quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O Globo desmente O Globo: Reportagem de 2012 mostra que diretor corrupto foi demitido, e não se demitiu, da Petrobras


O Globo de hoje saiu com reportagem afirmando que o ex-diretor administrativo da Petrobras, nomeado no governo FHC, Paulo Roberto Costa tinha pedido demissão e não sido demitido. No entanto, reportagem do mesmo O Globo, publicada em 27 de abril de 2012, afirmava o contrário (inclusive com declaração de Costa). Confira nas imagens, que reproduzem a matéria do jornal.






Na primeira, há a afirmação de que Costa fora demitido pela presidenta da Petrobras, Graça Foster. E que era ligado ao PP (Partido Popular).

Na segunda, fica-se sabendo que Graça Foster tomou a atitude, após duas reuniões em Brasília, com a presença da presidenta Dilma. Além disso, e talvez a informação mais importante, há a declaração de Costa à Reuters dizendo que estava saindo da estatal sem saber o motivo. (Tudo isso está grifado nas imagens)

Mais uma vez, O Globo usa seu espaço para atacar o governo, com o objetivo de tirar do poder o governo popular da presidenta Dilma, como anteriormente fez com os presidentes Lula, Jango e Getúlio Vargas. Porque as Organizações Globo vivem na contramão do Brasil.

http://blogdomello.blogspot.com.br/2014/10/o-globo-desmente-o-globo-reportagem-de.html

Protesto em Nápoles contra BCE Independente

Está aí as consequências de um Banco Central independente, política proposta pela senhora Marina Silva. Manifestantes protestam contra Banco Central europeu que é independente e impõe um pesado arrocho fiscal aos países da zona do euro. É essa política neoliberal desumana que Marina e Aécio querem importar para o Brasil e ainda tem leitores idiotas de Veja que defendem isso com unhas e dentes.



TV: Oposição chega ao fim onde começou. Na UDN

Um é o Cristiano Machado. Outra, o Janio, a UDN tresloucada

De Rachel, no twitter



O último programa do horário eleitoral gratuito – uma das virtudes da Democracia brasileira – revelou a natureza dos dois lados em combate.

Como diz a Dilma, do lado dela, dos fracos e oprimidos, ela sozinha, com o Lula, num programahttp://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2014/10/02/dilma-governo-novo-ideias-novas/ de incomparável qualidade. 

Dilma teve o que mostrar e o que propor: 

- médicos especialistas;

- segurança integrada, como foi na Copa de estrondoso sucesso, apesar do Itaúúú ;

- a educação em tempo integral;

- a reforma do currículo do ensino básico;

- o pré-sal, que os adversários sequer mencionam, ou tentam hipotecar à Chevron como o Aecioporto;  e, pior, dele tiram a prioridade ;

- Dilma vai fazer o Pronatec Jovem Prendiz, para que as empresas possam contratar jovens entre 15 e 18 anos (é bom lembrar que nas trevas do Farol de Alexandria era proibido por lei fazer escola técnica ;

- vem aí a banda larga para todos (apesar do Bernardo Plim-Plim, esse campeao de votos !);

- o Brasil sem burocracia;

E ela pergunta: que ideias realmente originais a Oposição tem ?

Nenhuma !

Como diz ela: o que tá bom vai continuar, o que não está vai mudar.

(Lembra do Dudu, que dizia “dá pra fazer mais ?“)

E férias, 13o.,, FGTS e hora extra … mexer nisso ? Nem que a vaca tussa !

Bom, aí veio o programa da Bláblárina.

No programa da manhã, ela teve um surto histérico e lembrou o professor Rogério Cerqueira Leite : ela, de fato, pela manhã, pareceu não regular bem … 

À noite, ela foi fiel à sua mais genuina caracteristica: o bláblárismo.

Não disse nada.

Mas, fez menção à corrupção.

Aécio tinha feito o mesmo: corrupção.

Depois de uma melosa aparição com a mulher e os filhos em São João del-Rei – não haveria de ser em Cláudio , na sua Versalhes – vestiu a capa preta das vestais da UDN e se disse um homem honrado, paladino do combate à corrupção – menos em Furnas, por certo.

Corrupção.

Corrupção.

Foi só o que a Oposição teve a declarar nessa campanha.

(Lembra do Dudu, que disse que as ratazanas iam sair de costas do Palácio do Planalto ? Mal sabia ele que ia deixar de herança um jatinho sem caixa preta e Caixa Dois)

Corrupção.

É o que o PiG e seus instrumentos nos partidos politicos tem a invocar contra Vargas, Jango, Brizola, Lula e Dilma.

A Oposição se despede do horário eleitoral por onde começou.

Uma é o Janio da UDN tresloucada.

Outro é o Cristiano Machado, do PSD de Minas, como o Vovô Tancredo, miseravelmente traido pelos paulistas – e alguns poucos mineiros …

Em tempo: o amigo navegante observou que, desde Dutra, essa é a primeira vez em que não há um único paulista candidato a Presidente. O que significa isso ? Deve ter a ver com 20 anos de tucanos no poder … 

Paulo Henrique Amorim
http://www.conversaafiada.com.br/politica/2014/10/02/tv-oposicao-chega-ao-fim-onde-comecou-na-udn/

Editorial do Brasil Debate: Três motivos para votar em Dilma


lula e dilma3
Editorial do Brasil Debate
No ar desde a última semana de julho, o Brasil Debate chega às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial tendo cumprido a missão a que se propôs. Nestas 12 semanas, além de notas e entrevistas, publicamos mais de 90 artigos inéditos, escritos por cerca de 80 intelectuais e especialistas que se engajaram nesta tarefa, aos quais agradecemos enfaticamente.
Algumas importantes entrevistas e cerca de 90 notas sobre aspectos econômicos e sociais, bem como a edição e produção de gráficos e tabelas, completaram o trabalho. A repercussão e o interesse provocados por estes esforços foram e continuam sendo gratificantes.
O saldo do debate é amplo e não poderia ser reproduzido em poucas páginas. Mas, neste momento importante para democracia brasileira, trazemos uma conclusão simples e direta: na opinião da equipe que criou e coordenou o Brasil Debate, a melhor opção de voto em 05 de outubro é em Dilma Rousseff.
Três grandes motivos justificam esta opção, que vimos a público manifestar.
1º motivo: O Brasil melhorou
Os avanços sociais durante o governo Dilma, em prosseguimento ao período Lula, são incontestes e estão fartamente documentados. Destacamos a redução da desigualdade social e a redução drástica da pobreza como grandes conquistas dos últimos governos, que tiveram apoio na política de valorização do salário mínimo e nas melhorias do mercado de trabalho, com o aumento da formalização aumentou e a redução do desemprego. Também foram importantes os programas de transferência de renda, da Seguridade Social e aqueles voltados ao combate da extrema pobreza.
Essas conquistas não foram obra do acaso, mas fruto de política deliberada e da construção de um modelo de desenvolvimento historicamente inovador em que a questão social tem importância estratégica e a distribuição de renda também funciona como mecanismo que impulsiona o crescimento.
Para além do aumento expressivo mobilidade social, os colaboradores do Brasil Debate também identificaram avanços importantes em diversas áreas como, por exemplo, na saúde, na redução do desmatamento, nas políticas para agricultura familiar, na questão energética, nos direitos trabalhistas, na habitação, no saneamento, e na ampliação e democratização do acesso à  educação em todos os níveis, com destaque para a ensino infantil e  superior.
Este rumo civilizatório, apesar das dificuldades presentes, precisa continuar sendo seguido.
2º motivo: Há riscos de retrocesso
O projeto implementado nos últimos 12 anos causa desconforto em segmentos privilegiados da sociedade, que tem baixa adesão às convicções democráticas e não se conforma com a ascensão e a pretensão das camadas populares de influir nos rumos do país.  Esse desconforto foi canalizado pelas candidaturas de Marina Silva e Aécio Neves, e difundido pela mídia tradicional, que aposta na criação de mitos infundados, na retórica pessimista e na bandeira moralista.
O projeto conservador se apoia, no campo econômico, em uma agenda de reformas neoliberais – explícitas ou implícitas nos programas de Marina e Aécio – que inclui a flexibilização do mercado de trabalho, o fim da regra de ajuste do salário mínimo, o desmonte da previdência social, a redução do papel dos bancos públicos e o encolhimento do Estado.
O programa de Marina Silva foi além, ao propor uma radicalização da pauta financeira, com propostas como a independência do Banco Central, um conselho externo para a política fiscal e a eliminação do crédito direcionado.
Na política externa, o projeto conservador propõe um realinhamento com os EUA em detrimento da integração sul-americana e da construção da aliança estratégica com os BRICS.
Nesse contexto, os projetos de Marina e Aécio – apoiados pela elite conservadora, pelo setor financeiro e pela imprensa tradicional – se mostram contraditórios com o Estado de Bem-Estar Social previsto pela constituição de 1988, e incompatíveis com as demandas das manifestações de junho de 2013, que reivindicavam mais e melhores serviços públicos.
Resistir a esta agenda é fundamental para evitar que o país retome um padrão de crescimento concentrador de renda e que desmonte o nosso incipiente Estado de Bem-Estar Social.
3º motivo: Dilma é o caminho para avançar mais
Apesar dos progressos recentes, acreditamos que o Brasil precisa assegurar o crescimento econômico, sem o qual dificilmente a desigualdade poderia continuar a ser combatida com eficiência e sustentabilidade.
Isto implicará, por um lado, a ampliação ainda maior dos investimentos na indústria, infraestrutura e inovação, visando à redução dos custos e elevação da produtividade e, por outro, na continuidade dos processos de controle fiscal, controle inflacionário e redução dos juros.
Também – e não menos importante – será necessário dar continuidade às mudanças capazes de tornar o Brasil um país mais justo e igualitário. A redução das desigualdades de renda e riqueza e a busca da universalização da cidadania e da democracia plenas ainda tem um longo caminho pela frente.
Para isso, seria importante que a sociedade pressionasse e o governo buscasse efetivar umareforma política que melhorasse os mecanismos de representação e reduzisse o poder econômico na política. A continuidade do processo de reconstrução do planejamento e do papel do Estado – um difícil caminho em função do desmonte ocorrido nos anos de 1990 – precisará vir acompanhada de uma gestão do Estado ainda mais eficiente, transparente e democrática.
Mudanças significativas no plano tributário também se fazem necessárias para melhorar a eficiência produtiva e para avançar na redução da desigualdade. Hoje a carga tributária brasileira continua sendo concentradora de renda, enquanto o gasto público distribui.
Outros desafios também devem ser enfrentados, como, por exemplo, a democratização da mídia, a segurança pública, as questões urbana e agrária, os direitos das minorias, o reequilíbrio do pacto federativo e a desmercantilização das políticas sociais.
Acreditamos que a candidatura Dilma é a única com comprometimento e capacidade para enfrentar esses desafios e realizar mudanças.
http://jornalggn.com.br/blog/brasil-debate/editorial-do-brasil-debate-tres-motivos-para-votar-em-dilma

A Operação Banqueiro e como se uniram as duas maiores fábricas de dossiês da República


O livro “Operação Banqueiro”, do jornalista Rubens Valente, caminha para se tornar um clássico na devassa das relações Estado-lobbies privados, especialmente o capítulo “As ameaças do grande credor”, que descreve a correspondência do super-lobista Roberto Amaral com Daniel Dantas, o banqueiro do Opportunity, reportando e-mails e conversas que manteve em 2002 com o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o candidato José Serra.
As mensagens constam de dez CDs remetidos à Procuradoria Geral da República em Brasília – e que permaneceram na gaveta do PGR Roberto Gurgel, que não tomou providência em relação ao seu conteúdo.
Nas mensagens a FHCe Serra, Amaral insiste para que se impeça a justiça de Cayman de entregar a relação de contas de brasileiros nos fundos do Opportunity. Amaral acenava com os riscos de se abrir os precedentes e, depois, o Ministério Público Federal investir sobre as contas do Banco Matrix – de propriedade de André Lara Rezende e Luiz Carlos Mendonça de Barros, figuras ativas no processo de privatização. E, principalmente, sobre as contas de Ricardo Sérgio, colocado por Serra na vice-presidência internacional do Banco do Brasil.
Parte das mensagens havia sido divulgada em 2011 pela revista Época (http://tinyurl.com/l3crc72).
São relevantes para demonstrar que o Opportunity tornou-se uma questão de Estado, com envolvimento direto de FHC (tratado como "pessoa" nos emails entre Amaral e Dantas), José Serra (alcunhado de "Niger") e Andréa Matarazzo (tratado como "Conde"). Dantas era alcunhado de "grande credor".
Mostra também como Gilmar Mendes, então na AGU (Advocacia Geral da União), foi acionado em questões que interessavam ao Opportunity junto à ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).
Não apenas por isso, mas pelo levantamento minucioso de decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), das pressões sobre procuradores e policiais, da atividade pró-Dantas de advogados ligados ao PT, trata-se de obra definitiva para se entender os meandros da estratégia que resultou na anulação da Operação Satiagraha.
Em entrevista a Sérgio Lyrio, da Carta Capital, Valente afirma que “sem Mendes na presidência do Supremo, nem todo o prestígio de Dantas teria sido capaz de reverter o jogo de forma tão espetacular”.
É mais do que isso. Nem Mendes nem Dantas individualmente teriam o poder de influenciar os quatro grandes grupos de mídia. O único personagem com capacidade de unir todas as pontas em torno de uma bandeira maior - a conquista da presidência da República - era José Serra. É a partir dele que deve ser puxado o fio da meada.
Satiagraha foi a Primeira Guerra Mundial da mídia, um ensaio para as guerras seguintes, nas eleições de 2010 em diante.
As fábricas de dossiês
Valente não aborda o papel da mídia e a maneira como eram construídos os dossiês. Os dados abaixo são de levantamentos antigos do Blog, aos quais se somam algumas revelações adicionais do livro.
Na série "O caso de Veja" havia mostrado a maneira como Dantas e a Veja se valiam de dossiês para fuzilar não apenas adversários políticos, mas magistrados e jornalistas  que ousassem investir contra os interesses do banqueiro. É a mesma tecnologia - de dossiês e assassinatos de reputação, com ampla repercussão midiática -  reproduzida no modo Cachoeira-Veja de atuar e, antes, no modo Serra exemplificado no caso Lunus.
Dois capítulos da série merecem atenção especial:
O caso Edson Vidigal - (): Desembargador do STJ, Vidigal confirmou uma sentença contra Dantas. Veja fuzilou-o em uma matéria com acusações dúbias. A matéria informava que as acusações mereceram uma representação contra ele no CNJ. Vai-se conferir a representação, e ela tomava como base a própria reportagem da Veja. Ou seja, a revista noticiou a representação mesmo antes da denúncia que serviu de base para ela ser públicada.
O caso Márcia Cunha - uma juíza séria, do Rio, foi fuzilada pela Folha por contrariar interesses de Dantas e ter recusado proposta de suborno. Tempos depois, constatou-se sua inocência e comprovou-se a tentativa de suborno.
O livro de Valente passa ao largo da atuação da mídia, mas permite colocar as últimas pedras do quebra cabeça para entender as sementes do modelo de manipulação visando resultados políticos e jurídicos, e que se torna padrão na atuação de Dantas, de Serra (com o ápice do caso da "bolinha de papel") e de Cachoeira.
O infográfico abaixo mostra os principais atores desse período de uso intensivo de factoides, que se inicia com o caso Lunus, em 2002, e se encerra (pelo menos nesta fase) com dois episódios simultâneos: a CPI de Carlinhos Cachoeira e o julgamento da AP 470.
Todos os personagens citados estiveram envolvidos na indústria de dossiês.
Ao longo do artigo, essas ligações serão melhor esmiuçadas. Não fazem parte do livro, que fornece apenas algumas peças do quebra-cabeças, como o fato de até 2002 Serra considerar Dantas homem de ACM. Embora desde alguns anos antes Dantas já tivesse se tornado sócio de Verônica Serra.
Sobre a tecnologia de manipulação da Justiça
Na Satiagraha foi colocada em prática a tecnologia midiática que tornou-se padrão nos anos seguintes, até o ápice no julgamento da AP 470.
Consistia nas seguintes etapas:
ETAPA 1 - O Ministro Gilmar Mendes criava um fato político, verdadeiro ou falso, visando provocar comoção no STF e na opinião pública. Em geral eram fatos baseados exclusivamente nas afirmações dele, sem nenhuma testemunha que os corroborasse.
ETAPA 2 - Veja transformava o fato em reportagem de capa, valendo-se do padrão que consagrou nas parcerias com Carlinhos Cachoeira.
ETAPA 3 - No momento seguinte, o fato era repercutido pelo Jornal Nacional e demais grupos integrantes do cartel jornalístico.
ETAPA 4 - com base na repercussão, parlamentares ou autoridades judiciais aliadas da revista solicitavam providências que acabavam se completando devido ao clamor da mídia.
O clamor da mídia, a criação da figura do inimigo externo, o macartismo colocado em prática forneciam a blindagem para as ações de outros personagens, como os ex-Procuradores Gerais da República Antonio Fernando de Souza e Roberto Gurgel, além de Ministros do STF.
O piloto desse tipo de operação foi o caso Lunus, que inviabilizou a candidatura de Roseana Sarney à presidência da República. E a continuação foi a campanha de 2010, com a fabricação infindável de dossiês falsos repercutidos pela velha mídia.
 A montagem da central de dossiês
É na operação Lunus que estão as pistas para se chegar ao início do nosso modelo. Ele nasce com a nomeação de José Serra para Ministro da Saúde. Através da CEME (Central de Medicamentos), Serra monta o embrião da sua indústria de dossiês, contratando três especialistas em trabalhos de inteligência: o subprocurador da República José Roberto Santoro, o policial federal Marcelo Itagiba e o ex-militar Enio Fonteles, dono da Fence Consultoria Empresarial, especializada em arapongagem.
A primeira grande ação do grupo foi a Operação Lunus. Usou-se o poder de Estado para tal.
Do lado do Ministério Público, Santoro imiscuiu-se em um inquérito que não era dele e coordenou a ação cujo titular era o procurador Mário Lúcio Avellar. Policiais federais montaram campana, identificaram o dia e a hora em que a Lunus – de Jorge Murad – receberia contribuições e montaram um flagrante acompanhado de uma equipe do Jornal Nacional. Para melhorar a cena, arrumou-se o dinheiro em pacotes de grande visibilidade, facilitando o impacto televisivo.
Essa mesma jogada – de empilhar o dinheiro para dar impacto televisivo - foi repetida no caso dos “aloprados”, em 2006, entre um delegado da Polícia Federal e o Jornal Nacional.
A cena da Lunus (esquerda) e dos aloprados (direita)
Houve indícios de envolvimento direto da presidência da República com a operação Lunus. Da própria empresa foi enviado um telex para o Palácio do Planalto dando conta do sucesso da operação.
A mídia ainda não estava fechada com Serra e a cobertura da época desvendou rapidamente a jogada.
A Fence recebia por varredura efetuada. Segundo reportagem da revista Veja, de 20.03.2002, de primeiro de janeiro a 28 de fevereiro de 2002, período que antecedeu a Operação Lunus, a Fence recebeu do Ministério R$ 210 mil. Para tanto, necessitaria ter realizado 840 varreduras em menos de 60 dias, ou quase 14 varreduras por dia (http://glurl.co/dti).
É evidente que o pagamento não se devia a varreduras internas no Ministério.
Depois que tomou posse como governador, Serra contratou a Fence para monitorar todos os telefonemas do estado que passavam pela Prodesp (empresa de processamento de dados do estado) e “outras de seu interesse”.
Reportagem da Folha, de 17 de março de 2002, dizia o seguinte sobre Santoro e Itagiba (http://tinyurl.com/q27uasd): “O presidenciável tucano, senador José Serra (SP), conseguiu reunir sob as asas de aliados as duas principais investigações em curso que podem prejudicar sua candidatura ou implodir a campanha de seus adversários. São eles o subprocurador da República José Roberto Santoro e o delegado de Polícia Federal Marcelo Itagiba”.
A reportagem mostrava como Santoro coordenou informalmente o pedido de busca e apreensão de documentos na Lunus. E como Itagiba se valeu do cargo de superintendente regional da PF para afastar um delegado que investigava doações de campanha a Serra.
Segundo a matéria, era antiga a parceria de Santoro e Itagiba:
“José Roberto Santoro e Marcelo Itagiba fazem parte da tropa de choque de Serra no aparato policial e de investigação. Os dois já estiveram juntos antes. Em 2000, enquanto Santoro promovia ações judiciais de interesse do então ministro José Serra na área da saúde, Itagiba coordenava uma equipe instalada na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para investigar laboratórios”.

A aproximação com Cachoeira

O esquema Serra gerou dossiês contra competidores internos no PSDB - Paulo Renato de Souza, Tasso Jereissatti e Aécio Neves.
Já no governo Lula, o passo seguinte do grupo  foi na operação Valdomiro Diniz, primeiro petardo contra o então Ministro-Chefe da Casa Civil José Dirceu.
Foi divulgado vídeo de 2002, no qual Valdomiro, servindo no governo Benedita da Silva, pedia propina a Carlinhos Cachoeira.  Quando o vídeo vazou, Valdomiro trabalhava como assessor da Casa Civil. A bomba acabou explodindo no colo de Dirceu, que pagou o preço de não ter ouvido assessores sobre o passado de Valdomiro.
Assim que o caso explodiu, Santoro – e o procurador Marcelo Serra Azul – reuniram-se com Cachoeira de madrugada, no próprio prédio do Ministério Público Federal, em Brasília, para obter a íntegra da fita em troca de proteção jurídica. Santoro já era subprocurador geral, sem nenhuma relação com o episódio.
A conversa  foi parar no Jornal Nacional, que precedeu a divulgação com um enorme editorial para justificar porque não abriu mão do furo.
No grampo, Santoro pede pressa a Carlinhos Cachoeira porque já amanhecia e o PGR Cláudio Fonteles poderia chegar e acusa-lo de estar armando para prejudicar o Chefe da Casa Civil José Dirceu.
A maneira como Santoro prevê o que seria a fala de Fonteles – caso os flagrasse na reunião noturna – revela nitidamente suas intenções políticas.
Hoje em dia, Santoro é advogado contratado pelo PSDB para atuar no caso do cartel dos trens.

Carlinhos Cachoeira e Jairo

A partir dessa primeira abordagem de Santoro sobre Cachoeira, muda o comportamento da mídia. De bicheiro suspeito, passa não apenas a ser blindado como torna-se íntimo colaborador da revista Veja em uma infinidade de escândalos com objetivos políticos. É como se a operação Lunus estivesse sendo reproduzida em uma linha de montagem.
A de maior impacto foi o do grampo no funcionário dos Correios Maurício Marinho, que resultou por linhas tortas no escândalo do “mensalão”. No capítulo da série de Veja, “O araponga e o repórter” (http://tinyurl.com/leps4ox) conto em detalhes essa armação.
Serra contrata Santoro; Santoro se aproxima de Cachoeira; logo depois Cachoeira fecha seu pacto com a Veja e a CPI de Cachoeira revela os dois principais braços do bicheiro: o araponga Jairo  Martins e o então senador Demóstenes Torres.
Foi a fase de maior poder de Cachoeira. Veja transformou Demóstenes em baluarte contra a corrupção. A mando de Cachoeira, Jairo levantava dossiês, Demóstenes fazia as denúncias e Veja repercutia. Com o poder conquistado, Demóstenes fazia lobby para Cachoeira junto ao governo.
E aí vão se fechando os elos da corrente, e entra em cena Gilmar Mendes.
Com Demóstenes Gilmar estreitou uma relação pessoal já antiga (http://glurl.co/dtj). Jairo, o araponga preferencial de Cachoeira, o especialista em dossiês para a Veja foi contratado como assessor especial de Gilmar. Ou seja, o principal operador de Cachoeira, o homem que abasteciaVeja com grampos passou a ter acesso ao sistema de telefonia do STF, na condição de assessor especial de Gilmar. Expôs todos os Ministros aos grampos de Jairo.
Fechados os elos da corrente, começam a brotar dossiês por todos os poros da mídia.
No início da operação, Gilmar foi ajudado por um sem-número de boatos infundados contra ele, alimentados por seus adversários e por abusos da PF em algumas operações espetaculosas.

Os factoides contra a Satiagraha

Quando surgiram os primeiros boatos sobre o cerco a Dantas, a primeira investida foi uma capa de Veja, “Medo no Supremo”, de 22 de agosto de 2007, em que cozinhava um conjunto de informações velhas, para dar a impressão de que o STF estava ameaçada pelo grampo. Mereceu um dos capítulos da minha série “O caso de Veja” (http://tinyurl.com/p4geurw).
Aparentemente, era uma matéria bombástica:
“É a primeira vez que, sob um regime democrático, os integrantes do Supremo Tribunal Federal se insurgem contra suspeitas de práticas típicas de regimes autoritários: as escutas telefônicas clandestinas. Sim, beira o inacreditável, mas os integrantes da mais alta corte judiciária do país suspeitam que seus telefones sejam monitorados ilegalmente”.
A matéria não passava de um amplo “cozidão” de notícias velhas. Vários ministros citados desmentiram a matéria, de Sepúlveda Pertence a Marco Aurélio de Mello. O único que sustentou o que disse foi Gilmar. E o que disse ele?
A Polícia Federal se transformou num braço de coação e tornou-se um poder político que passou a afrontar os outros poderes", afirma o ministro Gilmar Mendes, numa acusação dura e inequívoca”.
Quando estourou a Satiagraha, repetiu-se o estratagema em diversos episódios:
1. Os dois habeas corpus em favor de Daniel Dantas.
Gilmar tratou o caso como se o estado de direito estivesse ameaçado. Sucessivas invasões de escritórios de advocacia pela Polícia Federal forneceram-lhe o álibi necessário. Mas avançou muito além do habeas corpus, com discursos bombásticos que, repercutidos pela mídia, criaram o clima de resistência à Satiagraha. No livro, Valente esmiuça todas as decisões controvertidas de Gilmar para anular a operação.
No vídeo abaixo, Gilmar denuncia supostos grampos de que teria sido alvo. Faz um discurso eficiente. Ainda não tinha em sua ficha os episódios seguintes, que não o qualificariam mais como testemunha confiável.
2. O grampo sem áudio.
O tal grampo de conversa entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres - principal parceiro de Veja na conexão Carlinhos Cachoeira.
Jamais apareceu o áudio. Investigações divulgadas na época mostravam ser impossível grampear telefones do Senado. Sequer se conferiu se, na tal hora do suposto grampo, houve de fato ligações telefônicas entre Gilmar e Demóstenes, ou ao Senado.
Era um grampo consagrador para Demóstenes, onde os dois colegas lembravam as grandes ações cívicas do senador.
Com base em um factoide, Gilmar cobrou explicações do próprio presidente da República. A ameaça de crise entre instituições levou ao afastamento do diretor da Abin Paulo Lacerda e deu início à anulação da Satigraha.
Segundo o Blog de Noblat, a Abin identificou o araponga que gravou a conversa. Foi o mesmo que passou a transcrição para a revista Veja (http://tinyurl.com/myq2kdw) (http://tinyurl.com/myq2kdw). Se o grampo existisse de fato, Veja não teria a menor dificuldade - ou escrúpulo - em divulgá-lo, ou entregar a fonte.
Aqui no Blog desmontamos a farsa (http://tinyurl.com/mo4o4w6).
É significativo o fato dos dois personagens da história - Gilmar e Demóstenes - terem histórico de criação de factoides sem provas. 
Em 2004 Demóstenes já se mostrara exímio fabricante de factoides para gerar mídia e desgaste nos adversários. Como o suposto atentado de que teria sido vítima em 2004 (http://tinyurl.com/kql2jza) que rendeu muita manchete sem nunca ter sido devidamente apurado.
3. O grampo no Supremo Tribunal Federal.
Um assessor de segurança do STF passou para a revista Veja a informação de que havia detectado grampo em uma das salas do Supremo. Mereceu capa e, com base no alarido, foi criada a CPI do Grampo (http://tinyurl.com/p2hmlsy).
Quando o relatório da segurança do STF foi entregue à CPI, constatou-se que haviam sido captado sinais de fora para dentro do órgão. Logo, jamais poderia ser interpretado como grampo. Coube a leitores do Blog derrubar essa armação.
Na CPI ficou-se sabendo que o relatório com as conclusões falsas saíram do próprio gabinete da presidência do STF.
Foi tão grande a falta de reação dos demais ministros, ante a manipulação do suposto grampo, que chegou-se a aventar a fantasia de que Gilmar teria mandado grampeá-los para mantê-los sob controle.
Nesse período, Jairo Martins, o araponga que armou o grampo dos Correios, assessorava Gilmar.
4. A reunião com Nelson Jobim e Lula.
Mesmo depois da Satiagraha, manteve-se o mesmo modo de operação no julgamento da AP 470. Há um encontro entre Gilmar e Lula no escritório de Nelson Jobim. Passa um mês, sem que nada ocorra. De repente, alguém se dá conta do potencial de escândalo que poderia ser criado. Gilmar concede então uma entrevista bombástica, indignada, dizendo ter sido pressionado por Lula.
Dos três presentes ao encontro, dois - Jobim e Lula - negam peremptoriamente qualquer conversa mais aprofundada sobre o mensalão.
Foi em vão. A versão de Gilmar é veiculada de forma escandalosa pela revista Veja, criando o clima propício ao julgamento "fora da curva" da AP 470. O mesmo Gilmar do grampo sem áudio e da falsa comunicação de grampo no STF.
São quatro episódios escândalos inéditos na história do Supremo, todos os quatro tendo como origem Gilmar Mendes.
http://jornalggn.com.br/noticia/a-operacao-banqueiro-e-como-se-uniram-as-duas-maiores-fabricas-de-dossies-da-republica