sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O que tem a ver Política com Cristianismo?









Nada me incomoda mais como eleitor, nas campanhas presidenciais, do que essa mistura espúria de fé religiosa com politicagem de ocasião, interesseira, que passa por acordos de bastidores que "desconhecemos", apenas para a consecução de votos, pura e simples.

Tais conchavos feitos às escondidas por vezes resultam no prejuízo geral dos cidadãos, considerando que o candidato submete o Estado, que é laico, a idiossincrasias religiosas, a promessas pactuadas que mais tardes serão cobradas e a fatura apresentada a um custo muito elevado, talvez imensurável.

Quando isso envolve política de estado, especialmente em questões de governo,
sejam em relação as políticas públicas de saúde, sejam em relação a política exterior e, outras, de igual importância, objeto de resistências desses setores retrógrados, mais por causa de interesses contrariados, oriundos de um pragmatismo que se justifica pelas perdas financeiras de seus negócios comerciais do que mesmo por razões ideológicas, uma luz amarela deveria ser acesa e o assunto tratado com mais parcimônia e cautela.

Possíveis perdas financeiras foram identificadas nos negócios evangélicos com o Estado de Israel caso a guerra de um só exército continue na faixa de Gaza, daí porque houve pressões da liderança evangélica que mandou seu recado ao Planalto, dizendo de sua insatisfação com a Nota do Ministério das Relações Exteriores repreendendo Israel pela matança na Palestina.

Para esses adoradores de Mamon, o governo brasileiro não deveria ter se manifestado em termos tão contundentes. Eles querem que Israel tenha plena liberdade para fazer a limpeza étnica dos palestinos rapidamente, sem interferências internacionais, inclusive da diplomacia brasileira porque demoras conspiram contra seus interesses comerciais na Terra Santa.

Neste caso, o vil metal vale mais para eles do que a vida humana. Não importa se crianças, idosos, adultos e mulheres estejam sendo massacrados, dizimados aos milhares. Seu negócio fabuloso de vendas de pacotes turísticos que rendem centenas de milhares de dólares ao ano está em primeiro lugar, ocupa o centro de sua atenção.

Os palestinos são vistos, neste momento, como um obstáculo que impede de continuarem faturando alto. Sob esse ponto de vista, as relações diplomáticas do Brasil com Israel têm que está em absoluta normalidade para o bem do empreendimento comercial evangélico na Terra Santa, mesmo que Israel esteja cometendo um genocídio na faixa de Gaza.

Nisso reside a proximidade política com os candidatos, possibilitando-lhes garantias de que o Estado fique fora de seus empreendimentos comerciais, que não paguem impostos, que preencham a grade das emissoras de televisão com sua programação, para a prática do estelionato virtual, utilizando de uma concessão pública em desacordo com o código de telecomunicações, sob os olhares complacentes das instituições e do fiscal da lei que não age para acabar com essa excrecência, temendo mexer na outra ponta com os interesses dos barões da mídia que financiam seu negócio decadente de mídia com o dinheiro que é pago pelos televangelistas, dinheiro arrecadado dos incautos, a massa evangélica ignara, alienada, tangida como se fora uma manada.

As cenas corriqueiras de candidatos entrando em templos evangélicos suntuosos para serem apresentados aos fiéis é uma abominação do ponto de vista dos ensinamentos de Jesus Cristo. Um sacrilégio intolerável que os primitivos cristãos jamais aceitariam, sequer considerariam que fosse discutido.

Já imaginou Nero entrando para falar com a Igreja que estava em casa de Áquila e Priscila, na antiga Corinto, a pedido deles ou do próprio Imperador para um convescote com os cristãos sobre suas intenções a cerca da política de Roma, oferecendo-lhes um acordo do tipo que acabasse com as perseguições e sacrifícios humanos no Coliseu?

Os cristão primitivos repudiariam, rejeitariam imediatamente qualquer menção nesse sentido. Os cristãos apóstatas evangélicos dos dias atuais não. Estão misturados com os negócios de César, influindo na política de Estado dos governos, mundo a fora, uma aliança com a fera em oposição aos ensinos de Jesus. O nome do Santo de Deus tem sido usado em vão por esses ateus para satisfação de seu umbigo. Manipulando a fé alheia pela ganância.

Os candidatos, por sua vez, todos sem exceção, fazendo uso político descarado da fé religiosa, muito dos quais nem de longe acreditam no evangelho e os que dizem acreditar, é só da boca pra fora, não o praticam, se praticassem não misturariam cristianismo com política.

Não há nada de mais inconciliável do que o evangelho, conforme pregado pelos apóstolos e os primitivos cristãos, e a política desse mundo.


http://www.brasil247.com/pt/247/poder/149489/Dilma-preciso-do-voto-do-povo-e-da-gra%C3%A7a-de-Deus.htm