quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Malafaia rejeita influência e diz que Marina não é candidata evangélica


  • Pastor Silas Malafaia
    Pastor Silas Malafaia
  • Apontado como pivô de uma mudança no programa de governo da candidata Marina Silva (PSB), o pastor Silas Malafaia negou sua influência sobre a ex-senadora, que também é evangélica.
    Após Marina lançar seu programa de governo com uma ampla plataforma de defesa dos direitos dos LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), houve uma manifestação de repúdio por parte do pastor no Twitter. A campanha da candidata então suprimiu diversos itens da pauta como o casamento igualitário e o projeto de lei que pune a homofobia.
    "Marina não é candidata dos evangélicos. Marina é a candidata do brasileiro que quer mudança no país. Tem evangélico que vai votar em Aécio. Tem evangélico que vai votar na Dilma. Ela é a candidata de todo mundo que está de saco cheio do PT", disse o pastor em entrevista exclusiva ao UOL.
    Na maior parte da entrevista --que durou quase uma hora--, Malafaia parecia estar pregando. Repetia diversas frases de efeito em voz alta e começava a responder às questões antes de a reportagem terminar de formulá-las, sempre com tom de voz elevado. Diz ser defensor do estado democrático de direito, mas quando questionado por que gays e evangélicos não podem coexistir na mesma sociedade tendo os mesmos direitos, ironiza: "Que coexistir?!"
    Ao ser questionado em que dar direitos aos LGBT prejudica os evangélicos ou que solução daria à questão caso fosse presidente, negou-se a responder: "Ora, eu não tenho que te convencer de porcaria nenhuma! Eu não sou presidente e não posso responder isso pra você e nunca vou poder responder."

  • Menor que Edir Macedo

    Embora não seja político nem nunca tenha se candidatado a nenhum cargo, Silas Malafaia se tornou uma figura política ruidosa.
    Atualmente, ele tem uma base de cerca de 13 mil fieis na igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, segundo dados do site da entidade, 784 mil seguidores no Twitter, além de ser vice-presidente do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil, entidade que agrega mais de 8.500 pastores brasileiros.
    Mesmo assim, Malafaia está longe de ser uma unanimidade no meio. A reportagem entrevistou os pastores Ricardo Gondim, da igreja Betesda (5.000 fieis em SP e 50 igrejas pelo Brasil), e o pastor Egon Kopereck, presidente da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (240.855 membros e 532 paróquias), que criticaram seus métodos e questionaram sua influência entre cristãos.
    Kopereck diz que, embora Malafaia diga aquilo que muitos pastores gostariam de dizer, seu posicionamento é radical e cria uma imagem negativa do evangélico.
    "Não é assim que se implanta a fé cristã. Gostaria que o país todo fosse cristão, mas uma coisa é querer. Não posso voltar às Cruzadas e obrigar as pessoas a seguirem uma religião."
    Além disso, diz que, em sua igreja, se um pastor resolve seguir a carreira política, é encorajado a deixar o ministério. "Não apoiamos nenhum pastor que queira exercer a política partidária."
    Já Gondim, autor do artigo "Deus nos Livre de um Brasil Evangélico" e cuja igreja se distancia do "evangélico fundamentalista por questões éticas", diz que a ideia de democracia propagada pelo pastor tem um viés ditatorial, já que despreza a inclusão das minorias.
    Para ele, Malafaia tem bem menos influência que gosta de propagar.
    "Ele não tem toda essa força que alardeia. O Edir Macedo tem bem mais cacife político. Já elegeu ministro e agora pode até eleger um governador, o bispo Crivella, no Rio de Janeiro. Além disso, se ele tivesse tanta influência a ponto de mudar as eleições, seu candidato não teria apenas 1% das intenções de voto."
    Durante a entrevista ao UOL, o pastor Silas Malafaia minimizou as críticas dos outros pastores dizendo que eles representam "0,000001% do pensamento evangélico". "E esses caras aí [os pastores] falam isso de mim porque têm dor de cotovelo e porque tomam o maior sarrafo da minha teoria teológica. Só um idiota babaca pra falar o que essas caras falaram. Nunca falei que sou melhor que os outros. Não me dou essa importância."

  • Manifestação organizada pelo pastor evangélico Silas Malafaia em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, reúne multidão em favor da liberdade religiosa, da vida e da família tradicional em Brasília
O pastor Silas Malafaia disse durante entrevista ao UOL o motivo pelo qual votaria em qualquer candidato ("até em Levy Fidelix") contra a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, a candidata petista e seu partido o perseguem desde que ele fez uma manifestação no ano passado, em frente ao Palácio do Planalto, pedindo cadeia aos mensaleiros.
Leia abaixo a íntegra da entrevista:
UOL – Entrevistamos dois pastores, um da igreja Betesda e outro da igreja Anglicana, e perguntei a eles sobre sua influência política entre evangélicos. Eles disseram que o senhor tem menos influência do que gosta de propagar. O que o senhor acha disso?
Silas Malafaia – Olha, quem fala isso deve ter dor de cotovelo de mim. Todas as vezes que me posicionei sobre isso, eu disse que não existe líder evangélico máximo no Brasil. Todos os líderes evangélicos têm uma certa influência. E não fui eu que falei, que me posicionei [sobre a mudança no programa de governo de Marina Silva], foi Jean Wyllys. Foi o ativismo gay. Eu apenas me dirigi a quem me segue. E isso é um direito meu. Aí ele quem disse que por minha causa a Marina mudou. E esses caras aí [os pastores] falam isso de mim por dor de cotovelo. Porque tomam o maior sarrafo da minha teoria teológica. Só um idiota babaca pra falar o que essas caras falaram! Olha o termo que eu vou usar: Idiota babaca!!! Nunca falei que sou melhor que os outros. Não me dou essa importância.
O senhor disse em várias ocasiões que não apoiaria Marina porque ela, como cristã, não era muito assertiva. Por que o senhor mudou de opinião?
Eu falei isso quatro anos atrás. Lembra que na eleição presidencial passada o negócio ficou acirrado por causa de aborto? Então, aí a Marina chegou a disse assim: "Eu faço um plebiscito sobre o aborto." Para mim ela tinha que dizer o seguinte: "Eu sou contra o aborto, mas apoio um plebiscito." Achei hipocrisia. Aí eu deixei de apoiá-la e fui até o Serra. Usei a seguinte frase: "Pior que um ímpio é o cristão que dissimula." Fiquei indignado na época. Mas usar uma coisa de quatro anos atrás não tá valendo pra agora.
O senhor acha que ela muda muito de opinião como Aécio e Dilma estão dizendo?
Acho que ela muda menos de opinião que eles. O que Aécio e Dilma dizem está no campo do debate político. Interesse eleitoral.
Por que o senhor diz em seu Twitter que a presidente Dilma o ataca?
Meu filho, eu estou sofrendo a maior perseguição que nenhum pastor, padre ou igreja já sofreu até hoje. Em junho do ano passado nós fizemos uma manifestação em Brasília, com 70 mil pessoas às quatro horas da tarde em que eu pedi cadeia aos mensaleiros. Botei pra arrebentar! Um mês depois, olha que coincidência incrível, a Assembleia de Deus Vitória em Cristo e a Associação Vitória em Cristo, em que eu trabalho com obras sociais e programas de televisão, entraram em procedimento fiscal. Estou há 14 meses com várias equipes de auditores para fazer uma devassa nas minhas contas. Eu disse: "Eu não sou ladrão, vão quebrar a cara." Fiquei quieto na época senão iam dizer que eu estava com medo. Eles usam a prática nazista, comunista, fascista para detonar a credibilidade de pessoas! É a prática deles meu irmão! Agora tem a eleição e eu estou em cima! E eu te digo uma coisa: Se o Levy Fidélix fosse para segundo turno contra a Dilma eu votaria nele. E deixa eu te falar outra coisa que eu acho importante dizer: Marina não é candidata dos evangélicos. Marina é a candidata do brasileiro que quer mudança no país. Tem evangélico que vota em Aécio. Tem evangélico que vai votar na Dilma. Ela é a candidata de todo mundo que está de saco cheio do PT. O PT trata bandido como exemplo! Chega de PT! 12 anos do partido que mais roubou na história!
Quanto o senhor acha que seu twitaço influenciou na decisão de Marina Silva em mudar seu programa de governo?
Se os meus tuítes tivessem influenciado Marina, ela teria modificado um monte de coisa do seu programa que eu continuo sem concordar. Os meus tuítes deram alerta para que o pessoal da campanha verificasse o que os ativistas LGBT da campanha fizeram. E o ativismo gay quer tudo e dane-se o que os outros pensam. E eu não estou falando dos homossexuais, estou falando do ativismo gay. Agora, o programa da Marina não tem uma linha que contemple a ideologia cristã...
O que o senhor gostaria que tivesse contemplado da ideologia cristã no programa?
Nada! Não quero privilégios para evangélicos! O que eu disse foi que tem muitos pontos ali que eu não concordo, como adoção de crianças por homossexuais. Não concordo.
Mas o senhor discorda, por exemplo, que outros 29 direitos civis que são negados aos homossexuais sejam regulamentados, como o direito a herança, por exemplo...
Quem disse que precisa de união civil para ter herança? Herança o cara deixa para qualquer um. Isso é falácia...
Na verdade não é bem assim. Segundo o Código Civil brasileiro, 50% da herança, por lei, tem que ir para seus herdeiros necessários, que são os filhos, depois os pais e em terceiro o cônjuge. Você só pode dispor dos outros 50%...
Então, aí vai para os pais dos homossexuais também. É igual para todo mundo...
Sim, mas os homossexuais nem sempre querem deixar sua herança para seus pais, que na maioria das vezes renegam esses filhos ou os expulsam de casa...
E o cara que quer deixar para a mulher e o pai também não quer? A sociedade tem mais união hétero ou união gay? É a lei meu irmão! Então, meu amigo, isso tudo é falácia para poder ter privilégios...Outra que vocês da imprensa colocaram: cura gay. Meu irmão, eu sou psicólogo. Em nenhuma instância de psicologia no mundo o terapeuta pode impor nada a ninguém. Em qualquer escola das ciências humanas é o paciente quem decide. O ativismo gay é tão violento que está decidindo pelos outros homossexuais. O cara tem a orientação que ele quiser. Se o cara é hétero e aparece dizendo: "Eu tô com uma confusão, eu sou hétero, mas acho que tenho que ser homossexual..." Agora vou fazer uma lei dizendo que o hétero não pode ir para o psicólogo?
Mas o senhor acha que uma pessoa pode mudar de orientação sexual?
Claro! É comportamento...Onde que na ciência alguém diz que nasce gay? Me diga quem é o gênio que provou que é genético?
Não existe comprovação nem que sim nem que não. Vários estudos dizem que sim, outros vários dizem que não...
Ahn? Querido, deixa eu falar uma coisa: tem um cara chamado Francis Collins. Ele é o geneticista que comandou o grupo do genoma humano. Ele disse que não existe nenhum indício de gene homossexual. A casa caiu...
Filho... Filho... Suposição filho... Teoria filho... Não fala isso não... Quem determina é a genética. Eu estou falando de um dos maiores caras da genética do mundo. O maior cientista vivo da atualidade. Não tô falando de pastor de igreja evangélica. Eu vou falar de ciência com você. A criança quando nasce tem uma predisposição de herdar características psicológicas do sexo que tem em seu nascimento. Homossexualismo é um comportamento. Qual é a prova de que é um comportamento? Ele pode deixar de ser. Na minha igreja tem vários casos. Quantos você quer que eu te apresente? Eu atendo gente, não como psicólogo, mas como pastor. Então, o cristianismo é uma ideologia. A sociedade ocidental vive no modelo judaico cristão. Mas quem criou a monogamia? O cristianismo. Quem criou o casamento? O cristianismo. Uma coisa é a igreja, a outra coisa é a ideologia cristã...
Se uma coisa é igreja, outra coisa é ideologia cristã e outra coisa é o Estado, o senhor acha adequado pedir que seus fieis elejam deputados que vão defender os interesses da igreja?
Primeiro que eu não elejo deputado para defender interesse de igreja! Eu elejo deputado para defender a ideologia cristã! Michael Sandall é um professor de Harvard que diz o seguinte: "Não se tira do debate político a questão de moral e de princípios, nem a questão religiosa, porque o Estado é laico, mas as pessoas não." Você já viu comunista ser comunista só na política? Comunista é comunista em casa, no trabalho, na rua...
Mas o comunismo não é uma religião...
É uma ideologia, assim como o cristianismo. Nem tudo que vem do cristão é religião. É o pensamento cristão que está na sociedade ocidental. Família de homem, mulher e criança. Eu posso defender isso, assim como outro pode defender que família são dois homens ou duas mulheres...
E por que os dois não podem coexistir no mesmo Estado e com os mesmos direitos?
Que coexistir!? Querido, deixa eu te contar uma coisa: um dos pilares do Estado democrático de direito é a liberdade de se expressar. Quando você quer que todo mundo pense a mesma coisa é a ditadura da opinião. E eu sou livre para dizer: "eu não concordo com isso".

As contradições de Silas Malafaia

Vamos deixar todo mundo ser gay [para ver o que acontece]. Estamos falando de sustentação da civilização, rapaz!Silas Malafaia, supondo que, caso o casamento igualitário vire lei, todos se tornarão gays
Se o cara é hétero e aparece dizendo: "Eu tô com uma confusão, eu sou hétero, mas acho que tenho que ser homossexual..." Agora vou fazer uma lei dizendo que o hétero não pode ir para o psicólogo?Idem, ao justificar a tese de que orientação sexual é escolha
E esses caras aí falam isso de mim por dor de cotovelo. Porque tomam o maior sarrafo da minha teoria teológica. Só um idiota babaca pra falar o que essas caras falaram!Idem, em referência a críticas que outros pastores evangélicos fazem de seus métodos e posturas
Nunca falei que sou melhor que os outros. Não me dou essa importância.Idem, logo após dizer que pastores que o criticam têm dor de cotovelo dele
Usar uma coisa de quatro anos atrás não tá valendo pra agora.Idem,, justificando sua mudança de opinião sobre Marina Silva na campanha de 2010
Não quero privilégios para evangélicos!Idem, logo após pontuar que não há uma linha de ideologia cristã no programa de governo de Marina Silva
Primeiro que eu não elejo deputado para defender interesse de igreja! Eu elejo deputado para defender a ideologia cristã!Idem, logo após dizer que religião era uma coisa e ideologia era outra
Que coexistir!?Idem, quando questionado por que evangélicos e LGBTs não podem coexistir na mesma sociedade
Pastor, vou repetir a pergunta: por que a nossa sociedade chegou a um ponto em que os evangélicos, os LGBT, as feministas não podem coexistir e ter os mesmos direitos civis?
E quem disse que não estão coexistindo?
Não em paz. Está acontecendo uma batalha ideológica que está pautando as eleições...
Qual batalha ideológica, meu amigo? Que batalha ideológica?
Os candidatos estão usando as reivindicações dos LGBT, dos evangélicos e das mulheres como moeda de troca por votos...
A única coisa que Marina tirou foi o casamento gay. De resto, a pauta mais avançada para o ativismo gay está no programa dela. E os caras fizeram um estardalhaço. E não tem uma linha de pensamento cristão. E nem eu estou pedindo. Agora a Dilma é outro caso. Ficou quase quatro anos no poder, com maioria absoluta no Congresso e agora vem dizer que vai fazer alguma coisa para a igreja evangélica? Só pensando que nós somos otários! Agora vem dizer que vai lançar programa de governo... Eu vou rir. Se eles colocarem qualquer coisa [pauta para evangélicos] nós vamos lamber de pau. Porque tiveram quatro anos e maioria e não fizeram. Agora esse negócio de cobrar imposto de igreja? Em países com Suíça, Inglaterra, Holanda, as igrejas ainda recebem dinheiro do governo...
Mas as críticas que existem sobre igrejas como a sua e a Universal do Reino de Deus é a de que elas se tornaram instituições financeiras...
Posso falar uma coisa com você? Se tem um cara de que tem discordância do Edir Macedo sou eu. Tenho discordâncias profundas dos métodos dele. Mas eu sei ver outro lado. Se não é a igreja, essa sociedade aqui era um buraco, com drogas...Nego fala de cobrança de tributo porque tem na mídia um preconceito por causa de alguns maus exemplos. Dão uma ênfase a isso porque a igreja evangélica tem crescido assustadoramente e isso incomoda alguns setores da sociedade. Agora, chamei uma vez o Jean Wyllys e disse pra ele: Vamos fazer um plebiscito para ver se a sociedade aceita o casamento gay? Ele não aceitou!
Mas o senhor acha que casamento gay é assunto para plebiscito? Em que o casamento gay afeta o casamento hetero?
Querido! Querido! Não é afetar. Você querer dar status a um comportamento arrasto (sic) como eles querem...
Mas o senhor não acha que essas pessoas constroem vidas? Elas têm laços afetivos e financeiros em comum...
Querido! Querido! Eu não acredito em casamento gay! Eu não acredito que dois homens e duas mulheres possam criar uma criança! Você fale o que você quiser! É o que eu penso. E você não pode me impedir de pensar assim!
Mas o senhor acredita que o senhor pode impedir que duas pessoas que acreditam em casamento gay vivam assim?
O que é impedir?
Impedir a votação dessas pautas no Congresso. Pressionar candidatos...
Ué, manda os gays colocarem seus representantes lá para defender suas causas!
Este é um raciocínio distorcido, afinal a população LGBT tem menos representação que a população evangélica, certo?
Nós não somos maioria no país, amigo...
Mas o número de evangélicos é maior que o de LGBTs, certo?
Mas claro que somos!
Então, voltamos à pergunta: por que impedir que quem pense diferente viva diferente tendo os mesmos direitos, já que o senhor exalta tanto a liberdade de expressão?
Cada um viva o que quiser e dê o nome que quiser! Casamento para nós é o sacramento entre o homem e a mulher! Isso é conversa para boi dormir e eu não sou boi! Isso é conversa para boi dormir e eu não sou boi! Ora, eu não tenho que te convencer de porcaria nenhuma! Você como jornalista está errado! Você está perguntando para defender uma causa! Eu não tenho que te convencer de coisíssima nenhuma!
O que eu quero saber é em que dar direitos aos homossexuais prejudica o senhor e os seus fieis...
A história aqui não é essa! E eu vou te provar que não é...O que eles querem é ensinar homossexualidade na escola.
A proposta, na verdade, é de ensinar a tolerância na escola.
Não senhor. Uma banana! Cartilha para ensinar homossexualidade? É uma aberração! Eles querem estabelecer uma anormalidade na sociedade!
Uma anormalidade em sua opinião, certo?
Não. É uma anormalidade na real. Na pesquisa. Se você fizer uma pesquisa profunda, você colocaria assim: "Cuidado que gayzismo pode fazer mal à saúde. Doenças...Problemas...Um dos menos consistentes entre os relacionamentos..." Vamos fazer o seguinte? Vamos deixar todo mundo ser gay. Estamos falando de sustentação da civilização, rapaz! Junta dez mil casais gays e manda pra uma ilha pra ver o que acontece.
Do jeito que o senhor fala, parece que todo mundo quer ser gay. E em países onde os direitos dos LGBT são amplamente reconhecidos os héteros não desapareceram nem os gays aumentaram de número...
Aumentou, sim! Tem vários dados...E retira isso aí que eu não disse isso! Você está botando palavras na minha boca! Eu estou defendendo uma tese com você. Se colocar 10 mil casais gays em uma ilha eles vão desaparecer.
Sim, mas nas sociedades onde os direitos dos LGBT são reconhecidos os heterossexuais não despareceram...
Tudo o que vem bombardear a família tradicional eu sou contra! Agora, eu estou impedindo alguém de ser gay, rapaz?
Se o senhor fosse presidente da República, que solução o senhor daria a essa questão dos direitos dos LGBT?
Eu não sou presidente e não posso responder isso pra você e nunca vou poder responder!
http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/09/10/malafaia-diz-que-dilma-o-persegue-por-pedir-cadeia-aos-mensaleiros.htm

E SE NO LUGAR DE ARRUDA FOSSE UM PETISTA?



Tenho repetido com demasiada insistência que a corrupção no Brasil só não compensa para o PT e por uma razão muito simples. O judiciário brasileiro que é o poder pior dos três poderes se ver forçado a dá um tratamento diferenciado, de exceção aos membros do partido dos trabalhadores, quando acusados de algum malfeito para além das garantias que as leis num Estado Democrático de Direito asseguram aqueles que porventura tenham sido alvos de uma ação judicial por crimes de corrupção porque seu telhado de vidro não suportaria as pedradas da mídia em direção a esse poder hermético, aristocrático e repleto de situações escabrosas que se fossem trazidas à luz não se sustentaria a meia hora de escandalização do tipo que a mídia dedica ao PT cotidianamente em seu noticiário.

O caso do famigerado mensalão é emblemático sobre como o judiciário brasileiro trata questões semelhantes de forma desigual para atender as expectativas de uma narrativa construída ao longo dos anos e que não se sustenta nem em fatos e nem em provas, como dizer que o PT é o partido mais corrupto do Brasil e seus membros os ladrões do dinheiro público.

Para dá veracidade a essa narrativa falaciosa, mesmo inexistindo provas que a corroborem, importam-se teorias esdrúxulas ao nosso direito e assim é satisfeita a sanha de um falso moralismo seletivo e direcionado unicamente ao espectro político que está em desagrado dos interesses da mídia hegemônica que mesmo debilitada em sua influência e capacidade de direcionar o voto do eleitor para os candidatos de sua preferência, ainda detém poder suficiente para causar estragos indeléveis na imagem dos poderes constituídos.

Assim invariavelmente vemos setores do Ministério Público, do poder judiciário, da própria polícia federal e de outros órgãos fiscalizadores com um animus de investigação que perpassa partidos e pessoas ligadas a oposição e que atinge o partido dos trabalhadores de um modo que somente podemos afirmar que se trata de uma intenção maldosa de transformar uma instituição na qual militam milhões de filiados e têm dezenas de milhares de simpatizantes como coito de bandidos e jogá-la na vala comum da corrupção. Corrupção que campeia graças a leniência que beira a conivência de nossa justiça, especialmente se os envolvidos forem os amigos ideológicos de certos membros desse poder.

Homens de passado probo que fizeram a luta política durante toda suas vidas para que esse país fosse menos desigual terminarão seus dias como condenados pela justiça, rotulados como mensaleiros, embora não haja uma prova de que tenham cometido os crimes dos quais foram acusados. Fez-se imprescindível introduzir no bojo do julgamento de exceção a que foram submetidos, uma teoria alienígena pomposamente chamada de DOMÍNIO FUNCIONAL DOS FATOS, cujo autor em várias declarações que deu a imprensa refugou sua aplicação naquele julgamento dada a falta de elementos que a justificassem.

Aqui dispensamos de analisar a conduta individual dos vários ministros que participaram daquele teatro de horrores. Mas especialmente um se manisfestou com tamanha vontade de condenar que deixou surpresos seus admiradores que o tinham como um jurista que prezava a corrente garantista do direito. Não me refiro a Joaquim Barbosa tangido pela influência de um populismo jurídico e midiático, mas a Gilmar Mendes.

Esse mesmo Gilmar agora pede vista de um recurso impetrado por José Roberto Arruda ex governador do Distrito Federal e candidato a esse mesmo governo que foi enquadrado por sentença judicial na lei da ficha limpa. Com o artifício do ministro Gilmar, Arruda poderá concorrer normalmente ao pleito e pelo que indicam as pesquisas sair-se-á vitorioso. Gilmar não tem prazo para dá seu parecer. Poderá fazê-lo depois das eleições.

Arruda não é um corrupto qualquer. Chefiou uma quadrilha dentro de seu governo com pagamentos de propinas a aliados, políticos, membros do ministério público, servidores concursados e outros. Até oração da propina houve como demonstra a videoeteca de Durval, o delator do esquema. Provas em abundância que dispensam o Domínio dos Fatos empregado para condenar os "mensaleiros" petistas, sobram no caso de Arruda. No entanto, Arruda disputará as eleições e provavelmente as vencerá por causa do ministro Gilmar que usou de dois pesos e duas medidas.

Para condenar petistas, o domínio dos fatos. Para liberar Arruda pedido de vistas contra todas as provas e decisões judiciais anteriores que se assentam na chamada boa fumaça do direito. Uma atitude intempestiva que somente dano causará a imagem do poder judiciário que terá de cassar o mandato de Arruda inapelavelmente pouco tempo depois de eleito causando um clamor público entre aqueles que votaram nele.

Não vimos nenhuma campanha midiática contra essa imoralidade. Não haverá capa de veja, nem matéria de 18 minutos no jornal nacional repercutida durante semanas nas páginas dos jornalões aliados. Agora imagine se no lugar de Arruda e nas mesmas condições jurídicas dele estivesse um petista. Eu não quero ter mais um dia de vida se Gilmar Mendes fosse homem para pedir vistas durante a sessão que julgou esse recurso. Não o faria nem sob tortura. Se se atrevesse seria fulminado por essa mesma mídia que o conhece muito bem, sabe de quem se trata e se quisesse já o teria retirado da cadeira de ministro.

O corrupto Arruda está em vias de ser eleito governador do DF pelo voto dos mesmos que falam da corrupção na política, os falsos moralistas que detestam política e dizem que corrupção é coisa do PT. Eles irão para o próprio gáudio eleger um corrupto. Só há uma possibilidade de isso não ocorrer, pressão da imprensa. Se a imprensa jogar seus holofotes em cima da infâmia que foi esse pedido de vista de Gilmar, ele recuará, não terá coragem de enfrentar a mídia, é seu previsível modus operandi.

Depois não fique se perguntando por que há tanta corrupção nesse país e quem são os responsáveis por isso. Há por causa desse tipo de decisões. Os responsáveis têm nome, CPF, RG e endereço.

http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/152917/Gilmar-adia-votação-de-recurso-de-Arruda-no-TSE.htm

A visão de mundo de Giannetti



Postado em 10 set 2014
Giannetti
Giannetti
Almocei com um amigo jornalista um dia desses e ele colocou na conversa, por uma fração de minuto, Eduardo Giannetti, o principal economista de Marina.
“Lembra que ele não declarava o voto e você ficava bravo com isso?”
Meu amigo se referia aos dias em que nós dois dirigíamos a Exame, coisa de uns quinze anos atrás.
Tinha esquecido.
Mas logo lembrei: Giannetti, como se fosse jornalista da Folha, nos dissera, numa entrevista, que não podia declarar seu voto.
Para mim, ali estava uma mistura de pretensão – como se o voto dele fosse influenciar multidões – e medo de se comprometer.
Naqueles dias, Giannetti era um típico economista ortodoxo, mais um entre tantos filhos de Thatcher.
Não havia nada de substancial nele que o distinguesse de outros da mesma linhagem, como André Lara Resende e Armínio Fraga.
Por tudo isso, não fiquei surpreso quando, agora, encontrei no Twitter uma entrevista de 2003 à revista Época na qual ele apoiou a Guerra do Iraque.
Sim, aquela guerra de Bush e Blair que, sob argumentos que o tempo comprovaria serem mentirosos, transformou o Iraque em escombros e custou a vida de milhares de iraquianos, incluídas tantas crianças.
Não é uma guerra pelo petróleo, afirmou Giannetti.
“Eu consigo entender o argumento moral de quem defende a guerra”, disse ele.
O entrevistador trouxe ao debate a questão dos Estados Unidos como única superpotência.
“Por mais restrições que tenhamos aos americanos, eles exercem a condição de superpotência militar com razoável autocontrole, sem excessos (…). É uma sorte para a humanidade.”
“Uma sorte para a humanidade”?
Talvez para Giannetti, mas para os iraquianos, os afegãos, os iranianos, os paquistaneses etc?
Eles devem agradecer os drones, por exemplo, os aviões teleguiados que matam civis em quantidade copiosa?
Ali, naquela entrevista, estava a alma de Giannetti, sua visão de mundo americanófila, sua fé nos bons propósitos dos Estados Unidos.
No próprio Brasil, segundo essa linha de pensamento, talvez devêssemos ser gratos aos americanos por terem nos livrado, em 1964, da ameaça dos comunistas e nos haverem permitido desfrutar das belezas da ditadura militar.
Terá Giannetti mudado nestes onze anos desde que concedeu aquela entrevista?
O que ele diria agora da Guerra do Iraque?
Não sei. Talvez devessem perguntar essas coisas a ele, ou a Marina.
Também não me surpreendeu, pelo que lembrava dele de meus dias de Exame, o que ele disse numa entrevista nestes dias ao Valor.
Giannetti condicionou os compromissos de Marina em áreas como saúde e educação ao “equilíbrio fiscal”.
Quer dizer: se houver dinheiro, os compromissos serão honrados. Se não houver, serão engavetados. Os eleitores? Esqueçamos.
Esse tipo de compromisso é o melhor que qualquer ser humano pode assumir. Você promete o que quiser. E só entrega se puder.
Marina fala na “nova política”. Giannetti parece nos trazer o “novo orçamento”.
Marina conhece mesmo Giannetti além das superficialidades?
Se não, cometeu um erro extraordinário na escolha.
Se sim, a mudança principal que ela representa é o lado que ela agora defende. 
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-visao-de-mundo-de-giannetti/