança, mas uma covardia.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-perseguicao-desumana-e-covarde-de-jb-a-dois-homens-indefesos/

“Todo vício é uma praga, menos o amor”: Mujica explica a legalização da maconha no Uruguai

 
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Publicado originalmente no Telegraph

Nos domínios da sua pequena fazenda a meia hora de carro de Montevidéu, José Mujica acabou de fazer sua colheita anual de acelga.

Mas, como presidente do Uruguai, ele vai supervisionar um experimento sem precedentes e um cultivo muito mais controvertido: o país de 3 três milhões de pessoas em breve se tornará o primeiro no mundo a legalizar, regular e participar da produção, venda e taxação da maconha.

A “revolução da erva” do Uruguai está sob o escrutínio de todo o mundo enquanto líderes internacionais lutam com a piora crítica da longa “guerra às drogas”.

Mujica, um ex-guerrilheiro e preso político de 78 anos, virou manchete depois de sua decisão de abster-se do palácio presidencial em favor de sua chácara em ruínas e de 90% de seu salário.
Mas em uma entrevista realizada com o Telegraph na sala da frente de seu mal iluminado bangalô, onde vive há 30 anos, o aquecimento fornecido por um antigo fogão a lenha, ele expressou surpresa com a polêmica internacional.

“Nós visamos o tráfico de drogas”, disse. “Não é uma lei de apoio ao vício. É uma maneira de lutar contra a economia do mercado negro”.

Mujica soa lírico, mesmo quando eu falo do flagelo das drogas. “Todo vício é uma praga, exceto o amor”, diz o presidente, cujo único flerte com abuso de substâncias é o hábito do cigarro.

“Se você tomar dois uísques todos os dias, isso é ok, embora não seja bom. Mas se você tomar uma garrafa inteira todos os dias, então você tem um problema e deve ser tratado.”

Sob a lei nova e radical, que entra em vigor neste mês, não só os cidadãos e empresas privadas estão autorizadas a criar, comprar e vender cannabis, como o governo entrará no negócio – cultivando e colhendo a safra, distribuindo, vendendo e tributando os lucros.

A legislação é muito mais radical do que na famosa Holanda liberal, onde o cultivo permanece proibido, ou nos novos acordos nos estados de Colorado e Washington, onde não há envolvimento direto do governo dos EUA.

Mujica e seus aliados argumentam que a nova política oferece uma alternativa inovadora para o que eles chamam de falhas da “guerra às drogas” defendida pelos EUA na América Latina, que já matou dezenas de milhares de pessoas em países produtores, enquanto pouco é feito nos países consumidores da Europa e nos Estados Unidos.

Com seu principal porto na cidade de Montevidéu e suas fronteiras com o Brasil, Argentina e Paraguai, o Uruguai tem uma experiência como ponto de trânsito do tráfico em todo o continente e para a Europa.

“A droga é produzida principalmente na América Latina, mas os maiores consumidores são os países ricos”, diz Mujica, ecoando um lamento familiar aos líderes da região.

A lei tem como objetivo dar um golpe nos cartéis através da remoção de um dos seus maiores meios de ganhar dinheiro.

“Se você quer mudar a realidade, é tolice continuar fazendo a mesma coisa em vez de mudar alguma coisa, mesmo que não seja bem-sucedido”, afirma Mujica.

Com a nova lei, os uruguaios serão capazes de comprar uma quantidade limitada de cannabis, que deverá ser de 40 gramas por mês, por um preço competitivo em farmácias ou em balcões normalmente utilizados para o pagamento de contas ou para trocar dinheiro.

Os usuários terão que se registrar em um banco de dados em poder do governo e aqueles que fazem pedidos excessivos serão encaminhado às autoridades de saúde para tratamento. O banco de dados também visa assegurar que só os habitantes do Uruguai comprem a mercadoria e assim reduzir os riscos de turismo da droga.

A lei da maconha é uma das três leis levaram o governo Mujica – em seu segundo mandato com a coalizão de esquerda Frente Ampla – a dar ao Uruguai a reputação improvável de país mais liberal da América Latina. O casamento entre pessoas mesmo sexo foi introduzido em setembro passado, enquanto um ano antes o aborto foi legalizado.

Mas, no país católico e conservador, as pesquisas de opinião têm mostrado que muitos uruguaios não gostam da “revolução da erva”. A oposição vem tanto daqueles que acreditam que isso vai incentivar o uso quando dos que simplesmente não apoiam a “nacionalização” do comércio de cannabis.

Seus críticos citam a recente reação na Holanda, onde a posse de até cinco gramas de maconha é legal desde 1976 e que recentemente proibiu a venda a estrangeiros em seus cafés.

Mujica diz que seus adversários estão simplesmente “assustados” com tal mudança dramática. Também admitiu que a nova lei poderá abrir o caminho para a descriminalização de outras drogas.
Há, entretanto, desafios práticos para a implementação da política nova e ambiciosa porque, por enquanto, o Uruguai não produz o suficiente para atender a demanda.

Os líderes da Frente Ampla, incluindo a senadora Lucia Topolansky, que também é a primeira-dama, sugeriu que produtores canadenses de maconha medicinal preencherão a lacuna nesse ínterim.
“Para começar, teremos que comprar cannabis”, disse ela recentemente. “Eu acho que vamos comprar do Canadá porque ali tem o produto de melhor qualidade”.

Isso era novidade para o Canadá, onde um porta-voz do Ministério da Saúde disse que não havia “nenhum plano” para exportar a maconha para o Uruguai ou qualquer outro lugar.

Para Mujica, o seu papel na vanguarda da política de drogas internacionais é outro capítulo de uma vida notável. Enquanto se prepara para deixar o cargo no próximo ano e planeja criar uma escola para ensinar agricultura em sua amada chácara, o autodeclarado ateísta refletiu sobre seu momento.

“Eles dizem que eu sou um presidente pobre, mas eu não sou”, disse. “Eu sou um presidente sóbrio”.
“Eu me acostumei a viver por muitos anos em uma masmorra, onde nas noites em que eu tinha um colchão eu ficava feliz. Eu não consigo acreditar em Deus, mas acredito a cada dia um pouco mais na natureza. Aprendi essa lição muito simples: a vida é bela, então você tem que vivê-la com intensidade e buscar a felicidade”.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/todo-vicio-e-uma-praga-menos-o-amor-mujica-explica-a-legalizacao-da-maconha-no-uruguai/

A questão ética do vídeo de Dirceu na prisão

 
Otavio Frias, diretor hereditário de redação da Folha
Otavio Frias, diretor hereditário de redação da Folha
O episódio do vídeo de Dirceu na prisão oferece uma excelente reflexão sobre os limites da mídia.
Melhor: sobre a falta de limite.

Na Inglaterra, quando se soube que um tabloide de Murdoch invadira a caixa postal do celular  de uma garotinha sequestrada (e morta) a questão dos limites irrompeu fulminantemente.

Jornais podem tudo? Em nome do quê? De vender mais exemplares e enriquecer seus donos, fingindo que existe interesse público em qualquer coisa?

Na mesma semana em que a opinião pública inglesa ergueu sua voz de repulsa e de condenação à invasão do celular, Murdoch se viu obrigado a simplesmente fechar o jornal, que era o mais velho da Inglaterra.

Pediu desculpas, procurou os pais da menina com um cheque milionário – e mesmo assim virou, a partir dali, um pária entre os ingleses, depois de ser por décadas uma espécie de Roberto Marinho.
Voltou às manchetes apenas recentemente, e isso porque sua mulher o traiu com Tony Blair, de quem num diário que vazou elogiou o corpo “lindo”.

A Folha invadiu a privacidade de Dirceu de uma forma abjeta como se isso fosse absolutamente normal.

Ou os Frias e seus editores são péssimos jornalistas, sem qualquer noção, ou há algo de errado no manual de conduta da imprensa brasileira em geral.

A segunda hipótese é a mais real.

A Veja tentou invadir, algum tempo, um quarto de hotel em que Dirceu – sempre ele – se alojava em Brasília. A revista fez seu repórter se passar por gatuno.

Mais recentemente, a mesma Veja invadiu a privacidade de Dirceu na cadeia com fotos tiradas em condições ilegais e informações de escassa credibilidade.

Pode tudo?

Na Inglaterra, o caso da garotinha desencadeou imediatamente um debate sobre os limites da mídia.
Um juiz de ilibada reputação – não alguém como Gilmar, ou Fux, ou Barbosa – comandou um comitê destinado a rever o que a mídia pode e não pode fazer.

Uma das conclusões foi que a autorregulação fracassou. Fiscal (como a mídia alega ser) sem fiscalização acaba como contraventor.

Os britânicos estudam agora modelos de regulação que possam melhorar os padrões éticos da mídia. Como já escrevi aqui, a regulação dinamarquesa – sempre a Escandinávia – é uma referência nas modificações pelas quais seguramente passarão as regras para a imprensa no Reino Unido.
O Brasil vai ter que passar pelo mesmo, cedo ou tarde. As empresas de jornalismo defenderão seus interesses particulares (e muitas vezes escusos) contra os interesses da sociedade, mas em algum momento a opinião pública exigirá mudanças como aconteceu na Inglaterra.

O caso da Folha é particularmente ilustrativo. Tantos anos de ombudsman e não conseguiu ter uma ideia básica de ética que vede publicar um vídeo como o que mostra Dirceu na cadeia?
Há uma discussão adjacente aí.

O suspeito – suspeitíssimo – de ter passado o vídeo à Folha milita no PPS de Roberto Freire. Ele, o suspeito, é casado com uma apresentadora da CBN, Roseann Kennedy.

Não é o primeiro militante do PPS que aparece vinculado, indiretamente, ao jornalismo. Uma jornalista do Estadão que se notabilizou nos últimos tempos por ataques a Dirceu, Andreza Matais, é também casada com um militante do PPS.

Isso quer dizer que o PPS aparelhou a mídia.

Pior: a mídia gostou de ser aparelhada – ela que tanto fala no aparelhamento do PT.

Um dia, e o DCM batalhará para que isso seja quanto antes, a conduta da imprensa nestes nossos dias será vista com uma mistura de repulsa e surpresa, repulsa por razões óbvias, surpresa porque as pessoas se perguntarão como tanta canalhice pôde ser tolerada.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-questao-etica-do-video-de-dirceu-na-prisao/